CRIMES DE TRÂNSITO I

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Transcrição:

Crimes de Trânsito I LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO CRIMES DE TRÂNSITO I Neste curso, vamos trabalhar os crimes de trânsito previstos na Lei n. 9.503/1997. DOS CRIMES DE TRÂNSITO (ARTS. 291 AO 312 DO CTB) Art. 291. Aos crimes cometidos na direção de veículos automotores, previstos neste Código, aplicam-se as normas gerais do Código Penal e do Código de Processo Penal, se este Capítulo não dispuser de modo diverso, bem como a Lei n. 9.099, de 26 de setembro de 1995, no que couber. no Código de Trânsito Brasileiro (CTB), bicicletas, carroças e carrinhos de mão não são considerados veículos automotores. Caso apareça, em prova, a sentença um cidadão, conduzindo uma bicicleta, atropelou e matou um pedestre não é considerado um crime de trânsito, pois está previsto no Código Penal e não no CTB. Dessa forma, o CTB é aplicável aos crimes cometidos na direção de veículos automotores. Quando o CTB não tratar sobre o crime, a pessoa não fica isenta de culpa, pois aplica-se as normas do Código Penal, do Processo Penal ou da Lei n. 9.099/1995. 1º Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão corporal culposa o disposto nos arts. 74, 76 e 88 da Lei n. 9.099, de 26 de setembro de 1995, exceto se o agente estiver: I sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que determine dependência; II participando, em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilística, de exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela autoridade competente; III transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 km/h (cinquenta quilômetros por hora). 2º Nas hipóteses previstas no 1º deste artigo, deverá ser instaurado inquérito policial para a investigação da infração penal. 1

LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO Crimes de Trânsito I Comentários aos artigos 74, 76 e 88 da Lei n. 9.099/95 Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo juiz mediante sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo civil competente. Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal pública condicionada à representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou representação. Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta. 1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o juiz poderá reduzi-la até a metade. 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado: I ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de liberdade, por sentença definitiva; II ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela aplicação de pena restritiva ou multa, nos termos deste artigo; III não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida. 3º Aceita a proposta pelo autor da infração e seu defensor, será submetida à apreciação do juiz. 4º Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo autor da infração, o juiz aplicará a pena restritiva de direitos ou multa, que não importará em reincidência, sendo registrada apenas para impedir novamente o mesmo benefício no prazo de cinco anos. 5º Da sentença prevista no parágrafo anterior caberá a apelação referida no art. 82 desta Lei. 6º A imposição da sanção de que trata o 4º deste artigo não constará de certidão de antecedentes criminais, salvo para os fins previstos no mesmo dispositivo, e não terá efeitos civis, cabendo aos interessados propor ação cabível no juízo cível. 2

Crimes de Trânsito I LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá de representação a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas. o cidadão que pratica crime de lesão corporal ou qualquer outro previsto no CTB, se estiver dentro do critério das penas de até 2 (dois) anos, terá os benefícios previstos na Lei n. 9.099/ 1995, ou seja, o direito às penas restritivas de direito. Art. 292. A suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor pode ser imposta isolada ou cumulativamente com outras penalidades. (Redação dada pela Lei n. 12.971, de 2014) Obs.1.: caso o condutor de veículo cometa infração de trânsito, recebendo 20 (vinte pontos) na carteira, ele poderá ter a CNH suspensa de 1 mês a 1 ano ou, se reincidente, de 6 meses a 1 ano. Obs.2.: caso o condutor cometa um crime de trânsito, a prerrogativa de suspender a CNH é do juiz (autoridade judiciária) o qual pode aplicar pena de suspensão ou proibir o condutor que cometeu tal crime de tirar a CNH de forma isolada ou cumulativa, ou seja, ele pode aplicar somente a suspensão do direito de dirigir (por 2 meses a 5 anos) e/ou proibir o condutor de tirar a CNH (por até 5 anos). Art. 293. A penalidade de suspensão ou de proibição de se obter a permissão ou a habilitação, para dirigir veículo automotor, tem a duração de dois meses a cinco anos. 1º Transitada em julgado a sentença condenatória, o réu será intimado a entregar à autoridade judiciária, em quarenta e oito horas, a Permissão para Dirigir ou a Carteira de Habilitação. 3

LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO Crimes de Trânsito I 2º A penalidade de suspensão ou de proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor não se inicia enquanto o sentenciado, por efeito de condenação penal, estiver recolhido a estabelecimento prisional. assim que a sentença transitar em julgado, o juiz determina ao condutor a entrega da CNH em até 48 horas. Caso o condutor descumpra este prazo, ele comete o crime de violação à suspensão aplicada pelo juiz previsto no art. 307, podendo receber nova pena de suspensão. Lembre-se de que a suspensão do direito de dirigir não inicia enquanto a pessoa estiver num estabelecimento prisional, ou seja, o cumprimento da suspensão do direito de dirigir inicia após o cumprimento da pena em estabelecimento prisional. Art. 294. Em qualquer fase da investigação ou da ação penal, havendo necessidade para a garantia da ordem pública, poderá o juiz, como medida cautelar, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público ou ainda mediante representação da autoridade policial, decretar, em decisão motivada, a suspensão da permissão ou da habilitação para dirigir veículo automotor, ou a proibição de sua obtenção. Parágrafo único. Da decisão que decretar a suspensão ou a medida cautelar, ou da que indeferir o requerimento do Ministério Público, caberá recurso em sentido estrito, sem efeito suspensivo. Art. 295. A suspensão para dirigir veículo automotor ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação será sempre comunicada pela autoridade judiciária ao Conselho Nacional de Trânsito CONTRAN, e ao órgão de trânsito do Estado em que o indiciado ou réu for domiciliado ou residente. Art. 296. Se o réu for reincidente na prática de crime previsto neste Código, o juiz aplicará a penalidade de suspensão da permissão ou habilitação para dirigir veículo automotor, sem prejuízo das demais sanções penais cabíveis. Art. 297. A penalidade de multa reparatória consiste no pagamento, mediante depósito judicial em favor da vítima, ou seus sucessores, de quantia calculada com base no disposto no 1º do art. 49 do Código Penal, sempre que houver prejuízo material resultante do crime. 4

Crimes de Trânsito I LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO 1º A multa reparatória não poderá ser superior ao valor do prejuízo demonstrado no processo. 2º Aplica-se à multa reparatória o disposto nos arts. 50 a 52 do Código Penal. 3º Na indenização civil do dano, o valor da multa reparatória será descontado. COMENTTÁRI Breve relato sobre a imposição da multa reparatória aos crimes de trânsito: Destina-se apenas a cobrir os danos materiais sofridos pela vítima (não abrangendo danos morais), não podendo, pois, ser superior ao prejuízo demonstrado no processo; ademais, o valor fixado pelo juiz deve ser descontado de eventual indenização civil posterior, evitando-se, assim, enriquecimento ilícito da vítima; Diferentemente da pena de multa, imposta em condenação criminal, cujo valor é depositado no fundo penitenciário, a multa reparatória é devida diretamente à vítima ou seus sucessores (segundo o artigo 51 do Código Penal, que também lhe é aplicável, alterado pela Lei n. 9.268/96, transitada em julgado a sentença condenatória, a multa passa a ser considerada dívida de valor e, portanto, pode ser executada mediante ação judicial); O seu cálculo, segundo artigo 49 do Código Penal, pode ensejar uma quantia de, no mínimo, 10 (dez) e, no máximo, 360 (trezentos e sessenta) dias-multa, sendo que cada dia-multa será fixado pelo juiz, entre um trigésimo do maior salário mínimo mensal vigente e cinco vezes esse salário; O pagamento deve ser realizado dentro de 10 dias depois de transitado em julgado a sentença, podendo ser parcelado, conforme as circunstâncias, mediante decisão judicial ou, em alguns casos, descontado diretamente no vencimento ou salário do condenado; além disso, é suspenso se sobrevém ao condenado doença mental (artigos 50 e 52 do Código Penal). 5

LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO Crimes de Trânsito I Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula preparada e ministrada pelo professor Paulo Sérgio. 6