PÓS GRADUAÇÃO UNINORTE MBA GESTÃO PÚBLICA DIREITO, LICITAÇÕES E CONTRATOS. MsC Marystella Andrade Bonfim Romanini



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Transcrição:

PÓS GRADUAÇÃO UNINORTE MBA GESTÃO PÚBLICA DIREITO, LICITAÇÕES E CONTRATOS MsC Marystella Andrade Bonfim Romanini Manaus/AM FEV-2014

Sumário 1. Licitações e Contratos administrativos: Lei nº 8.666/93... 3 1.1. Conceito, Finalidade e Objeto de Licitação:... 3 2. Princípios da Licitação... 8 3. Obrigatoriedade, Dispensa e Inexigibilidade de Licitação... 13 4. Anulação e Revogação da Licitação... 23 5. Modalidades de Licitação... 24 6. Procedimentos de Licitação... 28 6.1 LEI Nº 8.666/93, ART. 40:... 29 6.2 Modalidades de Licitação: valores de obras e serviços de engenharia, compras e outros serviços... 32 6.3 Mapa mental... 33 7. Contratos Administrativos... 34 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 38 ESTUDO DE CASOS... 39

1. Licitações e Contratos administrativos: Lei nº 8.666/93 1.1. Conceito, Finalidade e Objeto de Licitação: A doutrina define licitação como um procedimento administrativo, de observância obrigatória pela Administração Pública, mediante o qual é selecionada a proposta mais vantajosa para o contrato que melhor atenda ao interesse público. Conforme art. 1, parágrafo único, da Lei n 8.666/93, "subordinam se ao regime desta Lei, além dos órgãos da administração direta, os fundos especiais, as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e demais entidades controladas, direta ou indiretamente pela União, Estados, DF e Municípios". Vê-se, portanto, que além dos entes políticos (art. 1, caput, Lei n 8.666/93) toda a Administração Pública submete-se ao princípio da obrigatoriedade de licitar, recaindo tal ônus sobre a Administração Pública Direta, Autárquica e Fundacional da União, dos Estados, Distrito Federal e Municípios, além das empresas públicas e sociedades de economia mista. Neste diapasão a Lei nº 8.666/93, em seu art.3º menciona: a licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia e a selecionar a proposta mais vantajosa para a Administração e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos. No mesmo turno, a Constituição Federal em seu art. 22, inciso XXVII, estabeleceu a competência privativa da União para editar norma geral de licitações e contratos, assim dispondo: XXVII - Compete privativamente a União legislar sobre normas gerais de licitação e contratações, em todas as modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, 1, III. (grifo nosso) Nesse sentido, o art. 37, inc. XXI, da CF/88 prevê o princípio da obrigatoriedade de licitar, estabelecendo o seguinte:

XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusula que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações. (grifo nosso) Atente-se para o fato de que a competência legislativa para editar norma geral sobre licitações e contratos é privativa da União. Assim, Estados, Distrito Federal e Municípios devem seguir os ditames gerais estabelecidos pela União, cabendo-lhes, naquilo que lhes for específico, atuar de forma complementar a legislação federal. Desse modo, no sentido de regulamentar o disposto no art. 37, inc. XXI, da CF/88, foi editada a Lei n 8.666/93 que institui normas gerais para licitações e contratos da Administração Pública, sendo a norma geral sobre licitações e contratos, mas não a única, porque não podemos esquecer a Lei do Pregão. Neste contexto a Constituição determina que a Administração Pública, quando for contratar obras, serviços, compras e alienações, deverá adotar processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, conforme preceitua o art. 37, inc. XXI. Segundo Hely Lopes Meirelles, licitação é "o procedimento administrativo mediante o qual a Administração Pública seleciona proposta mais vantajosa para o contrato de seu interesse". A professora Maria Silvia Zanella de Di Pietro, citando Roberto Dromi,defini licitação como sendo "o procedimento administrativo pelo qual um ente público, no exercício da função administrativa, abre a todos os interessados, que se sujeitem às condições fixadas no instrumento convocatório, a possibilidade de formularem propostas dentre as quais selecionará e aceitará a mais conveniente para a celebração do contrato". Com efeito, podemos definir licitação como um procedimento administrativo utilizado pela Administração Pública a fim de selecionar, dentre aqueles que se propõe, atendidas as condições estabelecidas, a proposta que melhor atenda aos seus interesses, de modo a embasar eventual contrato acerca do objeto licitado. As licitações, em regra, possuem duas fases, uma denomina interna, onde

