Estudo da Atividade Citotóxica de Cleome Spinosa Jacq. com o uso de Artemia salina

Documentos relacionados
EXTRAÇÃO DE DNA UTILIZANDO DIFERENTES PLANTAS COMO ALTERNATIVA PARA AS AULAS PRÁTICAS DE BIOQUÍMICA NO ENSINO DE CIÊNCIAS E DE BIOLOGIA

INOVANDO AS AULAS PRÁTICAS DE ENSINO DE CIÊNCIAS UTILIZANDO DIFERENTES FRUTAS PARA A EXTRAÇÃO DE DNA

UTILIZAÇÃO DE DIFERENTES FRUTAS PARA EXTRAÇÃO DE DNA: REVISITANDO AS AULAS PRATICAS DE BIOQUÍMICA NO ENSINO MÉDIO

INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE CITOTÓXICA DO FRUTO DA Morinda citrifolia Linn (NONI)

20º Seminário de Iniciação Científica e 4º Seminário de Pós-graduação da Embrapa Amazônia Oriental ANAIS. 21 a 23 de setembro

TÍTULO: AVALIAÇÃO DO EFEITO DA OLEORRESINA DE COPAÍFERA DUCKEI E DO ÁCIDO POLIÁLTICO SOBRE A INDUÇÃO DE DANOS NO DNA E DE APOPTOSE EM CÉLULAS MCF-7

ANÁLISE DO ph DO SOLO ATRAVÉS DE UMA ESCALA DE ph CONSTRUÍDA COM UM INDICADOR DE REPOLHO ROXO

Uso de plantas medicinais: Crendice ou Ciência?

005 - IDENTIFICAÇÃO E USO DA ESPINHEIRA-SANTA

USO DO MÉTODO ESPECTROFOTOMÉTRICO PARA A DETERMINAÇÃO DE ENXOFRE EM FERTILIZANTES.

HERBÁRIO ESCOLAR PLANTAS MEDICINAIS

Luan Matheus Cassimiro;Romildo Lima Souza; Raphael de Andrade Braga; José Adeildo de Lima Filho

Bioensaio toxicológico utilizando Artemia salina: fatores envolvidos em sua eficácia Ariele Cardoso Bueno (1) ; Marcel Piovezan (2)

Bioensaio Toxicológico de Plantas Regionais como Ferramenta Interdisciplinar no Ensino de Química

CONCEITOS BÁSICOS EM TOXICOLOGIA

ATIVIDADES DESENVOLVIDAS PELO SERVIÇO DE INFORMAÇÃO EM PLANTAS MEDICINAIS E MEDICAMENTOS FITOTERÁPICOS - SIPLAM

AVALIAÇÃO DE TOXICIDADE AGUDA: EFEITOS TOXICOLOGICOS DA UTILIZAÇÃO DOS HERBICIDAS IMAZETAPIR E METSULFUROM, NO ORGANISMO TESTE EISENIA FOETIDA.

Resumo. Estudante de Ciências Biológicas, UPE, estagiária da Embrapa Semiárido, Petrolina, PE. 3

AVALIAÇÃO DO CHÁ VERDE COMERCIALIZADOS PARA A POPULAÇÃO NAS CIDADES DE GOIÂNIA E APARECIDA DE GOIÂNIA GO.

USO DA SEMENTE DE MORINGA OLEIFERA NO TRATAMENTO DE EFLUENTES DE OFICINAS MECÂNICAS.

Exercícios - Propriedades coligativas

TÍTULO: AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE DE CHÁS EMAGRECEDORES DE USO POPULAR

USO DA MACRÓFITA LEMNA PARA REMOÇÃO DE MATÉRIA ORGÂNICA REMANESCENTE DE EFLUENTE TÊXTIL TRATADO POR PROCESSO FISICO-QUÍMICO

4. Materiais e Métodos 4.1. Preparo da biomassa

OS EFEITOS ALELOPÁTICOS DO EXTRATO DE PATA DE VACA (Bauhinia forticata BENTH) EM SEMENTES DE SOJA (Glycine max MERR)

