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Transcrição:

APELAÇÃO CÍVEL Nº. 773235-0 DA 20ª VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DA COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA APELANTE: BANCO VOLVO BRASIL S/A APELADO: MONIBEL INDUSTRIA E COMÉRCIO DE ALIMENTOS LTDA RELATOR: DES. ROBERTO DE VICENTE APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO DESCABIDA A EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM JULGAMENTO DE MÉRITO AÇÃO DECORRENTE DE CONTRATO DE ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA INADIMPLIDO PROCESSO QUE NÃO SE EXTINGUE COM O DEFERIMENTO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL, MAS APENAS É SUSPENSO PELO PRAZO DE 180 DIAS (ARTIGO 6º, E 3º DO ARTIGO 49 DA LEI 11101/05) VENCIDO O PRAZO DE SUSPENSÃO DEVE O PROCESSO TER SEGUIMENTO SENTENÇA CASSADA, COM O RETORNO DOS AUTOS À ORIGEM PARA REGULAR PROCESSAMENTO. RECURSO PROVIDO VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível nº. 773235-0 da 20ª Vara Cível do Foro Central da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba, em que é apelante BANCO VOLVO BRASIL S/A e apelado MONIBEL INDUSTRIA E COMÉRCIO DE ALIMENTOS LTDA. Trata-se de Apelação Cível interposta contra a r. sentença que, em Ação de Busca e Apreensão (Autos nº.247/2007) proposta por BANCO VOLVO S/A contra MONIBEL INDUSTRIA E COMÉRCIO DE ALIMENTOS LTDA, julgou extinto o processo, sem resolução do mérito, ante a carência da ação, por força do artigo 6º, 4º e artigo 49, 3º, ambos da Lei 11.101/05. Condenou a parte Autora ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios a favor do patrono da Requerida, que foram fixados em R$ 3.000,00 (três mil reais), em conformidade com o artigo Página 1 de 5

20 4º do CPC. Inconformado o apelante BANCO VOLVO S/A alega: que o crédito discutido não se sujeitaria aos efeitos da recuperação judicial; que não haveria a necessidade do bem apreendido, tendo em vista o tipo de atividade desenvolvida pela apelada; que haveria a necessidade de redução dos honorários e condenação ao pagamento das custas processuais. Em que pese regularmente notificado do recurso, o apelado não apresentou contrarrazões. É em síntese o relatório. VOTO O recurso merece prosperar. O apelante pretende a reforma da sentença que julgou extinto o processo sem julgamento do mérito por não estarem presentes os requisitos da condição da ação. Assim restou consignado na sentença, após a interposição de embargos de declaração (fls. 175). Neste passo, tendo em vista que o Embargante distribuiu a aludida demanda dentro do período de Recuperação Judicial da Ré, o que não é permitido pela Lei nº 11.101/05, resta configurada a carência da ação. Pois bem, da leitura da referida lei, não se encontra qualquer óbice à propositura de ação contra a empresa recuperanda, ou seja, a Lei 11.101/05 não traz em seu texto qualquer dispositivo que impeça demandar contra o recuperando ação de busca e apreensão fiduciária. Que é o caso. Via de consequência, não há que se extinguir o processo nos moldes do artigo 267 VI, como fez o magistrado. Em outras palavras, o pedido é juridicamente possível, as partes são legítimas e há o interesse processual. entendeu o magistrado que o fato de ter sido distribuída a ação dentro do período de recuperação judicial ensejaria a carência da ação. Página 2 de 5

Isto porque entendeu o magistrado a quo que o período aludido teria o condão de impedir a distribuição de ações contra a empresa em recuperação judicial, tornando o pedido juridicamente impossível. Sem razão. Não era caso de submissão da presente ação ao plano de Recuperação Judicial. Isto porque, o 3º do artigo 49 da Lei de Falências contém a seguinte ressalva: Art. 49. estão sujeitos à recuperação judicial todos os créditos existentes na data do pedido, ainda que não vencidos. (...) 3º Tratando-se de credor titular da posição de proprietário fiduciário de bens móveis ou imóveis, de arrendador mercantil, de proprietário ou promitente vendedor de imóvel cujos respectivos contratos contenham cláusula de irrevogabilidade ou irretratabilidade, inclusive em incorporações imobiliárias, ou de proprietário em contrato de venda com reserva de domínio, seu crédito não se submeterá aos efeitos da recuperação judicial e prevalecerão os direitos de propriedade sobre a coisa e as condições contratuais, observada a legislação respectiva, não se permitindo, contudo, durante o prazo de suspensão a que se refere o 4o do art. 6o desta Lei, a venda ou a retirada do estabelecimento do devedor dos bens de capital essenciais a sua atividade empresarial. (grifei) Vê-se, então, que foram afastadas da recuperação judicial as dívidas decorrentes de contratos de arrendamento mercantil (leasing), de alienação fiduciária e de adiantamento de contrato de câmbio para exportação, dentre outras previstas no art. 49 da Lei n 11.101/2005. Durante o prazo de 180 dias, contados do deferimento do processamento da recuperação judicial, é vedada a retirada do estabelecimento da recuperanda dos bens de capital essenciais ao exercício da atividade empresarial, existindo decisões estendendo este prazo para assegurar a preservação da empresa. Assim, no presente caso, não há óbice legal para a propositura da demanda de busca e apreensão, bem como estão presentes seus requisitos, e por fim, não há submissão da presente demanda ao plano de recuperação judicial. Página 3 de 5

