DIREITO PROCESSUAL PENAL Da prisão e da liberdade provisória Liberdade provisória e fiança Parte 1 Prof. Thiago Almeida
. Espécie de medida cautelar (CPP, art. 319, VIII) Liberdade provisória e fiança. Fiança: garantia em dinheiro ou outros bens, prestada em favor do imputado, como condição para concessão de sua liberdade, sendo fixadas determinadas obrigações (sob pena de quebramento) e imposição de prisão cautelar. Tem como finalidade secundária assegurar o juízo para o cumprimento de futuras obrigações financeiras. Momento: durante a investigação, no curso do processo, enquanto não houver trânsito em julgado. Após Lei 12.403/11: contracautela (flagrante) ou medida cautelar substitutiva de prisão cautelar
. Pode ser concedida sem prévia manifestação do MP, tendo vista dos autos para, após a concessão, requerer o que entender adequado (CPP, art. 333). Autoridade competente para concedê-la: - Delegado: em até 24 horas após o flagrante, nos crimes cuja pena máxima não seja superior a 4 anos (detenção ou reclusão) - Autoridade judiciária: a qualquer momento, mesmo que não se trate de flagrante, independentemente da pena. Deve ser considerada a existência de concurso de crimes e causas de aumento e de diminuição
. Valor da fiança - de 1 a 100 salários mínimos - pena máxima até 4 anos - de 10 a 200 salários mínimos - pena máxima superior a 4 anos. Novamente: deve ser considerada a existência de concurso de crimes e causas de aumento e de diminuição. Dependendo da situação econômica do preso (se rico ou pobre), a autoridade poderá: a) Dispensar a fiança; b) Reduzir em até 2/3 esses valores; c) Aumentar em até mil esses valores.
. A autoridade judiciária e o delgado podem reduzir ou aumentar os valores da fiança, mas a dispensa só quem pode autorizar é a autoridade judiciária. Parâmetros (CPP, art. 326): - a natureza da infração; - as condições econômicas do imputado; - a sua vida pregressa; - as circunstâncias indicativas de sua periculosidade ( ); - o valor provável das custas do processo, até final julgamento.
. Crimes inafiançáveis: a) Racismo (Lei 7.716/89); b) Tortura (Lei 9.455/97); c) Tráfico de drogas (Lei 11.343/06); d) Terrorismo (atenção: Lei 13.260/16!); e) Crimes hediondos (Lei 8.073/90); f) Crimes cometidos por ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático.
. Situações em que a fiança não será admitida: Liberdade provisória e fiança a) Se o réu, no mesmo processo, tiver quebrado fiança anteriormente concedida ou infringido, sem motivo justo, qualquer das obrigações impostas no arts. 327 e 328 do CPP; b) Em caso de prisão civil ou militar; c) Se estiverem presentes os motivos que autorizam a decretação da prisão preventiva, segundo o art. 312. Compromissos firmados no termo de fiança: a) Comparecer perante a autoridade (policial ou judiciária) todas as vezes que for intimado para atos do inquérito e da instrução criminal e para o julgamento;
b) Não mudar de residência sem prévia permissão da autoridade processante; c) Não se ausentar por mais de 8 dias de sua residência sem comunicar à autoridade processante o lugar onde será encontrado.. Quebramento da fiança. Se o imputado descumpre compromissos fixados pela lei ou pela autoridade judiciária. Consequências: a) perda de metade do valor dado em fiança;
b) imposição de outras medidas cautelares (art. 319) ou até mesmo a decretação da prisão preventiva do indiciado/réu se o juiz entender que somente a segregação é suficiente para o caso concreto; c) impossibilidade de ser concedida nova fiança ao indiciado/réu neste mesmo processo.. Hipóteses: quando o imputado (CPP, art. 341)... I - regularmente intimado para ato do processo, deixar de comparecer, sem motivo justo; II - deliberadamente praticar ato de obstrução ao andamento do processo;
III - descumprir medida cautelar imposta cumulativamente com a fiança; IV - resistir injustificadamente a ordem judicial; V - praticar nova infração penal dolosa.. Contra a decisão que decretou o quebramento: recurso em sentido estrito (CPP, art. 581, VI). Porém, se a decisão que julgar quebrada a fiança for proferida no bojo da sentença penal condenatória, o réu terá que impugnar o quebramento por meio de apelação
. Perda da fiança. Se o acusado for condenado e não se apresentar para o início do cumprimento da pena definitivamente imposta, haverá a perda da totalidade do valor da fiança (art. 344). Também aplicável à hipótese de pena restritiva de direitos ou multa. Cassação da fiança. Anulação ou cancelamento da fiança concedida indevidamente ou que atualmente não é mais possível. Somente juízes ou tribunais podem reputá-la inidônea ou torná-la sem efeito