REFLEXÕES SOBRE O PROFESSOR MARCANTE E AS TECNOLOGIAS DIGITAIS

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Transcrição:

REFLEXÕES SOBRE O PROFESSOR MARCANTE E AS TECNOLOGIAS DIGITAIS Autor (1) Sergio Morais Cavalcante Filho Universidade Estadual da Paraíba (UEPB CCEA Patos) email: sergio.smcf@gmail.com RESUMO: Este artigo reflete sobre a atuação docente na era que as Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC) permeiam o contexto educativo. Para tanto, apresenta uma pesquisa que teve como objetivo central refletir sobre os aspectos que podem ter contribuído para que alguns educadores fossem lembrados como um marco positivo na vida escolar de um grupo de licenciandos em computação da Universidade Estadual da Paraíba do campus VII. Assim, organizouse um estudo de caso, que envolveu a coleta de dados estatísticos por meio da aplicação de um questionário a catorze (14) sujeitos que compuseram o universo amostral. Utilizou-se como embasamento teórico as ideias de Cunha (2008), Rangel (2004) e Libâneo (2008), que tratam da atuação docente e das questões didáticas subjacentes, bem como pesquisadores que discutem a conexão entre educação e TDIC, como Kenski (2004, 2013), Valente (2014) e Almeida (2014). Como resultados, identificou-se que a metodologia de ensino, que envolve a forma como o professor explora os conteúdos e se relaciona com seus alunos foi o item mais mencionado para caracterizar um professor como marcante, correspondendo à escolha de 85,7% do grupo investigado. Quanto ao uso das TDIC para marcar um professor na formação escolar do sujeito, apenas um participante mencionou que esse fator preponderou em suas memórias. Palavras chaves: Bom professor. TDIC. Relação professor-aluno. Ensino-aprendizagem. INTRODUÇÃO O corpo docente de uma escola é formado por diferentes tipos de professores, cada um com características pessoais e profissionais, que envolvem a didática (LIBÂNEO, 1994) e as técnicas de ensino. O docente organiza e estrutura sua forma de atuar em sala de aula a partir, principalmente, de sua formação, mas também de sua atuação, localizada em um contexto e um espaço. Logo, diversos são os saberes que sustentam a docência, sejam eles teóricos como aqueles relacionados às concepções de educação, de sujeito, de ensino, de aprendizagem e de sociedade; os conteúdos que deve trabalhar bem como os saberes das Ciências da Educação,

dentre eles a Didática; além dos saberes práticos, referentes às experiências do cotidiano e o conhecimento a sua volta, chamados de saberes práticos, que são integrados à atuação do profissional (TARDIFF, 2014). Por sua vez, cada grupo de alunos tem uma característica e vivencia uma realidade, que no século XXI é permeada pelas demandas do universo digital. Esse contexto torna a docência um processo de adequação e adaptação do planejamento e das técnicas de ensino. Porém, alguns professores são considerados inesquecíveis e são citados por diferentes grupos de alunos como um bom professor (CUNHA, 2008; RANGEL, 2004). Este é o tema do presente trabalho, que teve como problemática compreender por que alguns professores são apontados como especiais e inesquecíveis? Relacionada a esta, outras inquietações nortearam a realização deste trabalho: Será que a metodologia de ensino utilizada intervém nessa definição? Tratando-se da era digital, será que o uso das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação TDIC (ALMEIDA, 2014) intervém nesse processo? Afinal diferentes autores (VALENTE, 2014; ALMEIDA, 2014) refletem e indicam a necessidade do uso de ferramentas digitais no âmbito do ensino-aprendizagem, já que a partir do início do século XXI não é mais possível analisar a sociedade e as tecnologias de forma unilaterais, porque são indissociáveis. Esta interação resulta do contexto da cibercultura (LEVY, 1999), que interliga coletivamente homens e máquinas. Para investigar tal problemática e questões apresentadas, teve-se como objetivo principal refletir sobre os fatores que contribuíram para que alguns educadores fossem um marco positivo na formação histórico escolar de um grupo de graduandos de licenciatura em computação do campus VII da Universidade Estadual da Paraíba. Desta forma, intenta-se contribuir para suscitar a reflexão de alguns pontos cruciais para a atuação docente, considerando o contexto da cultura digital e a relação professoralunos voltada para uma aprendizagem significativa.

