DESTINAÇÃO ADEQUADA DE CARCAÇAS PROVENIENTES DE CLÍNICAS VETERINÁRIAS

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Transcrição:

DESTINAÇÃO ADEQUADA DE CARCAÇAS PROVENIENTES DE CLÍNICAS VETERINÁRIAS Sayonara Lanna Alves de Jesus, Universidade Federal de Catalão, sayonaralanna1996@hotmail.com Natan da Silva, Universidade Federal de Catalão, natan_rv_@hotmail.com Izadora Ribeiro Borges, Universidade Federal de Catalão, izadoraribeirob@gmail.com Ed Carlo Rosa Paiva, Universidade Federal de Catalão, edcarlopaiva@yahoo.com.br Resumo: O presente artigo tem por finalidade apresentar a aplicação da compostagem para a solução de resíduos que são despejados de forma inapropriada nos aterros pelas clinicas veterinárias. Foi adotado o método de composteira aerada estática e posteriormente, leira estática com reviramento manual. Os materiais de co-compostagem foram a palha de arroz, poda de grama e serragem. A quantidade de carcaça compostada nesse processo foi de 664,9 Kg. Dentre os resultados preliminares obtidos destaca-se a relação C/N de 15/1 na composteira C1(palha de arroz). Palavras-chave: Composteira, Carcaças, Clinicas veterinárias. 1. INTRODUÇÃO Devido ao crescimento populacional somado a falta de conscientização social envolvendo o manejo e despejo de resíduos, há um acumulo excessivo de poluição que tem causado sérios problemas ao meio ambiente. Além da contaminação do solo, o lençol freático pode também estar sujeito a essa alteração, que por consequência influenciará na qualidade de vida humana. Quando se fala em crescimento das áreas urbanas está vinculado a ela o aumento expressivo do número de pets e, consequentemente a quantidade de clínicas veterinárias que tratam de modo indevido os resíduos produzidas por elas. Sendo assim, o descarte apropriado de resíduos é um tema bastante em voga durante as reuniões de caráter sustentável, em que a principal solução circunda em torno do reaproveitamento. Uma vez que a transformação da matéria seja algo inerente à natureza, torna-se viável trabalhar a favor dessas reações de modo a se produzir um subproduto menos agressivo ao meio ambiente e que possa ser reutilizado para o mesmo fim ou outro. Ao falar de resíduos, mais especificamente a carcaça de cães e gatos provenientes de clínicas veterinárias, segundo Pereira Cardoso (2002), o ideal é que seja destruído o quanto antes evitandose assim o risco de contaminação do ambiente, por meio dos fluidos e das secreções excretados pelos cadáveres, que se transformam em excelentes meios de cultura. Além do que, esta fração orgânica atrai a presença de vetores como moscas, mosquitos, baratas e ratos que favorecerão a ocorrência de problemas de saúde com o aumento da incidência de doenças (diarreias, helmintoses, leptospiroses, alergias, etc.) (VEIGA, 2004). Quanto às maneiras corretas de descarte de carcaças destacam-se os aterros sanitários, autoclavação e incineração. Sendo as ultimas duas inviáveis devido ao fator econômico, no país a forma mais empregada são os aterros. Porém, ainda de acordo com Pereira Cardoso (2002), deve-se certificar de que os aterros sanitários foram construídos dentro de normas preestabelecidas que garantam a qualidade do meio ambiente, não danificando o solo ou poluindo o ar. Dessa forma, não se correrá o risco de disseminar doenças e, sim, evitá-las.

