Ecidinéia Pinto Soares

Documentos relacionados
Ecidinéia Pinto Soares

4 CARACTERIZAÇÃO GEOTÉCNICA E MINERALÓGICA

Resistência ao Cisalhamento de um Solo Coluvionar Não Saturado do Rio de Janeiro, RJ

5 CURVAS CARACTERÍSTICAS OU DE SUCÇÃO

ESTUDO SOBRE A RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DE UM SOLO RESIDUAL COMPACTADO NÃO SATURADO

Mecânica dos Solos TC 035

Características de Resistência Não Saturada de um Solo Coluvionar e um Solo Saprolítico de Tinguá, RJ

Resistência ao cisalhamento de um solo coluvionar não saturado da Cidade do Rio de Janeiro

5. MATERIAIS E MÉTODOS ROCHAS ALTERADAS/SOLOS

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

7. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ROCHAS ALTERADAS/SOLOS

Notas de aula prática de Mecânica dos Solos II (parte 10)

Uso do ensaio de compressão diametral para determinação dos parâmetros de resistência de solos não saturados.

7 Interpretação dos Resultados

MECÂNICA DOS SOLOS. Márcio Marangon. Professor Titular - UFJF

5 Caracterizações Física, Química e Mineralógica.

Critérios de ruptura e Ensaios de Resistência ao Cisalhamento

Estados de Tensão e Critérios de ruptura

Resistência ao Cisalhamento de um Solo Coluvionar Não Saturado do Rio de Janeiro, RJ

Controle de Obras Mecânica dos solos

ANÁLISE DE SOLO COMPACTADO COM RESÍDUO DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO 1 ANALYSIS COMPACTED SOIL WITH CONSTRUCTION AND DEMOLITION WASTE

5 Caracterização do Solo

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DA PARAÍBA CAMPUS MONTEIRO CURSO TÉCNICO EM EDIFICAÇÕES (INTEGRADO)

CÓDIGO: IT822. Estudo dos Solos CRÉDITOS: 4 (T2-P2) INSTITUTO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO

4 Caracterização Física, Química, Mineralógica e Hidráulica

Solicitações Não Drenadas

2 Mecânica Dos Solos Para Meios Não-Saturados

2 Critérios de Resistência

Proposta de uma Metodologia Via Dados Geológico-Geotécnicos para Reduzir a Instabilidade de Encostas Naturais.

Influência da sucção na resistência ao cisalhamento de um solo residual de filito de Belo Horizonte, MG

5 Ensaios de Resistência

Introdução Conceitos Básicos e Parâmetros

ANÁLISES DE FLUXO E ESTABILIDADE EM BARRAGEM DE TERRA E COMPARAÇÃO ENTRE DADOS PIEZOMÉTRICOS DE CAMPO E PRESSÕES OBTIDAS EM MODELAGEM NUMÉRICA

MECÂNICA DOS SOLOS I (TEC00259) O sistema água-argilomineral Propriedades dos Solos. Prof. Manoel Isidro de Miranda Neto Eng.

Estudo em Laboratório de Características de Colapso e Transporte de Solutos Associados à Infiltração de Licor Cáustico em um Solo Laterítico

Mecânica dos Solos TC 035

RETROANÁLISE DE UM ESCORREGAMENTO EM SOLO RESIDUAL COM PLANOS DE FOLIAÇÃO

Tensão de cisalhamento

Efeitos de um licor cáustico na resistência ao cisalhamento de um solo residual de sienito e um coluvionar indeformados

INFLUÊNCIA DA SUCÇÃO MÁTRICA NAS CONDIÇÕES DE FLUXO E ESTABILIDADE DE TALUDES DA BARRAGEM PESQUEIRO

7 Ensaios de laboratório

Avaliação de mecanismos de ruptura associados aos escorregamentos da Prainha e Condomínio em Nova Friburgo, Rio de Janeiro

SOLO COMPACTADO COM RESÍDUO DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO COMPACTED SOIL WITH CONSTRUCTION AND DEMOLITION WASTE

8 Investigação Experimental: Resistência à Compressão e Tração

Profa. Dra. Lizandra Nogami

INFLUÊNCIA DA TEXTURA DO SOLO SOBRE OS PARÂMETROS DOS MODELOS DE VAN GENUCHTEN E BROOCKS E COREY. Donizete dos Reis Pereira, Danilo Pereira Ribeiro

