Jardim da Fundação Calouste Gulbenkian



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Transcrição:

HORTO DO CAMPO GRANDE MAGAZINE ANO XVI NÚMERO 18 2013 P.V.P. 7 Jardim da Fundação Calouste Gulbenkian Entrevista com Lívia Tirone Passeio dos Clérigos Jardins Maduros Royal Óbidos Spa & Golf Resort

Desfrute do seu tempo livre enquanto cuidamos das suas plantas Substrato universal Floragard Óptima absorção de água, graças ao Aqua-Plus Guano activa a vida do solo de forma natural Crescimento vigoroso e duradouro com o adubo Premium Das Dar Beste o melhor. geben. Desde Seit 1919! www.floragard.de Tel. +49 (0) 441-2092-0

04 Entrevista Lívia Tirone 08 Jardim da Fundação Calouste Gulbenkian 20 Passeio dos Clérigos 26 Jardins Maduros 34 Shopping 36 Royal Óbidos Spa & Golf Resort 42 ROCK IN RIO LISBOA 2012 48 Entrevista Ana Rita Clara 50 Shopping 52 Os benefícios das plantas 56 Shopping 60 Entrevista Patrícia Castello-Branco 62 Breves 72 Shopping HORTO DO CAMPO GRANDE MAGAZINE ANO XVI NÚMERO 18 2013 P.V.P. 7 08 20 26 42 Direcção Pedro Pulido Valente Coordenação Editorial Maria João Mendes Pinto Redacção Rita Froes Luís Marketing e Promoção Aurora Gonçalves e Joana Miguel PAGINAÇÃO Ana Gil, Patrícia Barata e Vanda Nascimento DireCÇão de Produção Luís Assunção Pré-impressão, IMPRESSÃO E ACABAMENTO Pré&Press Lugar da Charneca de Baixo, Armazém L, 2710-449 Ral Sintra EDITOR, Administração, Redacção e publicidade Companhia das Cores Design e Comunicação Empresarial, Lda., Rua Sampaio e Pina, n. o 58-2.º Dto., 1070-250 Lisboa T.: 21 382 56 10 F.: 21 382 56 19 E-mail: marketing@ companhiadascores.com matric. C.R.C. Lisboa n. o 06873, Capital Soc. 20.000, Contr. n. o 504083333. Horto do Campo Grande Magazine é uma publicação periódica registada com o n.º 119 269 propriedade de Companhia das Cores Design e Comunicação Empresarial, Lda., Depósito Legal n. o 97 227/96 Tiragem: 10.000 exemplares Outras Publicações Companhia das Cores Ambiente Câmaras Verdes Jornal de Ambiente e Energia; Moda Loja das Meias Magazine Distribuída pela Loja das Meias; Cabeleireiros Lupa Distribuída pela Lupabiológica; Tom sobre Tom; EMPRESARIAL Betão Distribuída pela APEB; ESTÉTICA PROFISSIONAL Estética Viva; Luxo e Lifestyle Turbilhão; Perfumaria e cosmética Balvera Magazine Distribuída pelas Perfumarias Balvera; Perfumes & Co. Distribuída pelas Perfumarias Barreiros Faria, Perfumes e Cª, Quinta Essência Perfumaria, Perfumarias Anita e Mars Perfumarias; Solidariedade AMI Notícias. 52

Conheça os nossos espaços e serviços. Soluções personalizadas para criar e manter ambientes, dentro e fora de casa. Concepção, execução e manutenção de jardins Integração e recuperação paisagística Venda, aluguer e manutenção de plantas e flores Decorações especiais Centros de Jardinagem abertos ao público também aos Sábados, Domingos e Feriados Centro de Jardinagem do Campo Grande Campo Grande, 171, 1700-090 Lisboa T. (+351) 217 826 660 F. (+351) 217 934 088 E-mail: info@hortodocampogrande.com Garden Center Quinta da Eira E.N. 9, Rotunda do Linhó, 2710-331 Sintra T. (+351) 219 240 252 F. (+351) 219 246 164 Centro de Jardinagem Bonsais de Campolide Rua de Campolide, 270 A, 1070-039 Lisboa T. (+351) 213 827 450 Centro de Jardinagem Fernão Ferro E.N. 378, Km 7, 2865-413 Fernão Ferro T. (+351) 212 128 210 Loja Setúbal C.C. Jumbo Pão de Açúcar, Loja 36, 2900-411 Setúbal T. (+351) 265 591 676 Loja Alfragide C.C. Alegro, Loja 49, Piso 0, 2720-543 Alfragide T. (+351) 214 187 871. www.hortodocampogrande.com

