Momentos políticos do primeiro semestre de 2010 Eleição da Comissão Europeia Acordo SWIFT A entrada em vigor do Tratado de Lisboa reforçou os poderes do Parlamento Europeu. No uso desses novos poderes, os eurodeputados obrigaram a Comissão e os governos da UE a renegociar o acordo de transferência de dados com os Estados Unidos da América o designado acordo SWIFT por considerarem que o mesmo levantava problemas do ponto de vista das liberdades cívicas. No primeiro semestre de 2010 o Parlamento Europeu participou igualmente na concepção do funcionamento do novo serviço diplomático da UE o Serviço Europeu de Acção Externa, garantindo uma maior supervisão política do mesmo. Os artigos seleccionados retratam alguns dos momentos políticos mais importantes do ano, da eleição da nova Comissão Europeia ao primeiro exemplo de cooperação reforçada. PT Serviço de Imprensa Direcção da Comunicação Social Director - Porta-Voz : Jaume DUCH GUILLOT Reference No.: 20100630FCS77235 Press switchboard number (32-2) 28 33000 1/7
Nova Comissão Europeia: resumo das audições Comissão Barroso II aprovada pelo PE com 488 votos a favor, 137 votos contra e 72 abstenções Audições dos comissários indigitados: 81 horas de audições, durante as quais foram colocadas cerca de 1.750 questões A nova Comissão Europeia liderada por Durão Barroso foi aprovada pelo Parlamento Europeu no dia 4 de Fevereiro de 2010, com 488 votos a favor, 137 votos contra e 72 abstenções, pondo fim a um processo de vazio político que se prolongava há vários meses. Os novos Comissários europeus assumem hoje funções, que deverão desempenhar até 31 de Outubro de 2014. "Está na hora de agir", referiu o Presidente do Parlamento Europeu, após a votação no plenário de Estrasburgo. O processo de aprovação da designada Comissão Barroso II, que foi reconduzido no cargo pelo Parlamento Europeu no dia 16 de Setembro, demorou oito meses, contados a partir da data das últimas eleições europeias, realizadas entre os dias 4 e 7 de Junho de 2009. Esta demora deveu-se a diversos factores, entre os quais o prazo de entrega da lista de candidatos propostos pelos Estados-Membros, as perguntas escritas aos Comissários indigitados, as audições, a votação final em plenário, a complexidade política da escolha dos candidatos tendo em consideração a sua cor política, competências pessoais e nacionalidade. Alguns números relativos às audições 27 candidatos (incluindo as duas Comissárias indigitadas pela Bulgária) 1 desistência 5 anos de mandato 81 horas de audições, durante as quais foram colocadas cerca de 1.750 questões Cerca de 2.000 artigos publicados pela imprensa europeia, dos quais 300 na Bulgária 36 comunicados de imprensa publicados pelo Parlamento Europeu 19 artigos publicados na secção "Em destaque" do sítio do Parlamento Europeu 165 acreditações para 83 equipas de cobertura televisiva 22 acreditações para agências fotográficas 27 respostas aos questionários traduzidas em 22 línguas, o equivalente a 3.300 páginas de tradução Duas audições simultâneas traduzidas em 22 línguas, acontecimento inédito no Parlamento Europeu 60 pessoas diariamente responsáveis pela filmagem das audições, incluindo realizadores, operadores de câmara, produtores e editores) 20100630FCS77235-2/7
Parlamento Europeu rejeita acordo SWIFT com EUA: próximos passos Os eurodeputados rejeitaram o controverso acordo no dia 11 de Fevereiro de 2010 Acordo não conferia as garantias necessárias de respeito pelos direitos fundamentais e protecção das informações relativas aos cidadãos europeus O conselho de ministros da UE anulou oficialmente o acordo provisório sobre transferência de informações bancárias de cidadãos europeus para os EUA, através do acordo SWIFT. Os eurodeputados rejeitaram o controverso acordo no dia 11 de Fevereiro, alegando que o mesmo não confere as garantias necessárias de respeito pelos direitos fundamentais e protecção das informações relativas aos cidadãos europeus. A empresa SWIFT gere cerca de 80% das transferências financeiras electrónicas de 208 países de todo o mundo. Depois dos ataques de 11 de Setembro, os Estados Unidos da América notificaram a SWIFT para aceder às transacções bancárias através do Programa Anti-Terrorismo do Departamento do Tesouro norte-americano, e seguir os movimentos relacionados com financiamento do terrorismo. Em 2009, a SWIFT instala um servidor para armazenagem de dados europeus na Suíça, informações que até esse