EFEITO DAS DISTÂNCIAS DE AFASTAMENTO ENTRE LINHAS DE SERINGUEIRA SOBRE A PRODUÇÃO DE CAFEEIROS EM SISTEMAS AGROFLORESTAIS. Renato Luiz Grisi Macedo



Documentos relacionados
ESTABELECIMENTO E CRESCIMENTO DE CLONES DE SERINGUEIRA [Hevea brasiliensis (Willd. x Adr. de Juss) Müell Arg.] INTRODUZIDOS NA REGIÃO DE LAVRAS MG.

AVALIAÇÃO DE PROGÊNIES DE MILHO NA PRESENÇA E AUSÊNCIA DE ADUBO

10 AVALIAÇÃO DE CULTIVARES DE SOJA

PRODUTIVIDADE DO CONSÓRCIO MILHO-BRAQUIÁRIA EM INTEGRAÇÃO COM PECUÁRIA E FLORESTA DE EUCALIPTO

RADIAÇÃO SOLAR GLOBAL, SALDO DE RADIAÇÃO E FLUXO DE CALOR NO SOLO EM CULTIVO CONSORCIADO CAFÉ/COQUEIRO-ANÃO VERDE 1

STATUS HÍDRICO DE PROGÊNIES DE CAFÉ COMO INDICADOR DE TOLERÂNCIA À SECA

ESPAÇAMENTO DAS MUDAS DE CAFÉ NA COVA (*)

Referências Bibliográficas

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

RELATÓRIO FINAL. AVALIAÇÃO DO PRODUTO CELLERON-SEEDS e CELLERON-FOLHA NA CULTURA DO MILHO CULTIVADO EM SEGUNDA SAFRA

Desempenho de cultivares e populações de cenoura em cultivo orgânico no Distrito Federal.

Palavras-Chave: Adubação nitrogenada, massa fresca, área foliar. Nitrogen in Cotton

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

VIII Semana de Ciência e Tecnologia do IFMG- campus Bambuí VIII Jornada Científica

INFLUÊNCIA DO USO DE ÁGUA RESIDUÁRIA E DOSES DE FÓSFORO NA ÁREA FOLIAR DO PINHÃO MANSO

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE UMA SEMEADORA-ADUBADORA DE PLANTIO DIRETO NA CULTURA DA SOJA

COMPRIMENTO DO PRIMEIRO RAMO PLAGOTRÓPICO DE COFFEA ARABICA EM DIFERENTES REGIMES HÍDRICOS E FERTIRRIGAÇÃO

COMPORTAMENTO DE HÍBRIDOS EXPERIMENTAIS DE MILHO EM CONDIÇÕES DE ESTRESSES DE SECA

DESENVOLVIMENTO VEGETATIVO DE MUDAS DE CAFEEIRO SOB DOSES DE CAMA DE FRANGO E ESTERCO BOVINO CURTIDO

EFEITO DE DIFERENTES QUANTIDADES DE HÚMUS DE MINHOCA CALIFÓRNIA VERMELHA INCORPORADOS AO SOLO E COM APLICAÇÕES DE BIOFERTILIZANTE NA CULTURA DO FEIJÃO

ENSAIO COMPARATIVO AVANÇADO DE ARROZ DE VÁRZEAS EM MINAS GERAIS: ANO AGRÍCOLA 2004/2005

ALTA PRODUTIVIDADE EM CAFEEIROS DA CULTIVAR CONILLON, NA REGIÃO DA BACIA DE FURNAS, NO SUL DE MINAS GERAIS. Celio L. Pereira- Eng Agr Consultor em

DENSIDADE DE SEMEADURA DE CULTIVARES DE MAMONA EM PELOTAS, RS 1

TEMPERATURA MÍNIMA DO AR E FOLHAS DURANTE O INVERNO EM CULTIVO DE CAFÉ ARBORIZADO COM GREVÍLEA

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

CONSERVAÇÃO DE SEMENTES DE CAFÉ ROBUSTA (Coffea canephora) CULTIVAR APOATÃ IAC 2258 EM FUNÇÃO DO GRAU DE UMIDADE E DO AMBIENTE

Doses de adubo para produção de mudas de tomate (Solanum lycopersicum)