HORTO DO CAMPO GRANDE MAGAZINE 03 caro leitor, Nesta edição, debruçamo-nos sobre o tema da sustentabilidade e temos como convidada especial, a arquitecta Lívia Tirone, uma referência na área da arquitectura sustentável em Portugal e coordenadora da iniciativa Construção Sustentável. É com muita satisfação que damos a conhecer a recente associação entre o Horto do Campo Grande e a Construção Sustentável, que vem permitir a partilha de know-how, potenciando a actividade de ambas as entidades na implementação das melhores soluções na área da construção de espaços verdes sustentáveis. Uma parceria que acontece naturalmente tendo em conta que o compromisso com a sustentabilidade é desde sempre intrínseco ao código de valores do nosso Grupo. Aceite o nosso convite e venha (re)descobrir a história de um dos mais emblemáticos espaços verdes em Lisboa, o Jardim da Fundação Calouste Gulbenkian. Um espaço encantador, mágico até, que partilha a vida dos portugueses desde o início dos anos 60. Este jardim, que à data da sua inauguração apresentava já preocupações ao nível da sustentabilidade, traduzidas na implementação de soluções construtivas altamente inovadoras, soube receber a passagem do tempo com esplendor. Evoluiu e amadureceu, presenteando quem por ali passa com a sua beleza intemporal. Intervenções pontuais e o projecto de requalificação que está neste momento em curso são passos importantes para a adaptação deste espaço tão singular à fruição de novas vivências....o compromisso com a sustentabilidade é desde sempre intrínseco ao código de valores do nosso Grupo. Novas vivências é também o que projectos como a requalificação da Praça de Lisboa, no Porto, proporcionam a quem deles usufrui. Devolvido à cidade e à população sob o nome Passeio dos Clérigos, este projecto tem como uma das maiores inovações sustentáveis a implementação de uma cobertura verde sobre a zona comercial, o que traz benefícios ambientais. Um desafio, entre muitos outros, que poderá conhecer melhor nesta edição. Boa leitura. Pedro Pulido Valente ppv@hortodocampogrande.com

HORTO DO CAMPO GRANDE MAGAZINE 04 Lívia Tirone, iniciativa Construção Sustentável Revejo-me na inteligência quando esta é também emocional.