Compressão unidimensional de solos residuais da Formação Potengi

Programa Analítico de Disciplina CIV432 Introdução à Mecânica das Rochas

Análise de ruptura em talude urbano, Ouro Preto, MG

Características de Resistência Não Saturada de um Solo Coluvionar e um Solo Saprolítico de Tinguá, RJ

10 Conclusões e Sugestões para Futuros Trabalhos

6 Ensaios de Resistencia

Roberta Bomfim Boszczowski e Laryssa Petry Ligocki. Características Geotécnicas dos Solos Residuais de Curitiba e RMC

CARACTERIZAÇÃO GEOTÉCNICA E ANÁLISE DE ESTABILIDADE DE TALUDES DE MINERAÇÃO EM SOLOS DA MINA DE CAPÃO XAVIER.

Caderno de questões. Processo seletivo de ingresso para o 1º. Semestre de 2018 CONHECIMENTOS ESPECIFICOS GEOTECNIA Mestrado e Doutorado

Mecânica dos Solos TC 035

Determinação dos parâmetros de interação mecânica de interfaces de resíduos de mineração com geossintéticos

Aplicabilidade de Resíduos em Obras Geotécnicas - Estudo Experimental de Misturas de Solo e Cinza Volante de Resíduo Sólido Urbano

6 Exemplos de Aplicação

AULA 13: ESTADO DE TENSÕES E CRITÉRIOS DE RUPTURA. Prof. Augusto Montor Mecânica dos Solos

Faculdade Novos Horizontes. Mecânica dos Solos 1 Curso de Engenharia Civil CAPÍTULO 1. Introdução à Mecânica dos Solos Histórico

Estudo Experimental das Características de Compressibilidade e Adensamento de uma Argila Mole

Caracterização Geotécnica de um Perfil de Solo Não Saturado da Formação Barreiras da Cidade de Maceio-Al.

Lista de Exercícios de Adensamento

O EFEITO DA RESISTÊNCIA À TRAÇÃO E COMPRESSÃO SIMPLES NA FUNÇÃO DE UMIDADE DE SOLOS RESIDUAIS NÃO SATURADOS

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

Notas de aulas de Mecânica dos Solos II (parte 11)

Fábio de Albuquerque Caldeira Brant

RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DE UM SOLO TROPICAL NÃO SATURADO CONSIDERANDO ALTAS SUCÇÕES

ESTABILIZAÇÃO GRANULOMÉTRICA DE REJEITOS DE MINÉRIO DE FERRO PARA UTILIZAÇÃO EM PAVIMENTAÇÃO

Avaliação da Segurança de um Talude Não-Saturado em Obra do Metrô de Fortaleza Ce

ESTUDO DA CURVA CARACTERÍSTICA DE SOLOS COMPACTADOS

Análise de escorregamentos de encosta na circunvizinhança da cidade de Viçosa M.G.

Aula 1 Taludes e Movimentos de Massa. CIV 247 OBRAS DE TERRA Prof. Romero César Gomes

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL. Profª Aline Cristina Souza dos Santos

DETERMINAÇÃO DE PARÂMETROS DE RESISTÊNCIA DE UM SOLO SEDIMENTAR ESTRATIFICADO ATRAVÉS DE ENSAIOS DE CISALHAMENTO DIRETO

Notas de aula prática de Mecânica dos Solos I (parte 9) com respostas dos exercícios

30/04/2012. Controle de Obras Mecânica dos solos. Resistência ao cisalhamento das areias e argilas. Prof. Ilço Ribeiro Jr. Solicitações Drenadas

LABORATÓRIO de MECÂNICA dos SOLOS - Noções de Resistência à Compressão - Ensaio de Compressão Simples e Diametral

A Formação Guabirotuba. Alessander Kormann

SIMBOLOGIA DE MECÂNICA DOS SOLOS

Laboratório de Mecânica dos Solos. Primeiro Semestre de 2017

5 Caracterizações Física, Mineralógica e Química

Caracterização Geotécnica e Reológica de um Rejeito de Minério de Ferro

Notas de aula prática de Mecânica dos Solos I (parte 8)

ESTUDO DO COMPORTAMENTO DE UM SOLO RESIDUAL DE GNAISSE NÃO SATURADO PARA AVALIAR A INFLUÊNCIA DA INFILTRAÇÃO NA ESTABILIDADE DE TALUDES.