CALAGEM, GESSAGEM E AO MANEJO DA ADUBAÇÃO (SAFRAS 2011 E

COMPARAÇÃO DA INTENSIDADE DA FERRUGEM E DA CERCOSPORIOSE EM FOLHAS DE CAFEEIRO QUANTO À FACE DE EXPOSIÇÃO DAS PLANTAS

RESUMO ABSTRACT 1. INTRODUÇÃO. A importância da cultura da seringueira reside na qualidade da borracha produzida, a qual

PRODUÇÃO DE MUDAS DE TOMATEIRO EM DIFERENTES SUBSTRATOS À BASE DE MATERIAIS REGIONAIS SOB ADUBAÇÃO FOLIAR 1 INTRODUÇÃO

Conceitos e Princípios Básicos da Experimentação

Efeito da colhedora, velocidade e ponto de coleta na qualidade física de sementes de milho

IRRIGAÇÃO COM ÁGUA RESIDUÁRIA E DE ABASTECIMENTO SUBMETIDO À ADUBAÇÃO FOSFATADA EM PLANTAS DE PINHÃO MANSO

Estudo da dose de resposta de cobertura (N.K) na cultura do milho safrinha-mt Consultoria Pesquisa Agricultura de Precisão

Biomassa Microbiana em Cultivo de Alface sob Diferentes Adubações Orgânicas e Manejo da Adubação Verde

FONTES E DOSES DE RESÍDUOS ORGÂNICOS NA RECUPERAÇÃO DE SOLO DEGRADADO SOB PASTAGENS DE Brachiaria brizantha cv. MARANDÚ

IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB 2010 Página 486

Avaliação agronômica de variedades de cana-de-açúcar, cultivadas na região de Bambuí em Minas Gerais

Uso de húmus sólido e diferentes concentrações de húmus líquido em características agronômicas da alface

O PROBLEMA DO BAIXO NÚMERO DE REPETIÇÕES EM EXPERIMENTOS DE COMPETIÇÃO DE CULTIVARES

PRODUÇÃO DE MAMONEIRA CV BRS 149 NORDESTINA ADUBADA COM NITROGÊNIO, FOSFÓRO E POTÁSSIO

DESEMPENHO DE MUDAS CHRYSOPOGON ZIZANIOIDES (VETIVER) EM SUBSTRATO DE ESTÉRIL E DE REJEITO DA MINERAÇÃO DE MINÉRIO DE FERRO

IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB 2010 Página 455

ENRAIZAMENTO DE ESTACAS DE AZALÉIA Rhododendron indicum: CULTIVAR TERRA NOVA TRATADAS COM ÁCIDO INDOL- BUTÍRICO, COM O USO OU NÃO DE FIXADOR

EFEITO DO ADENSAMENTO NA PRODUTIVIDADE DE CULTIVARES DE Coffea arabica L. DE PORTE BAIXO

QUALIDADE DO CAFÉ - CLASSIFICAÇÃO POR TIPOS E BEBIDA

DINÂMICA DE CRESIMENTO DE SERINGUEIRA E PRODUÇÃO DE CAFEEIROS EM SISTEMAS AGROFLORESTAIS IMPLANTADOS EM LAVRAS MINAS GERAIS

DIAGNOSTICOS DE MATA CILIAR E RESERVA LEGAL EM PROPRIEDADES RURAIS NA SUB-BACIA DO TAIAÇUPEBA NO MUNICÍPIO DE SUZANO-SP.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

ADENSAMENTO DE PLANTIO: ESTRATÉGIA PARA A PRODUTIVIDADE E LUCRATIVIDADE NA CITRICULTURA.

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO SECRETARIA DE APOIO RURAL E COOPERATIVISMO SERVIÇO NACIONAL DE PROTEÇÃO DE CULTIVARES ANEXO VIII

XIX CONGRESSO DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UFLA 27 de setembro a 01 de outubro de 2010

DESENVOLVIMENTO DA LARANJEIRA PÊRA EM FUNÇÃO DE PORTAENXERTOS NAS CONDIÇÕES DE CAPIXABA, ACRE.