HORTO DO CAMPO GRANDE MAGAZINE 05 Lívia Tirone é um nome incontornável quando se fala de arquitectura sustentável em Portugal. A arquitecta, promotora da iniciativa Construção Sustentável (ver caixa), conversou connosco sobre os desafios deste tema e o papel de cada um. Sensibilização e Inteligência parecem ser as vias para sociedades mais equilibradas e com maior qualidade de vida. HORTO DO CAMPO GRANDE MAGAZINE: É uma pioneira da área da construção sustentável em Portugal, tendo projectado as primeiras casas sustentáveis e bioclimáticas no nosso país. Pode explicar brevemente este conceito e os objectivos a que responde? Lívia Tirone: Não posso assumir o papel de ter sido a primeira autora de casas bioclimáticas em Portugal, simplesmente porque este conceito tem origem nos nossos antepassados, apenas não tinha o nome que hoje lhe damos: construção sustentável. O conceito, no entanto, mantém-se fiel aos seguintes princípios: edifícios que colaboram com o clima local e com a natureza em que se inserem, para oferecer as melhores condições de conforto e de salubridade aos seus habitantes, utilizando as melhores tecnologias disponíveis e dependendo minimamente de recursos naturais finitos. A sustentabilidade também se constrói Da autoria de Lívia Tirone, o livro Construção Sustentável Soluções Eficientes Hoje, a nossa Riqueza de Amanhã, surgiu em 2007, como uma das primeiras fontes de informação sobre o tema, em Portugal. A publicação representou também a primeira actividade da iniciativa Construção Sustentável, promovida pela arquitecta, e que daria origem ao site com o mesmo nome. O objectivo é reunir saber, promover diálogo entre os vários agentes associados (directa ou indirectamente) ao mercado da construção e dar resposta à crescente procura de práticas e soluções de sustentabilidade. Assim, quem vá a www.construcaosustentavel.pt pode ficar a par do calendário de eventos e formações e acompanhar as actividades desenvolvidas por laboratórios e grupos de trabalho. A isto acresce- -se ainda o acesso a apresentações e publicações sobre o tema, com destaque para a revista Construção Sustentável, que também pode ser adquirida no Horto do Campo Grande. Para além de pretender aprofundar os conhecimentos dos técnicos com actividade no sector da construção, a publicação tem por objectivo dotar os proprietários de imóveis da informação necessária para a correcta tomada de decisões no âmbito energético-ambiental. Tudo para cumprir a missão de contribuir para a prosperidade da nossa sociedade, assentando numa elevada eficiência na utilização de recursos e na efectiva transformação de recursos renováveis. H.C.G.M.: Em termos concretos, quais as medidas práticas que distinguem um projecto de construção sustentável daquele que não o é? L.T.: A envolvente do edifício tem práticas de construção sustentável que obedece a algumas funções: reflecte o que do clima não é desejado no interior; armazena o que do exterior apenas precisa numa altura em que já não está disponível; atenua o que chega em excesso; admite o que precisa no momento e redirecciona o que é necessário noutro local... Para tal, integra especificamente alguns elementos, como os sombreamentos exteriores em fachadas expostas a raios solares excessivos, e as paredes trombe, que armazenam o calor da radiação solar diurna e permitem a sua transmissão para o interior durante a noite. O isolamento térmico, aplicado de modo contínuo e pelo exterior, e os vãos envidraçados, com as dimensões e as orientações adequadas, para admitirem a radiação solar necessária para o aquecimento dos espaços interiores durante o Inverno e evitarem o sobreaquecimento durante o Verão, são outros dois exemplos. Mas existem muitos mais. H.C.G.M.: Que casos pode apontar como exemplares em termos de construção sustentável, a nível nacional e internacional? L.T.: Existem diversos edifícios e mesmo contextos urbanos que respeitam muitos dos princípios da construção sustentável, conseguindo resultados positivos. Entre eles encontram-se edifícios de escritórios, de habitação e institucionais, de equipamentos. Alguns ganharam prémios, outros apenas visibilidade e reconhecimento internacional e nacional, mas não penso que cabe a mim enumerá-los. H.C.G.M.: Quais os grandes desafios que temos pela frente para tornar a arquitectura sustentável uma prática real e comum? L.T.: Sobretudo a sensibilização de quem procura uma casa, um escritório ou um espaço institucional, porque quem encomenda ou compra tem o poder de definir as qualidades e o desempenho que pretende, desde que saiba o que pode exigir. ISSN 2182-181X

