EPIFITISMO VASCULAR EM DUAS ÁREAS DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL CURIÓ (PNMC), PARACAMBI, Rio de Janeiro

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Transcrição:

EPIFITISMO VASCULAR EM DUAS ÁREAS DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL CURIÓ (PNMC), PARACAMBI, Rio de Janeiro Tereza Aparecida Ferreira Dornelas 1 Daniel Vazquez Figueiredo 2 André Felippe Nunes-Freitas 3 Resumo O estudo tem por objetivo apresentar a diversidade de epífitas vasculares e suas categorias ecológicas, em duas áreas com diferentes cotas altimétricasdo Parque Natural Municipal do Curió (PNMC), situado no município de Paracambi, RJ.Sendo foram amostradas 22 árvores, 15 na parcela I (P I) e sete na parcela II (P II). A presença de epífitas foi observada em 72,7 % das árvores. A taxa de colonização das epífitas foi maior em P II (85,7) do que em P I (66,7). A riqueza total correspondeu a dez espécies, pertencentes a quatro famílias botânicas. P I apresentou maior riqueza (S = 9) quando comparada a P II (S = 5). A família mais rica foi Bromeliaceae, porém Tillandsia tricholepis e Tillandsia usneoides foram restritas à P I. Portanto, as diferentes faixas altimétricas não influenciaram na composição da comunidade epifítica. A baixa riqueza de epífitas e a presença de espécies em condição de pioneirismo podem indicar o efeito de impactos antrópicos nas áreas estudadas. O manejo e atividades de restauração certamente terão efeito positivo sobre tais áreas por estarem inseridas em uma unidade de conservação de proteção integral, o PNMC. Palavras-chave: diversidade, epífitas vasculares, forófitos. 1 Faculdade de Educação Tecnológica do Estado do Rio de Janeiro, Paracambi, RJ, Brasil. 2 Faculdade de Educação Tecnológica do Estado do Rio de Janeiro, Paracambi, RJ, Brasil. 3 Departamento de Ciências Ambientais e Florestais, Instituto de Florestas, UFRRJ, Seropédica, Brasil.

1. Introdução As epífitas são vegetais que desenvolvem seu ciclo de vida de forma parcial ou integral sobre outras plantas (KRESS, 1986; WALLACE; 1989, BENZING, 1990). O hábito epifítico garante a esses vegetais vantagens como a obtenção de nutrientes e água através da precipitação ou da atmosfera (NADKARNI, 1986), uma vez que não estão ligadas ao solo.as epífitas vasculares formam comunidades ricas em ambientes de florestas tropicais, podendo ser indicadoras do estado de conservação de ecossistemas (TRIANA-MORENO et al., 2003) e dos estágios sucessionais de formações vegetais (BONNET et al., 2014). Além disso,constituem importantes fontes de alimento para a fauna associada e participarem de interações mutualísticas importantes para manutenção das florestas (BENZING, 1986). O conhecimento sobre a diversidade e a ecologia das epífitas vasculares, em âmbito geral, foi bem relatado em trabalhos como os de BENZING (1989, 1990) e, no caso dasflorestas tropicais da América Central, por GENTRY (1990), HIETZ & HIETZ (1995) e PERRY (1978). No Brasil podem ser citados estudos de DISLICH & MANTOVANI (1998), GONÇALVES & WAECHTER (2002), KERSTEN & SILVA (2002), BORGO & SILVA (2003), GIONGO & WAECHTER (2004), entre outros. Especificamente para o estado do Rio de Janeiro temos poucos levantamentos, mas podemos citar FONTOURA et al.(1997),nunes-freitas et al. (2004), RIBEIRO (2009), DIAS (2009) e DORNELAS (2016). O presente estudo tem por objetivo apresentar a diversidade de epífitas vascularese suas respectivas categorias ecológicas, em duas áreas com diferentes cotas altimétricasdo Parque Natural Municipal do Curió (PNMC), situado no município de Paracambi, no Estado do Rio de Janeiro. 2. Material e Métodos 2.1 Local do Estudo O levantamento foi realizado no Parque Natural Municipal do Curió (PNMC), situado no município de Paracambi no Estado do Rio de Janeiro, entre ascoordenadas 22 36 41 Sul e 43 42 34 Oeste (Cadastro Nacional de Unidades deconservação, 2011). O PNMC foi criado através do decreto 1001 em 29/01/2002 epublicado em Diário Oficial em 02/02/2002 e possuiu uma área de 914 hectares (LeiOrgânica 921 de 30/0/2009 publicada

