TRECHO FAZ PARTE DAS DUAS SITUAÇÕES: R$ 2milhões de propina para regulação, exportação de despojos que exclui empresas pequenas (concentrar mercado) / R$ 5 milhões proibição ivermectina (vermífugo) - ato normativo O anexo 5 da colaboração do Joesley Batista trata especificamente sobre o Mapa e as interações com Cunha e Funaro. Após a nomeação de Rodrigo Figueiredo como secretário de Defesa da Agropecuária, Lucio Funaro passou a oferecer influência para a obtenção de atos de ofício no âmbito do MAPA a fim de poder, com isso, intermediar propina para Eduardo Cunha retendo para si uma parte. JB acabou por solicitar a Lucio Funaro que conseguisse a federalização do sistema de inspeção animal no Brasil, tendo em vista que o caráter federativo desse sistema em que o porte da operação do frigorífico determina se estará sujeito a inspeção federal, estadual ou municipal cria graves distorções mercadológicas em desfavor das empresas maiores, além de graves riscos à saúde pública. Segundo o que consta do anexo, a exportação dos despojos foi regulamentada em março de 2014 e caiu em março de 2015. Joesley pediu a Funaro que interviesse junto a Rodrigo Figueiredo para obter a revogação do normativo que passara a autorizar a aplicação de vermífugos de longa duração e diluição, com a volta da exigência de aplicação de vermífugos de longo prazo de absorção total mais curto, o que evitava dificuldades fitossanitárias na exportação de carnes. O pedido acabou sendo atendido.
A propina pela regulamentação da exportação dos despojos foi estabelecida em R$ 2 milhões e foi lançada na conta corrente, mantida por Lúcio Funaro, inclusive para repasse a Eduardo Cunha. A propina pela regulamentação relativa aos vermífugos foi estabelecida em R$ 5 milhões e foi lançada na conta corrente, mantida por Lúcio Funaro, inclusive para repasse a Eduardo Cunha. R$ 30 milhões para eleição da Mesa da Câmara dos Deputados em 2014 (PMDB mineiro) Anexo 8 Entre o final de agosto de 2014 e o início de janeiro de 2015 Eduardo Cunha procurou JB e pediu propina de R$ 30 milhões alegando que precisaria do dinheiro para a campanha à presidência da câmara dos deputados e do auxílio de Ricardo Saud que gozava, naquele momento, de grande prestígio no Congresso Nacional. Os R$ 30 milhões foram pagos da seguinte forma: - R$ 10.900.000,00 - Varias notas fiscais emitidas contra a JBS entre 2/9/14 a 2/10/14. - R$ 12.000.000,00 pagos em dinheiro entregue em varias praças - R$ 5.600.000,00 através de doações oficiais ao PMDB nacional e varios correligionários de Cunha Anexo Complementar 2 - RS
Complementação do Anexo 8 - Eduardo Cunha Em meados do segundo semestre de 2014, Eduardo Cunha, prevendo que conseguiria a reeleição para a Câmara dos Deputados, manifestou, em reunião na sede da J&F, em Sâo Paulo, na minha presença (Ricardo Saud) e de JB, interesse em concorrer à Presidência da Câmara. Eduardo Cunha pediu, nessa reunião, apoio a JB e a mim para esse objetivo. JB apoiaria com recursos financeiros, e eu com gestões junto a deputados federais, principalmente das bancadas de MG e RJ e de certos líderes. Na parte dos recursos, Cunha pediu R$ 30 milhões. Na das gestões, eu deveria procurar quem tivesse recebido recursos de qualquer natures da J&F. Dos R$ 30 milhões, R$ 13.823.307,09 foram direcionados para a bancada do PMDB de Minas Gerais, a pedido de Eduardo Cunha, que indicou como coordenadores desses recursos os então deputados federais João Magalhães (PMDB MG) e Toninho Andrade. Aconteceram duas intercorrências durante esses pagamentos. Na primeira, cerca de R$ 4 milhões foram disponibilizados em dinheiro vivo, a serem entregues por meio de Lucio Funaro. Para minha surpresa, no início de novembro de 2014, vieram me visitar na sede da J&F, em São Paulo, os deputados João Magalhães e Toninho Andrade, que reclamaram que os R$ 4 milhões acertados não foram repassados por Lucio Funaro. R$ 5.964.000,00 foram pagos contra notas fiscais "frias" de serviços simulados de vários escritórios de advocacia. No que toca a reunião no final de abril de 2017 que tive com João Magalhães, ocorreu ela em minha sala, na sede da J&F, em São Paulo. O parlamentar estadual estava acompanhado de um
advogado, dr. Ildeu, proprietário do escritório Cunha Pereira & Advogados Associados. Na primeira parte da reunião, estudamos alternativas para "esquentar" nota fiscal "fria" de R$ 958.977,09 que tinha sido emitida por este escritório contra a J&F. Na segunda parte da reunião, João Magalhães voltou a falar dos R$ 4 milhões que Lucio Funaro tinha deixado de repassar. Nessa parte da conversa, João Magalhães esclarece que parte do dinheiro que tinha sido acordado com Eduardo Cunha foi distribuída, a maior parte, para Toninho Andrade e o restante entre Newton Cardoso Jr., Mauro Lopes, Saraiva Felipe, Leonardo Quintão e o próprio João Magalhães. Emenda Congresso envolvendo setor farmacêutico com inserção de jabuti para concentrar as inspeções feitas no MAPA Anexo complementar 11 JB - Eduardo Cunha: Projetos não aprovados Durantes os anos de 2014 a 2016, por iniciativa do então deputado federal Eduardo Cunha, discutimos diversos projetos de lei que poderiam ser aprovados na Câmara dos Deputados e que beneficiariam diretamente o Grupo J&F ou o setor. Normalmente, em jantares na residência oficial do presidente da Câmara dos Deputados, eu levava os interesses do Grupo J&F e discutíamos qual seria a melhor forma de redação do texto da lei ou decreto. Eduardo sugeria o instrumento legal. Daí em diante, tanto Eduardo --ao seu lado-- redigia sugestões de textos como eu pedia ao então advogado Francisco de Assis para que fizesse minutas de projetos de lei ou emendas ou outros instrumentos legislativos, conforme definido com Eduardo Cunha. Ressalto que
Francisco de Assis nunca soube qual era a articulação política que estava por trás de tais medidas, limitando-se à elaboração técnica das propostas. Não havia combinação prévia de valores a pagar a título de propina nesses caosos. Os assuntos das medidas legislativas e outras tratativas relacionadas à Câmara dos Deputados que me recordo são: - Federalização do sistema de inspeção animal (MPs 653/14 e 656/14) - Encerramento da CPI dos Fundos de Pensão - Exigência imposta às empresas de TV a Cabo para transmitir canais de agronegócio (Emenda à MP 656/14) - Crédito de imposto federal para empresas de capital intensivo (Projeto denominado Aurora Brasil) - Compensação de crédito homologado com débitos de INSS (Projeto de emenda à Lei 11.457/07) - Consolidação de IR a pagar de Empresas coligadas (embora discutido o tema, não chegou a haver minuta de projeto) - Lista geral de frigoríficos com inspeção federal não habilitados para exportação de produtos para a Europa