HORTO DO CAMPO GRANDE MAGAZINE 06 Após mudarmos a cultura de quem procura, teremos certamente uma grande capacidade de influenciar o prescritor (equipa de projecto). Depois de dados estes passos, precisaremos de políticas acertadas e sábias e de um desenvolvimento tecnológico à escala dos sistemas urbanos. H.C.G.M.: Pode dar alguns exemplos de boas práticas, acessíveis ao cidadão comum, no sentido de melhorar o desempenho energético ou ambiental da sua habitação, do seu local de trabalho ou mesmo do seu bairro? L.T.: Já que nos encontramos no contexto de uma publicação que retrata como tema central os jardins e a natureza em contexto urbano, que tal plantar espécies autóctones em vasos, varandas, fachadas ou coberturas? A criação de coberturas ou de fachadas vivas é um excelente exemplo de uma medida que traz consideráveis benefícios, a diversas escalas. Ao nível dos edifícios, estes espaços verdes atenuam os extremos de temperatura que se fazem sentir no interior. E no contexto da cidade, oferecem também um excelente contributo, através da mitigação do efeito ilha de calor urbano e da melhoria da qualidade do ar. Além disso, a presença da natureza também contribui, sem qualquer dúvida, para o bem-estar generalizado e para o conforto das pessoas que utilizam os espaços exteriores. H.C.G.M.: Num tempo em que mais de metade da população mundial habita em contexto urbano, defende conceitos como o de smart city e o de resiliência urbana. Em que consistem? L.T.: Estes são conceitos com significados diferentes. Longe de me deixar fascinar por sistemas sofisticados, revejo-me na inteligência, quando esta consegue ser também emocional e não apenas tecnológica. Se entendermos a cidade como sistema complexo, constituído por inúmeros sistemas que funcionam simultaneamente, a inteligência passa por fazer com que todos estes colaborem a favor dos objetivos colectivos dos seus habitantes. Isso é uma smart city. Por outro lado, a resiliência urbana é um conceito que ainda precisa de ser compreendido pela sociedade, porque parte da flexibilidade e da capacidade de adaptação, a favor da qualidade de vida da maioria dos cidadãos. Isso é algo impossível para muitas instituições que concentram o poder de decisão, e que, a custo desse bem- -estar colectivo, agarram-se ao que conhecem como espaço de conforto. Porquê? Porque o podem fazer! H.C.G.M.: E fora das cidades, que desafios se colocam? Uma menor densidade populacional e um contexto mais rural não correspondem obrigatoriamente a uma construção e a uma existência sustentáveis L.T.: A resposta de modelo habitacional para o campo não é linear. Depende muito do contexto, dos recursos disponíveis, da cultura, da exposição ao clima e por ventura a riscos, dos ecossistemas locais... Não será um limite à densidade máxima populacional ou construtiva que, de forma alguma, pode assegurar uma maior qualidade de vida. H.C.G.M.: Como defende a aposta na arquitectura sustentável no actual contexto de crise económica, em que a palavra de ordem é austeridade? L.T.: Mais do que em qualquer outro momento, faz agora sentido criarmos um meio edificado que não nos empobreça sistematicamente, como tem acontecido com os edifícios que herdamos e construímos nas últimas cinco décadas. Todos os investimentos, pequenos e grandes, a favor da sustentabilidade do meio edificado, farão de Portugal um país mais próspero e robusto! E o Horto do Campo Grande tem um papel importante na disseminação de boas práticas no que respeita aumentar a presença do verde vivo nas cidades! Parceria Horto do Campo Grande e Construção Sustentável Reforço do compromisso com a sustentabilidade Fiel à sua prioridade de sempre, a qualidade, o Horto do Campo Grande tem no serviço de excelência a chave para a diferenciação no mercado. É parte integrante da sua política de actuação estar atento a todas as oportunidades de melhoria que permitam potenciar a confiança e a satisfação dos seus clientes e é neste contexto que surge uma das mais recentes apostas da empresa: a parceria com a iniciativa Construção Sustentável. Uma associação que vem permitir a partilha de know-how entre ambas as entidades e, desta forma, potenciar a implementação das melhores soluções no que se refere à construção de espaços verdes sustentáveis, como por exemplo, as coberturas vegetais para fachadas e telhados. O Horto do Campo Grande beneficiará da experiência e pioneirismo que a iniciativa Construção Sustentável proporciona ao nível do desenvolvimento dos projectos, no âmbito da consultoria conceptual e técnica, e esta conta com o apoio da equipa técnica e especializada do Horto do Campo Grande, tanto na execução dos projectos, como nas várias acções de formação/workshops que promove. Cobertura viva

Especialista em bambu Maior produtor de bambus da Europa Mais de 100 variedades Aconselhamento técnico especializado LISBOA ODEMIRA Herdade das Fontes 7630-584 S. TEOTÓNIO PORTUGAL Tel.: (351) 283 958 573 Fax: (351) 283 958 567 www.bambuparque.com SÃO TEOTÓNIO LISBOA ODEMIRA SÃO TEOTÓNIO