em Diário Oficial em 08/05/2009). A Unidade é classificada como uma unidade de proteção integral (UPI) de acordo com o Sistema Nacional de Unidadesde Conservação (SNUC, 2000). Sendo constituído por fragmentos de mata secundária de uma área que antes era dominada pela Floresta Ombrófila Densa. 2.2 Demarcação da área Foram demarcadas duas parcelas de 20 x20 m (400 m 2 )em cotas altimétricas de 108 e 308 m, denominadas P I e P II, respectivamente. As respectivas parcelas foram georreferenciadas com auxílio de GPS Garmim Etrex-30. 2.3 Amostragem das árvores Todas as árvores com DAP (diâmetro à altura do peito) 10 cm presentes nas duas parcelas foram incluídas no estudo, delas foram também aferidas circunferência à altura do peito (CAP; em centímetros) para o cálculo do diâmetro à altura do peito (DAP) e altura total (em metros). Sempre que possível as espécies foram identificadas no campo. Os espécimes não identificados foram coletados para consulta a especialistas ouidentificação com uso de chaves taxonômicas.foi utilizado o sistema de classificação APG III (2009) para identificação das famílias botânicas. 2.4 Amostragem de epífitas vasculares Cada árvore inclusa no estudo foi vistoriada quanto à ocorrência de epífitas vasculares. As espécies ocorrentes foram identificadas sempre que possível in loco, em situações em que não foi possível identificá-las foram obedecidos os mesmos procedimentos aplicados aos indivíduos arbóreos.foi utilizado o sistema de classificação APG III (2009) para identificação das famílias botânicas. 3. Resultados No presente estudo foram amostradas 22árvores, sendo 15 na parcela I (P I) e sete na parcela II (P II). Os diâmetros à altura do peito (DAP) médios das árvores foram de 34,78 cm (± 38,84) em PI e 57,09 cm (± 33,45) em PII. A altura total (HT) das árvores em PI foi de 9,94 m (± 6,43) e em P II de 16,43 m (± 5,38). A presença de epífitas foi observada em 72,7 % (N = 16) dos indivíduos, sendo assim considerados forófitos (árvores que hospedam epífitas). A taxa de colonização das epífitas foi maior em P II (85,7 %, N = 6) do que em P I (66,7 %, N = 10).

A riqueza total correspondeu a dez espécies (S = 10) (tabela 1 e 2), pertencentes aquatro famílias botânicas. P I apresentou maior riqueza (S = 9) quando comparada a P II (S = 5), sendo que a espécie Monstera adansonii não ocorreu em P I. A família mais rica foi Bromeliaceae (S = 4), porém Tillandsia tricholepis e Tillandsia usneoides foram restritas à P I. Quanto às categorias ecológicas, nove espécies foram classificadas como holoepífitas características (90 %) e apenas uma como hemiepífita secundária. Tabela 1. Lista de espécies de epífitas vascular ocorrentes em P I e em P II, do Parque Natural Municipal Curió, Paracambi, RJ. (X = presente na parcela).(hlc = holoepífita característica; HMS = hemiepífita secundária). Família / Espécie P I P II Categoria ecológica ARACEAE X X Epipremnum pinnatum Engl. X - HMS Monstera adansonii Schott - X HLC BROMELIACEAE X X Aechmea nudicaulis (L.) Griseb. X X HLC Tillandsia stricta Sol. X X HLC Tillandsia tricholepis Baker X - HLC Tillandsia usneoides (L.)L X - HLC CACTACEAE X X Epiphyllum phyllanthus(l.) Haw. X - HLC Rhipsalis baccifera (J. M. Muell.) Stearn X X HLC POLYPODIACEAE X X Microgramma squamulosa(kaulf.) de la Sota X X HLC Pleopeltis pleopeltifolia(raddi) Alston X - HLC 4. Discussão As famílias ocorrentes nas duas áreas amostradas mantêm o padrão observado em outros estudos (KERSTEN, 2010; LEITMANet al. 2015; FREITASet al. 2016), como