Influência da sucção na resistência ao cisalhamento de um solo residual de filito de Belo Horizonte, MG

Narayana Saniele Massocco DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS GEOTÉCNICOS DE SOLOS RESIDUAIS COM ÊNFASE NA MECÂNICA DOS SOLOS NÃO SATURADOS

Capítulo 5 - METODOLOGIA E PROGRAMA DE ENSAIOS

ÍNDICES FÍSICOS DOS SOLOS

Instrumentadas no Estado do Ceará: Estudo de Caso da Barragem Olho d'água.

Desenvolvimento de um modelo matemático transiente para previsão de escorregamentos planares em encostas

4 Estabilidade estática do aterro reforçado

Neste capítulo são apresentadas as principais conclusões deste trabalho e algumas sugestões para futuras pesquisas.

AVALIAÇÃO DO EFEITO DA HISTERESE E DA RESISTÊNCIA À TRAÇÃO NA FUNÇÃO DE UMIDADE EM SOLOS NÃO-SATURADOS

3 Equipamentos, Rotinas e Programa de Ensaios

Compactação dos Solos. Fernando A. M. Marinho 2012

Transcrição:

Ecidinéia Pinto Soares CARACTERIZAÇÕES GEOTÉCNICA E MINERALÓGICA DE UM FILITO DOLOMÍTICO DO QUADRILÁTERO FERRÍFERO COM VISTAS AO ESTUDO DE ESTABILIDADE DE TALUDES INCORPORANDO A SUCÇÃO Tese apresentada à Universidade Federal de Viçosa, como parte das exigências do Programa de Pós- Graduação em Engenharia Civil, para obtenção do título de Doctor Scientiae. VIÇOSA MINAS GERAIS - BRASIL 2008

Ficha catalográfica preparada pela Seção de Catalogação e Classificação da Biblioteca Central da UFV T Soares, Ecidinéia Pinto, 1963- S676c Caracterizações geotécnica e mineralógica de um filito 2008 dolomítico do quadrilátero ferrífero com vistas ao estudo de estabilidade de taludes incorporando a sucção / Ecidinéia Pinto Soares. Viçosa, MG, 2008. xix, 177f.: il. (algumas col.) ; 29cm. Inclui apêndices. Orientador: Eduardo Antônio Gomes Marques. Tese (doutorado) - Universidade Federal de Viçosa. Referências bibliográficas: f. 114-123. 1. Taludes (Mecânica de solo). 2. Avaliação de risco (Geologia). 3. Mineralogia do solo. 4. Deslizamento (Geologia). 5. Quadrilátero Ferrífero (MG) - Estudo de caso. I. Universidade Federal de Viçosa. II.Título. CDD 22.ed. 624.15136

Há homens que lutam um dia e são bons. Há outros que lutam um ano e são melhores. Existem aqueles que lutam muitos anos e são muito bons mas há, porém, os que lutam toda uma vida... estes são os imprescindíveis. Bertolt Brecht Ao Prof. Dario Cardoso de Lima, Há, também, aqueles que nos incentivam a lutar... mestre e ser humano imprescindível, muito obrigada. ii

A Procura Andei pelos caminhos da vida. Caminhei pelas ruas do destino procurando meu signo. Bati na porta da fortuna, mandou dizer que não estava. Bati na porta da fama, falou que não podia atender. Procurei a casa da felicidade, a vizinha da frente me informou que ela tinha se mudado sem deixar novo endereço. Procurei a morada da fortaleza. Ela me fez entrar: deu-me veste nova, perfumou-me os cabelos, fez-me beber de seu vinho. Acertei o meu caminho. Cora Coralina Para Francelina e Ecídia iii

AGRADECIMENTO À Universidade Federal de Viçosa (UFV), pela possibilidade de desenvolvimento deste trabalho. À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), pela bolsa de estudo. A Minerações Brasileiras Reunidas S/A MBR / Companhia Vale do Rio Doce - Vale, pelo fornecimento dos dados necessários, em especial aos geólogos Germán Vinueza, Paulo Franca e Teófilo Costa, pela atenção e confiança dispensadas. À Professora Maria Lúcia Calijuri, pelo exemplo de fortaleza e disciplina. Ao Professor Enivaldo Minette, pela perseverança, incentivo e disponibilidade. Aos Professores Carlos Alexandre, Paulo Sérgio Barbosa, José Luís Rangel e Márcio Marangon (Universidade Federal de Juiz de Fora) pelos exemplos de mestres, amizade e bons momentos compartilhados. Ao Professor Eduardo Antônio Gomes Marques, pela orientação competente e tranqüila, e ao amigo, igualmente competente ao longo de tantos anos. Ao Professor Benedito de Souza Bueno, responsável por me fazer acreditar e concretizar os sonhos. Ao Professor Lúcio Flávio Souza Villar, pelo conhecimento transmitido e profissionalismo. iv