FOTOS: Pedro Bettencourt HORTO DO CAMPO GRANDE MAGAZINE 08

HORTO DO CAMPO GRANDE MAGAZINE 09 Jardim da Fundação Calouste Gulbenkian Património verde de todos nós O jardim é algo que nunca termina. Ele é uma criação em permanente evolução, disse Gonçalo Ribeiro Telles, em entrevista ao primeiro número do Horto do Campo Grande Magazine. Dezasseis anos depois, recuperamos as suas palavras como ponto de partida para a história de um espaço emblemático, ligado ao percurso do arquitecto paisagista e à vida de muitos portugueses. Acompanhe-nos nesta visita ao Jardim da Gulbenkian. Por entre árvores e estátuas, um grupo de crianças brinca às escondidas. Junto ao lago, alguns amigos piquenicam animadamente, enquanto, no anfiteatro, há quem aproveite a hora de almoço para pôr a leitura em dia ou simplesmente descontrair. Uma família de patos passeia-se pelo relvado, seguida pelos olhos atentos de um bebé, ao colo da mãe. E pelos recantos abrigados, casais namoram e fazem promessas que o tempo irá testar.

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HORTO DO CAMPO GRANDE MAGAZINE 11 Estamos no jardim da Fundação Calouste Gulbenkian, um lugar de lazer, cultura e natureza, que é também um símbolo do movimento moderno em Portugal e uma referência para a arquitectura paisagista nacional. O espaço, tal como hoje o conhecemos, resultou do projecto dos arquitectos paisagistas António Viana Barreto e Gonçalo Ribeiro Telles, elaborado nos anos 60 do século XX e distinguido com o prémio Valmor, em 1975. O plano de reabilitação, cuja execução se iniciou em 2002 e se encontra actualmente na sua fase final, é a etapa mais recente do percurso deste jardim único. Mas a história do lugar e da sua vivência começa bem mais cedo. De quinta de recreio a parque paisagista Onde hoje fica a fundação Calouste Gulbenkian, em pleno centro de Lisboa, ficava, no século XVIII, a Quinta do Provedor dos Armazéns, nos limites da cidade. Propriedade de Fernando Larre, esta era uma quinta de recreio, com edifício, jardim e áreas de cultivo, como muitas que marcavam a transição entre o espaço urbano e o rural. Mas a aquisição do espaço, em 1861, por José Maria Eugénio de Almeida, iria trazer profundas modificações ao lugar. Por ordem do empresário, detentor de uma das maiores fortunas do seu tempo, a quinta e o edifício setecentistas são substituídos por construções que reflectem o espírito progressista dos novos tempos. A um palácio, de estilo neoclássico, com cocheiras desenhadas pelo arquitecto cenógrafo Cinatti, acrescenta-se um enorme parque de carácter paisagista o Parque de Santa Gertrudes da autoria de Jacob Weiss, um jardineiro suíço formado na escola francesa. Nesta nova construção, a área é densamente arborizada com vegetação autóctone e exótica e confere-se ao espaço um carácter de lazer mais marcado, através da construção de um lago e de um quiosque que serve de palco a concertos. Em 1883, a cedência do Parque de Santa Gertrudes para a instalação do Jardim Zoológico e de Aclimatação, marca o início de uma nova fase deste espaço, atribuindo-lhe uma componente social, que dura até hoje. Esta vivência mais aberta é reforçada em novas valências, primeiro enquanto velódromo e hipódromo, no início do século XX, e depois enquanto recinto da Feira Popular de Lisboa, já nos anos 40. O carácter paisagista do parque, esse permanece, transversal a todas as utilizações, até ao momento da aquisição do lugar pela fundação Calouste Gulbenkian, em 1957. Lugar ao lazer e à cultura A concretização do desejo do empresário Calouste Sarkis Gulbenkian de colocar a sua fortuna em benefício da humanidade, através de uma fundação internacional, com sede em Lisboa, exigia um novo projecto para o espaço. Um primeiro relatório avalia o coberto arbóreo e propõe medidas de conservação e de regeneração para o coberto vegetal. E enquanto o projecto de arquitectura paisagista, da responsabilidade de Gonçalo Ribeiro Telles e António Viana Barreto, é desenvolvido, uma equipa de jardinagem assume trabalhos como a remoção de entulhos, o melhoramento das condições do solo e a manutenção da vegetação, segundo a estrutura existente. A organização e o carácter do velho parque foram, aliás, determinantes no que de novo se estava a construir. O Parque de Santa Gertrudes, devidamente restaurado na pujança da sua vegetação, constituirá um dos espaços livres públicos de maior interesse em Lisboa; local privilegiado que certamente atrairá a população e proporcionará à Fundação possibilidades de maior divulgação das suas actividades culturais ( ), pode ler-se no Programa das Instalações da Sede e do Museu. Tendo como base uma geometria subtil e fazendo uso da paisagem nacional na sua dimensão ecológica e cultural, a proposta de Viana Barreto e Ribeiro Telles, apresenta um jardim único e novo, feito de espaços e ambientes que nos são familiares. Este é o jardim português moderno no auge da sua expressão.