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

TOXICIDADE DO EXTRATO BRUTO DE PSYCHOTRIA COLORATA WILLD SOBRE PARÂMETROS REPRODUTIVOS DE RATAS

TÓPICO 2 - Processos de Extração

EFEITO GENOTÓXICO E CITOTÓXICO DE DEFENSIVOS AGRÍCOLAS METOMIL E CLORPIRIFÓS EM CÉLULAS MERISTEMÁTICAS DE ALLIUM CEPA

TÍTULO: AVALIAÇÃO DO LIMITE DE DETECÇÃO DE FÁRMACOS PELAS TÉCNICAS DE EXTRAÇÃO LÍQUIDO LÍQUIDO E DE IDENTIFICAÇÃO POR CROMATOGRAFIA EM CAMADA DELGADA

Equipe de Química QUÍMICA

TÍTULO: ATIVIDADE IN VITRO DE ALGUNS ANÁLAGOS DE CURCUMINA CONTRA LEISHMANIA AMAZONENSIS

SOLICITANTE: EXECUTADO POR:

Colágeno hidrolisado como aditivo para inoculação de Bradyrhizobium em sementes de soja

Reconhecer as vidrarias volumétricas utilizadas no preparo de soluções;

Danilo Diego de Souza 1 ; Flávio José V. de Oliveira 2 ; Nerimar Barbosa G. da Silva 3 ; Ana Valéria Vieira de Souza 4. Resumo

Protocolo experimental

Avaliação da solução a base de gengibre no controle da traça do tomateiro

Resumo. Luciana de Jesus Barros; Layne Sousa dos Santos. Orientadores: Elba Gomes dos Santos, Luiz Antônio Magalhães Pontes

11º ENTEC Encontro de Tecnologia: 16 de outubro a 30 de novembro de 2017

AULA 3. Soluções: preparo e diluição. Laboratório de Química QUI OBJETIVOS

PALAVRAS-CHAVES: Artemia salina. Toxicidade. Micropoluentes.

FITOTERAPIA NO SUS RESUMO PALAVRAS-CHAVE

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Implantação de um herbário no IFMG campus Bambuí

O lado bom de uma samambaia vilã. Carina Hayakawa Pereira*; Rosana Marta Kolb

EFEITO DA POLUIÇÃO NA ECLOSÃO DE QUISTOS DE ARTÉMIA

PERFIL DE USO DAS PLANTAS MEDICINAIS PELOS USUÁRIOS DE UMA UNIDADE INTEGRADA DE SAÚDE DA FAMÍLIA DO MUNICÍPIO DE JOÃO PESSOA-PB

II COMPARAÇÃO DO EFEITO DA TOXICIDADE EM EFLUENTES COM O USO DE DESINFETANTES: HIPOCLORITO X FERRATO DE SÓDIO.

Resolução UNIFESP 2015

Germination of seeds of Bauhinia cheilantha (Caesalpinaceae) and Myracrodruon urundeuva (Anacardiaceae) submitted to salt stress

Anais do Seminário de Bolsistas de Pós-Graduação da Embrapa Amazônia Ocidental

Matheus Silva Sanches Neyla Ferreira Kempes Caroline Faresin Weslley de Oliveira Alves

MÉTODOS DE ASSEPSIA E CONTROLE OXIDAÇÃO EM GEMAS APICAIS DE AZALEIA RESUMO

AJUSTE DE DADOS EXPERIMENTAIS DA SOLUBILIDADE DA UREIA EM SOLUÇÕES DE ISOPROPANOL+ÁGUA COM O USO DE EQUAÇÕES EMPÍRICAS

TÍTULO: FERMENTAÇÃO DE EXTRATO HIDROSSOLÚVEL DE SOJA VERDE POR BACTÉRIAS PROBIÓTICAS

Implantação de um herbário no IFMG campus Bambuí

ESTUDO DOS POLIFENÓIS TOTAIS E ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DA CASCA, FOLHAS E FRUTO DE Hymenaea stigonocarpa (JATOBÁ).