A Andréa C. Portes e Fábio Caldeira Campos, pela ajuda fundamental nos trabalhos desenvolvidos na UFMG. A todos os amigos de vida, não de curso, que o transformaram em um trabalho de equipe, e em uma saudade, especialmente Flávio Crispim, Tathiana Lélis, Wander Silva, Gisele e Danilo, Simone Cristina, Taciano e a todos os professores, estudantes e funcionários do Setor de Geotecnia do Departamento de Engenharia Civil da UFV, Paulo Afonso, Jorge, Paulo Capelão e José Mario, pela constante disponibilidade, ajuda e amizade. A Cristina Beatriz Costa e Júlio Carlos dos Santos, fundamentais na jornada percorrida. A todos da BVP Engenharia pela compreensão e apoio, especialmente José Mário, Perseu Perucci e Guilherme Brito. A Sérgio Maurício Pimenta Velloso (em memória), Sérgio C. Paraíso e Cláudia Maria Cunha Costa, da Geomec, onde tudo começou há 22 anos, exemplos indiscutíveis de amizade, profissionalismo e caráter. A Antônio Ananias de Mendonça, por todas as horas de dedicação e aos motivos de tudo isso, Santiago e Cícero, por todas as lágrimas e saudades durante estes anos. Ao meu pai, cuja ausência se tornou presença, sempre. A Deus, por me conceder um anjo da guarda (ou vários), incansável, ao longo da minha estrada. v

BIOGRAFIA ECIDINÉIA PINTO SOARES, filha de Cícero Soares e Francelina de Almeida Pinto Soares, nasceu em 7 de dezembro de 1963, na cidade do Rio de Janeiro/RJ. Em julho de 1988, graduou-se em Engenharia Civil pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, em Belo Horizonte. Em fevereiro de 1993, concluiu o Curso de Especialização em Engenharia de Barragens pela Universidade Federal de Ouro Preto, em Ouro Preto-MG. Em março de 1994, iniciou o Curso de Mestrado em Engenharia Civil, área de concentração em Geotecnia, na Universidade Federal de Viçosa, concluindo-o em março de 1996 e, em março de 2003 iniciou o Curso de Doutorado em Engenharia Civil, área de concentração em Geotecnia, na Universidade Federal de Viçosa, em Viçosa-MG. Desde janeiro de 1986 desenvolve trabalhos, na iniciativa privada e em instituições de ensino superior, relacionados à Geotecnia, com destaques para empresas de consultoria e auditorias, como a Geomec e Geoklock. Atualmente integra o corpo técnico da BVP Engenharia com ênfase nas áreas de geotecnia em mineração e hidroenergia. vi

SUMÁRIO LISTA DE QUADROS... ix LISTA DE FIGURAS...x LISTA DE SÍMBOLOS... xiv RESUMO... xvi ABSTRACT... xvii 1. APRESENTAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO...1 1.1. Introdução...1 1.2. Justificativas...3 1.3. Objetivos...4 1.3. Organização do Trabalho...4 2. ESTUDO DA SUCÇÃO NA ESTABILIDADE DE TALUDES...6 2.1. Considerações Iniciais...6 2.2.1. Sucção...7 2.2.2. Técnicas para Medição de Sucção...10 2.2. Resistência ao Cisalhamento de Solos não Saturados...12 2.3. Importância da Sucção no Estudo da Estabilidade de Solos não Saturados...23 2.4. Mecanismos de Ruptura em Taludes...25 3. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO E PROCEDIMENTOS DE AMOSTRAGEM...28 3.1. Considerações Iniciais...28 3.2. Localização...32 3.3. Clima e Vegetação...33 vii