METODOLOGIA O estudo de caso foi a metodologia utilizada nesta pesquisa. Segundo Gil (2008), é um estudo profundando de um ou de poucos objetos, com o intuito de detalha-lo e permitir o conhecimento amplo dos objetos investigados. Sobre esse método, ainda não há uma consonância entre os pesquisadores e autores para definir as etapas desse tipo de pesquisa, entretanto o referido autor elenca sete (07) passos para a elaboração de um estudo de caso, a saber: formular problema; definir a unidade-caso; determinar quantos casos; elaboração do protocolo; coletar dados; analisar dos dados e preparar o relatório (idem). A coleta de dados foi realizada a partir da aplicação de um questionário sobre o professor marcante, contendo cinco (05) questões, sendo quatro (04) abertas e uma (01) de múltipla escolha. Foi realizado com catorze (14) graduandos do curso de Licenciatura em Computação do campus VII da UEPB na cidade de Patos-PB. A composição do universo amostral foi formado pelo grupo total de licenciandos do turno matutino, cursando do 6º ao 8º período, já que o curso foi extinto e está finalizando suas turmas (por isso o baixo número). RESULTADOS E DISCUSSÃO O questionário evidenciou algumas memórias dos catorze (14) participantes relacionadas ao tema tratado. Assim, a primeira questão era aberta e dizia respeito ao nome e características do professor marcante. Cinco (05) respondentes mencionaram a atuação do professor baseada no incentivo e motivação ao estudo. Outros cinco (05) apontaram itens da relação professor-aluno, pontuando adjetivos relacionados à afetividade, como professor amigo, afetuoso, tal como discute Rangel (2004). Aulas dinâmicas também foram algumas respostas, bem como a expressão o professor dava A aula. Na segunda questão, que era de múltipla escolha, elencava-se os aspectos de um

professor marcante. O item mais apontado pelo universo investigado foi o item metodologia, escolhido por doze (12) dos catorze (14) participantes, que correspondeu a 85,7% da amostra. A metodologia é um componente do trabalho do magistério que implica procedimentos de investigação quanto a técnicas, recursos ou meios de ensino e seus complementos (LIBÂNEO, 1994) e que devem envolver diferentes estilos e personalidades dos alunos da sala de aula. É um aspecto que envolve a forma de encaminhar a aula também relacionada às concepções que compõem o trabalho docente. Desses doze (12), nove (09) enfatizaram também outros dois (02) aspectos relacionados à metodologia de trabalho docente: relação professor-aluno e a forma com que facilitavam a compreensão do conteúdo. São quesitos da atuação docente relacionados também a metodologia, que pode levar a uma aprendizagem eficaz, sendo para tanto necessário que a assimilação e exploração do conteúdo seja significativa, a partir de uma relação professor-aluno envolvente, afetuosa e ética (RANGEL, 2004). Um respondente enfatizou somente a relação professor aluno como item do professor marcante e outra indicou que o uso de redes sociais e viagens foram os aspectos que tornaram sua professora de História inesquecível. Como visto, foi à única participante deste estudo que mencionou o uso de TDIC como item que compôs sua memória. Como a menção ao uso das tecnologias não teve índice representativo, logo, não se pode concluir se houve a inserção da TDIC no histórico escolar dos licenciandos investigados e se ocorreu, quanto isso significou para tornar o professor uma figura marcante na escolaridade dos sujeitos investigados. Já a terceira questão indagava sobre a disciplina que o professor mais marcante lecionava. Pode-se observar que não houve unanimidade nas respostas, pois dentre os catorze (14) estudantes que responderam a pesquisa, cinco (05) escolheram a disciplina de Português três (03) participantes escolheram Ciência, sendo que dois (02) escreveram a palavra Química

