AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE CONTAMINAÇÃO DE ÁGUAS E IMPACTO AMBIENTAL DE AGROTÓXICOS APLICADOS NO ESTADO DO TOCANTINS

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Transcrição:

AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE CONTAMINAÇÃO DE ÁGUAS E IMPACTO AMBIENTAL DE AGROTÓXICOS APLICADOS NO ESTADO DO TOCANTINS Nemésia Míriam Araújo Abreu 1 ; Liliana Pena Naval 2 ; 1 Aluno do Curso de Engenharia Ambiental; Campus de Palmas; e-mail: miriamabreu2702@gmail.com PIBIC/CNPq 2 Orientadora do Curso de Engenharia Ambiental; Campus de Palmas; e-mail: liliana@uft.edu.br RESUMO A utilização de agrotóxicos tem sido fator importante no que se refere à produção de alimentos. No entanto, entender a dinâmica desses compostos e a relação deles com os recursos hídricos tem se tornado interesse de estudos científicos. Assim no presente trabalho objetiva-se avaliar o potencial de contaminação das águas superficiais e subterrâneas dos principais agrotóxicos aplicados no Estado do Tocantins, e seus possíveis impactos ambientais em relação aos efeitos tóxicos no ambiente. A partir de levantamento de dados sobre suas propriedades físico-químicas, suas características toxicológicas e ecotoxicológicas posteriormente são aplicados os critérios de Screening, índice de GUS, critérios propostos por Goss e o Quociente de Impacto Ambiental (QIA). Estudando os ingredientes ativos dos agrotóxicos e o seu comportamento em águas superficiais e subterrâneas é possível presumir os seus possíveis efeitos no que diz respeito à qualidade da água e observar o potencial de contaminação nesses recursos, bem como seu comportamento no meio ambiente. Palavras-chave: Qualidade da água; Agrotóxicos; Lixiviação. INTRODUÇÃO No desenvolvimento das atividades agrícolas se faz necessário o uso de grandes quantidades de água, logo o que aproxima essas atividades de regiões ricas em recursos hídricos, com isso a problemática da contaminação destes recursos, tanto superficial como subterrâneo, tem sido influenciada pelo uso intensivo dos agrotóxicos. Os produtos que têm a finalidade de proteger as lavouras de forma a combater as pragas ou as doenças que as ameacem, sendo eles de qualquer natureza, recebem o nome de agrotóxicos. A utilização dos mesmos se tornou praticamente irreversível, devido a grande exigência de alimentos, Página 1

influenciada pelo aumento populacional. Esta utilização deveria ocorrer de forma controlada, de modo a beneficiar a agricultura e a não prejudicar o meio ambiente (SANTOS, 2009). Os agrotóxicos podem ser classificados como inseticidas (controle de insetos), fungicidas (controle de fungos), herbicidas (controle de plantas invasoras), desfolhantes (controle de folhas indesejadas), fumigantes (controle de bactérias do solo), rodenticidas ou raticidas (controle de roedores/ratos), nematicidas (controle de nematoides) e acaricidas (controle de ácaros) (RIBAS, 2009). De acordo com Ribeiro e Vieira (2010) conhecer as propriedades físicas e químicas dos contaminantes ajuda a prever onde possivelmente eles estarão em maiores concentrações nos diferentes compartimentos do ecossistema. Alguns tipos de agrotóxicos, ao permanecerem no ambiente ou atingirem o meio aquático, oferecem riscos para espécies animais por sua toxidade e possibilidade de bioacumulação ao longo da cadeia alimentar. Diante desse quadro, a identificação e avaliação de perigos ambientais e riscos à saúde se tornam importantes ferramentas para contribuir com o controle e prevenção da exposição da população a resíduos tóxicos. (MILHOME, 2009). Assim, busca-se a realização de um estudo sobre o potencial de contaminação de águas superficiais e subterrâneas pelos principais agrotóxicos utilizados no estado do Tocantins, bem como o potencial de Impacto Ambiental provocados pelos mesmos. MATERIAL E MÉTODOS Foram estudadas as cidades maior atividade agrícola no Estado do Tocantins conforme os dados foram disponibilizados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), são elas: Porto Nacional, Paraíso, Palmas, Peixe, Gurupi, São Valério da Natividade, Natividade, Chapada da Natividade, Araguatins, Carrasco Bonito e Esperantina. Realizou-se um levantamento de dados feito junto ao órgão público responsável pela fiscalização e o comércio de agrotóxicos no Tocantins ADAPEC (Agência de Defesa Agropecuária) sobre os principais agrotóxicos utilizados nas áreas de cultivo da região estudada Para o levantamento dos ingredientes ativos, características toxicológicas e ecotoxicológicas dos agrotóxicos aplicados nas equações utilizadas para as análises realizadas, foram consultadas sites como AGROFIT, AGRITOX, NORTOX e PPDB. E para o levantamento das propriedades físicoquímicas do agrotóxicos a consulta foi feita no site FOOTPRINT. Para avaliação do potencial de contaminação dos ingredientes ativos propostos neste trabalho utilizou-se dos critérios: screening e índice de GUS (COHEN et. al, 1995), Goss (1992) e QIA (Quociente de Impacto Ambiental) (KOVACH et al., 1992). Página 2