INTERVENÇÃO. EXTRAÇÃO DO DNA DO MORANGO (Fragaria ananassa). PLANO DE INTERVENÇÃO

TÍTULO: DETERMINAÇÃO DE METAIS POTENCIALMENTE TÓXICOS - CÁDMIO, CHUMBO, CRÔMIO E NÍQUEL EM COSMÉTICOS POR ESPECTROMETRIA ATÔMICA

TÍTULO: DESENVOLVIMENTO DE PROTÓTIPOS BIODEGRADÁVEIS PARA ACONDICIONAMENTO DE MUDAS PARA PLANTIO

FUVEST ª Fase (Questões 1 a 7)

11. O uso de pérolas ou pedaços de vidro ou ainda de cerâmica porosa no aquecimento de soluções tem por objetivo:

1004 Nitração do N-óxido de piridina para N-óxido de 4- nitropiridina

4. Reagentes e Metodologia Analítica

UTILIZAÇÃO DE PLANTAS MEDICINAIS POR MULHERES INTEGRANTES DE UM GRUPO DE IDOSOS NO BAIRRO DO JARDIM QUARENTA EM CAMPINA GRANDE/PB.

EXTRAÇÃO COM SOLVENTES II

ESTUDO FITOQUÍMICO E TESTE TOXICOLÓGICO DO EXTRATO ETANÓLICO DAS FOLHAS DE Mouriri cearensis Huber

PERFIL FITOQUÍMICO DA POLPA LIOFILIZADA DA BABOSA (ALOE VERA)

FISPQ Ficha de Informações de Segurança de Produto Químico ACETATO DE ZINCO

Projeto - Os saberes dos quintais: plantas que curam

Avalição do efeito genotóxico do extrato aquoso de sementes e da casca de Bowdichia virgilioides kunth. Em teste de Allium cepa L.

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

ANÁLISE DE AMIDO EM LEITE EM PÓ


Universidade Federal de Minas Gerais Instituto de Ciências Biológicas Laboratório de Imunofarmacologia

antioxidantes a partir de Plantas Amazônicas

ESTUDO QUÍMICO E QUANTIFICAÇÃO DOS FLAVONÓIDES DAS RAÍZES E FOLHAS DE Jatropha gossypifolia.

FÁRMACO TECNOLOGIAS PARA A SAÚDE OBJETIVOS.

20º Seminário de Iniciação Científica e 4º Seminário de Pós-graduação da Embrapa Amazônia Oriental ANAIS. 21 a 23 de setembro

Química Fascículo 06 Elisabeth Pontes Araújo Elizabeth Loureiro Zink José Ricardo Lemes de Almeida

Produção de pomada a partir das folhas de mentrasto (Ageratum conyzoides)

Proposta de experimento didático para a disciplina QFL4110

GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE MELANCIA EM DIFERENTES TEMPERATURAS 1. INTRODUÇÃO

POTENCIAL ANTIBIÓTICO DE EXTRATO AQUOSO DE CASCAS DE CAJUEIRO SOBRE BACTÉRIAS DO GRUPO COLIFORMES PARA TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUAIS

AVALIAÇÃO DO IMPACTO DE DIFERENTES MÉTODOS DE SECAGEM DE ERVAS AROMÁTICAS NO POTENCIAL ANTIOXIDANTE

ESTUDO DA ADSORÇÃO DO CORANTE BÁSICO AZUL DE METILENO POR CASCAS DE Eucalyptus grandis LIXIVIADAS

AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE DO EXTRATO AQUOSO DA CASCA DE Schinopsis brasiliensis Eng SOBRE Artemia Salina

2008 Esterificação do ácido propiônico com 1-butanol via catálise ácida para a obtenção do éster propanoato de butila

ANÁLISE DO CRESCIMENTO DO CAPIM-AMARGOSO SOB INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA: ALTERNÂNCIA 20 C DIURNA E 15 C NOTURNA

4014 Separação enantiomérica de (R)- e (S)-2,2'-dihidroxi-1,1'- binaftil ((R)- e (S)-1,1-bi-2-naftol)

O USO DE FITOTERÁPICOS NA ATENÇÃO BÁSICA 1

ÁCIDO ERÚCICO POR HIDRÓLISE ENZIMÁTICA DO ÓLEO DE CRAMBE ASSISTIDA POR ULTRASSOM Souza, Alana S. Bolsista PROBIC ULBRA, Curso de Biomedicina

Experiência N º11. Recristalização e determinação da pureza de sólidos

4024 Síntese enantioseletiva do éster etílico do ácido (1R,2S)-cishidroxiciclopentano-carboxílico

FACULDADE SANTO AGOSTINHO - FSA DIRETORIA DE ENSINO COORDENAÇÃO DE FARMÁCIA PROFESSOR:Dr. Charllyton Luis Sena da Costa ROTEIRO DE AULAS PRÁTICAS