na frente do item Ciência, três (03) Matemática e três (03) Geografia e História. Logo, não importa a disciplina, mas o método de ensino utilizado. Quanto à etapa da escolaridade que o professor marcante lecionava, dez (10) respondentes apontaram o Ensino Médio, o que correspondeu a 71% da amostra. Esse dado pode denotar que os professores marcantes estavam relacionados às memórias mais recentes da escolaridade. A quarta questão versava sobre a influência do professor marcante na escolha da licenciatura e 85,7 % dos participantes responderam que não houve essa relação. Na verdade, muitos dos licenciandos em computação do universo investigado foram para o curso sem conhecer seu caráter de formação docente e a princípio, não se identificavam com o curso, conforme indicações da pesquisa de Araujo (2010). Por fim, a última indagação do questionário perguntava se o uso de TDIC facilitaria que um professor fosse marcado positivamente e onze (11) responderam que sim. Desse grupo, sete (7) acrescentaram que a aula pode ser mais dinâmica, atrativa, interativa. No entanto um grupo de três (03) participantes enfatizaram que o professor precisa saber utilizar as ferramentas digitais, porque senão vai ao laboratório, mas a aula é chata (Participante 8). Essa reflexão é importante, tendo em vista que Nóvoa (2012), Kenski (2004, 2013), entre outros autores, apontam que é preciso não só dominar conteúdos (TARDIFF, 2014), procedimentos e técnicas de ensino. Implica também ter domínio das ferramentas digitais, vivenciando e compreendendo que interferem na forma de pensar, aprender e ensinar (KENSKI, 2004). CONCLUSÕES Na investigação aqui apresentada, pode-se constatar que alguns professores foram apontados como especiais e inesquecíveis por conta da metodologia utilizada, o que implica responder e confirmar a problemática que norteou essa pesquisa. No entanto, não foi possível

constatar que o uso das TDIC na sala de aula pode tornar um professor marcante, embora a pesquisa tenha sido realizada com os graduandos de licenciatura da UEPB que terminaram de cursar a Educação Básica há 3 anos, tempo em que as ferramentas digitas já eram bem difundidas. Porém identificou-se que o marco de um professor está em sua metodologia de ensino, independente da disciplina lecionada, o professor destaca-se pelo modo de explorar os conteúdos, e pela forma como se relaciona com os alunos (RANGEL, 2004). Neste sentido, o bom professor (CUNHA, 2008) é marcante não só pela sua didática e pelo domínio do conteúdo curricular, mas pela sua índole como pessoa, a forma como se relaciona com os alunos e como explora e ensina uma postura necessária para a vida com compromisso (CASTANHO, 2002). Compromisso esse também com a inclusão digital e com a formação de sujeitos preparados para dominar habilidades de pesquisar e selecionar saberes no mundo das infovias. Para tanto, a formação docente tem fundamental importância em garantir que os docentes conheçam e dominem as TDIC na sala de aula, para que seja efetivada uma educação de qualidade e não só um, mas muitos professores possam marcar positivamente os alunos do século XXI. REFERÊNCIAS ALMEIDA, M. E. B. Web Currículo: Aprendizagem, pesquisa e conhecimento com o uso de tecnologias digitais. Rio de Janeiro: Letra Capital, 2014. ARAUJO, D. F. O Curso de Licenciatura em Computação do campus VII da UEPB sob a visão dos discentes. 2010. 59 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura em Computação), Universidade Estadual da Paraíba, Patos-PB, 2010. CASTANHO, M. University level professors and their pedagogical practice in the healthcare area, Interface - Comunic, Saúde, Educ, v.6, n.10, p.51-62, 2002.

CUNHA, M. I. O bom professor e sua prática. Campinas-SP: Papirus, 2008. GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2008. KENSKI, V. M. Tecnologias e tempo docente. Campinas-SP: Papirus, 2013.. Tecnologias e ensino presencial e a distância. 2 ed. Campinas-SP: Papirus, 2004. LEVY, P. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999. LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez Editora, 1994. NÓVOA, A. Pensar alunos, professores, escolas, políticas. ECS, Sinop/MT, v.2, n.2, p.07-17, jul./dez. 2012. RANGEL, M. Representações e reflexões sobre o bom professor. 7. ed. Petrópolis-RJ: Vozes, 2004. TARDIFF, M. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis-RJ: Vozes, 2014. VALENTE, J. A. A Comunicação e a Educação baseada no uso das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação. Revista UNIFESO, v. 1, n. 1, p. 141-166, 2014.