Exmo.(a). Senhor(a) Doutor(a) Juiz de Direito da Secção de Comércio da Instância Central de Amarante J2 Processo nº 2/15.2T8AMT V/Referência: Data: Nuno Rodolfo da Nova Oliveira da Silva, Economista com escritório na Quinta do Agrelo, Rua do Agrelo, nº 236, Castelões, em Vila Nova de Famalicão, contribuinte nº 206 013 876, Administrador da Insolvência nomeado no processo à margem identificado, vem requerer a junção aos autos do relatório a que se refere o artigo 155º do C.I.R.E.. Mais informo que não foi elaborada a lista provisória de créditos prevista no artigo 154º do CIRE, uma vez que nesta data é junto aos autos a relação de credores a que alude o artigo 129º do CIRE. P.E.D. O Administrador da Insolvência (Nuno Oliveira da Silva) Castelões, 23 de fevereiro de 2015 Página 1 de 1
I Identificação do Devedor Tiago José Freitas da Silva, N.I.F. 238 092 399, residente na Avenida de Felgueiras, nº 6203, 1º Esquerdo, freguesia e concelho de Felgueiras. II Situação profissional e familiar do devedor O devedor reside actualmente de favor em casa de conhecidos, não pagando qualquer valor a título de renda. O devedor encontra-se desempregado e não aufere qualquer rendimento. III Actividade do devedor nos últimos três anos e os seus estabelecimentos (alínea c) do nº 1 do artigo 24º do C.I.R.E.) O devedor foi sócio e gerente da sociedade Tiago Freitas Fabricação de Calçado, Unipessoal, Lda., NIPC 507 503 120, constituída em Junho de 2006, tendo como objecto social a fabricação de calçado (corte e costura). Ao contrário do esperado, esta sociedade veio a acumular um passivo considerável junto da Fazenda Nacional relativo a valores de IVA 1 e IRC 2 dos anos de 2009 a 2013, que ascende actualmente a mais de Euros 100.000,00, e ainda junto da Segurança Social, relativo às contribuições dos anos de 2007 a 2011, no valor actual de Euros 129.732,17. Face às dificuldades crescentes da sociedade veio a mesma a ser declarada insolvente em 15 de Julho de 2014 no âmbito do processo nº 1059/14.9TBFLG, que correu termos no 1º Juízo do Tribunal Judicial de Felgueiras 3. A sentença de declaração de insolvência desta sociedade foi proferida com base na insuficiência de património apresentada pela sociedade insolvente. 1 Entre os anos de 2009 e 2013 a sociedade indicada acumulou um passivo de mais de Euros 79.500,00 a título de IVA, a que acrescem juros no valor de Euros 17.400,00. 2 Nos anos de 2008, 2011 e 2012 a sociedade indicada acumulou um passivo de mais de Euros 9.600,00 a título de IRC, a que acrescem juros no valor de Euros 1.000,00. 3 A sociedade havia já encerrado a sua actividade para efeitos de IVA em Fevereiro de 2014. Página 1 de 4
Face à incapacidade da sociedade de responder pelo passivo acumulado junto da Fazenda Nacional, veio o mesmo a ser revertido contra o gerente, na sua qualidade de responsável subsidiário pelo pagamento de tais dívidas. A acrescer a tal passivo, o devedor veio ainda a acumular algumas dívidas junto da Fazenda Nacional fruto de IRS 4, IUC 5 e portagens 6 no decurso dos anos de 2007 a 2014, no valor de mais de Euros 9.000,00, conforme é possível verificar pela análise da reclamação de créditos apresentada pela Fazenda Nacional. O devedor detém ainda uma dívida junto do Banco Santander Totta, S.A. relativa à utilização de cartão de crédito e que se encontra em incumprimento desde o ano de 2009, ascendendo actualmente ao valor de Euros 6.118,21. Desde o encerramento da sociedade Tiago Freitas Fabricação de Calçado, Unipessoal, Lda. que o devedor se encontrava sem auferir qualquer rendimento pelo que, sem capacidade de cumprir com todas as obrigações assumidas anteriormente e contra si revertidas, viu-se o devedor na obrigação de se apresentar a tribunal e requerer que fosse declarada a sua insolvência. IV Estado da contabilidade do devedor (alínea b) do nº 1 do artigo 155º do C.I.R.E.) Não aplicável. V Perspectivas futuras (alínea c) do nº 1 do artigo 155º do C.I.R.E.) O devedor apresentou o pedido de exoneração do passivo restante, nos termos do artigo 235º e seguintes do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas. Estabelece o nº 4 do artigo 236º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas que na assembleia de apreciação do relatório é dada aos credores e ao 4 IRS dos anos de 2007 e 2008 no valor de cerca de Euros 4.000,00, a que acrescem juros de Euros 1.756,00. 5 Imposto relativo aos anos de 2009 a 2011 no valor de cerca de Euros 171,00, a que acrescem juros no valor de Euros 11,00. 6 Valores devidos à Ascendi e ao INIR relativos aos anos de 2011, 2012 e 2013 no total de cerca de Euros 3.300,00, a que acrescem juros de cerca de Euros 122,00. Página 2 de 4
administrador da insolvência a possibilidade de se pronunciarem sobre o requerimento do pedido de exoneração do passivo. Por sua vez, o artigo 238º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas enumera as situações em que o pedido de exoneração do passivo é liminarmente indeferido. A aceitação do pedido de exoneração do passivo determina que durante um período de 5 anos o rendimento disponível que o devedor venha a auferir se considere cedido a um fiduciário. Integram o rendimento disponível todos os rendimentos que advenham a qualquer título ao devedor com exclusão do que seja razoavelmente necessário para o sustento minimamente digno do devedor e do seu agregado familiar, não podendo exceder três vezes o salário mínimo nacional (subalínea i da alínea b) do nº 3 do artigo 239º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas). Actualmente o salário mínimo nacional mensal é de Euros 505,00. Conforme atrás foi referido, o devedor não aufere actualmente qualquer rendimento, pelo que o seu rendimento disponível é, nesta altura, nulo. Não existem elementos, nem na minha posse, nem nos autos, que permitam concluir que o pedido de exoneração deve ser indeferido, nomeadamente por eventual violação do dever de apresentação à insolvência, conforme previsto na alínea d) do nº 1 do artigo 238º do CIRE. Nesta conformidade, sou de parecer que nada obsta a que seja deferido o pedido de exoneração do passivo apresentado pelo devedor, devendo fixar-se o rendimento disponível nos termos previsto na subalínea i da alínea b) do nº 3 do artigo 239º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas. Considerando que a massa insolvente se encontra numa situação de insuficiência patrimonial, nos termos do disposto no artigo 232º do CIRE, face à inexistência de bens passíveis de serem apreendidos nos autos, deverão os credores deliberar no sentido do encerramento do processo nos termos da alínea e) do nº 1 do artigo 230º do CIRE, caso venha a ser proferido despacho inicial de exoneração do Página 3 de 4
passivo restante, ou nos termos da alínea d) do mesmo artigo, caso venha a ser indeferido o pedido de exoneração formulado pela devedora. Castelões, 23 de Fevereiro de 2015 O Administrador da Insolvência (Nuno Oliveira da Silva) Página 4 de 4