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Transcrição:

ANO 4 NÚMERO 44 DEZEMBRO DE 2015 PROFESSORES RESPONSÁVEIS: FLÁVIO RIANI & RICARDO RABELO 1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS Prof. Ricardo F. Rabelo Nesta carta no. 44, último número de 2015, analisamos a trajetória do PIB brasileiro no 3º. Trimestre e do mineiro, no segundo trimestre de 2015. Ambos trilham, com algumas diferenças de ritmo, o caminho do aprofundamento da recessão em curso. Até agora, é como se a recessão não existisse, pois nenhum ator econômico, político ou social tenta apontar os caminhos para saída da crise. Diante dessa conjuntura excepcionalmente negativa, analisamos nessa carta os dados disponíveis até o momento, tentando contribuir para a reflexão sobre este quadro da economia brasileira que ajude a buscar soluções efetivas para os problemas apontados. 2 REFLEXÕES SOBRE O DESEMPENHO DO PIB BRASILEIRO NO TERCEIRO TRIMESTRE DE 2015 Prof. Flávio Riani 2.1 COMPARAÇÕES DO PIB GERADO NO TERCEIRO TRIMESTRE DE 2015 Tomando-se como base os valores correntes, o PIB alcançou R$ 1,481 trilhão, sendo R$ 1,267 trilhão referentes ao Valor Adicionado e R$ 214,2 bilhões aos Impostos sobre Produtos Líquidos de Subsídios. A taxa de investimento no terceiro trimestre de 2015 foi de 18,1% do PIB, inferior à do mesmo período de 2014 (20,2%). A taxa de poupança foi de 15,0% no terceiro trimestre de 2015 (ante 17,2% no mesmo período de 2014). Na composição do PIB por valor adicionado, a Agropecuária gerou R$ 64,3 bilhões, a indústria R$ 295,2 bilhões e o setor de serviços R$ 907,7. Os resultados confirmam a importância do setor de serviços na geração do PIB que, conforme mostra o gráfico 1, teve uma participação de 71,5% nos valores adicionados apurados no terceiro trimestre deste ano. Gráfico 1 - PIB - Brasil 3º Trim.2015 % 120,0 100,0 100,0 71,6 80,0 60,0 40,0 20,0 23,3 5,1 0,0 Agropecuária Indústria Serviços PIB Valor Adicionado EXPEDIENTE Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais: Grão-Chanceler Dom Walmor Oliveira de Azevedo Reitor Professor Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães Vice-Reitora Professora Patrícia Bernardes Assessor Especial da Reitoria Professor José Tarcísio Amorim Chefe de Gabinete do Reitor Professor Paulo Roberto Souza Chefia do Departamento de Economia Professora Ana Maria Botelho Coordenação do Curso de Ciências Econômicas Professora Ana Maria Botelho Coordenação Geral Professor Flávio Riani e Professor Ricardo F. Rabelo Instituto de Ciências Econômicas e Gerenciais: Prédio 14, sala 103 Avenida Dom José Gaspar, 500 Bairro Coração Eucarístico CEP: 30535-901 Tel: 3319.4309 www.pucminas.br/iceg/conjuntura icegdigital@pucminas.br

O valor do PIB deste terceiro trimestre de 2015 apresenta quedas nos seus valores em quaisquer das quatro comparações normalmente feitas por ocasião da apuração do PIB. Tais comparações estão destacadas na tabela 1. Tabela 1 - PIB Brasil Taxas de crescimento - 3º Trim. 2015 Períodos % Trime stre / trime stre ime d ia ta me n te a n te rio r (c / a juste sa zona l) - 1, 7 Trime stre / me s mo trime s tre d o a n o a n te rio r (s/ a juste sa zona l) - 4, 5 Ac u m. e m 4 tri / 4 tri ime dia ta me nte a nte riore s (s/ a juste sa zona l) - 2, 5 Ac u mu la d o n o a n o / me smo pe ríodo do a no a nte rior (s/ a juste sa zona l) - 3, 2 Fo n te : IB GE Dentre as quatro comparações feitas duas delas chamam mais a atenção: primeiro é o fato de que em todas elas o PIB do terceiro trimestre de 2015 é inferior em quaisquer das comparações feitas com períodos anteriores. O segundo e mais relevante está na taxa de comparação acumulada no ano que mostra queda de 3,2% no PIB gerado até setembro de 2015 em relação ao mesmo período do ano anterior. A tabela 2 destaca as diversas variações ocorridas no PIB tanto nos seus componentes de produção/oferta ( agropecuária, indústria e serviços) e quanto dos principais elementos da demanda( Consumo das famílias, Consumo do Governo e da Formação Bruta de Capital Fixo FBCF investimentos). Tabela 2 Brasil Indicadores de variações no PIB 3º Trimestre 2015 PIB ótica da oferta e da demanda Fonte IBGE