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HORTO DO CAMPO GRANDE MAGAZINE 13 Lugar de lazer, cultura e natureza, o jardim da Fundação Calouste Gulbenkian é também um símbolo do movimento moderno em Portugal e uma referência para a arquitectura paisagista nacional.

HORTO DO CAMPO GRANDE MAGAZINE 14 Trabalhada em estreita colaboração com os arquitectos do complexo de edifícios da fundação, Alberto Pessoa, Pedro Cid e Ruy Athouguia, a concepção dos espaços verdes, ficou também marcada pela inovação das soluções, presente, por exemplo, na drenagem e aproveitamento das águas, no sistema construtivo do lago, na criação artificial do ecossistema húmido das suas margens, na plantação e fixação de árvores sobre laje e na utilização de terraços ajardinados. Tempo de cuidar, de novo De então para cá, o jardim evoluiu na sua fisionomia. As grandes áreas de relvado, em diálogo com jovens maciços de vegetação e algumas árvores provenientes ainda do velho parque, foram dando lugar a uma floresta frondosa e variada, onde pequenas clareiras e recantos surpreendentes se vão abrindo aos passos de quem a percorre. Denominado de amadurecimento, este é um processo feito a duas mãos, entre a Natureza e o Homem, onde à passagem do tempo se acrescentam um planeamento rigoroso e uma manutenção constante.

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HORTO DO CAMPO GRANDE MAGAZINE 16 A necessidade de adequar o jardim a novas solicitações determinou uma nova intervenção de fundo, na viragem do século. O autor do projecto, Gonçalo Ribeiro Telles foi convidado a desenvolver um plano de reabilitação para o espaço. A proposta passa pela manutenção do conceito original do jardim, controlando os pontos negativos do envelhecimento e tirando partido dos aspectos interessantes criados pelo natural crescimento da vegetação. Das obras já realizadas contam-se a limpeza e o desbaste de vegetação, a abertura de novos percursos e zonas de fruição e a consolidação da orla do jardim, recorrendo a espécies do seu património genético. A pavimentação de trilhos e a construção de uma zona de estadia, na margem sul do lago, constituem algumas das intervenções mais recentes, integradas na quarte e última fase de execução do projecto. Tudo para que o jardim da Fundação Calouste Gulbenkian se continue a assumir como um verdadeiro oásis no centro da cidade de Lisboa, fazendo parte da vida de novas gerações de portugueses. Jardim da Fundação Calouste Gulbenkian Data de execução: 1963-1969 Projecto de: Arquitectos Paisagistas Prof. Gonçalo Ribeiro Telles e António Viana Barreto Área do jardim: 7 ha Área do lago: 2.500 m 2 Valências do jardim: Anfiteatro ao ar livre; visitas guiadas; oficinas várias; espectáculos; concertos Equipa do Jardim: Eng.º Morgado Fonseca (Responsável Coordenação); Arq.º Paisagista João Mateus (Coordenação Técnica); António Graça (Chefe Equipa Jardineiros) Manutenção: Cortes de prado e relvados; retancha e sementeiras de espécies várias, desde herbáceas aos estratos arbustivos e arbóreos; podas selectivas de arbustos e árvores; arranjos e limpezas diárias dos espaços.