RESULTADOS E DISCUSSÃO De acordo com os levantamentos foram analisados 43 produtos mais utilizados nas regiões agricultáveis estudadas do estado do Tocantins, os quais pertencem a diferentes grupos químicos e com toxidades específicas. Observa-se que são cinco classes mais utilizadas que são Acaricida, Formicida, Fungicida, Herbicida e Inseticida, onde os inseticidas aparecem em maior quantidade. Aplicação do método de goss para avaliação da contaminação de águas superficiais Nota-se que em relação às águas superficiais é necessária maior atenção sobre a possível contaminação, visto que dos princípios ativos avaliados, 34,88% apresentaram alto potencial de contaminação dissolvido em água, 39,53% médio potencial e 25,59% baixo potencial. Já com relação ao potencial de transporte associados ao sedimento 6,98% apresentaram alto potencial, 69,77% médio e 23,25% baixo. De acordo com Milhome (2009) ao ser feita a comparação entre o modelo já apresentado e os que serão apresentados posteriormente, é perceptível que alguns pesticidas apresentaram potencial de contaminação em águas superficiais e subterrâneas, sendo recomendado o monitoramento constante dos níveis desses resíduos. Aplicação dos critérios de Screening: índice de GUS e Critérios da EPA para avaliação da contaminação de águas subterrâneas Observando as avaliações feitas para as águas subterrâneas os princípios ativos não contaminantes se sobressaíram, os valores obtidos pelo índice de GUS foram que 60,46% dos agrotóxicos não sofrem lixiviação (GUS<1,8); 16,28% estão na faixa de transição (1,8<GUS<2,8); E 23,26% provavelmente sofrerão lixiviação (GUS>1,8). Já segundo a análise feita dentro dos critérios de Screening, 51% dos agrotóxicos foram considerados Não Contaminantes (NC) e 49% foram considerados como Contaminantes em potencial (PC). Apesar da maior parte dos agrotóxicos não serem contaminantes para as águas subterrâneas é preciso continuar a atentar-se para os contaminantes. De acordo com Canuto (2010) tendo em vista que os valores dos parâmetros Koc e DT50 utilizados se baseiam em dados da literatura, portanto podendo subestimar ou superestimar os resultados para os compostos na aplicação do índice de GUS. Ressalta ainda que as condições de aplicação, o índice pluviométrico, a temperatura e as características do solo, devem ser também consideradas. Tais parâmetros podem contribuir em conjunto com as propriedades físicas e químicas Página 3