Da leitura do contrato de fls. 07/09, resta clara a relação entre autor e réu, ou seja, o autor disponibilizou um crédito para que o réu adquirisse dois caminhões. Aludidos bens foram gravados com garantia real para o autor. Desta forma, trata-se de credor titular da posição de proprietário fiduciário dos bens. A Lei de Falências prevê apenas a suspensão de todas as ações contra a recuperanda, pelo prazo de 180 dias, conforme determina seu artigo 6º. Art. 6º a decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação judicial suspende o curso da prescrição e de todas as ações, e execuções em face do devedor, inclusive aquelas dos credores particulares do sócio solidário. A suspensão das ações se dá com a publicação do edital que anuncia o deferimento do processamento da recuperação. Referido prazo, portanto, se iniciou em 24/01/2007 (fls. 46). comenta: A propósito do tema, o jurista Sergio Campinho No despacho do juiz que defere o processamento da recuperação judicial vem ordenada a suspensão das ações e execuções contra o devedor, por créditos sujeitos a seus efeitos (...). A suspensão das ações e execuções se realiza pelo prazo de cento e oitenta dias, que deve ser contado da publicação do edital anunciando o deferimento do processamento da recuperação ( 4º, do art. 6º c/c 1º, do art. 52). (Falência e Recuperação de Empresas, Ed. Renovar, 2ª Ed, p. 143/144). Desta forma, a suspensão terminou em 23 de julho de 2007, ocasião em que ficou restabelecido o direito dos credores em prosseguir com as ações, independente de pronunciamento judicial. assunto: O jurista Newton de Lucca já se pronunciou sobre este Após tal prazo (de 180 dias) independentemente de pronunciamento judicial, o direito dos credores de iniciar ou continuar suas ações e execuções estará automaticamente restabelecido. (Comentários à Nova Lei de Recuperação de Empresas e Falências, Ed. Quartier Lati, 2005, pág. 117/118). Página 4 de 5

Ainda sobre a possibilidade de dar continuidade a ação de busca e apreensão, assim se manifestou este Egrégio Tribunal: AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO. RECUPERAÇÃO JUDICIAL EM PROCESSAMENTO. SUSPENSÃO DAS AÇÕES EM ANDAMENTO. NORMA DO ART. 6º, 4º DA LRF. TRANSCURSO DO PRAZO. DIREITO DE PROSEGUIR COM A AÇÃO. AGRAVO IMPROVIDO. 1. Com o transcurso do prazo de suspensão previsto no 4º do art. 6º da LRF, encontra-se restabelecido o direito do credor de dar prosseguimento à ação de busca e apreensão independentemente de qualquer pronunciamento judicial. 3. Agravo a que se nega provimento. (TJPR 17ª C.C. AGRAVO DE INSTRUMENTO 0597.336-0, REL. FRANCISCO JORGE. PUBLICAÇÃO 25/01/2010) Impõem-se, pois, cassar a sentença, com o retorno dos autos à origem para regular processamento da ação de busca e apreensão, com o pertinente julgamento do mérito. ANTE O EXPOSTO, conheço do recurso e voto no sentido de dar-lhe provimento, cassando a sentença e determinando o retorno à origem para regular processamento da ação. ACORDAM OS INTEGRANTES DA DÉCIMA OITAVA CÂMARA CÍVEL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ, POR UNANIMIDADE DE VOTOS EM DAR PROVIMENTO A APELAÇÃO CÍVEL, NOS TERMOS DO VOTO DO RELATOR. Presidi o julgamento e dele participaram os Desembargadores José Sebastião Fagundes Cunha e Ivanise Maria Tratz Martins. Curitiba, 13 de Julho de 2011. DES. ROBERTO DE VICENTE Relator Página 5 de 5