3.4. Histórico da Mineração no Estado de Minas Gerais...34 3.4.1. O Pico do Itabirito...37 3.5. Aspectos Geológicos...39 3.6. Amostragem...43 4. CARACTERIZAÇÃO GEOTÉCNICA E MINERALÓGICA...47 4.1. Considerações Iniciais...47 4.2. Ensaios de Caracterização Física...47 4.3. Determinação do Coeficiente de Permeabilidade...50 4.4. Ensaios de Compressão Edométrica...52 4.5. Ensaios de Cisalhamento Direto...53 4.6. Ensaios de Compressão Triaxial...66 4.7. Ensaios de Caracterização Mineralógica Raios-X...67 4.8. Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)...72 5. CURVAS CARACTERÍSTICAS OU DE SUCÇÃO...77 5.1. Considerações Iniciais...77 5.2. Fatores que Influenciam a Curva Característica de Sucção...79 5.3. Métodos para Obtenção da Curva Característica de Sucção...80 5.3.1. Método do Papel Filtro...81 5.3.2. Equações para o Ajuste da Curva Característica...82 5.4. Curvas Características de Sucção Obtidas...84 5.4.1. Fredlund e Xing (1994)...84 5.4.2. Van Genutchen...94 6. ESTABILIDADE DE TALUDES CONSIDERANDO OS ASPECTOS DE SUCÇÃO...103 6.1. Aspectos Grais...103 6.2. Estimativa da Resistência ao Cisalhamento não Saturada para o Filito Dolomítico...104 6.3. Análises de Estabilidade...108 7. CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA NOVAS PESQUISAS...111 7.1. Aspectos Gerais...111 7.2. Conclusões...111 7.3. Sugestões para Prosseguimento do Trabalho...112 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...114 APÊNDICE...124 viii

LISTA DE QUADROS Quadro 2.1 Classificação dos tipos de ensaios para a avaliação da sucção. 10 Quadro 2.2 Medidas de sucção em solos (adaptado de Lee et al., 1993; Fredlund e Rahardjo, 1993 e Marinho, 1997)... 11 Quadro 3.1 Posição brasileira nas reservas mundiais... 33 Quadro 3.1 Locação e descrição das amostras indeformadas de filito dolomítico... 44 Quadro 4.1 Resultados dos ensaios de caracterização... 48 Quadro 4.2 Resultados dos ensaios de granulometria conjunta... 50 Quadro 4.3 Resultados dos ensaios de permeabilidade a carga variável... 50 Quadro 4.4 Resultados obtidos nos ensaios de compressão edométrica... 53 Quadro 4.5 Resultados obtidos nos ensaios triaxiais CIU... 53 Quadro 4.6 Resumo das tensões máximas obtidas nos ensaios de cisalhamento direto... 61 Quadro 4.7 Resultados obtidos nos ensaios de cisalhamento direto em amostras naturais com inundação na etapa final... 66 Quadro 4.8 Resultados obtidos nos ensaios de cisalhamento direto em amostras inundadas... 66 Quadro 4.9 Simbologia dos argilo-minerais identificados... 68 Quadro 5.1 Equações propostas para ajuste da curva característica de sucção... 83 Quadro 5.2 Parâmetros obtidos das curvas características... 95 Quadro 6.1 Litologias consideradas (modificado de Silva, 2006)... 104 Quadro 6.2 Parâmetros geotécnicos considerados e FS obtido... 109 ix

LISTA DE FIGURAS Figura 2.1 Representação esquemática dos conceitos de sucção (Marinho, 1997)... 9 Figura 2.2 Comparação entre algumas técnicas de medição de sucção (Lee e Wray, 1995)... 10 Figura 2.3 Modelo de equilíbrio para solos não saturados (Lee et al., 1993)... 13 Figura 2.4 Envoltória de Mohr-Coulomb modificada (Fredlund e Rahardjo, 1993)... 17 Figura 2.5 Envoltória de resistência de um solo residual não saturado (de Campos, 1997)... 19 Figura 2.6 (a) Curva característica do solo - típica, (b) função hiperbólica e condições consideradas para a obtenção dos parâmetros a eb (Vilar, 2007)... 21 Figura 2.7 Variação do fator de segurança de uma encosta não saturada em função da sucção (Ignacius et al., 1991)... 24 Figura 3.1 Localização do Quadrilátero Ferrífero (Marshak e Alkmim, 1989)... 32 Figura 3.2 O Pico de Itabira visto do Norte; desenho de F. J. Stephan, (ca. 1840, litografia de A. Brandmeyer (in Martius, C. Ph. F. von, 1906), apud Rosière et al. (2005)... 38 Figura 3.3 Fotografia aérea com vista para o norte do Pico de Itabira e cava da Mina do Pico na Serra dos Trovões/Serra das Serrinhas, Foto MBR, apud Rosière et al. (2005)... 39 Figura 4.1 Resumo das umidades obtidas nos ensaios de caracterização.. 49 Figura 4.2 Curva granulométrica dos blocos ensaiados... 49 Figura 4.3 Ensaio de cisalhamento direto convencional para a amostra PIC 1A... 57