Sistemas de Rega Sistemas Bombas e de Lagos para Jardins Sistemas Bombas Bombas de Sistemas de Lagos Água Regapara de Rega Jardins Bombas Produtos e de Bombas para Lagos Água Piscinas para e Lagos Jardins para Jardins Bombas Produtos de Bombas para Água Piscinas de Água Produtos Produtos para Piscinas para Piscinas Siga-nos LOJAS DE REGA LOJAS DE REGA Porto Porto Aveiro Aveiro Batalha Porto Batalha Beja Aveiro Beja Boliqueime Batalha Boliqueime Beja Boliqueime Braga Braga Cascais Cascais Lagos Braga Lagos Lisboa Porto Cascais Lisboa Palmela Aveiro Lagos Palmela Batalha Lisboa Beja Palmela Boliqueime LOJAS DE REGA LOJAS DE REGA SEDE Avenida do Brasil, 88 A/B SEDE Rua Eng.º Ferreira Dias, 954 1700-073 Lisboa Rua 4149-008 Eng.º Ferreira Porto Dias, 954 Tel. 217 997 031 Fax 217 997 SEDE 4149-008 Tel. 226 158 Porto 000 030 SEDE Braga Rua Tel. Fax 226 226 158 Eng.º 158 012 Ferreira 000 Dias, 954 Rua Eng.º Ferreira Dias, 954 lojaderega.lisboa@cudelloutdoor.pt Cascais 4149-008 Fax info-os@cudell.pt 226 158 Porto 012 4149-008 Porto www.cudelloutdoor.pt Lagos Tel. info-os@cudell.pt www.cudell.pt 226 158 000 Tel. 226 158 000 Fax www.cudell.pt 226 158 012 Fax 226 158 012 Lisboa info-os@cudell.pt info-os@cudell.pt www.cudell.pt www.cudell.pt Palmela

HORTO DO CAMPO GRANDE MAGAZINE 18 Fotos gentilmente cedidas pela Fundação Calouste Gulbenkian Anos 60 Um jardim marcado pela inovação Tendo como base uma geometria subtil e fazendo uso da paisagem nacional na sua dimensão ecológica e cultural, a proposta de Viana Barreto e Ribeiro Telles, apresentava um jardim único e novo, feito de espaços e ambientes que nos são familiares.

HORTO DO CAMPO GRANDE MAGAZINE 19 A utilização de terraços ajardinados, drenagem e aproveitamento das águas, o sistema construtivo do lago (na criação artificial do ecossistema húmido das suas margens), a plantação e a fixação de árvores sobre laje são alguns dos exemplos das soluções inovadoras implementadas na altura. Imagens do Jardim no início dos anos 70, após a inauguração do edifício da sede e do museu (1969)

HORTO DO CAMPO GRANDE MAGAZINE 20 Passeio dos Clérigos Novas vivências a céu aberto Chama-se Passeio dos Clérigos, o projecto que requalifica a Praça de Lisboa, na Baixa do Porto. Combinar comércio, lazer e o respeito pela importância patrimonial da envolvente num espaço exterior que inclui uma área verde na cobertura, é o modo de assumir, de novo, esta zona enquanto ponto de encontro da cidade. Estabelecer uma relação aberta com a cidade é a ideia que sintetiza o Passeio dos Clérigos. A sua inauguração conclui um processo longo, seis anos após o lançamento do concurso pela Câmara Municipal do Porto, e vem devolver à população uma das zonas privilegiadas da Cidade Invicta. Da autoria do Gabinete de Arquitectura Balonas & Menano, o projecto propunha para a Praça de Lisboa, outrora designada como Mercado do Anjo, uma nova tipografia que, pela sua forma singular impulsionada pela necessidade de criar espaços interiores com alturas livres mais dignas, se relaciona de forma dinâmica com a envolvente, dando origem, umas vezes a alçados, outras a pavimento em continuidade com o passeio exterior.

