ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE PICADO POR ANIMAIS PEÇONHENTOS Cindy Dara Cassiano 1 Francisca Janete Andrade da Silva 1 Tatiana Zacarias da silva dos santos 1 Luana Maria Castelo Melo Silva 2 RESUMO Os acidentes com animais peçonhentos têm importância para os profissionais da área da saúde em virtude de sua grande frequência e gravidade. A padronização de condutas é imprescindível, pois as equipes de saúde, não recebem informações dessa natureza (FUNASA, 2001). Este trabalho tem por fim, conhecer nas literaturas as ações de enfermagem e quais são as peçonhas mais prevalentes no Brasil. Trata-se de um estudo de revisão literária do tipo qualitativo/descritivo. Realizada através do uso de DOCS, sendo eles: acidentes com animais peçonhentos, enfermagem e ofídicos. A coleta de dados ocorreu no mês de Março de 2018, mediante pesquisa em bases de dados: BVS, Scielo, LILACS, Google acadêmico. No Brasil, ano de 2014, o SINAN registrou em média 159.000 acidentes com animais peçonhentos. A OMS, a enquadrou na lista de Doenças Tropicais Negligenciadas, pois há baixo investimento de pesquisas e políticas públicas. O diagnóstico depende do reconhecimento do animal e da clínica do paciente. O Instituto Butantã (2013) alerta que, quanto mais rapidamente for feita a soroterapia, menor a chance de complicações. Outras ações de enfermagem, são os programas de educação na comunidade, e o preenchimento da ficha de investigação. O presente trabalho, apresenta informações e dados sobre acidentes com animais peçonhentos no Brasil, concluindo a necessidade de políticas públicas que funcionem e envolvam profissionais e pacientes, já que é mostrado que o país se encontra com altos índices desses acidentes. Nesse contexto a capacitação da equipe é extremamente necessária como alvo de prevenção, diminuição e domínio sobre o assunto. Palavras-chave: Peçonha. Ofídicos. Enfermagem. Acidentes.
INTRODUÇÃO Animais peçonhentos são aqueles que possuem glândulas de veneno que se comunica com dentes ocos, ferrões, ou aguilhões, por onde o veneno passa ativamente como as serpentes, aranhas, escorpiões, abelhas e arraias. Já, animais que não possuem aparelho inoculador (dentes ou ferrões), mas produzem veneno, são classificados como animais venenosos, pois provocam envenenamento por contato (Lanomia, lagarta-de-fogo), por compressão (sapo) ou por ingestão (peixe baiacu) (BRASIL, 2014). Os principais animais peçonhentos que causam acidentes no Brasil são algumas espécies de serpentes, de escorpiões, de aranhas, de lepidópteros (mariposas e suas larvas), de himenópteros (abelhas, formigas e vespas), de coleópteros (besouros), de quilópodes (lacraias), de peixes, de cnidários (águas-vivas e caravelas), entre outros. Esses animais possuem presas, ferrões, cerdas, espinhos entre outros, capazes de envenenar as vítimas. Todos os anos, no Brasil, ocorrem cerca de 100 mil acidentes por animais peçonhentos, resultando em 220 mortes e cerca de 1000 pacientes sofrem sequelas após uma picada de cobra. Salienta-se ainda que acidentes envolvendo animais peçonhentos foram responsáveis por 26,8% (26.590 casos) dos casos de intoxicação humana e por 11,1 % dos óbitos de intoxicação humana no país, no ano de 2012. Os acidentes envolvendo escorpiões, serpentes e aranhas são os mais frequentes no Brasil, representando 12,6%, 4,6% e 3,8 % dos casos, respectivamente. Outros animais peçonhentos ou venenosos, como abelhas, centopeias, lacraias, maribondos, vespas, peixes de água doce e lagartas, entre outros, correspondem a 5,8 % das intoxicações humanas. Os acidentes com animais peçonhentos têm importância para os profissionais da área da saúde em virtude de sua grande frequência e gravidade. A padronização atualizada de condutas de diagnóstico e tratamento dos acidentados é imprescindível, pois as equipes de saúde, com frequência considerável, não recebem informações desta natureza durante os cursos de graduação ou no decorrer da atividade profissional (FUNASA, 2001) Nesse contexto, este trabalho tem por fim, conhecer nas literaturas pertinentes quais as ações de enfermagem que são realizadas com os pacientes que são picados por animais peçonhentos, e de forma a analisar quais são os animais peçonhentos mais prevalentes no Brasil.