AS MIL CORES DO REPOLHO ROXO

Sumário. Introdução. Pesquisa e Ação 1 (1): , junho de 2015

PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA ATENÇÃO BÁSICA REFERENTE AO USO DA FITOTERAPIA

Transcrição:

Estudo da Atividade Citotóxica de Cleome Spinosa Jacq. com o uso de Artemia salina Bruna Damares Cavalcanti da Silva 1,2,, Aldo da Silva Oliveira 1,2, Laura Emília Araújo 1,2, Luana Mayara Silva de Oliveira, 1,2, Luciana Mayara Mendonça de Almeida 1,2 e Sheyla Ferreira Lima Coelho 1, 3 1. Instituto Federal de Alagoas - Campus Palmeira dos Índios 2. Discente e Bolsista PIBICT/IFAL. 3. Docente (orientador) sheyla.ferreira@ifalpalmeira.edu.br, abel.coelho@ifalpalmeira.edu.br Resumo: Mundialmente, muitas espécies de plantas medicinais são utilizadas para o tratamento de doenças. No entanto, a maioria dessas espécies não foram suficientemente estudadas, principalmente quanto à presença de substâncias citotóxicas/mutagênicas em sua composição ou decorrentes do próprio metabolismo e podem causar danos à saúde da população. Plantas de C. spinosa foram coletadas e levadas ao laboratório do IFAL- Palmeira dos Índios onde foram feitos bioensaios de citotoxidade utilizando-se náuplios de Artemia salina com 48h expostos a diferentes concentrações de diferentes extratos vegetais e a mortalidade das artêmias foi calculada. O extrato feito a partir da flor apresentou-se como o mais citotóxico, seguido pelo extrato da flor+folha; da folha e por fim da raiz na concentração de 10%. Já para a concentração de 50% temos como mais citotóxico o extrato de flor+folha, que causou a morte de 100% dos indivíduos submetidos a este tratamento. O melhor resultado (baixa toxicidade) foi encontrado para o uso da folha da planta em FO10, que não apresentou diferença estatisticamente significativa se comparado ao controle, apresentando a taxa de mortalidade de 24,12%. O uso de C spinosa não foi recomendado É de grande importância ter o conhecimento citotóxico da C. spinosa pra servir de segurança para população que utiliza chás e lambedores como alternativas no tratamento de doenças. Palavras chave: Artemia salina, Teste de citotoxidade, Mussambê, Plantas medicinais. 1. INTRODUÇÃO Desde a antiguidade algumas plantas vêm sendo utilizadas auxiliando tratamentos de enfermidades devido ao seu valor medicinal. Nos dias atuais, medicamentos sintéticos são os mais comuns no tratamento de doenças, porém a prática do uso medicinal de plantas ainda é empregada atualmente com métodos fitoterápicos. O uso de plantas medicinais é muito difundido no Brasil, principalmente nas cidades do interior, onde as pessoas preservam a cultura da medicina popular. De acordo com a Organização mundial de saúde (OMS), cerca de 80% da população mundial faz uso das plantas medicinais, comprovando assim uma que há uma gama quase infinita de aplicações curativas e preventivas, onde o conhecimento popular e científico é imprescindível para se obtiver os resultados desejados (LIMA et al., 2007). As plantas medicinais representam uma importante ferramenta na promoção da saúde em muitas regiões do Brasil, que possui uma das mais ricas e variadas floras do mundo, tanto em número de espécies, como em indivíduos, destacando-se uma imensa coleção de plantas com valores medicinais, que têm recebido atenção especial pelos diferentes significados que assumem em nossa sociedade como um recurso biológico e cultural, constituindo o acesso primário à saúde para muitas comunidades (JACOBY et al, 2002). O Mussambê-branco (Cleome spinosa Jacq.) pertence a família Capparaceae, que compreende 50 gêneros e 700 espécies ocorrendo nos Trópicos e Subtrópicos dos hemisférios norte e sul e no Mediterrâneo. No Brasil, está representada por 9 gêneros e 46 espécies. O gênero Cleome é, comumente, formado por plantas herbáceas, arbustivas, arbóreas e, raramente, lianas. Apresenta 28 espécies amplamente distribuídas, preferencialmente, em áreas abertas. (RIBEIRO et al., 1999). C. spinosa é uma planta muito abundante na região de caatinga em todo o Brasil

