Modelando as fases do desenvolvimento embrionário no ensino fundamental

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Transcrição:

CCNEXT - Revista de Extensão, Santa Maria v.3 - n.ed. Especial XII EIE- Encontro sobre Investigação na Escola, 2016, p. 398 402 Revista do Centro de Ciências Naturais e Exatas - UFSM IISSN on-line: 2179-4588 Modelando as fases do desenvolvimento embrionário no ensino fundamental Luíza Spohr, Patrícia Maria Limberger e Erica do Espirito Santo Hermel luizaspohr@hotmail.com; patiilimberger@hotmail.com; ericahermel@uffs.edu.br Resumo Esse relato faz referência à análise de uma aula prática de Ciências sobre Embriologia, mais especificamente, sobre a elaboração de planos de ensino sobre a construção de modelos das primeiras fases do desenvolvimento embrionário (mórula, blástula e gástrula). Ela foi realizada com uma turma da sétima série do Ensino Fundamental, pelas acadêmicas da quinta fase de um curso de licenciatura em Ciências Biológicas, que propôs um trabalho interdisciplinar, possibilitando nossa inserção na escola para a aplicação desta aula prática. Palavras chave: Aula prática, embriologia, trabalho interdisciplinar.

CCNEXT v.3 Ed. Especial- XII EIE- Encontro sobre Investigação na Escola, 2016, p.398 402 399 1. Contexto do relato Este relato refere-se a uma aula prática desenvolvida com os alunos da turma da sétima série da Escola Estadual de Ensino Fundamental Padre Traezel, localizada no município de Cerro Largo, RS, realizada nos dias 20 e 21 de Junho de 2013. Os alunos estudam no turno da manhã e possuem três horas aulas da disciplina de ciências durante a semana. Essa aula foi possível devido a um trabalho interdisciplinar que foi proposto a nós, licenciandos da 5ª fase do Curso de Graduação em Ciências Biológicas Licenciatura da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS). Foi proposto pelas disciplinas de Prática de Ensino em Ciências/Biologia II: Currículo e Ensino de Ciências e Biologia, Prática de Ensino em Ciências/Biologia III: Metodologia e Didática do Ensino de Ciências e Biologia, Prática de Ensino em Ciências/Biologia I: Epistemologia e Ensino de Ciências, Embriologia e História de Fronteira Sul. O presente texto tem como intenção refletir sobre o desenvolvimento de uma aula prática sobre Embriologia no componente curricular Ciências. 2. Detalhamento das atividades A aula prática foi iniciada com a nossa apresentação, nos identificando e explanando os motivos pelos quais estávamos ali, explicamos também passo a passo o que faríamos nessa aula diferente que seria ministrada nestes dois dias. Posteriormente a isso, começamos indagando-os sobre o que eles sabem sobre Embriologia, se eles já tiveram algum contato com o tema proposto. Escutamos as respostas e então iniciamos a apresentação do conteúdo a eles por meio de uma apresentação no programa Microsoft PowerPoint. Os conteúdos eram a fertilização e o desenvolvimento embrionário, dando enfoque à formação da mórula, blástula e gástrula. Após, passamos três vídeos sobre Fertilização, Clivagem e formação do blastocisto e, por último, sobre a Gastrulação. Entregamos também um texto que bordava as fases iniciais do desenvolvimento embrionário e continha algumas imagens sobre as mesmas. Figura 01 - Alunos desenvolvendo os modelos