Recomendações para o Controle Químico da Mancha Branca do Milho

FERTILIDADE E MATÉRIA ORGÂNICA DO SOLO EM DIFERENTES SISTEMAS DE MANEJO DO SOLO

COMPONENTES DE CRESCIMENTO DA MAMONEIRA (Ricinus cumunnis L.) CULTIVAR BRS ENERGIA ADUBADA ORGANICAMENTE

Avaliação da qualidade do solo sob diferentes arranjos estruturais do eucalipto no sistema de integração lavoura-pecuária-floresta

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

CRESCIMENTO DE PINHÃO MANSO SOB IRRIGAÇÃO COM ÁGUA SUPERFICIAL POLUIDA 1

Eficiência da Terra de Diatomácea no Controle do Caruncho do Feijão Acanthoscelides obtectus e o Efeito na Germinação do Feijão

DESSECAÇÃO DE BRAQUIÁRIA COM GLYPHOSATE SOB DIFERENTES VOLUMES DE CALDA RESUMO

PRÁTICAS SILVICULTURAIS

AVALIAÇÃO DE VARIEDADES DE ALGODÃO HERBÁCEO EM ESPAÇAMENTO ESTREITO COM CLORETO DE MEPIQUAT RESUMO

PROGRAMA ARYSTA NO CONTROLE DA FERRUGEM E CERCOSPORA DO CAFEEIRO NAS CONDIÇÕES DE CERRADO EM LAVOURA IRRIGADA POR GOTEJAMENTO

FORMULÁRIO PARA CADASTRO DE PROJETO DE PESQUISA E EXTENSÃO

ANÁLISE COMPARATIVA DA ADUBAÇÃO DE COBERTURA PELOS MÉTODOS SUPERFICIAL E COVETA LATERAL EM UM PLANTIO DE Eucalyptus urograndis - GARÇA, SP

CLASSIFICAÇÃO E INDÍCIO DE MUDANÇA CLIMÁTICA EM VASSOURAS - RJ

ACLIMATIZAÇÃO DE CULTIVARES DE ABACAXIZEIRO SOB MALHAS DE SOMBREAMENTO COLORIDAS

POPULAçÃO DE PLANTAS DE SOJA NO SISTEMA DE SEMEADURA DIRETA PARA O CENTRO-SUL DO ESTADO DO PARANÁ

MAMÃOZINHO-DE-VEADO (Jacaratia corumbensis O. kuntze): CULTIVO ALTERNATIVO PARA ALIMENTAÇÃO ANIMAL NA REGIÃO SEMI-ÁRIDA DO NORDESTE

AVALIAÇÃO DE ACESSOS DE MANDIOCA DE MESA EM PARACATU-MG

EFEITO DO ARRANJO DE PLANTAS NO RENDIMENTO E QUALIDADE DA FIBRA DE NOVAS CULTIVARES DE ALGODOEIRO HERBÁCEO NO AGRESTE DE ALAGOAS

Circular. Técnica COMPETIÇÃO DE GENÓTIPOS DE AVEIA BRANCA E AVEIA PRETA EM ARAXÁ, MG.

Avaliação das fases larva e pupa no desenvolvimento do mosquito causador da dengue

CLASSIFICAÇÃO E INDÍCIO DE MUDANÇA CLIMÁTICA EM ITAPERUNA - RJ

SIMILARIDADE MORFOLÓGICA DE CULTIVARES DE ALHO (Allium sativum L.)

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

PRODUTIVIDADE DA MAMONA HÍBRIDA SAVANA EM DIVERSAS POPULACÕES DE PLANTIO NO SUDOESTE DA BAHIA* 4 Embrapa Algodão

ÍNDICE COMERCIAL DE ALFACE FERTIRRIGADA COM NITROGÊNIO, SILÍCIO E POTÁSSIO EM AMBIENTE PROTEGIDO E NO PERÍODO OUTONAL

RESUMO. Introdução. 1 Acadêmicos PVIC/UEG, graduandos do Curso de Agronomia, UnU Ipameri - UEG.

Evolução da área foliar da videira de vinho cv. Syrah pé franco e enxertada em Paulsen 1103, no período de formação do parreiral em Petrolina, PE

Avaliação da influência de coberturas mortas sobre o desenvolvimento da cultura da alface na região de Fernandópolis- SP.

Efeito de hipoclorito de sódio na desinfestação de meristemas de bastão-do-imperador

PRODUTIVIDADE DO FEIJOEIRO COMUM EM FUNÇÃO DA SATURAÇÃO POR BASES DO SOLO E DA GESSAGEM. Acadêmico PVIC/UEG do Curso de Agronomia, UnU Ipameri - UEG.

