Pág: II Corte: 1 de 5 AMARELA PEDROSO SECRETÁRIA DE ESTADO DA JUSTIÇA "Equipas de ~geração vão acelerar pendências nos tribunais fiscais" O Governo identificou os Tribunais Administrativos e Fiscais como aqueles onde "está o maior problema" e vai pôr "baterias de fundionários" a trabalhar nos casos pendentes. Bruno Simão FILOMENA LANÇA filomenalanca@negocios.pt JOÃO MALTEZ jmalteza)negocios.pt nabela Pedroso diz que a sua "paixão é o serviço público", onde se estreou vai para 40 anos. Esteve sempre muito ligada "às coisas da inovação", como a criação das lojas do cidadão, o portal do cidadão ou o Cartão de Cidadão. É ela, agora, que tem a pasta da inovação no Ministério da Justiça, onde abraçou a causa da desmaterialização. As pendências são um problema crónico. A solução vem com as novas tecnologias? O plano de acção Justiça + Próxima não é só mais um plano de acção. Apesar de toda a gente dizer que os diagnósticos estão feitos, não estavam assim tanto. E a primeira coisa que fizemos foi sistematizar as áreas onde devíamos e podíamos actuar. As pendências têm a ver com burocracia interna do tribunal, que dá origem a que as coisas não aconteçam com a celeridade devida, conjugada com a falta crónica de funcionários. E é aqui que entram as novas tecnologias. Muitas vezes os funcionários estão ocupados com actividades que podiam ser automatizadas. E podem ser dispensados? Não tenho a fixação de que o ser humano é menos importante do que a tecnologia. Muito pelo contrário, a tecnologia está aí para nos servir. Masquando tenho um funcionário que está oito horas por dia a dobrar notificações para enviar para o correio, claramente não estou a usar bem este recurso. Uma das medidas a ser posta em prática é exactamente a automatização do envio das notificações, como já se faz nos impostos. As notificações passam a ser enviadas por mail? Por mail só numa fase subse-
Pág: III Cores: Preto e Branco Corte: 2 de 5 "Metade dos advogados já tem alertas por SMS " No próximo mês de Julho já temos também disponível o acesso ao Citius para os Administradores de Insolvências. O que estamos a fazer é desburocratizar, automatizar o que é possível e desmaterializar o que está à volta da Justiça. quente, porque ainda é preciso alterar a lei, mas esse é um caminho que estamos a percorrer. Sobretudo numa das áreas que está com maiores pendências e dificuldades que são os Tribunais Administrativos e Fiscais (TAF). Para terem uma ideia, dos tribunais saem cerca de 23 milhões de notificações em papel por ano. Quantas horas são a dobrar papel? O que estamos a fazer é desburocratizar, automatizar o que é possível e desmaterializar o que está à volta da justiça. Os TAF vão ter algum reforço especial? Está a ser preparada toda uma transformação legislativa e de desmaterialização dos sistemas de informação associados aos TAF. Este mês vamos disponibilizar, para os órgãos de gestão da comarca, um conjunto de indicadores internos que lhes permitem saber o tempo médio dos processos, quais são os juízes que têm mais processos. Significa que poderemos ter baterias de oficiais de justiça que vão tramitar de forma mais focada osque estão mais atrasados. Os processos acima de um milhão de euros nos TAF terão tratamento prioritário? Estamos a focar toda a atenção nos TAF, onde sabemos que está o maior problema. Fizemos o levantamento, sabemos as comarcas onde a situação é mais gravosa, os grandes centros urbanos de Lisboa e Porto, e é neles que estamos a trabalhar com as tais equipas de recuperação. A Direcção Geral de Administração da Justiça, coma ajuda dos tribunais, define o que é preciso fazer e estas equipas não necessitam de estar fisicamente num determinado local. Podemos tê-las espalhadas pelo país porque, como o sistema está integrado, eu