momento também se encontravam num servidor nos EUA, o que obrigou a um novo acordo entre a Comissão e o Conselho, por um lado, e com os EUA, por outro. Os deputados ao Parlamento Europeu defendem que as informações só devem ser recolhidas para efeitos de luta contra o terrorismo e que deve ser encontrado o equilíbrio adequado entre as medidas de segurança e a protecção das liberdades cívicas. Por outro lado, referem, o Parlamento Europeu não foi informado nem esteve envolvido nas negociações com as autoridades dos EUA, criticando o Conselho por ter assinado o acordo imediatamente antes da entrada em vigor do Tratado de Lisboa. A resolução do PE que rejeitou o acordo instou a Comissão e o Conselho a darem início a um acordo de longo prazo com os EUA que esteja em conformidade com o Tratado de Lisboa e a Carta dos Direitos Fundamentais, que exige a aprovação do Parlamento Europeu em negociações internacionais desta natureza. "A maioria do Parlamento Europeu considera que é necessário encontrar um equilíbrio entre segurança, protecção das liberdades cívicas e direitos fundamentais, o que não acontece no texto que nos foi apresentado pelo Conselho", afirmou o Presidente do Parlamento Europeu, Jerzy Buzek, após a votação em plenário. De acordo com a autora do relatório parlamentar, a eurodeputada neerlandesa Jeanine Hennis-Plasschaert (ADLE), "as normas sobre transferência e armazenagem de informações constantes do acordo não eram proporcionais em relação ao nível de segurança supostamente garantido. Apoio uma União Europeia forte, capaz de agir em pé de igualdade, como um verdadeiro parceiro dos EUA. A troca e utilização de informações na luta contra o terrorismo continuará a ser necessário, mas os cidadãos europeus devem poder confiar em ambos: na segurança e nos pedidos de informações. O Conselho não foi suficientemente forte". A Comissão Europeia deverá apresentar brevemente um novo mandato para as negociações SWIFT. Na sequência do voto de rejeição do Parlamento Europeu, a troca de informações financeiras para efeitos de anti-terrorismo entre a UE e os EUA continua a reger-se pelo acordo de assistência jurídica mútua que permite a troca de informações no quadro das legislações nacionais dos Estados-Membros da União Europeia. 20100630FCS77235-3/7
Acordo SWIFT 30 de Novembro de 2009: o acordo é assinado pelo Conselho Focus 25 de Janeiro de 2010: o acordo é remetido à aprovação do Parlamento Europeu 1 de Fevereiro de 2010: o acordo entra em vigor 4 de Fevereiro de 2010: A Comissão das Liberdades Cívicas do Parlamento Europeu rejeita o texto 11 de Fevereiro de 2010: o Parlamento Europeu rejeita o acordo em plenário 20100630FCS77235-4/7
Divórcios internacionais facilitados com cooperação reforçada Estrasburgo 16 de Junho de 2010 O primeiro procedimento de cooperação reforçada está prestes a tornar-se uma realidade, onze anos depois de ter sido introduzido na UE como forma de facilitar o processo de tomada de decisões. Para ultrapassar vários anos de bloqueio no Conselho da UE, 14 Estados-Membros, incluindo Portugal, chegaram a acordo sobre as modalidades de divórcio entre casais de diferentes nacionalidades. O Parlamento Europeu aprovou hoje o procedimento, com 615 votos a favor, 30 contra e 33 abstenções. A cooperação reforçada que consiste num acordo entre pelo menos um terço dos Estados-Membros da União Europeia foi introduzida em 1999 com o Tratado de Amesterdão e contempla que os outros países não sejam afectados por essa cooperação e possam aderir ao mesmo. Trata-se de uma medida de último recurso, que só pode ser introduzida depois de esgotadas todas as hipóteses de acordo a favor ou contra uma determinada medida no Conselho. Este procedimento não pode ir além ou contrariar a ordem jurídica da UE. Tem de ser aprovado pela Comissão Europeia e pelo Conselho da UE por maioria qualificada e ter o acordo do Parlamento Europeu. Compete à Comissão Europeia supervisionar a sua aplicação, tal como sucede com toda a legislação europeia. A principal disposição deste exemplo de cooperação reforçada confere aos casais de diferentes nacionalidades optar pelo divórcio num dos países de origem dos membros do casal ou no país onde estabeleceram residência oficial. Este mecanismo deverá "assegurar que estes episódios intrinsecamente dolorosos das suas vidas não se tornem ainda mais difíceis de suportar por causa das dificuldades associadas ao facto de os tribunais terem que se ocupar dos problemas do direito aplicável, que mesmo para muitos advogados são difíceis de compreender", explica o eurodeputado polaco Tadeusz Zwiefka (PPE), autor da recomendação parlamentar sobre o projecto de decisão do Conselho que autoriza a cooperação reforçada no domínio da lei aplicável em matéria de divórcio e separação judicial. 20100630FCS77235-5/7