normalmente se realiza todos os trabalhos e estudos de viabilidade e especificação do objeto a ser licitado, e outra externa, que é a deflagração do certame, ou seja, da publicação de edital até a adjudicação, de modo a viabilizar a contratação. Na fase interna, o procedimento da licitação será iniciado com a abertura do processo administrativo, devidamente autuado, protocolado e numerado, contendo a autorização respectiva, indicação sucinta de seu objeto e do recurso próprio para a despesa, ao qual serão juntados oportunamente todos os atos da administração e dos licitantes, conforme art. 38, Lei n 8.666/93. Nessa fase é elaborada a minuta do contrato, bem como do edital, os quais são submetidos a exame e aprovação por assessoria jurídica da Administração, bem como os seguintes atos: Delimitação do objeto, elaboração de projeto básico (quando necessário), realização estimativa de valor (orçamento), previsão de recursos orçamentários, apresentação de análise da viabilidade de competição (juntando-se coleta de preços e identificando se há empresas no ramo), escolha do tipo e modalidade de licitação, definição do cronograma, instauração e constituição de comissão (se não houver comissão permanente) e, por instrumento convocatório. Dessa forma, quando publicado o edital ou o instrumento convocatório (convite - carta-convite) encerra-se a fase interna, e dá-se início a fase externa. Assim, a licitação terá como objeto a contratação de obras, compras, serviços ou alienações. Nesse aspecto, a Administração irá convocar os interessados a fim de que apresentem suas propostas a serem selecionadas, de modo a obter a que lhe é mais vantajosa. Cumpre dizer, portanto, que a licitação não é um ato, é um procedimento em que se conjugam vários atos, cujo fim será permitir o maior número de participantes (licitantes) e obter a proposta mais vantajosa para a Administração. No entanto, devemos ter cuidado com o expresso no parágrafo único do art. 4 da Lei n 8.666/93 que estabelece o princípio do formalismo, segundo o qual "o procedimento licitatório previsto nesta Lei caracteriza ato administrativo formal, seja ele praticado em qualquer esfera da Administração Pública". Implica dizer que a licitação é um procedimento formal. Portanto, conforme art. 2 da Lei n 8.666/93, a licitação terá como objeto "as obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações, concessões, permissões e locações da Administração Pública, quando contratada com terceiros".

O objetivo primordial da licitação é garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, sempre selecionando a proposta que apresente o menor preço. A licitação é um procedimento administrativo utilizado pela Administração Pública a fim de selecionar, dentre aqueles que se dispõe a proposta que melhor atenda aos seus interesses. Com efeito, antes da alteração empreendida pela Lei n 12.349/2010, podíamos constatar que a licitação tinha dupla finalidade na medida em que, de um lado buscava selecionar a proposta mais vantajosa para a Administração e de outro, visava propiciar a igualdade de condições para que todos os interessados participem do certame. Todavia, a referida alteração trouxe nova finalidade, qual seja: a promoção do desenvolvimento nacional sustentável,conforme preleciona no art. 3º da Lei n 12.349/2010 que dispõe: Art. 3º - A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos. Assim, é possível dizer que as finalidades estabelecidas pelo procedimento licitatório são: a) garantir o princípio da isonomia; b) selecionar a proposta mais vantajosa; c) promoção do desenvolvimento nacional sustentável. Isonomia é tratar os iguais com igualdade e os desiguais com desigualdade na medida de suas desigualdades. Significa dizer que é vedado estabelecer condições que impliquem preferência em favor de determinado licitante em detrimento dos demais. Desse modo, conforme salienta Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino, "devese não apenas tratar isonomicamente todos os que participam da disputa, o que significa vedação à discriminação de qualquer espécie no julgamento das propostas. É também necessário que se enseje oportunidades de participar da licitação a quaisquer interessados que tenham condições de assegurar o futuro cumprimento do contrato a ser celebrado. De acordo com o princípio da isonomia e da competitividade, a Administração deve buscar o maior número de participantes, não estabelecendo ou impondo