Dentre os indicadores que compõem a tabela 2 chama a atenção o desempenho do setor agropecuário que é praticamente o único a apresentar resultados superiores aos dos mesmos períodos do ano anterior. Apesar desse crescimento, a agropecuária não consegue reverter as situações de outros setores dado o peso relativo pequeno que ela representa na composição do PIB ( 5% conforme tabela 1). 2.2 FATORES QUE CONTRIBUÍRAM PARA A QUEDA DO PIB Os analistas econômicos que acompanham a conjuntura econômica não se surpreenderam com a queda observada na PIB neste terceiro trimestre como também não se surpreenderão com os resultados que serão apurados para o ano de 2015 que registrarão uma queda no PIB em torno de 2,5% em relação ao ano anterior. Porém, mais importante do que constatar e analisar as informações apuradas, é procurar as explicações das razões que contribuíram para os resultados alcançados. Neste sentido, é possível identificar algumas razões que vêem contribuindo para a queda do PIB no Brasil em 2015. Uma delas é ainda reflexo da diminuição no ritmo das relações econômicas com o exterior. Indiscutivelmente a queda no volume das transações econômicas com a China e com a Argentina, aliadas à diminuição nos preços das commodities exportadas pelo Brasil, afetaram significativamente o setor exportador brasileiro. Os recentes superávits alcançados pelo Brasil no comércio internacional têm sido obtidos em valores muito mais baixos das exportações e das importações e também influenciados pela recente desvalorização do real. Assim, apesar do superávit, os volumes exportados e importados diminuíram, afetando negativamente o crescimento da produção interna brasileira. Outro fator que contribuiu para a queda no PIB está na seara política. Os casos de corrupção no setor público envolvendo parlamentares do governo ou não, tem tirado a credibilidade dos agentes políticos brasileiros, sobretudo nos componentes da Câmara e do Senado Federal. Tal fato é relevante, pois é nesses dois fóruns que se decidem a maioria das questões políticas e econômicas que afetam diretamente a vida dos cidadãos comuns e dos agentes econômicos propulsores da dinâmica econômica. Assim, no afã de se verem livres de qualquer maneira de acusações de corrupção que envolve agentes políticos importantes, o Congresso Nacional tem gerado uma instabilidade política sem precedentes na história recente do Brasil, afetando de maneira direta as atividades econômicas. Ao não discutir apropriadamente as propostas de ajustes fiscal do governo e tomando medidas para enfraquecer ainda mais o executivo federal, o Congresso Nacional gera insegurança na sociedade com fortes impactos nas atividades econômicas. Um terceiro fator que também contribui para a queda da atividade econômica está relacionado ao comportamento do empresariado brasileiro que acostumou, ao longo dos anos, a viver sob a proteção governamental seja através da concessão de benefícios fiscais e financeiros ou com ações protecionistas no âmbito das transações econômicas internacionais. É indiscutível que a instabilidade política também gera dificuldades e insegurança para novos investimentos. Porém, e apesar disto, não se vê no empresariado brasileiro qualquer movimentação para mudar esse quadro. É preciso que o empresariado brasileiro se modernize e passe a ser menos dependente de proteções governamentais. É preciso que eles entendam que