PRODUÇÃO DO ALGODÃO COLORIDO EM FUNÇÃO DA APLICAÇÃO FOLIAR DE N E B

PROJETO CAMPO FUTURO CUSTO DE PRODUÇÃO DO CAFÉ EM LUÍS EDUARDO MAGALHÃES-BA

o experimento encontra-se em andamento desde junho de 1997, no municipio de Introduc;ao

DESENVOLVIMENTO DE MELOEIRO CANTALOUPE ORGÂNICO SOB DIFERENTES LÂMINAS DE IRRIGAÇÃO

Estudo do efeito alelopático do feijão de porco [Canavalia ensiformes (L.)] em consórcio com feijão guandú (Cajanus cajan) cv Mandarin.

APLICAÇÃO FOLIAR DE ZINCO NO FEIJOEIRO COM EMPREGO DE DIFERENTES FONTES E DOSES

COMPORTAMENTO DE GENÓTIPOS DE FEIJOEIRO AO ATAQUE DE Bemisia tabaci (Genn.) BIÓTIPO B (HEMIPTERA: ALEYRODIDAE)

Biologia Floral do Meloeiro no Ceará: Emissão, Duração e Relação Flores Masculinas / Hermafroditas.

CRESCIMENTO DE CULTIVARES DE ABACAXIZEIRO ACLIMATIZADO EM DIFERENTES SUBSTRATOS

Mecanização Máquinas de levante e inovações atuais. MIAC na Mecanização do Café. Eric Miranda Abreu Engenheiro Agrônomo Desde 1999, pela UFLA

Pesquisa da EPAMIG garante produção de azeitonas

Transcrição:

REVISTA CIENTÍFICA ELETRÔNICA DE ENGENHARIA FLORESTAL PERIODICIDADE SEMESTRAL EDIÇÃO NÚMERO 5 JANEIRO DE 2005 - ISSN 1678-3867 ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- EFEITO DAS DISTÂNCIAS DE AFASTAMENTO ENTRE LINHAS DE SERINGUEIRA SOBRE A PRODUÇÃO DE CAFEEIROS EM SISTEMAS AGROFLORESTAIS Renato Luiz Grisi Macedo Prof.DCF/UFLA Nelson Venturin Prof. DCF/UFLA Jozébio Esteves Gomes Prof. FAEF/Garça Bruno Grandi Salgado Pós-graduando DCF/UFLA Verlândia de Medeiros Morais Pós Graduanda DCF/UFLA RESUMO O objetivo do presente trabalho foi avaliar os efeitos das distâncias de afastamento entre linhas de seringueira (clone Pb 235) sobre a produção de cafeeiros, Coffea arábica L cultivar Rubi em sistemas agroflorestais, implantados em Lavras Minas Gerais. Adotou-se o delineamento de blocos casualizados em formato de V, com sete tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos foram às distâncias crescentes de 5 em 5 metros entre as árvores de seringueiras plantadas às margens dos carreadores da lavoura cafeeira (implantada no espaçamento 2,0 x 0,75 m). Aos três anos de idade, avaliou-se as produções dos cafeeiros consorciados entre as linhas de árvores de seringueira eqüidistantes entre si nos seguintes intervalos: a) 1 5m, b) 5 10m, c)10 15m, d) 15 20m, e) 20 25m, f) 25 30m e g) cafeeiro solteiro. Os resultados foram submetidos à análise de variância pelo teste F e ao teste de média Scott-Knott. Até a data em questão, não se observou-se efeitos significativos das crescentes distâncias de afastamento entre linhas de

