Aula 05 REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL. * Art. 201, 9º, CRFB: Contagem recíproca do tempo de contribuição para efeito de aposentadoria

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Turma/Ano: Direito Previdenciário (2016) Matéria/Data: Regime Geral de Previdência Social: aspectos constitucionais e beneficiários (09/05/15) Professor: Marcelo Tavares Monitora: Márcia Beatriz Aula 05 REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL Aspectos Constitucionais (Sobre este mesmo assunto, ver anotações da aula 03) * Art. 201, 9º, CRFB: Contagem recíproca do tempo de contribuição para efeito de aposentadoria Extraída a certidão comprobatória de tempo de contribuição em um determinado regime, é possível que o segurado aproveite esse período no novo regime em que se filiar (do RGPS para qualquer RPPS, do RPPS para o RGPS ou mesmo de um RPPS para outro RPPS) havendo uma compensação financeira entre os regimes de previdência social. RGPS RPPS Municipal RPPS Federal RPPS Estadual * Art. 201, 11, CRFB: Ganhos habituais Os ganhos habituais do empregado devem ser incorporados ao salário para efeitos de tributação. Assim, caso um trabalhador tenha salário fixo de R$ 1.000,00 e habitualmente receba uma gratificação no valor de R$500,00, a empresa deverá fazer o cálculo de desconto sobre R$ 1.500,00. Se ela contribuir apenas sobre o valor anotado na carteira (R$ 1.000,00), pode o fiscal, ao conferir a irregularidade, fazer o lançamento tributário do adicional (R$500,00).

Ressalte-se que esta ação do fiscal terá efeito não apenas tributário, mas também previdenciário, pois uma vez elevado o salário de contribuição do segurado, eleva-se também a média aritmética da base de contribuição fazendo com que aumente o valor da aposentadoria verdadeira intenção do legislador constituinte. * Art. 201, 12 e 13, CRFB: Sistema de inclusão previdenciária Atualmente existem cerca de 90 milhões de pessoas vinculadas ao regime geral de previdência no Brasil (70 milhões de contribuintes e 25 milhões de beneficiários, aproximadamente). No entanto, há dez anos cerca de 30 a 40 milhões de pessoas estavam fora do sistema. Esse aumento significativo de contribuintes se deve às emendas constitucionais n. 41 e 47/05, quando a Constituição passou a dar um tratamento diferenciado às pessoas de baixa renda que trabalhavam em comércio informal ou atividades domésticas. Com alíquotas menores, essas pessoas passaram a também contribuir com o RGPS e, ainda que o montante por elas arrecadado fosse insuficiente para cobrir a contrapartida estatal (benefícios previdenciários), ele já seria capaz de desonerar o sistema de assistência social porque elas invariavelmente acabavam solicitando mais tarde o benefício de prestação continuada por terem ficado inválidas ou por terem atingido a idade de 65 anos e não terem condições de se sustentar. Desta feita, a Lei Maior conseguiu reequilibrar a seguridade social tendo em vista que reduziu as solicitações de benefícios da assistência social à medida que aumentava o número de contribuintes da previdência. Observação 1: As pessoas integrantes do sistema de inclusão farão jus a benefício previdenciário no valor de um salário-mínimo e não poderão se aposentar por tempo de contribuição. Observação 2: Até hoje não foi regulamentada a carência diferenciada do art. 201, 13 da CRFB.

BENEFICIÁRIOS Toda pessoa que tem direito à fruição do regime geral de previdência denomina-se beneficiário. Os beneficiários do RGPS subdividem-se em segurados e dependentes. O segurado é contribuinte do sistema previdenciário e mantém a filiação ao regime geral em nome próprio. Ele poderá ser obrigatório (vinculação compulsória e institucional) ou facultativo. A Lei n. 8.213/91 em seu art. 11 determina a obrigatoriedade na vinculação das seguintes categorias profissionais: empregado, empregado doméstico, trabalhador avulso, contribuinte individual e segurado especial. Já o dependente é o beneficiário que mantém uma vinculação com o INSS através do segurado. Empregado Empregado Doméstico BENEFICIÁRIOS SEGURADOS DEPENDENTES Obrigatórios Facultativos Trabalhador Avulso Contribuinte Individual Segurado Especial No sistema previdenciário incide também o princípio trabalhista da primazia da realidade, ou seja, prevalece o fato como ele verdadeiramente é e não como foi apresentado é o conjunto probatório quem faz o convencimento dos fatos. Assim, por exemplo, não basta a simples anotação na carteira de trabalho para asseverar determinado fato. Somente com a análise conjunta de todas as provas é que se poderá chegar a uma conclusão.