a atividade empresarial é exercida com componentes de riscos. Eles precisam aprender a correrem riscos inerentes às atividades econômicas. A operação lava-jato e o petrolão também têm também afetado negativamente o desempenho das atividades econômicas no país por dois motivos fundamentais. O primeiro é o relacionado a credibilidade e a insegurança que elas causam no sistema econômico e político do país. O segundo é que a Petrobrás tem importância chave nos investimentos realizados no país. Os problemas pelos quais ela vem passando a impossibilita de realizar grandes empreendimentos diminuindo substantivamente de forma direta e indireta o ritmo das demais atividades econômicas do país. Por fim pode-se também colocar as propostas de ajuste fiscal do governo no rol das causas do fraco desempenho do PIB brasileiro em 2015. A proposta de ajuste apresentada pelo governo atua no sentido oposto àquele requerido num processo de crescimento na medida em que eleva a carga tributária (diminuindo a renda disponível para consumo) e diminui os gastos públicos (sobretudo os investimentos que são a mola propulsora de qualquer programa de crescimento). O lado fiscal brasileiro, a exemplo do previdenciário, do político, etc, requer mudanças estruturais que se tornam cada vez mais difíceis na medida em que se tomam medidas paliativas de curto prazo sem discuti-lo com propriedade, tornando-o mais ineficiente, injusto e ineficaz. Não se pode mais usá-lo apenas para cuidar de problemas financeiros conjunturais. Ele requer mudanças profundas tanto do lado da receita quando das despesas, incluindo todas as áreas responsáveis pela governabilidade do país (executivo, legislativo e judiciário). Do ponto de vista da receita já passou a hora de se fazer uma estrutura arrecadadora mais progressiva, tornando o sistema tributário mais justo, elevando a tributação para as classes de renda mais rica do país, seja através do imposto de renda, imposto sobre grandes fortunas, etc., e também mais eficiente através de uma simplificação nas características e na quantidade de tributos. Do ponto de vista dos gastos existem também possibilidades de sua diminuição no âmbito do executivo e também do legislativo e do judiciário. No executivo existe a possibilidade de uma racionalidade maior nas tarefas executadas pelo governo através de um complexo diagnóstico da atual estrutura de gastos, de forma que não se corte despesas em atividades básicas do governo. Isto porque a realidade mostra que nessas áreas existe é uma demanda ainda maior por gastos para adequá-las mais apropriadamente às necessidades da sociedade nas áreas de saúde, educação, segurança, etc. Não se pode deixar de lado nesse processo de ajustes de gastos através diminuição dos privilégios financeiros e assistenciais que caracterizam os poderes legislativos e judiciários. Nestes poderes existem privilégios salariais e assistenciais inconcebíveis com a realidade do país e com a situação do executivo e até mesmo incompatíveis com seus pares no mundo a fora. Seguramente uma análise mais cuidadosa será capaz de agregar outros fatores explicativos para o fraco desempenho recente do PIB brasileiro. Mesmo que eles existam fica claro que dois problemas se colocam como urgentes para a reversão dessa performance: primeiro é a solução do impasse político. Ele é fundamental para dar ao país a sustentabilidade política e legal que necessita. Segundo é a montagem de uma proposta de um ajuste fiscal que não se preocupe somente com obtenção de resultados primários para pagamento de juros da dívida mas também com programa capaz de estimular o crescimento das atividades econômicas inicialmente através de investimentos em infra-estrutura.

3 -EVOLUÇÃO DO PIB DE MINAS GERAIS NO SEGUNDO TRIMESTRE Prof. Ricardo F. Rabelo De acordo com os últimos dados disponíveis, fornecidos pela Fundação João Pinheiro, a economia de Minas Gerais acompanha a trajetória da economia brasileira no sentido da contração econômica. Os dados são mesmo decepcionantes para comparações com outros períodos da economia brasileira, mas não tanto se compararmos com a economia brasileira. No segundo trimestre em Minas o PIB registrou uma contração econômica de 1,5%, enquanto no pais ela foi de 1,9%. Não foram divulgados ainda dados sobre o 3º. trimestre em Minas, mas dados recente mente divulgados mostram enquanto no pais se teve uma queda de 1,7%. Em termos setoriais, a explicação para isso está na diferença entre o desempenho do setor agropecuário no Estado e no país. Enquanto no país o setor teve retração de 2,7%, em Minas Gerais cresceu 3,4% na comparação com o trimestre imediatamente anterior. Segundo dados da FJP foi o bom desempenho da cafeicultura mineira, sobretudo na região da Zona da Mata, que foi decisivo para o resultado geral positivo do setor. GRÁFICO 2 Variação do PIB Brasil / MG 2o. trim 2015/trim. anterior 4 3 2 Varialção Percentual 1 0-1 -2-3 MG Brasil -4-5 PIB Agropecuária Indústria Serviços PIB e Setores Fonte: FJP/IBGE