Para isso, é necessário um sistema produtivo adequado que respeite todas as etapas, (composteira, recolhimento de carcaças, revolvimento, controle de temperatura e quantidade de água), a fim de se garantir um material rico em nutrientes e que possa angariar valor econômico. Como no Brasil esse controle ocorre de modo negligente, torna-se necessário o emprego de métodos que contribuam para conservação do meio ambiente em contra partida que gere renda devido aos custos de implantação, e é nesse contexto que surge o conceito de compostagem que segundo Pereira neto (1996), é definido como um processo biológico aeróbico e controlado de tratamento e estabilização de resíduos orgânicos para a produção de húmus. O método de compostagem já é adotado na agroindústria utilizando restos de parição e descarte de frigorífico, além de carcaças provindas de granjas de aves e suínos. Há vários estudos que comprovam a eficácia desses métodos, como os feitos por Vera et al (2007), Paiva 1 (2001), Paiva 2, Mônica et al (2009). Portanto a pesquisa, tendo como foco o aterro sanitário presente na cidade de Catalão GO pretende fazer o recolhimento desses animais provenientes desses descartes incorretos e a partir do processo de compostagem gerar uma mistura rica em minerais para que possa ser empregado em culturas da região. 2. FATORES QUE INFLUENCIAM A COMPOSTAGEM O composto é resultado de um processo controlado de decomposição bioquímica do material orgânico por microrganismos, transformando toda matéria prima em um produto mais estável (KIEHL, 1998). Segundo Pereira Neto (2007) devido o processo ser biológico, ele sofre influencia de todos os fatores que comumente afetam a atividade microbiológica. Dentre esses fatores, os principais são umidade, oxigenação, temperatura, tamanho das partículas, concentração de nutrientes e ph. Esses parâmetros apresentam limites que são imposição técnica e operacional do processo. 2.1. Umidade A presença de água é fundamental para o bom desenvolvimento do processo de compostagem, que por se tratar de um processo biológico, a água se torna imprescindível para as necessidades fisiológicas dos microrganismos. Isso porque a estrutura dos microrganismos consiste de aproximadamente 90% de água e para a produção de novas células, a água precisa ser obtida do meio, no caso, da massa de compostagem. Além disso, os nutrientes essenciais, para o desenvolvimento microbiológico devem estar dissolvidos em água, para posterior absorção (ALEXANDER, 1977). Em teoria, o teor de umidade ideal para propiciar a degradação dos resíduos orgânicos é de 100%. Mas na prática procura-se equilibrar e manter a umidade da massa de compostagem entre 40% a 60% (MERKEL,1981; INÁCIO & MILLER, 2009 e PEREIRA NETO, 2007). Sendo que essa faixa pode variar conforme a aplicação do composto ou mesmo do material empregado. Por outro lado, é preciso estar atento com relação a baixos teores de umidade, pois quando inferiores a 40%, inibem a atividade microbiológica, diminuindo a taxa de estabilização (PEREIRA, 2007). 2.2. Oxigenação O oxigênio é um fator vital para a oxidação biológica do carbono dos resíduos orgânicos, para que ocorra produção de energia necessária aos microrganismos que realizam a decomposição. Parcela dessa energia é utilizada no metabolismo dos microrganismos e o restante é liberado na

forma de calor. A aeração também é um mecanismo de controle da temperatura, da emanação de odores e, consequentemente, da eficiência do processo (FEAM, 2002). O processo de decomposição da matéria orgânica pode ser aeróbica (presença de oxigênio) e anaeróbica (ausência de oxigênio). Quando há disponibilidade de oxigênio livre, predominam microrganismos aeróbios, sendo os agentes mais destacados os fungos, bactérias e actinomicetos. Este processo é caracterizado pela alta temperatura desenvolvida no composto, devido ao menor tempo de degradação da matéria orgânica e pelas reações de oxidação e oxigenação que se dão no processo (PEIXOTO, 1981). Já o processo anaeróbio tem o inconveniente da liberação de mau cheiro, devido a não liberação completa do nitrogênio aminado como amônia, com a consequente formação de aminas incompletas, mau cheirosas. Em processos mais simples, a aeração ocorre através de ciclos de reviramento, que pode ser manual ou mecânico. Em casos mais específicos são utilizados equipamentos mais sofisticados como aeradores e exaustores. O calor resultante da oxidação biológica é dissipado através do reviramento. Conforme pesquisa e analises do Laboratório de Engenharia Sanitária e Ambiental (LESA/DEC/UFV), um ciclo de reviramento satisfatório deve ser feito a cada três dias (PEREIRA NETO, 2007 e PAIVA, 2008). 2.3. Temperatura A temperatura constitui um dos principais parâmetros de controle e é um excelente indicador da eficiência dos processos de compostagem (FEAM, 2002). O desenvolvimento de temperatura está relacionado a vários fatores como: materiais ricos em proteínas, baixa relação Carbono/Nitrogênio, umidade, tipo de sistema adotado, entre outros. Além disso, compostagem com materiais com granulometria mais fina e com maior homogeneidade, formam montes com melhor distribuição de temperatura e menor perda de calor (PEREIRA NETO, 2004). Pereira Neto (1986) cita que o valor médio ideal da temperatura nos processos de compostagem é de 55 ºC. Manter as temperaturas termófilas controladas na fase de degradação ativa (1ª fase do processo), que vão de 45 a 65ºC, é um dos requisitos básicos para conseguir o aumento da eficiência do processo, que significa dizer que há um aumento da velocidade de degradação e a eliminação dos microrganismos patogênicos. Afim de melhor compreender as oscilação de temperatura na compostagem, foram identificadas quatro importantes fases da temperatura durante o processo (BERNAL et al., 1998): A primeira fase é a mesofilica, e corresponde a fase em que predominam temperaturas moderadas (até cerca de 40 ºC) e com duração média de dois a cinco dias; a segunda fase é a termofílica que é quando o material atinge sua temperatura máxima (> 40 ºC) e é degradado mais rapidamente, com duração de poucos dias a vários meses; a terceira fase trata-se do resfriamento, o qual é marcada pela queda da temperatura para valores da temperatura ambiente; e por fim tem a fase da maturação, que é o período de estabilização que produz um composto maturado, altamente estabilizado e humificado, livre de toxicidade. Para a identificação dessas fases supracitadas acima é necessário que se realize a aferição periódica de temperatura, seja pelo método mais simples que é através do vergalhão ou por termômetro digital com sondas. A medição de temperatura deve ser feita em três pontos centrais da massa de compostagem: topo, centro e base. O controle para temperaturas altas acontece pelo reviramento e/ou diminuição das dimensões da leira. Já quando há temperaturas baixas registradas na fase de degradação ativa, pode ser devido a baixo teor de umidade entre outros fatores que interferem na atividade microbiológica (PEREIRA NETO, 2004; PAIVA, 2008).