(http://www.wikilingua.net/ca/articles) utilizada com fins ornamentais devido ao seu pequeno porte e beleza de suas flores e principalmente utilizada com fins medicinais no tratamento de asma, bronquite, tosse, otite, feridas e dor de cabeça. (PEREIRA et. al., 2007) na forma de chás, etc. As pesquisas realizadas para avaliação do uso seguro de plantas medicinais e fitoterápicos no Brasil ainda são incipientes, assim como o controle da comercialização pelos órgãos oficiais em feiras livres, mercados públicos ou lojas de produtos naturais. O uso milenar de plantas medicinais mostrou, ao longo dos anos, que determinadas plantas apresentam substâncias potencialmente perigosas (AMARAL & SILVA, 2008). Do ponto de vista científico, pesquisas mostraram que muitas delas possuem substâncias potencialmente agressivas e, por essa razão, devem ser utilizadas com cuidado, respeitando seus riscos toxicológicos, que podem ser agudos ou crônicos (VEIGA et al., 2005). Os testes de toxicidade em geral são utilizados para avaliar ou para prever os efeitos tóxicos nos sistemas biológicos ou para averiguar a toxicidade relativa das substâncias (FORBES e FORBES, 1994). De acordo com as referências consultadas, ainda não foram realizados testes de toxicidade com o mussambê, apesar de seu amplo uso medicinal constatado através de pesquisa no município de Palmeira dos Índios, justificando assim que testes sejam realizados para dar início a pesquisas realizadas neste sentido. 2. MATERIAL E MÉTODOS Os experimentos seguiram as seguintes etapas: 2.1-Eclosão de cistos de Artemia salina. Em um béquer de 1000 ml foi preparada uma solução salina de concentração 25 g/l de NaCl, para a eclosão dos cistos de Artemia salina. O ph desta solução foi ajustado para 8,0 com a adição de NaOH. O uso das artêmias foi realizado de acordo com Amaral & Silva, 2008. 2.2-Preparo do extrato aquoso (chás) de flores, folhas, flor e folhas, e raízes maceradas. Plantas inteiras de Cleome spinosa foram coletadas nos arredores do Instituto Federal de Alagoas IFAL, campus Palmeira dos Índios sendo imediatamente levadas ao Laboratório de Análise e Pesquisa em Desenvolvimento Ambiental LAPDA, para limpeza e realização dos experimentos. As partes da planta foram separadas e lavadas com água destilada. Após secagem foram pesadas 10g de cada tratamento (flores, folhas, raízes e flores + folhas em iguais proporções). As partes foram maceradas com o cadinho e pistilo e colocadas em erlenmeyer juntamente com 500 ml de água destilada. As misturas foram aquecidas em chapa aquecedora, até chegar ao ponto de fervura, permanecendo por 1 hora para obtenção dos extratos. Após seu resfriamento os extratos foram filtrados e deixados em temperatura ambiente (Figura 1). Figura 1. Chás do extrato de Cleome spinosa: raiz, folhas, flores e flor + folha, respectivamente.

2.3-Teste de citotoxidade: As artemias eclodidas (com 48h) foram transportadas para tubos de ensaio, cada tubo contendo aproximadamente 10 espécimes com solução salina + extrato aquoso de acordo com o descrito abaixo, em triplicata: - Controle = 100% solução salina. - Extrato de folhas: -Solução FO10= 10% de extrato de folha + 90% de solução salina -Solução FO50= 50% de extrato de folha + 50% de solução salina - Extrato de flores: -Solução FL10= 10% de extrato de flores + 90% de solução salina -Solução FL50= 50% de extrato de flores + 50% de solução salina - Extrato de flores + folhas: -Solução FF10= 10% de extrato + 90% de solução salina -Solução FF50= 50% de extrato + 50% de solução salina - Extrato de raiz: -Solução R10= 10% de extrato raiz + 90% de solução salina -Solução R50= 50% de extrato raiz + 50% de solução salina Vinte e quatro horas após a aplicação dos extratos, o número de exemplares de Artemia salina vivos e mortos ou imobilizados, foi contado e a mortalidade calculada de acordo com a fórmula: M(%) = Número de organismos mortos x 100 Número total de organismos no tubo Funcionários do campus do IFAL- Palmeira dos Índios também foram inquiridos de modo informal sobre a forma do uso de C. spinosa e suas principais aplicações. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO A média de artêmias mortas por tubo de ensaio foi calculada e os resultados estão dispostos na figura 2. Foram considerados para este estudo como apresentando baixa toxicidade, percentuais de mortalidade inferiores a 25%. O melhor resultado (baixa toxicidade) foi encontrado para o uso da folha da planta em FO10, que não apresentou diferença estatisticamente significativa se comparado ao controle, apresentando a taxa de mortalidade de 24,12%. As outras partes da planta, em ambas as concentrações, apresentaram maior toxicidade, com mortalidade superior a 48,38%.