restrição que não esteja em sintonia com o objeto do certame ou que restrinja o caráter competitivo do procedimento. Ademais, é vedado a Administração estabelecer preferências ou distinções em razão de naturalidade, da sede ou domicílio, ou qualquer outra circunstância impertinente ou irrelevante para o objeto do contrato. Verifica-se, portanto, que a questão peca na sua parte final, quando estabelece a Lei 8666/93 que "o objetivo primordial da licitação é garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, sempre selecionando a proposta que apresente o menor preço", na medida em que há outras finalidades de igual importância. A regra é determinar que todas as contratações da Administração Pública devam ser feitas mediante licitação pública que,possui, entre suas funções, a de assegurar o princípio da Isonomia. De fato, como vimos, umas das finalidades da licitação é oportunizar igualdade de condições aos que se interessarem. É importante percebermos que o procedimento licitatório é empreendido no sentido de estabelecer uma competição, permitindo que todos os interessados, desde que atendida a qualificação exigida, tenham as mesmas condições para apresentar propostas à Administração Pública. O licitante deverá observar as normas e condições estabelecidas no ato convocatório, todavia a administração pública é dado direito de, discricionariamente, não observar o objeto ou as condições contidas no edital, em virtude do seu poder de império.

2. Princípios da Licitação É preciso que tenhamos a compreensão dos princípios que orientam as licitações. Assim, conforme art. 3 da Lei n 8.666/93, Segundo a doutrina, também se aplicam às licitações públicas os seguintes princípios: do procedimento formal, do sigilo na apresentação das propostas (ou do sigilo das propostas até sua abertura), da adjudicação compulsória e da competitividade. Assim,são denominados princípios básicos da licitação: a) princípio da legalidade; b) princípio da impessoalidade; c) princípio da moralidade; d) princípio da igualdade; e) princípio da publicidade; f) princípio da probidade administrativa; g) princípio da vinculação ao instrumento convocatório; h) princípio do julgamento objetivo, e; i) princípio da adjudicação compulsória. A seguir, analisaremos alguns desses princípios, à luz dos ensinamentos de Dirley da Cunha Jr: a) Princípio da legalidade: a licitação é um procedimento vinculado, de tal sorte de que todos os seus atos são regrados e devem ser realizados com a fiel observância da lei. O princípio da Legalidade (art. 4 ) estabelece que a administração, bem como todos os participantes, deve seguir fielmente o procedimento traçado na lei de regência. Hely Lopes Meirelles entende que se trata do princípio do procedimento formal que determina a fiel observância dos procedimentos legais, conforme expresso no parágrafo único do art. 4 da Lei de Licitações e Contratos:"O procedimento licitatório previsto nesta Lei caracteriza ato administrativo formal, seja ele praticado em qualquer esfera da Administração Pública". É a configuração de que a licitação caracteriza-se como ato administrativo formal, ou seja, tem seu rito e fórmulas legalmente estabelecidas, além de ser obrigatório o registro de seus atos

