Hoje dia 25 de Abril de 2014, comemoram-se 40 anos da instauração da Democracia e das Liberdades em Portugal.

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Transcrição:

Moita Hoje dia 25 de Abril de 2014, comemoram-se 40 anos da instauração da Democracia e das Liberdades em Portugal. O regime anterior caracterizou-se por uma forte repressão sobre o povo e em especial sobre os trabalhadores. Não foi por isso que a resistência fraquejou, no nosso concelho, quanto maior era a repressão mais crescia a resistência, resistência encabeçada por democratas de varias tendências e em especial pelo Partido Comunista Português. Muitos foram os cidadãos deste concelho presos e torturados e, aqui, o Bloco de Esquerda quer deixar a sua homenagem a todos eles, na pessoa de um sobrevivente e ainda ativista autárquico, Staline de Jesus Rodrigues. O regime caracterizou-se também pela manutenção de uma guerra colonial que provocou mais de 13 mil mortos, milhares de estropiados e mais de 200 mil jovens que desertaram. Este era um regime sem futuro, os militares de carreira há muito se tinham apercebido que a guerra era não só ilegítima, como impossível de vencer, os jovens oficiais milicianos, forjados na luta estudantil e operaria, chegaram aos quarteis e começaram a organizar-se, a rebelar-se, e finalmente saíram para a rua e destruíram o regime fascista, devolveram a independência às colonias e implementaram a democracia no país. Aqui prestamos a nossa homenagem a estes militares.

Decorreu depois todo um processo revolucionário e contrarrevolucionário com derrotas e vitórias do movimento popular e operário. Deste processo, resultou o atual regime democrático parlamentar, em que a direita, fruto do voto, impera com um governo que provocou mais de 1 milhão de desempregados, com roubos nas reformas e nos salários e em que mais de 200 mil jovens, (a esmagadora maioria deles licenciados), voltam a abandonar o país desta vez não por causa de uma guerra, mas para conseguirem ter direito a uma vida digna. Não era isto que os militares queriam quando saíram há rua em Abril de 1974, não é isto que os trabalhadores querem, e irão demonstrá-lo nas manifestações do próximo 1º de Maio, nas ruas de Portugal. Com a Revolução do 25 de Abril, para além das Liberdades coletivas e individuais os portugueses puderam usar livremente o seu direito de eleger e ser eleitos para os órgãos do poder e em particular para os órgãos do poder local. Os órgãos autárquicos, as Assembleia Municipais e Assembleias de Freguesias são frutos que Abril nos deixou. Quatro décadas de democracia são uma importante ocasião para se comemorar o 25 de Abril também virados para o nosso concelho que, como outros concelhos do distrito de Setúbal, sofre com a não aplicação da Lei da Finanças Locais levada a cabo por todos os partidos do chamado circulo, arco ou triangulo do poder, agravado desde 2011 com os cortes impostos pela Troika o que juntam as politicas que nem sempre vão no sentido das necessidades dos cidadãos agravando o afastamento destes dos seus órgãos representativos.

Em 1976, nas primeiras eleições autárquicas no concelho, 71% dos eleitores votaram, ou seja 71 em cada 100 cidadãos com direito a voto decidiram quem os deveria governar mobilizados pelas comissões de moradores, pelos partidos políticos, pelos debates nas freguesias e nos bairros, enfim, pelo interesse em falar sendo ouvidos. Há 40 anos atras, este era um concelho de características mistas entre a pequena agricultura e uma indústria virada essencialmente para os têxteis e a cortiça, industrias que contabilizavam largas centenas se não alguns (poucos) milhares de postos de trabalho industrias condenadas ao extermínio, pois apostavam essencialmente em mão de obra barata, e onde nunca assistimos por parte dos empresários a investimentos de ponta habituados que estavam a viver da proteção governamental e da repressão sobre os trabalhadores que lutavam pelos seus direitos. Há 40 anos atrás, este era um concelho dos mais atrasados do distrito, os esgotos corriam em muitos casos a céu aberto, as fossas eram uma realidade, a água canalizada não chegava a muitos dos lares, muitas ruas estavam por alcatroar, os pátios sem as mínimas condições de habitabilidade eram uma realidade lamentável. 40 anos passados, este é hoje um concelho diferente para melhor, mas não podemos esquecer que continuam a existir pátios com graves problemas de higiene e habitabilidade, ao mesmo tempo que segundo o INE somos o concelho com mais habitações vazias.

O Poder local é hoje, entre todos os poderes nacionais democraticamente eleitos aquele em que a participação dos eleitores nas eleições é menor, no concelho da Moita, a participação foi no último processo eleitoral de apenas 40%, ou seja, em cada 100 eleitores apenas 40 optaram por escolher quem deve governar o concelho, dos outros 60 nada sabemos, e o que mais nos preocupa é saber que 60 em cada 100 eleitores só se recordam que existe poder local, quando lhes falta a água ou quando necessitam de tirar a licença do cão. Esta é uma situação cuja responsabilidade é de todos os democratas, e cuja manutenção é propícia ao ressurgimento de ideologias de extremadireita, de nada serve continuarmos a esconder esta realidade com a realização de eventos e ou debates para inglês ver e a fotografia mostrar e mostra que os participantes são sempre os mesmos. Continuar a comemorar Abril no poder local é combater as opções da direita que nos governa que sob a capa da Troika impôs a redução do numero de Freguesias, afastando fisicamente estas do cidadãos, com consequências na qualidade dos serviços de proximidade e até no conhecimentos dos eleitores dos candidatos com consequências na participação eleitoral. Continuar a comemorar Abril no poder local para além do dia de hoje, será fazer aquilo que se exigia há mulher de César, não basta que o poder local pareça democrático, é necessário que o seja, e sê-lo-á tanto mais, quanto mais responsabilidade for distribuída pelos eleitos e quanto mais envolvidos os cidadãos se vejam nas opções estratégicas para o concelho. Comemorar Abril, é a nível nacional combater as políticas governamentais da direita de empobrecimento, de desemprego de cortes na saúde, no ensino e nos direitos laborais.

Comemorar Abril é levantar bem alto as bandeiras da Democracia, da Liberdade e do Poder Local Democrático. Viva o concelho da Moita Viva o 25 de Abril Viva Portugal Moita, 25 de Abril de 2014