Figura 4.4 Ensaio de cisalhamento direto convencional para a amostra PIC 2A... 57 Figura 4.5 Ensaio de cisalhamento direto convencional para a amostra PIC 2B... 58 Figura 4.6 Ensaio de cisalhamento direto convencional para a amostra PIC 4A... 58 Figura 4.7 Ensaio de cisalhamento direto convencional para a amostra CMT 2A... 59 Figura 4.8 Ensaio de cisalhamento direto convencional para a amostra CMT 2B... 59 Figura 4.9 Ensaio de cisalhamento direto convencional para a amostra CMT 2C... 60 Figura 4.10 Ensaio de cisalhamento direto convencional para a amostra CMT 2D... 60 Figura 4.11 Envoltória de ruptura para a amostra PIC 1A... 62 Figura 4.12 Envoltória de ruptura para a amostra PIC 2A... 62 Figura 4.13 Envoltória de ruptura para a amostra PIC 2B... 63 Figura 4.14 Envoltória de ruptura para a amostra PIC 2C... 63 Figura 4.15 Envoltória de ruptura para a amostra CMT 2A... 64 Figura 4.16 Envoltória de ruptura para a amostra CMT 2B... 64 Figura 4.17 Envoltória de ruptura para a amostra CMT 2C... 65 Figura 4.18 Envoltória de ruptura para a amostra CMT 2D... 65 Figura 4.19 Difratograma total da amostra PIC 1A... 68 Figura 4.20 Difratograma total da amostra PIC 2A... 69 Figura 4.21 Difratograma total da amostra PIC 2B... 69 Figura 4.22 Difratograma total da amostra PIC 4A... 70 Figura 4.23 Difratograma total da amostra CMT 2A... 70 Figura 4.24 Difratograma total da amostra CMT 2B... 71 Figura 4.25 Difratograma total da amostra CMT 2C... 71 Figura 4.26 Difratograma total da amostra CMT 2D... 72 Figura 4.27 Foto por microscopia eletrônica com ampliação de 1.000 vezes PIC 1A... 73 Figura 4.28 Foto por microscopia eletrônica com ampliação de 1.000 vezes PIC 2A... 73 Figura 4.29 Foto por microscopia eletrônica com ampliação de 1.000 vezes PIC 2B... 74 Figura 4.30 Foto por microscopia eletrônica com ampliação de 1.000 vezes PIC 4A... 74 xi