documentadamente. É importante salientar que não se admite formalismo inútil, ou seja, o excesso de formalismo. b) Princípio da impessoalidade: vedam-se quaisquer favoritismos ou discriminações entre os licitantes. Princípio da impessoalidade é corolário do princípio da igualdade, de modo que a Administração deve ser imparcial, não fixando regras tendenciosas, pautando-se por critérios objetivos, negando-se favoritismos ou discriminações por critérios subjetivos. c) Princípio da moralidade (e da probidade administrativa): em consonância com o princípio da moralidade está o princípio da probidade administrativa que estabelece a responsabilização dos agentes, inclusive terceiros, por atos ímprobos nos termos da Lei n 8.429/92 (Lei de Improbidade Administrativa), assim como pela aplicação das sanções criminais estabelecidas nos artigos 89 a 99 da Lei de Licitações. A licitação deve se desenvolver em conformidade dos padrões éticos, de zelo, de honestidade e probidade que conformam toda a atividade administrativa. A moralidade impõe à Administração e aos participantes em geral a observância aos padrões éticos, dever de agir com lealdade e boa-fé, sob pena de responsabilização administrativa, cível e penal. d) Princípio da igualdade ou isonomia: como abordado, é um dos fundamentos da licitação, eis que a Constituição (art. 37, XXI) veda o tratamento discriminatório, consoante art. 3, 1, da Lei de Licitação e Contratos, segundo o qual é proibida a existência de cláusulas ou condições no instrumento convocatório que comprometam, restrinjam ou frustrem o seu caráter competitivo e estabeleçam preferências ou distinções em razão da naturalidade, sede ou domicílio dos licitantes ou de qualquer outra circunstância impertinente ou irrelevante para o específico objeto do contrato.esse princípio exige tratamento igual a todos os licitantes em todas as fases do procedimento. Por oportuno, reproduzo, a seguir, os 1º e 2º do art. 3º da Lei nº 8.666/93: 1o É vedado aos agentes públicos: I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação, cláusulas ou condições que comprometam, restrinjam ou frustrem o

seu caráter competitivo e estabeleçam preferências ou distinções em razão da naturalidade, da sede ou domicílio dos licitantes ou de qualquer outra circunstância impertinente ou irrelevante para o específico objeto do contrato; II - estabelecer tratamento diferenciado de natureza comercial, legal, trabalhista, previdenciária ou qualquer outra, entre empresas brasileiras e estrangeiras, inclusive no que se refere à moeda, modalidade e local de pagamentos, mesmo quando envolvidos financiamentos de agências internacionais, ressalvado o disposto no parágrafo seguinte e no art. 3o da Lei no 8.248, de 23 de outubro de 1991. 2o Em igualdade de condições, como critério de desempate, será assegurada preferência, sucessivamente, aos bens e serviços: I - produzidos ou prestados por empresas brasileiras de capital nacional; II - produzidos no País; III - produzidos ou prestados por empresas brasileiras. IV - produzidos ou prestados por empresas que invistam em pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia no País.(grifo nosso) e) Princípio da publicidade: os atos da licitação devem ser públicos. Todos os interessados têm o direito conhecer todos os termos da licitação. Por isso, a Lei nº 8.666/93, art. 3º, 3º, estabelece que a licitação não será sigilosa, sendo públicos e acessíveis ao público os atos de seu procedimento, salvo quanto ao conteúdo das propostas, até a respectiva abertura (princípio do sigilo na apresentação das propostas). O princípio da publicidade, por outro lado, impõe o dever de se dar ampla divulgação ao certame, sendo vedado o caráter sigiloso dos atos, inclusive sendo permitido o acesso aos particulares, tudo com o intuito de se fiscalizar o cumprimento das determinações legais e afastar condutas ilícitas, impondo-se, ainda, o dever de motivação de todas as decisões proferidas, em quaisquer das etapas. Tais princípios, é bom ressaltar, são os que orientam, de forma geral, toda a Administração Pública, conforme art. 37, da CF/88. Há outros princípios, no entanto,

que são mais específicos, ou seja, aplicando-se somente à licitação, como é o caso de: f) Princípio da vinculação ao instrumento convocatório: segundo o qual o Edital é a lei do certame, de modo que tanto a Administração quanto os licitantes deverão observar as condições e requisitos que foram fixados no instrumento convocatório. Prevê o art. 41, Lei n 8.666/93: A Administração não pode descumprir as normas e condições do edital, ao qual se acha estritamente vinculada, sendo, pois, o julgamento das propostas realizado com base no que estabelece o instrumento convocatório. A Administração Pública está obrigada a observar todas as regras previamente fixadas para a licitação (grifo nosso). g) Princípio do julgamento objetivo: o julgamento das propostas será objetivo, ou seja, baseado no critério indicado no edital e nos termos específicos das propostas (Lei nº 8.666/93, arts. 44 e 45). Tal princípio visa a afastar a discricionariedade e a subjetividade na escolha da proposta vencedora. Este princípio encerra a obrigatoriedade de que serão observados, nas análises das propostas, os critérios objetivamente estabelecidos no edital (tipos de licitação: menor preço, melhor técnica, técnica e preço ou maior lance ou oferta), sem aferições subjetivas ou imprecisões, evitando-se apreciações discricionárias na decisão acerca das propostas, conforme determina os arts. 44 e 45 da Lei n 8.666/93. A doutrina fala, ainda, em princípios licitatórios implícitos específicos, tal como: competitividade, procedimento formal, sigilo das propostas e adjudicação compulsória. IMPORTANTE: a competitividade seria, conforme destaca o Prof. Bandeira de Mello e Carvalho Filho, a obrigatoriedade de observância do caráter competitivo do procedimento licitatório, não se permitindo artimanhas ou mecanismos para frustrar tal propósito. O Princípio do Sigilo das Propostas estabelece que as propostas serão realizadas de forma sigilosa, evitando-se o conluio ou a fraude, mantendo-se o

