ALTERNATIVA DE TRATAMENTO DO LODO DA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA ETA QUEIMA PÉ NO MUNICÍPIO DE TANGARÁ DA SERRA/MT. CAMPOS, Flaviane de Morais. UFMT flavi.morais@hotmail.com GONÇALVES, Edu Rodolfo. SAMAE erg.rodolfo@gmail.com.br RESUMO Para que a água bruta se torne adequada ao consumo humano, é necessário que ela passe por tratamento conveniente, realizada nas Estações de Tratamento de Água (ETA), onde se utiliza processos e operações com adições de produtos que acabam gerando resíduos sólidos conhecidos como lodos de Estação de Tratamento de Água. A ETA é do tipo convencional completa, contando com as seguintes operações de tratamento: Adição de sulfato, realizado na Calha Parshall, logo após a régua de medição. A floculação é feita através do processo de ascensão ao floculador que conta com 57 células de dimensões 1x6 metros. Em seguida ocorre o processo de decantação onde a ETA conta com 4 decantadores lisos com dimensões de 18x6x5,5 metros cada. Posteriormente o processo de filtração onde possui 7 filtros de 3x4 metros. Finalizando o tratamento é feita a cloração com dosadora automática e fluoretação. Sem tratamento e disposição final, esses resíduos sólidos estão sendo lançados em corpos d água, não respeitando a legislação ambiental vigente. Neste trabalho é apresentado o tecido geotêxtil como alternativa de desaguamento do lodo. A implantação dessa unidade no processo de tratamento da água permitirá dar um destino adequado aos resíduos acumulados nos decantadores e na água de lavagem dos filtros, evitando que esse material resultante do processo de tratamento ação dos produtos químicos utilizados na coagulação e floculação das partículas finas, dispersas e em suspensão na água bruta, seja lançado no corpo hídrico. Palavras-chave: desaguante; resíduos sólidos; lodo de ETA; reuso. 1. INTRODUÇÃO O processo de tratamento da água gera rejeitos, que são compostos basicamente de partículas de solo, matéria orgânica, substâncias geradas pela adição de produtos químicos a água e são caracterizados como resíduos sólidos pela NBR-10.004 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), portanto devem ser tratados e dispostos convenientemente, de modo a eliminar o despejo de sólidos sedimentáveis em corpos de água e amortecer descargas concentradas. As principais fontes geradoras de rejeitos na ETAs são os decantados e água de lavagem dos filtros, suas características e quantidades variam de acordo com a qualidade sazonal do manancial e do tipo e dosagem do coagulante químico utilizado no processo. O teor de sólidos presentes no lodo de acordo com a literatura técnica que varia de 0,1 a 4%.
2. MATERIAL E METODOS A unidade de tratamento é administrada pelo Serviço Municipal de Água e Esgoto de Tangará da Serra - SAMAE, a estação de tratamento de água tem como manancial de abastecimento o rio Queima Pé, localizado na Bacia do Rio Queima Pé, tendo como contribuintes o córrego Cristalino, o córrego Tapera e o Figueira. A ETA é do tipo convencional completa. 2.1 Implantação de Bags na Estação de Tratamento de Água (ETA QUEIMA PÉ) Para determinação do teor de sólidos foi realizado Jar-test, onde foi observada a coagulação, as partículas coloidais são neutralizadas e aglutinadas em partículas de maiores dimensões (maior volume e maior peso) através do uso de coagulantes (reagentes químicos), que eliminam a carga eletrostática negativa da superfície das partículas, o que diminui a repulsão entre elas, e através da agitação rápida que promove o choque entre as partículas, foi utilizado como coagulante o sulfato de alumínio (Al2(SO4)3.14H2O). A floculação consiste então na agregação de partículas neutralizadas na fase da coagulação, formando-se flocos com a ajuda de um floculante (polímero) que se liga às mesmas através de