HORTO DO CAMPO GRANDE MAGAZINE 21 A escolha da Oliveira evoca a memória da antiga porta do Olival. Uma grande parte da área da cobertura é acessível, sendo que as áreas pavimentadas são em réguas de granito cinza. Passagem pedonal Foi necessário garantir a segurança e bem-estar de quem ali passe ou permaneça, assegurando a dinâmica do espaço público e o convite à sua utilização. Neste sentido, um dos pontos-chave da proposta foi oferecer um atravessamento concordante com a envolvente, valorizador da mesma, útil, funcional e sem barreiras ou obstáculos, tornando-se num atravessamento/percurso natural. E assim surge agora uma passagem pedonal composta por lajes executadas em betão armado aparente, e que aposta no conceito de comércio de rua. Estabelecimentos das áreas da restauração, moda e lazer compõem a oferta comercial definida para esta nova via a céu aberto, oferecedora de sombra ou de abrigo da chuva, e que liga directamente os dois locais emblemáticos da praça: a Torre dos Clérigos e a Livraria Lello.

HORTO DO CAMPO GRANDE MAGAZINE 22 Procurou-se uma solução arquitectónica que, com total consciência e respeito pela importância patrimonial da envolvente, deixasse uma marca na história da cidade. Para assegurar a mobilidade, a conveniência e o conforto, o projecto contemplou também a manutenção do estacionamento automóvel subterrâneo já existente e dotou a via comercial pedonal de uma protecção parcial, que proporciona abrigo no Inverno e sombra no Verão, aos transeuntes e visitantes, que percorrem o espaço. Mas porque o conceito é de uma vivência plena, à área comercial soma-se uma área verde de 4.500 metros quadrados, que funciona como cobertura viva da primeira. Cobertura verde Nesta zona ajardinada, cuja execução esteve a cargo da empresa Teleflora, o destaque vai para as oliveiras centenárias, cujos troncos se apresentam como verdadeiras esculturas vivas. O acabamento da cobertura, essencialmente verde, dá origem a um jardim suspenso pontuado por árvores em pleno coração da cidade, conferindo ao conjunto um carácter de paisagem. A escolha da Oliveira evoca a memória da antiga porta do Olival. Uma grande parte da área da cobertura é acessível, sendo que as áreas pavimentadas são em réguas de granito cinza, refere o projectista. As cinquenta árvores, que pontuam o vasto relvado, atraem o olhar e as objectivas de quem passa, convidando a parar e a usufruir deste pedaço de natureza na cidade. Além de acrescentar uma dimensão de lazer e bem-estar ao local, este jardim traz benefícios ambientais, a várias dimensões. Tratando-se de um telhado verde sobre a zona comercial, actua sobre o conforto no interior do edifício, atenuando os extremos de temperatura, diminuindo o consumo energético e melhorando também o isolamento acústico. À escala da cidade, a solução contribui para um aumento da biodiversidade, uma melhoria da qualidade do ar e uma atenuação do efeito ilha de calor comum nos centros urbanos.

HORTO DO CAMPO GRANDE MAGAZINE 23 Oliveira árvore com história A Oliveira é uma árvore típica do clima mediterrânico, resistente e capaz de se adaptar a diferentes temperaturas e tipos de solos. Características relevantes que permitem uma boa adaptação ao local onde se inserem e oferecem uma maior resistência à passagem do tempo, além de conferirem à paisagem uma beleza imponente. Dispersas pela cobertura verde, cada uma destas oliveiras representa o apelo à vivência dos espaços verdes, destacando-se também as mais-valias que proporcionam, quer em termos de usufruto pessoal, quer ao nível dos benefícios ambientais, como por exemplo a melhoria da qualidade do ar. Com o passar dos anos, as árvores amadurecerão e a sombra oferecida pelas suas copas arredondadas será palco de brincadeiras, conversas e momentos de descanso, transformando este terraço ajardinado num ponto de encontro no centro da cidade do Porto, onde a protagonista é a natureza. EMBELEZAMOS O SEU JARDIM Paraíso da Pedra, S.A. Rua da Varge n.º 450 Apartado 12 3885-166 Arada Ovar Portugal Telef. +351 256 372 718 +351 256 798 297 Fax. +351 256 372 825 geral@paraisodapedra.com www.brispedra.com