caráter competitivo, sendo inacessível até o momento de abertura, que será realizado em sessão pública. h) Princípio da adjudicação compulsória: impede que a Administração, após conclusão do certame, atribua o objeto da licitação a outrem que não o legítimo vencedor. Isso significa que a Administração não poderá celebrar o contrato com preterição da ordem de classificação das propostas ou com terceiros estranhos ao procedimento licitatório, sob pena de nulidade (Lei nº 8.666/93, art. 50). Contudo, isso não significa que a atribuição do objeto da licitação ao vencedor do processo licitatório é obrigatória e constitui atividade vinculada da administração pública. O princípio deve ser entendido da seguinte forma: se a Administração decidir por celebrar o contrato, deverá fazê-lo com o vencedor do certame. O princípio da adjudicação compulsória representa o dever da Administração em atribuir ao vencedor do certame o objeto da licitação, de modo a vedar eventual contratação com outrem. É de se observar que a adjudicação somente é garantia de que a Administração não poderá contratar com outrem senão com o próprio vencedor do certame. Trata-se, portanto, de ato declaratório e que põe termo ao procedimento licitatório possibilitando a assinatura do contrato. Todavia, não é direito subjetivo do vencedor ser contratado, eis que poderá haver o retardo na contratação, a revogação da licitação pela Administração ante o interesse público superveniente ou mesmo a anulação do certame por vícios existentes. Dessa forma, conforme princípio da vinculação ao instrumento convocatório, o edital é a lei de regência da licitação, devendo tanto a Administração, quanto os licitantes, observar as condições e requisitos que foram fixados, não podendo descumprir as normas e condições firmadas, às quais se acham estritamente vinculados, sendo, pois, o julgamento das propostas realizado com base no que estabelece o instrumento convocatório (art. 41, Lei n 8.666/93).

3. Obrigatoriedade, Dispensa e Inexigibilidade de Licitação A Constituição Federal obriga todos os órgãos da Administração Pública Direta e todas as entidades da Administração Indireta a realizar licitação previamente a celebração de contrato administrativo para a realização de obra, prestação de serviço, compras, alienações, concessões e permissões. Observamos que a regra é a obrigatoriedade de licitar, sendo, pois, a licitação um procedimento prévio à contratação. No entanto, há hipóteses em que a Lei afasta ou permite que seja afastada a licitação, estipulando forma denominada de contratação direta, ocorrendo nos casos de dispensa e inexigibilidade. A dispensa de licitação ocorrerá quando embora seja possível a competição algumas razões justificam que se deixe de efetuá-la em nome do interesse público. Veja que seria possível realizar a licitação, todavia, em razão de alguma situação, a lei afasta ou permite que se afaste a licitação, procedendo-se a contratação sem licitação (contratação direta). Nesse sentido, segundo clássica lição de Hely Lopes Meirelles, dizemos que há duas hipóteses de dispensa, sendo: a) Licitação dispensável ocorre quando há autorização para se decidir acerca da utilização ou não do procedimento licitatório para contratar. Observa-se a possibilidade de deflagrar o certame, contudo, há a possibilidade de não utilizá-lo, cabendo ao administrador público, motivadamente, dentre as hipóteses legais, avaliar se é conveniente e oportuno realizar o procedimento licitatório, dispensando, se for o caso, em razão do interesse público, conforme as situações elencadas taxativamente no art. 24 da Lei n 8.666/93. b) Licitação dispensada ocorre quando, em que pese se vislumbrar a possibilidade de se realizar o procedimento competitivo, a própria lei determina o afastamento do procedimento, ou seja, não há margem de escolha do administrador público, pois a própria lei afasta a licitação, consoante art. 17 da Lei n 8.666/93.