posso estar em Lisboa e resolver um problema ligado a Aveiro ou ao Porto. Está já operacionalizado o acesso dos administradores de insolvência ao CITIUS? Do ponto de vista tecnológi- co está preparado, estamos com a proposta de decreto-lei e de portaria para ira Conselho de Ministros. Estamos a pensar que no próximo mês [Julho de 2016] já terão também acesso ao CITIUS. E para a acção executiva, o que têm no terreno? Temos trabalhado muito bem com a Ordem dos Solicitadores e Agentes de Execução (OSAE) e interligámos os dois sistemas para que os agentes de execução tenham acesso a todos os processos a ser tramitados. Do ponto de vista de agilização do trabalho das secretariasjudiciais, sabemos exactamente o que está no tribunal. Do ponto vista dos agentes de execução, sabem exactamente o que passou para o seu lado. E quando surgem apensos, novas realidades, são também automaticamente notificados. Entra no seu próprio sistema e imediatamente ficam com toda a informação integrada Outro exemplo é o acesso directo à lista pública de devedores, para lá colocarem os nomes. As últimas estatísticas da acção executiva são do final de 2015. Têm mais recentes? Tínhamos cerca de 925 mil pendentes a 31 de Dezembro. A recuperação que temos agora corresponde a 151% do que tínhamos três anos antes. E com o trabalho com os agentes de execução recuperámos cerca de 500 milhões de euros de dívidas. Do que já foi feito e do que prevemos fazer, podemos ter as execuções com pendências normais no primeiro semestre do próximo ano. O Governo está a trabalhar directamente com a Ordem dos Advogados e a preparar "uma interface que permita celeridade e transparência para os profissionais", afirma a secretária de Estado da Justiça. Uma das medidas passará pela tramitação dos pagamentos aos advogados. Tem havido bom relacionamento entre o Ministério da Justiça e a Ordem dos Advogados? Começámos a trabalhar com a Ordem dos Advogados (()A) praticamente desde o primeiro dia. Estamos muitos voltados para fora, pelo que pedimos sempre a todos os actores do sistema - advogados, notários, solicitadores e agentes de execução - para que nos digam o que querem que se faça. Recentemente, lançámos uma medida que visa o uso de meios tecnológicos para que, nos cinco dias anteriores a uma diligência, os advogados possam ser alertados de que ela é adiada. Em 2015 tivemos cerca cinco mil situações destas. Agora, através da comunicação por SMS ou por Em quatro dias de funcionamento receberam 22 notificações. É uma medida cirúrgica, mas que pode fazer a diferença. email será possível evitar deslocações desnecessárias. Este projecto já teve muita adesão? Trata-sede uma medida simbólica, mas teve um efeito prático muito interessante. Neste momento, 5(0, dos inscritos na Ordem. cerca de 15 mil advogados, já subscreveram o serviço. Já estão a receber notificações? Já estão a receber as notificações. Em apenas quatro dias de funcionamento receberam 22 notificações de adiamento. É uma medida cirúrgica, mas que às vezes pode fazer a diferença E que outras medidas estão previstas para os advogados? Aquilo que estamos a fazer para os mandatários, com os próprios informáticos da Ordem dos Advogados, é a preparação de uma interface que permita celeridade e transparência para esses profissionais. limadas coisas que era uma grande reivindicação, e que foi agora também resolvida, tem a ver com a tramitação dos pagamentos aos advogados. É comum queixarem-se de que o apoio judiciário lhes é pago com muito atraso. Às vezes não era só o serem pagos com atraso, mas também o não saberem em que ponto as coisas estavam. Com esta funcionalidade que foi criada conseguem ver o estado do processo e podem receber as indicações de pagamento imediatamente por via electrónica.