METODOLOGIA Estudo de revisão literária do tipo qualitativo/descritivo. Pesquisa realizada através do uso de Descritores em Saúde (DECS) sendo eles: acidentes com animais peçonhentos no Brasil, enfermagem e animais peçonhentos, ferimentos de acidentes ofídicos. A coleta de dados ocorreu no mês de Março de 2018, mediante pesquisa em bases de dados: Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Scielo (Scientific Eletronic Library Online), LILACS (Literatura Latino- Americana e do Caribe em Ciência), Google acadêmico, foram selecionadas 7 publicações com alguns critérios de inclusão, são eles: artigos publicados nos últimos 5 anos, com abordagem sobre assistência de enfermagem em acidentes com picadas de peçonhas e, que contivessem ao menos, no resumo palavras-chaves, tais como, peçonhento, assistência de enfermagem, ferimentos e lesões, ofídicos. Não houve exclusão quanto ao tipo de publicações. O artigo obedece aos aspectos ético-autorais compreendidos na Resolução do Conselho Nacional de Saúde N 466 de 12 de Dezembro de 2012, em que afirma que, estudo de revisão de literatura não se faz necessária passar por aprovação de um comitê de ética.
DISCUSSÕES E RESULTADOS No Brasil, ano de 2014, o SINAN registrou em média 159.000 acidentes com animais peçonhentos, como mostra no gráfico ao lado. Obtendo dados que comprovam os principais animais peçonhentos registrados no Brasil, o elevado número desses acidentes levou a Organização Mundial de Saúde (OMS), a enquadrá-los em 2009 na lista de Doenças Tropicais Negligenciadas (DTN s), pois há baixo investimento de pesquisas, de novos fármacos, tratamentos, e políticas públicas ineficazes, tornando em certo ponto, um descaso com as condições de vida daqueles que estão expostos a esse tipo de risco. O diagnóstico de acidente por animais peçonhentos depende tanto do reconhecimento do animal agressor quanto das manifestações clínicas apresentadas pelo paciente, por isso, o profissional de enfermagem é de suma importância para que o caso se resolva sem que exista nenhum agravante, já que serão eles que terão o contato direto com o paciente, tendo que tomar decisões rápidas. Recomenda-se manter a casa limpa e a área ao seu redor; evitar depósito de lixo e entulhos; manter limpos armários e outros ambientes escuros e úmidos, com a finalidade de prevenir que animais peçonhentos utilizem estes ambientes como abrigo, além de observar roupas e sapatos criteriosamente antes de usá-los, vedar buracos em muros e vãos de portas (KAMINURA, 2009). Escorpiões Serpentes Aranhas ACIDENTES POR ANIMAIS PEÇONHETOS EM 2014 NO BRASIL - SINAN 26.996 26.868 87.801 Além disso, algumas assistenciais de enfermagem podem ser tomadas após os pacientes serem picados. Lavar o local da picada de preferência com água e sabão. Manter a vítima deitada, evitar que ela se movimente para não favorecer a absorção do veneno. Se a picada for na perna ou no braço, mantê-los em posição mais elevada. Não fazer torniquete: impedindo a circulação do sangue, você pode causar gangrena ou necrose. Não furar, não cortar, não queimar, não espremer, não fazer sucção no local da ferida e nem aplicar folhas,
pó de café ou terra sobre ela para não provocar infecção. Não dar à vítima pinga, querosene, ou fumo, como é costume em algumas regiões do país. Levar a vítima imediatamente ao serviço de saúde mais próximo para que possa receber o tratamento em tempo. Levar, se possível, o animal agressor, mesmo morto, para facilitar o diagnóstico. Lembrar que nenhum remédio caseiro substitui o soro antipeçonhento. Após um acidente ofídico, pouca coisa deve ser feita. Ao chegar ao hospital, o profissional de enfermagem deve tranquilizar a vítima, lavar a região do ataque com água e sabão, mantendo o membro levantado. Algumas medidas realizadas antes da chegada ao