Empregado O conceito de emprego na Previdência Social é mais largo que em Direito do Trabalho. Desta feita, todas as pessoas que são consideradas como empregado na seara trabalhista assim também serão para o Direito Previdenciário, mas nem todos considerados por este como empregado o são para o Direito do Trabalho ex.: o servidor ocupante, exclusivamente, de cargo comissionado. CRFB, art. 40, 13: Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração bem como de outro cargo temporário ou de emprego público, aplica-se o regime geral de previdência social. Observação: O empregado urbano possui os mesmos direitos que o empregado rural (art. 194, parágrafo único, II da CRFB). Logo, a relação de emprego pode ser tanto urbana quanto rural. O empregado não é o responsável pelo recolhimento das contribuições previdenciárias. A lei determina ser este o encargo de seu empregador (art. 30, I, a da Lei n. 8.212/91). Assim, caso a empresa faça a retenção ilícita do valor descontado da remuneração do empregado, não pode o INSS recusar-se a conceder benefício previdenciário nem de contar aquele período como tempo de contribuição, sob a alegação de não ter recebido o repasse, visto que o empregado não é o responsável tributário da contribuição social. Ademais, não pode a previdência desconsiderar o valor da remuneração no cálculo de benefício, mesmo não tendo havido efetiva contribuição. Empregado Doméstico O empregado doméstico exerce atividade personalíssima, com subordinação, mediante pagamento de salário, habitualmente (a partir de três vezes na semana) prestada no âmbito da residência do empregador que necessariamente será pessoa física. Ressalte-se que o empregador não pode auferir vantagem econômica pela atividade prestada pelo empregado doméstico. Assim, a obtenção de lucro com quentinhas feitas pelo trabalhador na casa do empregador desclassifica o trabalho doméstico, passando o sujeito a ser considerado como empregado.

A atividade doméstica é eminentemente urbana e após a EC n. 72/13 passou a ter praticamente a mesma proteção e os mesmos direitos que os empregados. O empregado doméstico também não é o responsável pelo recolhimento da sua contribuição e sim seu empregador (art. 30, V da Lei n. 8.212/91). Trabalhador Avulso Trabalho avulso é aquele em que há a intermediação do sindicato ou do órgão gestor de mão-deobra no vínculo entre a empresa e o trabalhador. O trabalho poderá ser prestado tanto na região urbana (ex.: portuários) quanto na área rural (ex.: boia-fria). Assim como nas outras duas categorias profissionais, o trabalhador avulso é também irresponsável tributário, pois o recolhimento da contribuição previdenciária será efetuado pelo sindicato, pelo órgão gestor de mão-de-obra ou ainda pela empresa tomadora ou requisitante dos serviços de trabalhador avulso (art. 30, I, a da Lei n. 8.212/91). Contribuinte Individual Esta espécie de segurado obrigatório da previdência social foi incluída pela Lei n. 9.876/99 e reuniu num mesmo perfil três categorias anteriormente previstas: empresários, trabalhadores autônomos (em especial os profissionais liberais e os trabalhadores eventuais) e os equiparados a autônomos (fazendeiro, ministro de confissão religiosa etc.), sejam urbanos ou rurais. A principal característica desta espécie de segurados é que o contribuinte individual é obrigado a recolher sua contribuição por iniciativa própria (art. 30, II da Lei n. 8.212/91). Observação: Quando o contribuinte individual presta serviços a uma empresa, ela tem a obrigação de antecipar o recolhimento (que seria efetuado por ele), retendo o montante equivalente a 11% do valor da nota fiscal (arts. 30, I, b e 31 da Lei n. 8.212/91). Todavia, isto não torna a empresa a responsável pelo recolhimento do tributo, pois ao contrário do que ocorre com o empregado, caso ela não realize o recolhimento tributário, o contribuinte individual tem a obrigação de fazê-lo ou se submeterá às penalidades da lei.