2.4. Concentração de Nutriente A intensidade da atividade microbiológica no processo de compostagem está estritamente relacionada à diversificação e quantidade dos nutrientes, dos quais, dois são de extrema importância: o Carbono e o Nitrogênio, cuja concentração e disponibilidade biológica de ambos afetam o desenvolvimento do processo. Um conteúdo apropriado de nitrogênio e carbono favorece o crescimento e a atividade das colônias de microrganismos envolvidos no processo de decomposição possibilitando a produção do composto em menor tempo, isso porque o carbono é a fonte básica de energia desses seres, e o nitrogênio é necessário na reprodução protoplasmática (PEREIRA NETO, 2004). A literatura recomenda uma relação carbono/nitrogênio ótima em torno de 30:1, sendo que é nessa faixa que ocorre a otimização do processo de tratamento biológico. No entanto, consideramse os limites de 26:1 a 35:1 (PAIVA, 2008; PEREIRA NETO 1987). Segundo Kiehl (1998), o acompanhamento da relação C:N durante a compostagem permite conhecer o andamento do processo, pois quando o composto atinge a semicura, ou bioestabilização, a relação C:N se situa em torno de 18:1, e quando atinge a maturidade, ou seja transformou-se em produto acabado ou humificado, a relação C/N se situa em torno de 10:1. Resíduos com relação C/N baixa perdem nitrogênio na forma amoniacal durante o processo de compostagem, prejudicando a qualidade do material. Nesse caso, recomenda-se juntar restos vegetais celulósicos para elevá-la a um valor próximo ao ideal. Quando ocorre o contrário, ou seja, a matéria prima possui relação C/N alta, o processo torna-se demorado e o produto final apresentará baixos teores de matéria orgânica. Para corrigir essas distorção basta acrescentar materiais ricos em nitrogênio tais como estercos, camas animais, tortas vegetais, entre outros. 2.5. Tamanho das partículas O tamanho das partículas dos materiais a serem compostados exerce grande influência no processo, pois quando esses são menores há um aumento da superfície disponível para o ataque microbiológico, diminuindo o período de compostagem e melhorando sua eficiência (FEAM, 2002). As partículas não devem ser muito pequenas para evitar a compactação durante o processo de compostagem, comprometendo a aeração. Restos de culturas de soja e feijão, gramas, folhas, casca de arroz, por exemplo, podem ser compostados inteiros. 2.6. ph O ph do composto pode ser indicativo do estado de compostagem dos resíduos orgânicos. Algumas literaturas indicam que durante as primeiras horas de compostagem, o ph decresce até valores de, aproximadamente, 5.0, e posteriormente, aumenta gradualmente com a evolução do processo de compostagem e estabilização do composto, alcançando, finalmente, valores entre 7 e 8. Entretanto, Pereira Neto (2007), salienta que através de experiências realizadas pela LESA, a mais de 19 anos, indicam que a compostagem pode ser desenvolvida em uma faixa bem ampla de ph, entre 4,5 e 9,5, e que valores extremos são neutralizados pelos microrganismos, por meio da degradação de compostos que produziram subprodutos ácidos e básicos, de acordo com a necessidade do meio.