400 Spohr et al.: Modelando as fases do desenvolvimento embrionário no ensino fundamental O texto foi entregue com o intuito de que lessem, pudessem entender um pouco mais o conteúdo e que deveriam ser trazidos por eles na outra aula, quando seria realizada uma aula prática. No dia seguinte, para a realização da prática, separamos a turma de vinte e cinco alunos em três grupos, onde cada grupo modelou de forma esquemática as três etapas do desenvolvimento embrionário com massa de modelar, que nós disponibilizamos, e as fixaram com cola quente em um recorte de caixa de papel. Desenvolvidos os modelos, os grupos explicaram o que haviam representado. Posteriormente, como forma de avaliação, entregamos duas questões a cada aluno: Como a aula prática te ajudou a entender a embriologia? e A partir do que estudou, descreva as fases iniciais do desenvolvimento embrionário. Questões estas com o intuito de haver o diagnóstico do entendimento ou não do tema abordado e se a prática realizada facilitou a compreensão das etapas do desenvolvimento embrionário. 3. Análise e discussão do relato Iniciamos nossa aula prática questionando os alunos em relação ao conteúdo Embriologia, pois segundo Moraes, Galiazzi e Ramos (2002, p. 2): O movimento de aprender através da pesquisa inicia-se com o questionar [...] a pergunta, a dúvida, o problema desencadeia uma procura. Leva a um movimento no sentido de encontrar soluções. Foi isso que fizemos, começamos questionando-os se já haviam ouvido falar sobre o tema Embriologia, se eles sabiam como eles mesmos surgiram. As respostas foram as mais diversas possíveis, ouvimos desde nada até desenvolvimento do bebê, essas questões que fizemos a eles fizeram com que se interessassem pelo conteúdo, ficassem curiosos. Quando falamos porquê estávamos ali, que iríamos trazer um conteúdo que eles ainda não haviam aprendido e que no dia seguinte faríamos uma prática com massa de modelar, toda a turma ficou contente. Pudemos notar o quanto eles gostam de sair daquele ensino tradicional e informativo que eles normalmente possuem. Trouxemos a eles uma aula totalmente diferente das que eles costumam ter, uma aula com caráter formativo. Segundo Bizzo (2009, p. 26): Existem diversas razões para objetar firmemente a extensão das técnicas de memorização para o ensino de Ciências. Não que elas sejam intrinsicamente negativas ou mesmo perniciosas para o ensino, afinal, precisamos memorizar muitas informações no nosso dia a dia [...] Saber os nomes das etapas da mitose é apenas parte de um processo mais amplo e profundo, que nos permite compreender muitos outros fenômenos e elaborar raciocínios complexos. Em tese o ensino de Ciências deve ser formativo e não apenas informativo. Nesse trecho, o autor cita o exemplo da mitose, mas parte do mesmo princípio, parte de um processo mais amplo e não apenas de memorização de etapas. Acreditamos que eles saíram da sala de aula sabendo as fases do desenvolvimento que explicamos e se enxergarem qualquer modelo das fases, saberão dizer se é uma mórula, uma blástula ou uma gástrula. Ao lermos as respostas da avaliação que aplicamos, teve uma que nos chamou muita atenção, quanto à pergunta Como a aula prática te ajudou a entender embriologia?, onde obtemos a seguinte resposta Pois eu pude ver, observar e tocar cada processo do desenvolvimento embrionário. Demonstrando que a prática da massa de modelar realmente foi bastante representativa para o aluno, pois disse que pôde tocar nessa fase/processo do desenvolvimento.

CCNEXT v.3 Ed. Especial- XII EIE- Encontro sobre Investigação na Escola, 2016, p.398 402 401 Trazer para a sala de aula, hoje em dia, uma aula prática, é tarefa difícil. Primeiramente, o professor precisa dominar o conteúdo, sem isso não poderá existir a prática. Deve existir segundo Carvalho e Perez (p. 112): Relação entre a teoria e a prática, entre o saber e o saber fazer. Como vamos aplicar uma aula prática sem saber o conteúdo? Não existe saber fazer sem o saber. Com certeza não teremos sucesso se aplicarmos uma aula prática sem domínio de conteúdo, corremos o risco de tornar a aula insatisfatória no que diz respeito à aprendizagem dos alunos, bem como expor o conteúdo de forma genérica, deixando de lado conceitos que deveriam ser abordados por falta de domínio, a aula prática é uma metodologia que é usada para facilitar o entendimento do conteúdo por parte dos alunos e fazer com que a relação do conteúdo com a realidade seja mais estreita, mas isso só se faz com um bom domínio do assunto por parte dos professores. Figura 02 - Turma com os trabalhos desenvolvidos 4. Considerações finais A aula aqui relatada e analisada teve como foco a elaboração e aplicação de uma aula prática, com o intuito de proporcionar aprendizado a nós, acadêmicas de um curso de licenciatura, através da elaboração de planos de aula e inserção no espaço escolar. Não apenas aprendizado a nós, como também aos alunos que foram abrangidos pelo trabalho interdisciplinar. Conseguimos disponibilizar a eles uma aula diferente das que eles normalmente têm, diferente no sentido de conteúdo, pois nunca haviam estudado Embriologia e também no sentido da metodologia, pois não é sempre que eles têm uma aula prática. Notamos que esse processo colaborou para uma aula mais instigante e atrativa, e o mais importante, para a associação dos modelos das fases do desenvolvimento humano à realidade. Essa simples aula prática pôde trazer consigo um significado incalculável, para nós, futuros professores e para os alunos que participam da mesma. Para nós, pelo fato de nos trazer uma visão mais ampla

402 Spohr et al.: Modelando as fases do desenvolvimento embrionário no ensino fundamental sobre a docência, gerando então a certeza de que estamos no caminho correto. Ela foi um desafio para nós que nunca havíamos ministrado uma aula totalmente sozinhas e também um impulso para continuarmos a nossa caminhada. Essa aula foi essencial para nós futuras professoras, pois pôde nos aproximar ainda mais desse futuro que tanto almejamos. Referências GALIAZZI, M. C; MORAES, R. Educação pela pesquisa como modo, tempo e espaço de qualificação da formação de professores em Ciências. Ciência e Educação. V. 8, n 2, p 237-252, 2002. BIZZO, Nélio. Mais Ciência no Ensino Fundamental: metodologia de ensino em foco. São Paulo, SP, 2009. CARVALHO, P, A.; PEREZ, G, D. O saber e o saber fazer do professor.