Segurado Especial Enquadra-se nesta categoria o pescador artesanal, o pequeno trabalhador rural que exerce sua atividade em regime de economia familiar bem como os familiares que com ele trabalhem. Via de regra, esta atividade é exercida em caráter de subsistência e, por este motivo, a Constituição acabou por oferecer a eles uma proteção diferenciada ao incluí-los no rol de segurados obrigatórios e retirá-los do sistema de assistência social que não exige contribuição social. O segurado especial contribui com base na venda do produto rural, logo se em determinado mês não houver produção, não ocorrerá o fato gerador do tributo e por este motivo ele não contribuirá para previdência. E, não ocorrendo a hipótese de incidência, o segurado pode ficar vários anos sem contribuir e mesmo assim não perder a filiação ao regime ele não é inadimplente nem sonegador. Consequentemente, a princípio, o segurado especial não se aposenta por tempo de contribuição, mas tem a seu favor a incidência de alíquotas reduzidas e contagem distinta do período de carência (variável segundo o número de meses de trabalho e independentemente do tempo de efetiva contribuição). Caso deseje aposentaria por tempo de contribuição, o segurado especial deverá recolher contribuição pagando o carnê como se fosse contribuinte individual hipótese rara. O art. 11 da Lei n. 8.213/91 prevê outras restrições ao segurado especial: Art. 11. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas: VII como segurado especial: a pessoa física residente no imóvel rural ou em aglomerado urbano ou rural próximo a ele que, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com o auxílio eventual de terceiros, na condição de: a) produtor, seja proprietário, usufrutuário, possuidor, assentado, parceiro ou meeiro outorgados, comodatário ou arrendatário rurais, que explore atividade: 1. agropecuária em área de até 4 (quatro) módulos fiscais; 2. de seringueiro ou extrativista vegetal que exerça suas atividades nos termos do inciso XII do caput do art. 2º da Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, e faça dessas atividades o principal meio de vida;

b) pescador artesanal ou a este assemelhado que faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida; e c) cônjuge ou companheiro, bem como filho maior de 16 (dezesseis) anos de idade ou a este equiparado, do segurado de que tratam as alíneas a e b deste inciso, que, comprovadamente, trabalhem com o grupo familiar respectivo. 1º Entende-se como regime de economia familiar a atividade em que o trabalho dos membros da família é indispensável à própria subsistência e ao desenvolvimento socioeconômico do núcleo familiar e é exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de empregados permanentes. 9º Não é segurado especial o membro de grupo familiar que possuir outra fonte de rendimento, exceto se decorrente de: I benefício de pensão por morte, auxílio-acidente ou auxílio-reclusão, cujo valor não supere o do menor benefício de prestação continuada da Previdência Social; II benefício previdenciário pela participação em plano de previdência complementar instituído nos termos do inciso IV do 8o deste artigo; III - exercício de atividade remunerada em período não superior a 120 (cento e vinte) dias, corridos ou intercalados, no ano civil, observado o disposto no 13 do art. 12 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991; IV exercício de mandato eletivo de dirigente sindical de organização da categoria de trabalhadores rurais; V exercício de mandato de vereador do Município em que desenvolve a atividade rural ou de dirigente de cooperativa rural constituída, exclusivamente, por segurados especiais, observado o disposto no 13 do art. 12 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991; VI parceria ou meação outorgada na forma e condições estabelecidas no inciso I do 8o deste artigo; VII atividade artesanal desenvolvida com matéria-prima produzida pelo respectivo grupo familiar, podendo ser utilizada matéria-prima de outra origem, desde que a renda mensal obtida na atividade não exceda ao menor benefício de prestação continuada da Previdência Social; e VIII atividade artística, desde que em valor mensal inferior ao menor benefício de prestação continuada da Previdência Social.