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L)6SCOUOVtttm Os documentos do naturalista Arruda Furtado, que foram encontrados numa gaveta do Museu de História Natural, em -boa, 'boa, lançam I'spondeu com Darwin Gaveta escondia estudoí de português amigo de Daivivin uma nova luz sobre a vida, curta mais profícua, do cientista do século XIX. Iluminam a faceta de divulgador e ilustrador do homem que se compor, PATRÍCIA JESUS David e Alda abrem uma das gaveta embutidas na parede, empenadas pelo peso das prateleiras carregadas de livros, e mostram um interior cheio de tratados, onde sobressai um colorido catálogo de aviões de guerra de meados século passado. À primeira vista, nada de importante. Mas foi numa gaveta assim, nesta sala do Museu de História Natural, que há quatro anos o colega Vítor Gens descobriu o espólio do naturalista Francisco de Arruda Furtado. Manuscritos e ilustrações saltaram da gaveta para lançar luz sobre esta figura maior da ciência portuguesa que se correspondeu com Charles Darwin. A descoberta ficou em "relativo segredo" até se arranjar financiamento para estudar o espólio, o que aconteceu há seis meses, graças à Fundação Calouste Gulbenkian, explica o historiador David Felismino, um dos membros da equipa multidisciplinar que estão a investigar os documentos: textos publicados e inéditos, ilustrações, muitos deles de divulgação. O naturalista açoriano - que foi profundamente influenciado pela teoria da evolução das espécies de Darwin e que lhe escreveu a pedir ajuda e a contar a sua admiração - trabalhou três anos no Museu de História Natural, então chamado Museu Nacional de Lisboa, a fazer o catálogo da coleção de 40 mil conchas. Terá sido dessa altura que ficaram estes documentos, que terão andado de um lado para o outro até irem parar a uma gaveta da imponente Sala do Conselho Escolar, debaixo das filas de enciclopédias. Estariam lá há décadas, meio esquecidos, meio perdidos - talvez fruto da confusão que tomou conta do museu depois do incêndio de 1978. O espólio saiu ontem, excecionalmente, do arquivo, onde está a ser estudado. Em cima da mesa estão alguns dos itens mais preciosos, que têm de ser manuseados cui-

, em dadosamente - e mais tarde, depois de restaurados, catalogados e digitalizados, escondidos da luz solar. O ilustrador Pedro Salgado calça as luvas descartáveis para folhear os livros à procura de uma imagem de um enxaréu, uma espécie de carapau dos Açores, que o fascinou desde o princípio e o fez desconfiar que Francisco de Arruda Furtado deve ter sido canhoto. Do outro lado da mesa outra ilustração mostra com imenso pormenor uma flor de maracujá. Ao lado das descobertas mais recentes está a coleção de cartas trocadas com o pai da teoria da evolução e com outros cientistas importantes da época, como o antropologista Gustave Le Bon e o naturalista Eugéne Simon, compiladas ainda por Arruda Furtado, antes de morrer. Àfrente, um livro de Alfred RusselWallace que Darwin enviou ao português. "Era uma pessoa do seu tempo, pioneiro da defesa, estudo e comprovação do evolucionismo", diz David. A Origem das Espécies foi publicado em 1859, quanto Arruda Fonseca tinha apenas 5 anos e o naturalista terá de alguma forma participado na disseminação da teoria em Portugal. "Fez o trabalho mas não se envolveu nas polémicas, nos artigos dos jornais", diz o historiador. Ainda assim, publicou o folheto O Homem co Macaco em 1881, em defesa do evolucionismo, em resposta a um padre que pregara contra a então emergente teoria. "Parte do espólio que temos, como a livraria pessoal, foi-nos doado pela nora do naturalista, em 1953.Depoistemosaobra científica publicada e agora estes achados", indica David. Os manuscritos agora descobertos evidenciam um outro lado do cientista. Além da pessoa que trocava correspondência com especialistas de todo o mundo, escrevia artigos e notas científicas para revistas especializadas, eserélaciona- ) na disseminação da teoria em ; ez o trabalho mas não se envolémicas, nos artigos dos jornais", iador. Ainda assim, publicou o r omem eomacacoem 1881, em :volucionismo, em resposta a que pregara contra a então teoria. j espólio que temos, como a liaal, foi-nos doado pela nora do 1953. Depois temos a obra iblicada e agora estes achados", d. Os manuscritos agora descoenciam um outro lado do cienda pessoa que trocava corresi com especialistas de todo o ;revia artigos e notas científicas s especializadas, e se relacionava num círculo académico restrito. Arruda Fonseca tinha um plano muito mais vasto que nunca chegou a ser concretizado, diz Alda Namora. Tinha em preparação várias obras de divulgação para "educação das massas": manuais de ensino e manuais de divulgação para um público letrado, muito no espírito do século XX, acrescenta David. Os planos terão sido abandonados já que morreu pouco tempo depois de deixar o museu, aos 33 anos, de tuberculose. Apesar da certeza de terem feito uma descoberta importante, só com o trabalho dos últimos meses foi possível começar a interpretar os achados. O ilustrador Pedro Salgado, por exemplo, ficou fascinado por ter acesso ao processo de evolução das ilustrações, até ao trabalho final. "Não é um trabalho amador", diz, apontado os pormenores do tal enxaréu. "Tem um imenso valor patrimonial e também lança luz sobre o ambiente histórico e social do Portugal do século XIX", explica Marta Lourenço, coordenadora no projeto. O plano agora é fazer uma exposição em Lisboa e nos Açores antes do final do ano, disponibilizar todo o espólio na internet e, se possível, publicar um catálogo em papel. Para isso, é preciso arranjar primeiro financiamento, diz David. Talvez a falta de meios justifique também o facto de ainda haver tesouros por descobrir neste museu, admitem os investigadores. "É uma casa com 400 anos, ainda deve ter mais segredos para contar", concluialda. PERFIL FRANCISCO DE ARRUDA FURTADO > Nasceu a 17 de setembro de 1854, em Ponta Delgada, São Miguel, Açores. Morreu á aos 33, nos ar- J redores da mesma cidade, detuberculose. I > Foi funcionário na Repartição de Fazenda de Ponta Delgada até aos 22 anos, depois escriturário numa casa comercial, durante sete anos. > Aos 29 mudou-se para Lisboa para trabalhar no Museu de História Natural. > Francisco de Arruda Furtado nunca frequentou a universidade, era um autodidata, mas foi um dos mais importantes naturalistas portugueses do século XIX. Segundo o professor universitário Luís Arruda, o contacto com os naturalistas estrangeiros que procuravam as ilhas desde meados do século XVIII, e mais ainda depois da publicação de A Origem das Espécies, em 1859, terá estimulado o interesse de Arruda Furtado pela área. Trocou correspondência com cientistas de países que vão de França à Alemanha, dos EUA à Bélgica e à Suécia. Envolveu-se em vários projetos de investigação, da área da malacologia (parte da zoologia que trata dos moluscos) à antropologia, em que foi pioneiro em Portugal. Trabalhou quase três anos no Museu de História Natural, em Lisboa.