Observe, portanto, que há sensível diferença entre licitação dispensada e licitação dispensável. Na dispensada não há como licitar, isso porque a lei determinou o afastamento do procedimento, muito embora fosse possível estabelecer uma competição. Na dispensável é possível licitar, mas cabe ao Administrador, diante das situações permitidas pela norma, avaliar se é conveniente e oportuno realizá-la. É importante destacar, portanto, que os casos de dispensa, ou seja, licitações dispensáveis e dispensadas estão taxativamente previstos na Lei, ou seja, a Lei de Licitações e Contratos (Lei n 8.666/93) enumerou exaustivamente (numerus clausus) as hipóteses em que se admite a licitação dispensável (art. 24) e quando se aplica a dispensada (art. 17). Ademais, trata-se, certamente, do ponto mais complicado das licitações na medida em que há um número razoável de situações descritas como licitação dispensável. As hipóteses de licitação dispensada, como dito, estão elencadas no art. 17 da Lei n 8.666/93, também taxativamente, e em síntese referem-se à alienação de bens móveis ou imóveis, pela Administração Pública. Por outro lado, atualmente, de acordo com o Prof. Anderson,teríamos as seguintes hipóteses que ensejariam a licitação dispensável: I) Para obras e serviços de engenharia de valor até 10% (dez por cento) do limite previsto na alínea "a", do inciso I do artigo anterior (R$ 15.000, ou seja, 10% do valor do convite - R$ 150.000), desde que não se refiram a parcelas de uma mesma obra ou serviço ou ainda para obras e serviços da mesma natureza e no mesmo local que possam ser realizadas conjunta e concomitantemente. II) Para outros serviços e compras de valor até 10% (dez por cento) do limite previsto na alínea "a", do inciso II do artigo anterior (R$ 8.000, ou seja, 10% valor do convite - R$ 80.000) e para alienações, nos casos previstos nesta Lei, desde que não se refiram a parcelas de um mesmo serviço, compra ou alienação de maior vulto que possa ser realizada de uma só vez. Observemos que nesses dois primeiros casos, quando se tratar de contratação a ser realizada por consórcios públicos, sociedades de economia mista

e empresas públicas, além de autarquia ou fundação qualificada como agência executiva, esse valor será o dobro, ou seja, obras e serviços de engenharia R$ 30.000 e outros serviços e compras R$ 16.000. III) Nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem; IV) Nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando caracterizada urgência de atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou particulares, e somente para os bens necessários ao atendimento da situação emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que possam ser concluídas no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrência da emergência ou calamidade, vedada a prorrogação dos respectivos contratos; V) Quando não acudirem interessados à licitação anterior e esta, justificadamente, não puder ser repetida sem prejuízo para a Administração, mantidas, neste caso, todas as condições preestabelecidas; Significa, nessa hipótese, que a licitação é deserta. Licitação deserta é aquela em que não se apresentam interessados, diferentemente de licitação fracassada, quando há interessados, no entanto, são todos inabilitados ou todas as propostas são desclassificadas, impedindo o prosseguimento do certame. Neste caso, licitação fracassada, poderá a Administração fixar o prazo de oito dias úteis para que sanem as irregularidades e apresentem nova documentação ou propostas sem vício. No convite, poderá tal prazo ser reduzido para três dias úteis. (art. 48, 3, Lei n 8.666/93). VI) Quando a União tiver que intervir no domínio econômico para regular preços ou normalizar o abastecimento; VII) Quando as propostas apresentadas consignarem preços manifestamente superiores aos praticados no mercado nacional, ou forem