Novas regras para a iniciativa de cidadania Focus Um milhão de assinaturas representando, pelo menos, 9 Estados-Membros da UE Número mínimo de assinaturas em Portugal: 16.500 A iniciativa de cidadania é uma das principais alterações decorrentes da entrada em vigor do Tratado de Lisboa. Reforça a cidadania europeia, conferindo aos cidadãos a possibilidade de influenciar a agenda da UE e propor nova legislação. No dia 31 de Março, a Comissão Europeia adoptou a proposta de regulamento sobre a iniciativa de cidadania. A proposta da Comissão Europeia exige um milhão de assinaturas (recolhidas electronicamente ou em papel) de, pelo menos, nove Estados-Membros da União europeia. Os subscritores devem ter a idade mínima estipulada para o exercício do direito de voto nas eleições europeias. O número mínimo de assinaturas por Estado-Membro é calculado proporcionalmente, sendo de 16.500 para Portugal, 72.000 para a Alemanha, 24;750 para a Roménia e 4.500 para Malta. Para obter os dados relativos a todos os Estados-Membros da UE, consultar o regulamento, através da ligação indicada no final do artigo. As assinaturas podem ser recolhidas ao longo de 12 meses e devem incluir o nome, a morada, endereço electrónico, data e local de nascimento, nacionalidade e números de identificação pessoal. "A proposta permite-nos avançar numa das inovações mais importantes do Tratado de Lisboa. Estou convicto de que, face à sua importância, tanto o Parlamento Europeu como os Estados-Membros darão o seu melhor para que seja possível chegar a uma decisão final com a maior brevidade possível sobre este novo mecanismo. Gostaria, no entanto, de alertar para o excesso de expectativas junto dos cidadãos da UE relativamente a este novo procedimento, pois será sempre um processo complicado, tal como acontece nos Estados-Membros", afirmou o eurodeputado polaco Rafal Trzaskowski (Grupo do Partido Popular Europeu). Por outro lado, sublinhou o eurodeputado britânico Andrew Duff (Grupo da Aliança dos Democratas e Liberais), "a Comissão Europeia conseguiu encontrar o equilíbrio adequado entre estimular a democracia popular e assegurara integridade do novo sistema". Nesse sentido, acrescentou Duff, "qualquer cidadão que pretenda lançar uma iniciativa deve ser aconselhado no sentido de obter uma opinião informal prévia por parte da Comissão Europeia, no que se refere à viabilidade e elegibilidade da proposta em causa". 20100630FCS77235-6/7
Corpo diplomático da UE mais próximo dos cidadãos Poderes orçamentais e de controlo do Parlamento Europeu Entre 6.000 a 7.000 diplomatas e funcionários O Parlamento Europeu conseguiu que as suas propostas fossem aceites no que se refere à configuração do futuro Serviço Europeu de Acção Externa. Graças aos poderes orçamentais do Parlamento Europeu, os cidadãos poderão controlar de forma mais eficaz a forma como o dinheiro é utilizado e garantir que o SEAE funcione no interesse de toda a União Europeia e não seja liderado por apenas alguns Estados-Membros. "O Parlamento Europeu terá mais poderes orçamentais e, nesse sentido, obtivemos um pouco mais do que esperávamos", relembrou o eurodeputado alemão Elmar Brok (PPE). As despesas operacionais do SEAE serão suportadas pelo orçamento da Comissão Europeia e as despesas administrativas terão uma linha orçamental específica no Orçamento da UE. Em ambos os casos, o Parlamento Europeu tem poderes de quitação orçamental. "O Serviço Europeu de Acção Externa contará com cerca de 6.000 a 7.000 diplomatas e funcionários, e basear-se-á no método comunitário, salvaguardando e reforçando esse método em diversas áreas", afirmou o eurodeputado belga Guy Verhofstadt (ADLE). O pessoal do SEAE será composto por um mínimo de 60% de funcionários da UE, sendo os restantes 40% dos postos ocupados por diplomatas dos Estados-Membros da UE. "O novo serviço será politicamente responsável perante o Parlamento Europeu, a única instituição da UE directamente eleita pelos cidadãos, através das eleições europeias", acrescentou o eurodeputado italiano Roberto Gualteri (S&D). 20100630FCS77235-7/7