DIREITOS HUMANOS Estatuto de Roma e o Tribunal Penal Internacional Parte 1. Profª. Liz Rodrigues
- A Convenção para a Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio (1948) já previa a criação de um tribunal internacional para o julgamento de pessoas, em situações de extrema gravidade. - Porém, apenas em 1998, com o Estatuto de Roma, é que o Tribunal Penal Internacional foi efetivamente criado. - O Estatuto entrou em vigor em 2002 e o TPI foi instalado oficialmente em 2003.
- O Tribunal Penal Internacional é uma instituição permanente, com jurisdição sobre pessoas responsáveis por crimes de maior gravidade, desde que atendidos alguns requisitos. - Este tribunal é complementar e subsidiário às jurisdições penais nacionais. - O TPI tem personalidade jurídica própria, mas pode atuar em cooperação com a Organização das Nações Unidas. Há um acordo específico entre as duas instituições.
- Brasil: participa do TPI desde 2002. - Observe: - Art. 5º, 4º, CF/88: O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão.
- A sede do TPI fica em Haia (Países Baixos), mas pode funcionar em outro local, se necessário. - A adesão ao TPI se faz pela ratificação do Estatuto de Roma; não são admitidas reservas. - O Estado pode retirar-se do tratado, mas a denúncia só produzirá efeitos após um ano do recebimento da notificação escrita pelo Secretário-Geral da ONU.
- Competência material: crimes de genocídio, crimes contra a humanidade, crimes de guerra e crimes de agressão. A Conferência de Kampala (2010) definiu os crimes de agressão. - Há algumas limitações na atuação do TPI: o tribunal só age em caso de crimes mais graves que afetam a comunidade internacional.
- Em se tratando de crimes contra a humanidade, só quando o ato for parte de um ataque generalizado ou sistemático contra a população civil. - Em caso de crimes de guerra, é preciso que os atos sejam parte de um plano ou de uma política ou como parte de uma prática em larga escala desse tipo de crime.
- Crime de genocídio (art. 6º, Estatuto): exige a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso e inclui as seguintes condutas: - Homicídio de membros do grupo; - Ofensas graves à integridade física ou mental de membros do grupo; - Sujeição intencional do grupo a condições de vida com vista a provocar sua destruição física, total ou parcial;
- Imposição de medidas destinadas a impedir nascimentos no seio do grupo; - Transferência, à força, de crianças do grupo para outro grupo; - Crime de agressão: o planejamento, a preparação, o início ou a execução, por pessoa em posição efetiva para exercer controle ou dirigir a ação política ou militar de um Estado, de um ato de agressão o qual, pelo seu caráter, gravidade e escala, constitui violação manifesta da Carta das Nações Unidas (Kampala).
- Crimes contra a humanidade (art. 7º, Estatuto): são atos cometidos em um quadro de um ataque, generalizado ou sistemático, contra qualquer população civil, podendo incluir homicídio, extermínio, escravidão, deportação ou transferência forçada de uma população, prisão ou outra forma de privação da liberdade física grave, em violação das normas fundamentais de direito internacional, tortura, agressão sexual, escravatura sexual, prostituição forçada, gravidez forçada, esterilização forçada ou qualquer outra forma de violência no campo sexual.
- Também são crimes contra a humanidade a perseguição de um grupo ou coletividade que possa ser identificado, por motivos políticos, raciais, nacionais, étnicos, culturais, religiosos ou de gênero, o desaparecimento forçado de pessoas, o crime de apartheid e outros atos desumanos de caráter semelhante, que causem intencionalmente grande sofrimento, ou afetem gravemente a integridade física ou a saúde física ou mental.