Figura 4.31 Foto por microscopia eletrônica com ampliação de 2.000 vezes CMT 2A... 75 Figura 4.32 Foto por microscopia eletrônica com ampliação de 1.000 vezes CMT 2B... 75 Figura 4.33 Foto por microscopia eletrônica com ampliação de 1.000 vezes CMT 2C... 76 Figura 4.34 Foto por microscopia eletrônica com ampliação de 1.000 vezes CMT 2C... 76 Figura 5.1 Diferentes formatos das curvas características de sucção dos solos em função da granulometria (adaptado de Fredlund e Xing, 1994)... 78 Figura 5.2 Principais pontos da curva de sucção (adaptado de Fredlund e Xing, 1994)... 78 Figura 5.3 Curvas de calibração para os papéis filtro Whatman n o 42 e Schleicher & Schuell n o 589 (Marinho, 1994)... 82 Figura 5.4 Sucção x teor de umidade volumétrico CMT 2A... 84 Figura 5.5 Sucção x teor de umidade gravimétrico CMT 2A... 85 Figura 5.6 Sucção x grau de saturação CMT 2A... 85 Figura 5.7 Sucção x teor de umidade volumétrico CMT 2C... 86 Figura 5.8 Sucção x teor de umidade gravimétrico CMT 2C... 86 Figura 5.9 Sucção x grau de saturação CMT 2C... 87 Figura 5.10 Sucção x teor de umidade volumétrico CMT 2D... 87 Figura 5.11 Sucção x teor de umidade gravimétrico CMT 2D... 88 Figura 5.12 Sucção x grau de saturação CMT 2D... 88 Figura 5.13 Sucção x teor de umidade volumétrico PIC 1A... 89 Figura 5.14 Sucção x teor de umidade gravimétrico PIC 1A... 89 Figura 5.15 Sucção x grau de saturação PIC 1A... 90 Figura 5.16 Sucção x teor de umidade volumétrico PIC 2A... 90 Figura 5.17 Sucção x teor de umidade gravimétrico PIC 2A... 91 Figura 5.18 Sucção x grau de saturação PIC 2A... 91 Figura 5.19 Sucção x teor de umidade volumétrico PIC 2B... 92 Figura 5.20 Sucção x teor de umidade gravimétrico PIC 2B... 92 Figura 5.21 Sucção x grau de saturação PIC 2B... 93 Figura 5.22 Sucção x teor de umidade volumétrico PIC 4A... 93 Figura 5.23 Sucção x teor de umidade gravimétrico PIC 4A... 94 Figura 5.24 Sucção x grau de saturação PIC 4A... 94 Figura 5.25 Sucção x teor de umidade volumétrico CMT 2A... 95 xii

Figura 5.26 Sucção x teor de umidade volumétrico CMT 2C... 96 Figura 5.27 Sucção x teor de umidade volumétrico CMT 2D... 96 Figura 5.28 Sucção x teor de umidade volumétrico PIC 1A... 97 Figura 5.29 Sucção x teor de umidade volumétrico PIC 2A... 97 Figura 5.30 Sucção x teor de umidade volumétrico PIC 2B... 98 Figura 5.31 Sucção x teor de umidade volumétrico PIC 4A... 98 Figura 5.32 Sucção x razão de permeabilidade CMT 2A... 99 Figura 5.33 Sucção x razão de permeabilidade CMT 2C... 100 Figura 5.34 Sucção x razão de permeabilidade CMT 2D... 100 Figura 5.35 Sucção x razão de permeabilidade PIC 1A... 101 Figura 5.36 Sucção x razão de permeabilidade PIC 2A... 101 Figura 5.37 Sucção x razão de permeabilidade PIC 2B... 102 Figura 5.38 Sucção x razão de permeabilidade PIC 4A... 102 Figura 6.1 Perfil geológico da seção analisada... 103 Figura 6.2 Estimativa dos parâmetros de resistência CMT 2A... 105 Figura 6.3 Estimativa dos parâmetros de resistência CMT 2C... 105 Figura 6.4 Estimativa dos parâmetros de resistência CMT 2D... 106 Figura 6.5 Estimativa dos parâmetros de resistência PIC 1A... 106 Figura 6.6 Estimativa dos parâmetros de resistência PIC 2A... 107 Figura 6.7 Estimativa dos parâmetros de resistência PIC 2B... 107 Figura 6.8 Estimativa dos parâmetros de resistência PIC 4A... 108 Figura 6.9 Resultado final das análises de estabilidade realizadas... 110 xiii

LISTA DE SÍMBOLOS S t = Sucção total. S m = Sucção mátrica. S o = Sucção osmótica. S g = Potencial gravitacional. S a = Potencial pneumático. S p = Potencial de adensamento. u a = Pressão do ar. u w = Pressão da água. σ ' σ u = Tensão normal efetiva. = Tensão normal total. = Poro-pressão. σ s = Tensão de contato entre os grãos. A s = Área de contato dos grãos. u w = Pressão da água. u a = Pressão do ar. A w = Área da superfície da água. A a = Área da superfície do ar. A = Área total.