3. METODOLOGIA O método adotado para o processo foi o de composteira estática, visto que se tornou a opção mais viável devido aos resultados e eficiência para a compostagem de carcaça de animais (PAIVA 3, 2014; PAIVA 1, 2001). Mukhtar et al. (2004) recomenda que seja construído um pátio para manipulação do material com piso de concreto de pelo menos 12 cm quando adotado esse método. E Paiva 1 (2001) sugere que a estrutura das composteiras tenha no máximo câmaras de 2x2 m de área, com paredes de até 1,60 m de altura e telhado com beiral a 2 ou 2,5 m de altura, afim de facilitar o manejo e permitir a ventilação do material. Foram construídas quatro composteiras com lajotas de concreto, em um terreno cedido pelo aterro sanitário de Catalão-Go. As dimensões da estrutura de cada câmara é de 1,6 m de altura útil e 1,5x1,5 m de área. A Figura 1 apresenta as composteiras e o pátio de compostagem: Figura 1 Composteiras e pátio de compostagem (Fonte: Arquivo Pessoal) Os materiais palhosos utilizados no processo de compostagem foram palha de arroz, serragem e poda de grama. Foram montadas três composteiras, cada uma utilizando um tipo de material de cocompostagem, na composteira (C1) foi colocado a palha de arroz, na C2, poda de grama com palha de arroz e na C3 serragem com palha de arroz. O processo de compostagem descrito nesse texto foi realizado em camadas de material de cocompostagem, carcaças de animais domésticos (cachorro e gato), e água. Em relação ao protocolo de montagem da composteira foram seguidos os procedimentos sugeridos por Paiva 2 (2008): 1. Colocou-se 30 cm de material de co-compostagem, no fundo da composteira, para servir como cama para os animais assim como mostra a Figura 2. Esta camada não fará parte do composto, portanto não foi umedecida. Figura 2 Colchão da composteira (Fonte: Arquivo Pessoal)

2. Adiciona-se uma camada de carcaças. Evitando amontoa-las e deixando um espaço aproximado de 15 cm entre uma carcaça e outra e, entre elas e as paredes como mostrado abaixo na Figura 3. Figura 3 Disposição dos animais na composteira (Fonte: Arquivo Pessoal) 3. Adicionou-se água para umedecer a superfície, em quantidade correspondente a aproximadamente 50% do peso das carcaças (para cada quilo de carcaça acrescentar meio litro de água). 4. Posteriormente a colocação e umedecimento das carcaças, foi efetuado o cobrimento com 15cm de material palhoso utilizado em cada tipo de composteira; 5. Quando a última camada de carcaça foi adicionada à composteira, cubriu-se com 30 cm de material de co-compostagem de forma a isolar o montante. As três composteiras foram sendo preparadas simultaneamente, visto que houve disposições alternadas, devido à falta de material de co-compostagem e carcaças. Após o fechamento das composteiras foi necessário o controle de produção e fatores que interferem no processo. Dentre essas inspeções a aferição diária de temperatura é um exemplo. Após 50 dias de confinamento e sem movimentação da massa assim como propõe Paiva 1 (2001), foi aberto a composteira, realizado a correção da umidade e promovido o reviramento manual da massa (Figuras 4), a fim de airar o conjunto, viabilizando a decomposição aeróbica. Após isso, deixou-se a massa de compostagem no pátio em forma de leira como apresenta a Figura 4. Figura 4 Reviramento e construção da leira (Fonte: Arquivo Pessoal) Conforme estudos de Pereira Neto (2007) juntamente com experiência do Laboratório de Engenharia Sanitária e Ambiental (LESA), recomenda-se um ciclo de reviramento de três em três