para aumentar o potencial inerente ao agrotóxico, causando a contaminação das águas subterrâneas ou superficiais. Aplicação do índice QIA(Quociente de Impacto Ambiental) para Avaliação dos impactos Ambientais provocados pelos agrotóxicos. Em relação à avaliação do impacto pelo índice QIA, ela se faz importante para a observação do comportamento desses compostos no meio ambiente. Os valores obtidos para os riscos que eles oferecem ao trabalhador, ao consumidor e ao meio ambiente em geral e por fim o valor do impacto ambiental gerado é de grande importância para que os que utilizarão esses produtos escolham de forma mais consciente. Dentre os pesticidas mais utilizados no estado do Tocantins o que apresentou maior potencial de impacto ambiental foi o Paraquate (51,33), pertencente à classe dos herbicidas e o de menor impacto foi a Lufenuron (12,67), que faz parte da classe dos inseticidas. Os dados encontrados para o Carbofurano não foram suficientes para determinação do QIA, Kovach (1992) encontrou o valor de (50,67) para ele, que o coloca como um dos que possui QIA mais elevado. Tal diferença pode estar associada a consultas de dados em fontes distintas (KARAM, 2009). O QIA pode auxiliar desde a escolha do agrotóxico pelo produtor, quanto em técnicas de gestão de pragas. Karam (2009) expõe que a utilização dos métodos que avaliam o comportamento de produtos fitossanitários no ambiente é de grande importância no que diz respeito à tomada de decisões do agricultor em relação à escolha do produto químico a ser aplicado, assim, ele poderá escolher de forma mais consciente. LITERATURA CITADA AGRITOX, AGENCE FRANCAISE DE SECURITÉ SANITAIRE DES ALIMENTS: base de données sur les substances actives phytopharmaceutiques. Disponível em: http://www.dive.afssa.fr/agritox/index.php. AGROFIT, Consulta de ingrediente ativo. Disponível em: < http://extranet.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons> CANUTO, T. G. E. A., Estimativa Do Risco Potencial De Contaminação Por Pesticidas De Águas Superficiais E Subterrâneas Do Município De Tianguá-Ce, Com Aplicação Do Método De Goss E Índice De Gus. XVI Congresso Brasileiro De Águas Subterrâneas E XVII Encontro Nacional De Perfuradores De Poços. 2009. GOSS, D.W. Screening procedure for soils and pesticides for potential water quality impacts. Weed Technology, Champaign, v.6, n.4, p.701-708, 1992. Página 4

IBGE. Cidades. Disponível em: < http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1> KARAM, D. et. al., Potencial de contaminação ambiental de Herbicidas utilizados na cultura do milho. São Lourenço-MG. 2009. KOVACH, J.; PeTZOlDT, C., TeTTe, J.; A method to measure the enviromental impact of pesticides. New York s Food and Life Sciences Bulletin, New York, v. 139, p. 1-8. 1992. MILHOME, M. A. L. E. A., Avaliação do potencial de contaminação de águas superficiais e subterrâneas por pesticidas aplicados na agricultura do Baixo Jaguaribe; CE. Eng Sanit Ambient, Ceará, v. 14, n. 3, p. 363-372, jul/set 2009. NORTOX S.A. Consulta de dados dos agrotóxicos. Disponível em: <http://www.nortox.com.br>. PPDB, Pesticide Properties DataBase; Consulta de propriedades ecotoxicológicas dos agrotóxicos. Disponível em: <http://sitem.herts.ac.uk/aeru/ppdb/en/atoz.htm>. RIBAS, P. P.. M. A. T. S., A Química Dos Agrotóxicos: Impacto Sobre A Saúde E Meio Ambiente. Liberato, Novo Hamburgo, v. 10, n. 14, p. 149-158, Jun./Dez. 2009. RIBEIRO, D. H. B.; VIEIRA, E., Avaliação Do Potencial De Impacto Dos Agrotóxicos No Meio Ambiente. Instituto Biológico, 11 Março 2010. Disponivel em: <www.biologico.sp.gov.br/artigos_okphp?id_artigo=124>. Acesso em: 12 Janeiro 2014. SANTOS, J. S., Remediação De Solos Contaminados Com Agrotóxicos Pelo Tratamento Com Radiação Gama. Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares. São Paulo, p. 1-50. 2009. AGRADECIMENTOS "O presente trabalho foi realizado com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq Brasil" Página 5