120% 100% 080% 060% 040% Média a 0% Média a 10% Média a 50% 020% 000% Controle FL FO R FF Figura 2. Gráfico com o percentual da mortalidade de Artemia salina O extrato feito a partir da flor apresentou-se como o mais citotóxico, seguido pelo extrato da flor+folha, provavelmente pela presença da flor; da folha e por fim da raiz na concentração de 10%. Já para a concentração de 50% temos como mais citotóxico o extrato de flor+folha, que causou a morte de 100% dos indivíduos submetidos a este tratamento. Em relatos feitos por pessoas abordadas (funcionários do IFAL Palmeira dos Índios) sobre o uso do mussambê, os mesmos relataram fazerem uso das folhas e das flores (FF) para a confecção de chás e lambedores para inflamações e problemas respiratórios (tosse e resfriado). De acordo com o observado, não se recomenda o uso do mussambê como fitoterápico, pois neste estudo de citotocixidade, o uso mais viável seria de uma quantidade bem diluída (10% de extrato aquoso para 90% de água) e os chás não são utilizados de forma tão diluída. Mais pesquisas neste sentido devem ser realizadas para que parâmetros confiáveis sejam estabelecidos em relação à toxicidade de C. spinosa. 6. CONCLUSÕES Com estes dados ficou evidente a diferença do grau de citotoxidade existente entre as partes da planta em estudo e baseado nas análises dos procedimentos laboratoriais efetuados ao longo da pesquisa, pode-se concluir que a citotoxidade maior foi encontrada na solução com o chá da flor da C. spinosa. Pode-se concluir também que os resultados apresentados são preocupantes pois, muitos em Palmeira dos Índios se utilizam desta planta, inclusive administrando-a para tratamento de crianças e idosos. Para o uso apropriado do mussambê como medicamento natural faz-se necessário o desenvolvimento de novas pesquisas nesta área, visando o bem estar e a saúde da população. REFERÊNCIAS AMARAL, E.A.; SILVA, R.M.G. Avaliação da toxidade aguda de angico (anadenanthera falcata), pau-santo (kilmeyera coreacea), aroeira (myracrodruon urundeuva) e cipó-de-são-joão (pyrostegia venusta), por meio do bioensaio com Artemia salina. Perquirēre- Revista Eletrônica da Pesquisa

ISSN 1806-6399 Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa e Extensão (NIPE) do Centro Universitário de Patos de Minas (UNIPAM), 2008. FORBES, V.E. e FORBES, T.L. Ecotoxicology in Thory and Practice. Chapman and Hall.Londres.p.247.1994. LIMA, S.M.G.; LIMA, A.F.;DONAZZOLO, J. Resgate do conhecimento popular e uso de plantas medicinais na promoção da saúde em Sananduva RS.Rev. Bras. Agroecologia, v.2, n.1, fev. 2007. PEREIRA, D. de A.; BRITO, A. C.; AMARAL, C. L. F. Biologia floral e mecanismos reprodutivos do Mussambê (Cleome spinosa Jacq.) com vistas ao melhoramento genético. Biotemas, 20 (4): 27-34, 2007. RIBEIRO, J. E. L. S. 1999. Flora da reserva Ducke: guia de identificação das plantas vasculares de uma fl oresta da terra-fi rme na Amazônia Central. INPA, Manaus, Brasil, 799pp. VEIGA, V. F. J.; PINTO, A.C.; MACIEL, M.A.M. Plantas medicinais: cura segura? Instituto de Química, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Quimica Nova, v.28, n.3, p.519-528, 2005.