Um setor fundamental para gerar crescimento da economia teve em Minas Gerais um comportamento semelhante ao geral do país: a produção industrial apresentou uma queda de 3,0% no 2 trimestre em relação ao 1 trimestre do ano, com recuos importantes em todos os subsetores que a compõem. O mais afetado foi o da construção civil, que teve queda de 5,1%, seguido pela indústria de transformação que recuou 4,5%. Apesar da crise climática que afeta o subsetor, a produção e distribuição de eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana em Minas Gerais registrou queda de 4,4%, a menor no contexto geral da indústria. Já o setor de serviços, apresentou o melhor desempenho setorial, tendo registrado queda de 1,3%. No entanto, os subsetores de comércio e de transporte apresentaram expressiva retração, com quedas de 3,5% e 2,4% respectivamente. 3-1 - PIB MG - VALOR ACUMULADO EM DOZE MESES E NO 1º.. SEMESTRE DE 2015 A partir da análise dos dados disponíveis, constata-se uma evolução negativa muito rápida. Se tomarmos como base de comparação 12 meses de 2014, quando obtivemos queda de 1,1% com os 12 meses de junho de 2014 a junho de 2015 em relação aos 12 meses de junho de 2013 a junho de 2014, tem-se uma alteração negativa de 3,3%, ou seja apenas dois trimestres depois a queda triplicou em termos comparativos. GRÁFICO 3 Variação do PIB Brasil / MG acumulada em 12 meses 2 1 0 Vaiação percentual -1-2 -3-4 MG Brasil -5-6 -7 PIB Agropecuária Indústria Serviços PIB/ e Setores Fonte: FJP/IBGE Em termos setoriais o pior desempenho ficou com a indústria, que teve queda de 6,7% na produção, seguida pela produção agropecuária, que apresentou recuo de 2,8* e pelo setor de serviços, que variou negativamente 1,5%

Em termos semestrais, fica ainda mais claramente definido o processo de recessão que atinge a economia mineira, tendo a queda sido de 4,1%, tendo havido variação mínima do setor agropecuário, (0,1%). 3-2 - OS FATORES DA CRISE Não há dúvida de que numa economia como a de Minas Gerais, que sofreu as injunções do projeto neoliberal de forma agressiva e que aprofundou suas características de uma economia fortemente dependente da exportação de commodities agrícolas e minerais, o impacto da crise internacional, determinando a queda de preços e quantum das exportações mineiras é decisivo para a explicação deste quadro recessivo. O mundo passa hoje por uma terceira onda de desaceleração global, onde os processos de queda de demanda como a desaceleração da China, da Europa e a crise na Rússia são fundamentais e não podem ser contraarrestados pela recuperação lenta da Economia dos EUA, ou parcial no caso da Europa e Ásia. Já os efeitos internos da crise, principalmente por que aprofundam a queda da demanda por produtos industriais, tornando estrutural o processo de desindustrialização são também muito fortes, principalmente porque tornam impossível a saída de um crescimento para dentro baseado numa retomada da produção interna. Ressalte-se que isso também advém da interrupção do processo de industrialização no estado, principalmente nos últimos 12 anos, que antecipou os problemas decorrentes da desindustrialização de uma maneira geral. Nesse aspecto, tanto o ajuste fiscal como a crise política, ao impactarem o consumo das famílias e a formação bruta de capital fixo, mergulham a economia mineira em um ciclo econômico vicioso de queda da produção, da renda e do emprego, Neste quadro, a crise política, se trilhar os caminhos agora anunciados de golpe de estado contra um governo legitimamente eleito, ao contrário de resolver a crise econômica pode desatar um cipoal de conflitos sociais e políticos de grande envergadura contribuindo para esgarçamento do tecido social e político. O regime construído ao longo das última décadas, que consagrou a democracia como forma de manutenção da convivência entre contrários, rejeita veemente a saída autoritária e repressiva. Uma crise deste teor certamente que aprofundará as características recessivas da economia mineira e nacional, fazendo com que se afirme o retrocesso do desenvolvimento econômico até agora construído.