INFLUÊNCIA A teoria da evolução das espécies de Charles Darwin influenciou todo o percurso de Arruda Furtado. 0 açoriano tinha um exemplar em inglês de A Origem das Espécies com a fotografia de Darwin oferta Alda Namora mostra o livro que Darwin enviou a Arruda Furtado, na sequência das cartas do naturalista açoriano, em 1881. A obra é 'The geographical distribution of animais', de Alf red Russel Wallace ILUSTRAÇÕES Entre os achados descobertos há quatro anos estão dezenas e dezenas de desenhos "de grande qualidade", diz o ilustrador Pedro Salgado. Muitos parecem ter sido pensados para divulgação INVESTIGAÇÃO A arquivista Alda Namora, o biólogo e ilustrador Pedro Salgado e o historiador David Felismino junto do espólio do naturalista português do século XIX, muito reforçado com a descoberta de 2010

Os elogios e a ajuda de Darwinao naturalista açoriano Francisco de Arruda Furtado tinha 26 anos quando escreveu pela primeira vez ao pai da teoria da evolução das espécies, Charles Darwin, afirmando-se como um dos discípulos do cientista inglês. Iniciaram assim uma ligação que é o ponto alto da vasta correspondência de Arruda Furtado - só são conhecidas mais duas cartas do famoso naturalista em Portugal, pertencentes ao acervo das antigas Comissões Geológicas. Em francês, o jovem açoriano conta como a obra de Darwin- A Origem das Espécies, publicada quando o naturalista português era ainda criança- o tinha influenciado e levado a estudar os moluscos nas ilhas. Escreve ainda que lê todos os dias algumas páginas do livro e que tenciona divulgar a sua teoria naquelas "paragens exiladas". A terminar, oferece os seus serviços e pede instruções sobre como avançar nas suas investigações. Ao longo de 1 88 1, Arruda Furtado envia ao todo seis cartas a Darwin, a última de novembro, cerca de cinco meses antes da morte do cientista inglês. Darwin responde por quatro vezes e diz considerar importante para a ciência o facto de existir nos Açores um homem como Arruda Furtado, mas não se limita a retribuir elogios: dá sugestões detalhadas do que ele "próprio faria se habitasse as belas ilhas" dos Açores, envia-lhe um livro de Alfred Russel Wallace e põe o açoriano em contacto com o botânico e explorador Joseph Dalton Hooker. Pode parecer estranho o naturalista mais famoso do mundo responder facilmente, mas Darwin era muito profícuo, sendo-lhe conhecidas mais de 15 mil cartas, e os Açores eram um ponto de interesse para os naturalistas. Arruda Furtado tinha perfeita consciência do valor desta correspondência e deixou-a compilada Darwin escreveu o que ele próprio "faria se habitasse as belas ilhas" de Arruda Furtado