σ s = Tensão de contato entre os grãos. χ = Influência da sucção na tensão efetiva do solo. τ f = Resistência ao cisalhamento na ruptura. c ' φ ' = Intercepto da coesão efetiva. = Ângulo de atrito efetivo. b φ = Taxa de ganho de ângulo de atrito do solo com relação à sucção matricial. c S r = Coesão. = Grau de saturação do solo. a = Parâmetro de ajuste para a proposição de Vilar (2007). b = Parâmetro de ajuste para a proposição de Vilar (2007). ψ = Sucção mátrica para a proposição de Vilar (2007). ψ b = Valor de entrada de ar. ψ r = Sucção residual. c ult = Valor residual da resistência ao cisalhamento. τ ult = Valor residual da resistência ao cisalhamento. c m = Medida máxima obtida para a coesão para a proposição de Vilar (2007). τ m = Medida máxima obtida para a tensão de cisalhamento para a proposição de Vilar (2007). ψ m = Máximo valor para a sucção mátrica para a proposição de Vilar (2007). LL = Limite de liquidez. LP = Limite de plasticidade. IP = Índice de plasticidade. γ s w = Massa específica dos grãos. = Teor de umidade natural. σ ' V = Tensão de pré-adensamento. v d r t r = Velocidade de cisalhamento. = Deslocamento na ruptura. = Tempo de ruptura. t 90 = Tempo necessário para que ocorra 90% do adensamento. U = Porcentagem de adensamento. τ máx = Tensão de ruptura. ε h = Deslocamento no sentido do cisalhamento. xv

θ w θ r k r = Teor de umidade volumétrico. = Teor de umidade gravimétrico. = Teor de umidade volumétrico residual. = Razão entre a permeabilidade para a condição não saturada e a permeabilidade saturada do solo. xvi

RESUMO SOARES, Ecidinéia Pinto, D.Sc., Universidade Federal de Viçosa, março de 2008. Caracterizações geotécnica e mineralógica de um filito dolomítico do Quadrilátero Ferrífero com vistas ao estudo de estabilidade de taludes incorporando a sucção. Orientador: Eduardo Antônio Gomes Marques. Coorientadores: Maria Lúcia Calijuri e Enivaldo Minette. Este trabalho apresenta os estudos desenvolvidos para a caracterização do filito dolomítico presente na região do Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais, Brasil, com o objetivo de investigar seu comportamento em taludes de mineração para a condição não saturada. O filito dolomítico se caracteriza pela sua elevada anisotropia, em função da presença de uma foliação bem marcada e pela também elevada alterabilidade que faz com que materiais classificados como sãos, passem, em alguns meses, a materiais muito a extremamente alterados, o que piora sobremaneira suas propriedades geotécnicas. Quando muito alterado é constituído por lentes de material argiloso e lentes de areia. A amostragem constou de oito blocos indeformados, sendo que quatro foram retirados da Mina do Pico, localizada em Itabirito/MG e quatro blocos da Mina Capitão do Mato, localizada em Nova Lima/MG, ambas pertencentes à Companhia Vale do Rio Doce. Foram realizados ensaios de caracterização geotécnica e mineralógica e determinação das curvas de sucção por meio da técnica do papel filtro. Para a determinação da envoltória de resistência não saturada e verificação das curvas de sucção foram utilizados modelos empíricos. A partir dos resultados obtidos foi analisada a estabilidade dos taludes de uma seção típica, considerando a influência sobre os níveis de segurança xvii

obtidos. A utilização de outros modelos e procedimentos é sugerida com o objetivo de fornecer subsídios para futuras discussões sobre tomadas de decisão e análises de risco para os empreendimentos localizados nesta região em particular. xviii

ABSTRACT SOARES, Ecidinéia Pinto, D.Sc., Federal University of Viçosa, March, 2008. Geotechnical and mineralogic characterizations of a dolomitic phyllites from Iron Quadrangle (MG) aiming to study the slopes stability incorporating the suction. Advisor: Eduardo Antônio Gomes Marques. Coadvisors: Maria Lúcia Calijuri and Enivaldo Minette. The present work presents the results of an extensive laboratory test study for the characterization of the behavior of a dolomitic phyllite under unsaturated conditions. This rock type is commonly found at Iron Quadrangle area, Brazil and is well known for its high anisotropy and weatherability. These properties impose a distinct behavior as sound rock changes to very to highly weathered materials in several months, with severe influence on its geotechnical properties. Eight undisturbed samples were collected in two open mine pits belonging to Vale (four at Pico mine and four at Capitão do Mato mine). Both mineralogical and geotechnical characterization of these material were done. Suction curves were determined through filter paper technique. Both unsaturated strength envelope and verification of suction curves were determined through empirical method. Resulting data was used into a slope stability study of a typical geological section from Pico mine, in order to evaluate its influence over safety. Use of other models and procedures is suggested to subsidy future discussion on risk analysis of open pit mining for this particular region. xix