seringueira sobre as produções dos cafeeiros consorciados. Seringueira e cafeeiro apresentaram potencial de estabelecimento em Lavras MG. Em função do experimento se encontrar na fase de estabelecimento, os prováveis efeitos interespecificos entre seringueira e cafeeiro ainda não se evidenciaram. PALAVRAS-CHAVE: Hevea brasiliensis Muell arg; Coffea arábica L; agrossilvicultura, consórcios agroflorestais. ABSTRACT The objective of the present work was to evaluate the effects of the interrow distance of rubber trees clone Pb 235 upon the yields of coffee trees (Coffea arabaica L.) cultivar Rubi in agroforest systems implanted in Lavras Minas Gerais. The randomized block design, V shaped with seven treatments and four replicates was adopted. The treatments were the growing distances of 5 in 5 meters between the rubber trees planted alongside of the lanes of the coffee crop implanted at the 2.0 x 0.75 cm spacing. At three years of age, the yields of the coffee trees mixed between the rows of rubber trees, equidistant from each other in the following intervals: a) 1-5 m. b) 5 10 m, c) 10 15 m, d) 15-20 m, e) 20-25 m, f) 25 30 m and g) single coffee tree. The results were submitted to variance analysis by F test and to Scott-Knott s mean test. Up to the date in issue, no significant effects of the growing interrow distances of rubber trees upon the yields of the mixed coffee tree presented establishment potential in Lavras- MG. Owing to the experiment finding itself in establishment phase, the likely interspecies effects between rubber tree and coffee tree are no evident yet. KEY WORDS: Hevea brasiliensis Muell arg., Coffea arabica L., agrosilviculture, agroforest mixtures 1. INTRODUÇÃO A consorciação do cafeeiro com espécies arbóreas perenes, constitui uma modalidade de sistema agroflorestal que, segundo a classificação atual quanto aos tipos de cultivos associados, se enquadra como sistemas

silviagrícolas, classificado ainda como, sistema agrossilvicultural de arborização ou de sombreamento. De um modo geral em todos os sistemas de cultivo consorciados com cafeeiro, a intensidade de sombreamento e o uso de material genético apropriado tem sido fatores limitantes para o sucesso destes sistemas agroflorestais. Inserido neste contexto, observa-se que embora os cafeeiros sejam cultivados a pleno sol a espécie Coffea arábica L. É originalmente uma espécie adaptada à sombra, sendo que as plantas sombreadas apresentam taxas fotossintéticas substancialmente superiores àquelas mantidas à plena luz solar. Segundo Rena e Maestri (1986), o cafeeiro é mais adaptado a plantios adensados, onde o sombreamento mútuo proporciona baixa intensidade luminosa e baixa temperaturas foliares, condições ideais para a fotossíntese e um crescimento mais eficiente. Segundo Matiello et al. 1985, a arborização rala do cafezal pode ser útil e recomendável em regiões sujeitas ás variações bruscas de temperatura, com problemas de ventos frios ou em regiões com calor excessivo e regiões de elevada altitude com influência marítima. Os autores propõem que a arborização do cafezal seja feita em espaçamentos de 10 x 10m (100 plantas/ha) a 15 x 15m (44 plantas ha), formando sombreamento ralo. Para a consorciação com seringueira, PEREIRA et al. 1998, propõem espaçamento de 12 x 8m (104 plantas ha), no entanto, para que o sombreamento permaneça ralo o suficiente, para conferir a longevidade necessária ao cafeeiro, deverão ser adotados espaçamentos mais largos e não inferiores a 15 x 15m entre as plantas. O sombreamento do café pode ser feito com grevillea, seringueira, teca, abacateiro, farinha seca, cajueiro coco, bananeira e outras espécies. No caso da seringueira tem sido usado um sistema de linhas duplas a cada seis a oito ruas de café, com as árvores plantadas em espaçamento de 3,0m, dentro das linhas de café (MATIELLO, 1985). Porém, de um modo geral, a pratica de sombreamento de cafeeiros tem falhado no País. A principal causa do insucesso tem sido a condução desacertada, quase sempre demasiadamente densa. Resultados experimentais

e observações de campo mostram que as árvores de sombra não devem cobrir mais de 20 a 30% do cafezal. Portanto, o objetivo do presente trabalho foi avaliar os efeitos das distâncias de afastamento entre linhas de seringueira (clone Pb 235) sobre a produção de cafeeiros, Coffea arábica L cultivar Rubi em sistemas agroflorestais, implantados em Lavras Minas Gerais. 2. MATERIAL E METODOS O experimento foi instalado na Fazenda Vitorinha de propriedade da Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão (FAEPE), no município de Lavras, Minas Gerais, a 900m de altitude, latitude de 21 o 14 S e longitude de 45 o 00 W. Apresenta clima do tipo CWb segundo classificação de koppen. A temperatura média anual é de 19,4 o C, com a média da máxima de 26,1 o C e média da mínima de 14,8 o C. A precipitação média anual é de 1529,7mm (MARA, 1992). Para se avaliar os efeitos do sombreamento das árvores de seringueira sobre o crescimento e desenvolvimento vegetativo e produtivo dos cafeeiros consorciados, instalou-se um experimento no delineamento de blocos casualizados em formato V, com sete tratamentos e quatro repetições Os tratamentos foram as distâncias crescentes entre as árvores de seringueira plantadas às margens dos carreadores da lavoura cafeeira. As distancias entre as árvores de seringueira consorciadas com cafeeiro, variaram de 5 a 30 metros, de forma crescente de 5 em 5 metros, conforme pode ser visualizado na figura 1. As parcelas experimentais foram constituídas por cafeeiros consorciados entre as árvores de seringueiras eqüidistante entre si nos seguintes intervalos: a) De 1 a 5 metros; b) De 5 a 10 metros; c) De 10 a 15 metros; d) De 15 a 20 metros; e) De 20 a 25 metros; f) De 25 a 30 metros