incompatíveis com os fixados pelos órgãos oficiais competentes, casos em que, observado o parágrafo único do art. 48 desta Lei e, persistindo a situação, será admitida a adjudicação direta dos bens ou serviços, por valor não superior ao constante do registro de preços, ou dos serviços (CF 3, art. 48). VIII) Para a aquisição, por pessoa jurídica de direito público interno, de bens produzidos ou serviços prestados por órgão ou entidade que integre a Administração Pública e que tenha sido criado para esse fim específico em data anterior à vigência desta Lei, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado; IX) Quando houver possibilidade de comprometimento da segurança nacional, nos casos estabelecidos em decreto do Presidente da República, ouvido o Conselho de Defesa Nacional; X) Para a compra ou locação de imóvel destinado ao atendimento das finalidades precípuas da administração, cujas necessidades de instalação e localização condicionem a sua escolha, desde que o preço seja compatível com o valor de mercado, segundo avaliação prévia; XI) Na contratação de remanescente de obra, serviço ou fornecimento, em conseqüência de rescisão contratual, desde que atendida a ordem de classificação da licitação anterior e aceitas as mesmas condições oferecidas pelo licitante vencedor, inclusive quanto ao preço, devidamente corrigido; XII) Nas compras de hortifrutigranjeiros, pão e outros gêneros perecíveis, no tempo necessário para a realização dos processos licitatórios correspondentes, realizadas diretamente com base no preço do dia; XIII) Na contratação de instituição brasileira incumbida regimental ou estatutariamente da pesquisa, do ensino ou do desenvolvimento institucional, ou de instituição dedicada à recuperação social do preso, desde que a

contratada detenha inquestionável reputação ético-profissional e não tenha fins lucrativos; XIV) Para a aquisição de bens ou serviços nos termos de acordo internacional específico aprovado pelo Congresso Nacional, quando as condições ofertadas forem manifestamente vantajosas para o Poder Público; XV) Para a aquisição ou restauração de obras de arte e objetos históricos, de autenticidade certificada, desde que compatíveis ou inerentes às finalidades do órgão ou entidade; XVI) Para a impressão dos diários oficiais, de formulários padronizados de uso da administração, e de edições técnicas oficiais, bem como para prestação de serviços de informática à pessoa jurídica de direito público interno, por órgãos ou entidades que integrem a Administração Pública, criados para esse fim específico; XVII) Para a aquisição de componentes ou peças de origem nacional ou estrangeira, necessários à manutenção de equipamentos durante o período de garantia técnica, junto ao fornecedor original desses equipamentos, quando tal condição de exclusividade for indispensável para a vigência da garantia; XVIII) Nas compras ou contratações de serviços para o abastecimento de navios, embarcações, unidades aéreas ou tropas e seus meios de deslocamento quando em estada eventual de curta duração em portos, aeroportos ou localidades diferentes de suas sedes, por motivo de movimentação operacional ou de adestramento, quando a exiguidade dos prazos legais puder comprometer a normalidade e os propósitos das operações e desde que seu valor não exceda ao limite previsto na alínea "a" do inciso II do art. 23 desta Lei (R$ 80.000,00); XIX) Para as compras de material de uso pelas Forças Armadas, com exceção de materiais de uso pessoal e administrativo, quando houver necessidade de manter a padronização requerida pela estrutura de apoio

logístico dos meios navais, aéreos e terrestres, mediante parecer de comissão instituída por decreto; XX) Na contratação de associação de portadores de deficiência física, sem fins lucrativos e de comprovada idoneidade, por órgãos ou entidades da Administração Pública, para a prestação de serviços ou fornecimento de mãode-obra, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado; XXI) Para a aquisição de bens destinados exclusivamente a pesquisa científica e tecnológica com recursos concedidos pela CAPES, FINEP, CNPq ou outras instituições de fomento a pesquisa credenciadas pelo CNPq para esse fim específico; XXII) Na contratação de fornecimento ou suprimento de energia elétrica e gás natural com concessionário, permissionário ou autorizado, segundo as normas da legislação específica; XXIII) Na contratação realizada por empresa pública ou sociedade de economia mista com suas subsidiárias e controladas, para a aquisição ou alienação de bens, prestação ou obtenção de serviços, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado; XXIV) Para a celebração de contratos de prestação de serviços com as organizações sociais, qualificadas no âmbito das respectivas esferas de governo, para atividades contempladas no contrato de gestão; XXV) Na contratação realizada por Instituição Científica e Tecnológica - ICT ou por agência de fomento para a transferência de tecnologia e para o licenciamento de direito de uso ou de exploração de criação protegida; XXVI) Na celebração de contrato de programa com ente da Federação ou com entidade de sua administração indireta, para a prestação de serviços públicos de forma associada nos termos do autorizado em contrato de consórcio público ou em convênio de cooperação;