Pág: IV Corte: 3 de 5 ANABELA PEDROSO SECRETÁRIA DE ESTADO DA JUSTIÇA "Cidadãos e empresas vão ter registo criminal online em Julho" Ao registo criminal on-line seguir-se-á a certidão permanente, anuncia a secretária de Estado da Justiça. O programa de simplificação em curso, garante, não pesará no Orçamento do Estado. 1~111~1111111.11~ JOÃO MALTEZ jmaltezwiegocios.pt FILOMENA LANÇA fílomenalanca@negocios.pt caminho faz-se caminhando, não se cansa de dizer a secretária de Estado da Justiça. A desmaterialização e simplificação dos processos terá de ser feita em conjunto com outros ministérios, porque o problema não está só na Justiça e nos tribunais, afirma Anabela Pedroso. As insolvências serão uma das prioridades. Toda esta simplificação de meios vai tornar a Justiça mais próxima do cidadão? Acreditamos que sim. Temos o projecto-piloto "Tribunal +" com o qual entre Setembro e Dezembro estaremos a testar em Sintra as tecnologias no atendimento, simplificação da secretaria, ou instrumentos de apoio à gestão dos órgãos da comarca. Neste primeiro diagnóstico, percebemos uma coisa interessante. Para além do cidadão que vai ao tribunal por causa de uma diligência, muitas pessoas vão lá para pedir uma coisa chamada registo criminal. No caso de Sintra, 60% das pessoas vão aos serviços da secretaria para isso. Quando será possível ter à certidão de registo criminal online? Em Julho já estará disponível para cidadãos e empresas. Estas, sempre que querem apresentar-se a um concurso público, têm que apresentar um registo criminal não só da empresa, como de todos os sócios. Têm que estar sistematicamente a pedi-lo. A partir de Julho podem fazê-lo online. Tem que ser pedida com o lei- tor do cartão de cidadão? Não podemos exigir que todas as pessoas tenham leitor. Por enquanto, o sistema gera a referência multibanco. Faço o pagamento e tenho o acesso ao registo por e-mail. Quando a questão do cartão de cidadão estiver mais dinamizada, passamos a trabalhar com a certidão permanente. O caminho faz-se caminhado. Podertero registo criminal online poresta via já um grande passo. Esta já é uma das medidas do chamado simplex da justiça para as empresas? Que outras poderão constar desse programa? O Plano Nacional de Reformas (PNR) inclui um conjunto de medidas para a área da Justiça, nomeadamente no âmbito da acção executiva e das insolvências. Neste último caso, entre o momento em que entra o pedido e é declarada a insolvência, nós já conseguimos baixar de nove meses para três meses. O que depois temos é Bruno Simão um processo moroso, apesar de o tempo ter diminuído. Em 2007 era de 38 meses. Hoje ainda continua a ser longo, mas está nos 34 meses. Mas queremos reduzirainda mais. O que é que vão fazer? Promovera desmaterialização e simplificação dos processos, mas também reforçar o trabalho integrado com os outros ministérios. Não é só o Ministério da Justiça que está envolvido, é também o da Economia e o das Finanças. Portanto é com eles que estamos a falar. Nas insolvências a proporção dos créditos pagos face aos reconhecidos é de 7,4%. Os restantes 92,6% estão reconhecidos pelos tribunais, mas não foram correspondidos pelo pagamento dos mesmos. Estamos a perceber o que se passa com estes 92,6%e que trabalho podemos fazer para resolver esta situação. Está a falar do balcão único? Exactame ri te. Vamos cria r u Temos um fundo de modernização da Justiça com um pacote de 2.8 milhões de euros. Não estamos a causar peso ao Orçamento do Estado. balcão único onde vamos simplificar estas situações, por forma a que se perceba melhor como é que estas recuperações de crédito podem ser feitas. E aí entra a melhoria dos processos associados aos PER. Normalmente o Fisco decide de uma forma e a Segurança Social de outra. Agora vamos passar a trabalhar de uma forma conjunta. Quanto é que custa para o Ministério da Justiça todo este programa de simplificação? Temos um fundo de modernização da Justiça, que é onde entra o programa Justiça + Próxima, onde temos um pacote de 2,8 milhões de euros. Não estamos a causar peso ao Orçamento do Estado, porque era um fundo destinado à modernização que resulta de taxas que recebemos associadas a serviços prestados internamente. É o Ministério que vai pagar este programa com as suas receitas.
Pág: I Corte: 4 de 5 Registo criminal online chega em Julho Empresas e cidadãos vão poder solicitar e receber registo pela net no próximo mês, revela secretária de Estado da Justiça, Anabela Pedroso.
Pág: 1(principal) Área: 7,70 x 10,75 cm² Corte: 5 de 5 ANABELA PEDROSO "Registo criminal online chega em Julho" Secretária de Estado da Justiça quer atacar pendências fiscais.