g) Cafeeiro solteiro no espaçamento 2 x 0,75m. Figura 1. Representação esquemática da disposição no campo de um bloco experimental em formato de V, com plantio de seringueira marginal à lavoura cafeeira. 5m 10m 15m 20m 25m 30m - Árvores de Seringueira - Cafeeiro (Cultivar Rubi), no espaçamento adensado de 2,0 x 0,75m

- Tratamentos (distância entre árvores) Utilizou-se o clone de seringueira, o PB 235, por seu desempenho superior em diversas partes do mundo, inclusive no Brasil, nos Estados de São Paulo e Mato Grosso (GONÇALVES et al, 1980 e 1993); no espaçamento de 2,5 metros entre plantas nas linhas de plantio; limítrofes aos carreadores da lavoura cafeeira. Em relação ao cafeeiro (Coffea arábica L) utilizou-se o cultivar Rubi, plantado em curvas de nível no espaçamento de 2,0 x 0,75m. Respeitou-se o afastamento de dois metros entre a ultima linha de plantio de cafeeiros e a linha marginal de seringueira. As seringueiras e os cafeeiros foram conduzidos segundo as recomendações técnicas propostas, respectivamente, por BRASIL (1986) e por Pereira et al. (1998). Em cada uma das parcelas experimentais demarcou-se cinco plantas de cafeeiros representativas do stand médio da lavoura e colheu-se as suas respectivas produções de café, pelo método da derriça no pano. A partir desta colheita determinou-se a produção em sacas/ha de café da roça (campo), café em cocô e café beneficiado. Os resultados obtidos foram submetidos à analise de variância e, quando os efeitos de tratamentos foram significativos, aplicou-se o teste de médias Scott & Knott. Utilizou-se o programa estatístico SISVAR para a execução das análises. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO A tabela 1 apresenta o resumo da análise de variância referente às produções (em sacas/ ha) de café da roça (campo), café em cocô e café beneficiado, colhidos nas diferentes distâncias de afastamento entre as linhas de seringueira consorciados com cafeeiros em Lavras MG. A analise de variância não revelou diferenças significativas entre tratamentos para as produções de café (tabela 1).

Na tabela 2 são apresentados os valores médios das produções de café colhidos nas diferentes distâncias de afastamento entre as linhas de seringueira consorciada com cafeeiros TABELA 1- Resumo da analise de variância para a produção (em sacas/ha) de café da roça (campo), café em coco e café beneficiado, colhidos nas diferentes distancias de afastamento entre as linhas de seringueira consorciados com cafeeiros em Lavras MG. FV GL QUADRADOS MÉDIOS Café da roça Café em cocô Café Tratamentos 6 beneficiado 577,4527 135,2948 26,3493 Blocos 3 12007,5494* 1604,2320* 503,3396* Resíduo 18 722,3471 167,5897 43,9729 C.V.(%) --- 36,17 34,32 35,99 Média geral --- 74,31 37,72 18,43 *significativo pelo teste F, a 5% TABELA 2 Valores médios de produção (em sacas/ha) de café da roça (campo), café em cocô e café beneficiado, colhidos nas diferentes distancias de afastamento entre as linhas de seringueira consorciadas com cafeeiros em Lavras MG. Tratamentos Café da roça Café em cocô Café beneficiado (Sacas/ha) 1 5 76,33a 42,02a 20,13a 5 10 73,45a 38,41a 18,73a 10 15 62,07a 31,35a 15,21a 15 20 58,73a 29,09a 14,91a 20 25 74,19a 36,28a 18,02a 25 30 95,12a 42,67a 21,48a