pontes. Os flocos vão aumentando de peso e tamanho permitindo a sua sedimentação por ação da gravidade, de forma a mais tarde poder separá-los da água por processos como a decantação e a filtração. Após estes dados o sistema de bag foi dimensionado para atender a geração de lodo da ETA Queima Pé, conforme dados abaixo. Cálculo do volume de lodo gerado na ETA Vazão do projeto: 300 l/s = 0,3 m3/s Turbidez média anual de projeto 20 NTU Taxa de produção de sólidos secos Equação 1 Di Bernardo e Sabogal Paz (2008) SST = a x T Sendo: SST concentração de sólidos suspensos totais gerados na ETA (mg/l) ; T - Turbidez da água bruta (ut); a - coeficiente = 1,45; SST = 1,45 x 20 = 29 mg/l; Massa de sólidos secos gerados por dia
Equação 2 Di Bernardo e Sabogal Paz MSST = 86,4 x QETA x (SSTu1 SSTu2) Sendo: MSST Massa de sólidos removidos em cada unidade da ETA (kg/d) SSTu1 Sólidos removidos na primeira unidade (mg/l) SSTu2 Sólidos removidos na segunda unidade consecutiva (mg/l) QETA Vazão da ETA (m3/s) MSST = 86,4 x 0,3 x 29 = 11,5 kg/dia -> 751,68 kg/dia -> 0,75 ton/dia de lodo a 100% de sólidos. Considerando que o lodo desidratado pelo Geotêxtil irá atingir 25% de sólidos totais, temos: Massa desidratada = 0,75 ton/dia / 0,25 -> 3 ton/dia de lodo a 25% de sólidos totais Massa específica do lodo 1,25 ton/m³. Volume desidratado = 3 ton/dia / 1,25 ton/m³ -> 2,4 m³/dia -> 876 m³ de lodo por ano a 25% de sólidos totais. 2.2 Aspectos Ambientais Como parte integrante do sistema de gestão, foi adotada a tecnologia de reuso da água de lavagem dos decantadores e filtros, onde toda água oriunda das lavagens, segue para o tanque de reuso até decantar, o tempo de decantação das partículas foi determinado através do jar-test. Após a decantação, parte da água retorna novamente no sistema de tratamento da estação, e o lodo sedimentado é bombeado para o tecido geotêxtil. A partir dos cálculos feitos acima para estimativa de lodo, a proposta de tratamento será realizada através do Geotêxtil tecido de polipropileno de alta tenacidade do tecido geotêxtil. O recalque da água de lavagem dos filtros será feita através de um conjunto moto bomba, submersível, automatizada, por uma adutora de 150 mm, incluindo no trajeto até o Geotêxtil ponto de mistura onde será feita a dosagem do polímero. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS A escolha do mecanismo de desaguamento de lodo depende de muitas variáveis, das
quais para escolha da melhor opção há a necessidade da interação de vários setores na organização, contudo este engajamento precisa do apoio da alta direção da empresa, fundamental para a realização do projeto. O grande desafio recai em sua viabilidade econômica, uma vez que os bag s são fabricados com matéria prima importada. Entretanto não há dados conclusivos para a escolha apenas dos bag's como métodos de desaguamento principal, para unidades com gerações de lodo em grandes volumes num curto espaço de tempo. Há necessidade do levantamento dos custos para comparação. Optar pelos bag s nestas unidades, ainda é uma alternativa aos métodos tradicionalmente utilizados.
3.2 Referências Bibliográficas ABNT. NBR 10004: Resíduos sólidos Classificação. São Paulo, 2004. CORDEIRO. J.S. O problema dos lodos gerados em decantadores de estações de tratamento de água. Tese de Doutorado em Hidráulica e Saneamento Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, 1993. DI BERNARDO, L.; SABOGAL PAZ, L. P. Seleção de tecnologias de tratamento de água. São Carlos: Editora LDIBE LTDA, 2008. vol. 2. SILVEIRA, Cristiane. Desaguamento de lodo de estações de tratamento de águas por leito de drenagem / secagem com manta geotêxtil. 2012. 137 páginas. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Edificações e Saneamento) Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2012. 1_1