XXVII) Na contratação da coleta, processamento e comercialização de resíduos sólidos urbanos recicláveis ou reutilizáveis, em áreas com sistema de coleta seletiva de lixo, efetuados por associações ou cooperativas formadas exclusivamente por pessoas físicas de baixa renda reconhecidas pelo poder público como catadores de materiais recicláveis, com o uso de equipamentos compatíveis com as normas técnicas, ambientais e de saúde pública; XXVIII) Para o fornecimento de bens e serviços, produzidos ou prestados no País, que envolvam, cumulativamente, alta complexidade tecnológica e defesa nacional, mediante parecer de comissão especialmente designada pela autoridade máxima do órgão; XXIX) Na aquisição de bens e contratação de serviços para atender aos contingentes militares das Forças Singulares brasileiras empregadas em operações de paz no exterior, necessariamente justificadas quanto ao preço e à escolha do fornecedor ou executante e ratificadas pelo Comandante da Força; XXX) Na contratação de instituição ou organização, pública ou privada, com ou sem fins lucrativos, para a prestação de serviços de assistência técnica e extensão rural no âmbito do Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural na Agricultura Familiar e na Reforma Agrária, instituído por lei federal. (Incluído pela Lei n 12.188, de 2.010); XXXI) Nas contratações visando ao cumprimento do disposto nos arts. 3, 4, 5 e 20 da Lei n 10.973, de 2 de dezembro de 2004, observados os princípios gerais de contratação dela constantes. (Incluído pela Lei n 12.349, de 2010).

Ademais, qualquer licitante, contratado ou pessoa física ou jurídica poderá representar ao Tribunal de Contas ou aos órgãos integrantes do sistema de controle interno contra irregularidades na aplicação da Lei de Licitações (art. 113, 1º). Conclui-se, portanto, que se trata de rol taxativo, ou seja, outras situações, mesmo que similares às previstas, não ensejam a dispensa. Contudo, em seu art. 37, XXI, a Lei Maior autoriza o legislador a especificar os casos que não se submetam à obrigatoriedade de licitação. Daí, a Lei nº 8.666/93 criou as figuras que denominou dispensa e inexigibilidade de procedimento licitatório. a) Dispensa de licitação: consiste na possibilidade legal de a Administração Pública deixar de realizar a licitação, em razão de determinadas hipóteses previstas taxativamente (ou seja, não existem outras hipóteses) na Lei nº 8.666/93 (arts. 17 e 24), embora haja viabilidade jurídica de competição (existe uma pluralidade de objetos e uma pluralidade de ofertantes); b)inexigibilidade de licitação: caracteriza-se pela inexistência de viabilidade jurídica de competição, seja pela existência de apenas um objeto (objeto único), seja pela existência de apenas um ofertante que atenda as necessidades da Administração Pública (ofertante único ou exclusivo). Os casos de inexigibilidade de licitação estão previstos no art. 25 da Lei de Licitações, de forma meramente exemplificativa. Ou seja, a relação das hipóteses de inexigibilidade não é exaustiva, nem taxativa. O art. 25, III da Lei nº 8.666/93, é inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição, em especial, para contratação de profissional de qualquer setor artístico, diretamente ou através de empresário exclusivo, desde que consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública. Lembrem-se: a inexigibilidade de licitação é caracterizada pela inexistência de viabilidade jurídica de competição (fornecedor exclusivo, serviços especializados, artistas consagrados). É também dispensável a licitação nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando caracterizada urgência de atendimento de situação que possa