local de saúde (torniquetes, passar substancias como folhas ou pó de café), afetam o tratamento, elevando as possibilidades de infecções, necrose e, em último grau, a amputação do membro (WEN; MALAQUE; FRANCO, 2014). Assim o Instituto Butantan (2013) alerta que, O único tratamento eficaz para o envenenamento por serpente é o soro antiofídico, específico para cada tipo (gênero) de serpente. Quanto mais rapidamente for feita a soroterapia, menor será a chance de haver complicações; é difícil estabelecer um tempo limite para a aplicação do soro. Já em acidentes provocados por aranhas ou escorpiões, volta-se o tratamento para o controle da dor. O alívio dela pode acontecer por meio de compressas mornas até chegar ao hospital, onde será feita uma avaliação da necessidade ou não do uso do soro. Assim como nos acidentes causados por serpentes, algumas medidas não devem ser realizadas (incisão e sucção na região ou o uso de pomadas, que nem sempre é indicado), pois podem prejudicar ainda mais (LIMA,2012) Logo, a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo adverte que, O soro antiaracnídico é utilizado para neutralizar as ações dos venenos das aranhas-marrons e armadeira, e do veneno de escorpião e somente deve ser 24 administrado com indicação médica. De modo geral, as orientações em relação ao soro para os acidentes ofídicos são válidas também para as picadas de aranha e escorpião. Outras ações de enfermagem que devem ser relevantes, são em relação ao tratamento igualitário aos pacientes, programas de educação na comunidade como forma de prevenção a
esse tipo de acidente, medidas higiênicas no ambiente doméstico, entre outros. Afinal as políticas públicas não estão de modo satisfatórios como prevenção e promoção da saúde em relação a esse tema. E por fim, também é de extrema importância ressaltar sobre o preenchimento da ficha de investigação, notificação atribuída pela unidade de saúde para identificação do caso, tornase importante para que esta população, que apresenta ser passível de prevenção e controle desses riscos, possa ser detectada pelas secretarias de saúde e ocorra o controle ainda em seus estágios iniciais. CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente trabalho, apresenta informações e dados sobre acidentes com animais peçonhentos no Brasil, concluindo a necessidade de políticas públicas que funcionem e envolvam profissionais e pacientes ao empoderamento maior sobre o assunto, já que claramente é mostrado que o país se encontra com altos índices de acidentes com animais peçonhentos, principalmente ofídicos e mantêm uma alta frequência, mesmo sendo de alta gravidade. A capacitação da equipe de enfermagem, nesse contexto é extremamente necessária, podendo ser posteriormente em relação a educação na comunidade, como principal alvo de prevenção e consequente diminuição e domínio sobre o assunto.
REFERENCIAS WEN, F. H; MALAQUE, C. S; FRANCO, M. M. Acidentes com Animais Peçonhentos. São Paulo: Instituto Butantan. Disponível em: http://www.saude.sp.gov.br/resources/ses/perfil/cidadao/temasdesaude/animais_peconhentos.pdf Acesso em: abril de 2014 LIMA, R. Cuidado no tratamento de acidentes com animais peçonhentos. Revista emergência. São Paulo v.2, n.1, p.10-14 dez.2012 BRASIL. Fundação Nacional de Saúde (FUNASA). Manual de diagnóstico e tratamento de acidentes por animais peçonhentos. 2. ed. Brasília: FUNASA, 2001. Santana, V. C. S; Suchara, E. A. Epidemiologia dos acidentes com animais peçonhentos registrados em nova xavantina MT. Rev Epidemiol Control Infect. 2015;5(3):141-146 BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. FIOCRUZ. Animais Peçonhentos e Venenosos. Série Prevenindo Intoxicações. SINITOX/CICT/FIOCRUZ. Disponível em: http://www.fiocruz.br/sinitox_novo/media/serpentes.pdf. Acesso em 11 jul. 2014.