aquelas que concentram as maiores riquezas específicas. No presente estudo há exceção à família Orquidaceae,uma das famílias mais bem representadas em áreas de Floresta Ombrófila Densa (KERSTEN, 2010), mas que não obteve registros em P I e em P II. A riqueza de epífitas nas áreas estudadas pode ser considerada baixa quando comparada a outros estudos realizados em regiões de Floresta Ombrófila Densa, tal qual a caracterização fitosionômica do PNMC. DIAS (2009),na Serra dos Órgãos (RJ), obteve riqueza equivalente a 85 espécies de epífitas vasculares e MANIA & MONTEIRO (2010) observou riqueza igual a 65 em Picinguaba (SP). O número reduzido de espécies e a presença de espécies pioneiras dão indício dos impactos sofridos na área estudada, evidenciado na baixa riqueza comparada a outras regiões (PADILHA et al., 2015).A composição florística observada é bem similar a estudos realizados em áreas urbanas (BRAGA et al., 2015; FABRICANTE et al., 2006, FREITAS-NUNES et al., 2004), com a presença de espécies tolerantes à condições adversas e com elevado potencial de dispersão como Tillandsia tricholepis. A condição de holoepifitismo característico dominante na comunidade em PI e em P II é também observada em outros estudos (KERSTEN & SILVA, 2002; BORGO &SILVA, 2003; BREIER, 2005; DETTKE et al., 2008; MANIA, 2008; BATAGHIN et al., 2010; BLUM et al., 2011) realizados em regiões com diferentes fitosionomias, demonstrando que esta condição assegura aos epífitos uma melhor forma de se manter no ambiente e em condições favoráveis para se desenvolver e possibilitar a colonização de outros substratos. Vale destacar que em PI foram observados dois forófitos colonizados por várias espécies epifíticas: um indivíduo de Cariniana legalis (Mart.) Kuntze (altura total = 30 m, DAP = 153,2 cm),com seis espécies de epífitas, e um de Galesia integrifolia (Spreng.)Harms(altura total = 18 m; DAP = 82,2 cm),com oito espécies.tais forófitos com DAP e altura total evidenciando seu estágio mais longevo em relação aos demais indivíduos amostrados. A presença destes indivíduos possibilita um tempo maior para o processo de colonização por parte das epífitas vasculares.além disso, árvores maiores (com DAPse alturas mais elevados)oferecem um substrato mais estável para diferentes espéciesde epífitas e mais microsítios para colonização (INGRAM & NADKARNI 1993), levando estes indivíduos a apresentarem, em geral, comunidades de epífitas mais complexas.

Finalizando, as diferentes faixas altimétricas, diferindo de outros estudos (BLUM et al., 2011) não influenciaram na composição da comunidade epifítica. Provavelmente,outros fatores estão envolvidos como o efeito de borda, que é bem marcante nas duas áreas estudadas e a proximidade à rodovia de tráfego intenso que margeia a área P II. 5. CONCLUSÃO De acordo com o levantamento pode-se observar que a baixa riqueza de epífitas e a presença de espécies em condição de pioneirismo podem indicar o efeito de impactos antrópicos nas áreas estudadas. O manejo e atividades de restauração certamente terão efeito positivo sobre tais áreas por estarem inseridas em uma unidade de conservação de proteção integral, o PNMC. 6. REFERÊNCIAS BATAGHIN, F. A.; BARROS, F.; PIRES, J. S.R.. Distribuição da comunidade de epífitasvasculares em sítios sob diferentes graus de perturbação na Floresta Nacional de Ipanema,São Paulo, Brasil. Brazilian Journal of Botany, v. 33, n. 3, p. 501-512, 2010. BENZING, D. H. The evolution of epiphytism. In: Vascular plants as epiphytes. Springer Berlin Heidelberg, p. 15-41, 1989. BENZING, D. H. The vegetative basis of vascular epiphytism. Selbyana, p. 23-43, 1986. BONNET, A., CURCIO, G. R., DE RESENDE, A. S., GONÇALVES, F. L. A., & UHLMANN, A.. Epífitos vasculares e sua distribuição na paisagem. Embrapa FlorestasCapítulo em livro técnico-científico (ALICE), 2014. BENZING, D.H. Vascular epiphytes: general biology and related biota Cambridge University Press. Cambridge, UK, 1990. BLUM, C. T.; RODERJAN, C. V.; GALVÃO, F.. Composição florística e distribuição altitudinal de epífitas vasculares da Floresta Ombrófila Densa na Serra da Prata, Morretes,Paraná, Brasil. Biota Neotropica, v. 11, n. 4, p. 141-159, 2011. BORGO, M.; SILVA, S. M.. Epífitos vasculares em fragmentos de floresta ombrófila mista, Curitiba, Paraná, Brasil. Revista Brasileira de Botânica, v. 26, n. 3, p. 391-401, 2003.

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