Solteiro 80,28a 44,22a 20,50a Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem estatisticamente ao nível de 5% de probabilidade, pelo teste de Scott-Knott. Estatisticamente, observa-se de um modo geral, que as produções de café colhidas nas diferentes distâncias de afastamento entre as linhas de seringueira consorciadas com cafeeiros foram semelhantes à produção obtida no sistema de monocultivo do cafeeiro. Estes resultados indicam que, até a data em questão, as árvores de seringueira não estão exercendo efeito sobre as produções dos cafeeiros consorciados. As árvores de seringueira apresentaram 100% de sobrevivência, com altura média de 1,53m, diâmetro médio a vinte centímetros do solo de, 1,98cm e comprimento médio de projeção da copa entre plantas na linha de plantio marginal aos cafeeiros de 1,58m e comprimento médio de projeção de copa entre plantas dos respectivos tratamentos de distâncias de afastamento entre as linhas de seringueira marginais aos cafeeiros, de 1,87 metros. Estes resultados indicam que até a época em questão, não se constatam efeitos de competição e/ou sinergéticos positivos interespecificos (entre seringueira e cafeeiros), devido à idade e dimensões das arvores de seringueira e ao afastamento padrão de 2 metros de distância entre as linhas de seringueira e a primeira linha de plantio dos cafeeiros. Porém com o passar do tempo, as expectativas são de que com o crescimento das árvores de seringueira, ocorra uma expansão lateral de suas copas sobre as dos cafeeiros e estes possam ser quantificados. 4. CONCLUSÕES - Até a data em questão, não se observou efeitos significativos das crescentes distâncias de afastamento entre linhas de seringueira sobre as produções dos cafeeiros consorciados.

- As espécies consorciadas Hevea brasiliensis Muell arg. (Clone Pb 235) e Coffea arábica L (Cultivar Rubi) apresentaram potencial de estabelecimento em Lavras MG. - Em função do experimento se encontrar na fase de estabelecimento, os prováveis efeitos interespecificos entre seringueira e cafeeiro ainda não se evidenciaram. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. INSTITUTO BRASILEIRO DO CAFÉ. DIRETORIA DE PRODUÇÃO. Cultura do café no Brasil: pequeno manual de recomendações, 1 ed. Rio de Janeiro: IBC, 1986. 214 p. GONÇALVES, P. de S.; CARDOSO, M.; MENTE, E.M.; MARTINS, A.L.M.; GOTTARDI, M.V.C.; ORTOLANI, A.A. Desempenho preliminar de clones de seringueira na região de São José do Rio Preto, planalto do Estado de São Paulo. Bragantia. Campinas, v. 52, n. 2, p. 119-130, 1993. GONÇALVES, P. de S.; VASCONCELLOS, M.E. da C.; SILVA, E.B. Desenvolvimento vegetativo de clones de seringueira. Pesquisa agropecuária brasileira. Brasília, v. 14, n.4, p. 365-375, 1980. MATIELLO, J.B.; PIETRO, C.di & CAMARGO, A.P. de. Combinação de café com seringueira. Rio de Janeiro, MIC/IBC/GERCA, 1985. 9p. (Instruções técnicas Sobre a Cultura de Café no Brasil, 19). MATIELLO, J.B. Sistemas de produção na cafeicultura moderna. Rio de Janeiro, MARA-PROCAFÉ, 1995.102p.

MINISTERIO DA AGRICULTURA E REFORMA AGRARIA. Normas climatológicas de 1961-1990. Brasília: MARA/ Secretaria Nacional de Irrigação/ Departamento Nacional de Meteorologia, 1992.84p. PEREIRA, A.V.; PEREIRA, E.B.C..; FIALHO, J. de F.; JUNQUEIRA, N.T.V.; MACEDO,R.L.G.; GUIMARÃES, R.J. Sistemas agroflorestais de seringueira com cafeeiro. Planaltina: Embrapa CPAC, 1998.77p. (Embrapa CPAC. Documentos, 70). RENA, A.B. & MAESTRI, M. Fisiologia do cafeeiro. In: RENA,A.B.; MALAVOLTA, E.; ROCHA,M. & YAMADA, T.Ed. Cultura do cafeeiro e fatores que afetam a produtividade. Piracicaba, Associação Brasileira para a Pesquisa da Potassa e do Fosfato, 1986. p.13-66.