dias. Mas devido à dificuldade de locomoção foi adotado que o reviramento seria fixo a dois dias na semana, segunda e quinta-feira. As amostras para analises físico-químicas e microbiológicas serão obtidas no dia da abertura das leiras e a partir disso, quinzenalmente haverá coletas até a comprovação da sanitização e adequação do composto. 4. RESULTADOS PRELIMINARES Descrevem-se, a seguir, os primeiros resultados obtidos decorridos quatro meses do inicio do processo de compostagem adotado nesse trabalho. Devido as dificuldade de obtenção de materiais e de disponibilidade de carcaça, o fechamento das composteiras se deu em datas diferente, a C1 foi fechada com 44 dias, já a C2 e C3 foram fechadas com 85 dias. Somando-se as três composteiras foi possível reciclar quase 665 Kg de carcaça animal. A Tabela 1 a seguir exibe os pesos de carcaças colocadas em cada composteira. Tabela 1: Fração de material compostado (Fonte: Dados da pesquisa). Data de fechamento Peso (kg) Palha de arroz (C1) 09/03/2018 179,7 Poda +Palha (C2) 19/04/2018 236,8 Serragem + Palha (C3) 19/04/2018 238,4 Após decorridos 50 dias do fechamento da composteira C1, foi retirado amostras significativa da massa compostada, as quais foram feitas análises de Nitrogênio total, Carbono total e de Umidade. As metodologias adotadas para realização das análises foram retiradas do livro Qualidade do meio Físico Ambiental Práticas de laboratório de Matos (2012). As análises microbiológicas serão feitas após 60 dias do inicio do processo em leira. A Tabela a seguir trás as proporções desses nutrientes na massa compostada de C1, visto que para as demais composteiras ainda não foi atingido o tempo de maturação. Tabela 2: Relação C/N da composteira C1 (Fonte: Dados da pesquisa) Massa da palha de arroz (Kg) Massa de Carcaça (Kg) Relação C/N Umidade (%) C1 216,3 179,7 15/1 59,34 5. ANÁLISE DOS RESULTADOS Os resultados obtidos na relação C/N para a palha de arroz se mostraram satisfatórios, visto que foi encontrada uma relação de 15/1. De acordo Kiehl (1985), para essa fase de decomposição espera-se que o composto atinja valores próximos a 17/1, como pode ser visto na Figura 5. Importante ressaltar que para análise das amostras não foi possível, devido à falta de recursos, moer o material. Dessa forma é provável que os resultados poderiam ser ainda mais próximo do que este definido por literatura. A umidade esperada a ser atingida numa massa compostada aos 60 dias após inicio do processo esta na faixa de 40 a 60%, conforme Pereira Neto (2007), Inácio Miller (2009) e Kiehl (1985). Uma vez que o resultado obtido foi de 59,34%, logo ele atende aos limites estabelecidos, no entanto, o resultado ideal seria próximo aos 50%.

Figura 5 Disposição dos animais na composteira (Fonte: Kiehl, 1985) A quantidade de carcaças compostada foi maior que o previsto, tendo em vista que o porte da cidade seja relativamente pequeno, isso evidencia a importância da adoção desse processo pelas clinicas veterinárias, uma vez que mais de meia tonelada seria descartada indevidamente num intervalo de apenas 3 meses. 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Tendo em vista a grande quantidade de material proveniente de clinicas e hospitais veterinários, justifica-se um maior controle em relação ao descarte por essas indústrias no que se refere a carcaças de animais. O método de compostagem é o mais adotado devido sua eficiência e economia dentro da agroindústria (compostagem de carcaça de suínos, bovinos e aves). Sendo o tratamento de carcaça de pets um nicho ainda pouco explorado, com esses resultados espera-se que o tema ganhe maior destaque e possa ser realizados mais estudos na área. 7. REFERÊNCIAS ALEXANDER, M. 1977. Introduction to soil microbiology. 2 ed. New York, John Wiley & Sons, 467 p. BERNAL, M. P.; SÁNCHEZ MONEDERO, M. A.; PAREDES, C.; ROIG, A. Carbon mineralization from organic wastes at different composting stages during their incubation with soil. Agriculture Ecosystems & Environment, v. 69, p. 175-189, 1998a. FEAM. Como destinar resíduos sólidos urbanos. Fundação Estadual do Meio Ambiente. Belo Horizonte: FEAM, 2002. 45p. INÁCIO, Carlos de Teves; MILLER, Paul Richard Momsen. Compostagem: Ciência prática para a gestão de resíduos orgânicos. 1. ed. Rio de Janeiro: Embrapa, 2009. 156 p. KIEHL, E, J. Fertilizantes Orgânicos. São Paulo: Ed. Agronômica Ceres, 492 p.1985. KIEHL, E. J. Manual de Compostagem: maturação e qualidade do composto. Piracicaba,:E. J. Kiehl, 1998.

MATOS, Antonio Texeira de. Qualidade do Meio Físico e Ambiental - Práticas de laboratório. UFV. Viçosa 2012. MERCKEL, A. J. Managing livestck wastyes. Westport: Avi Publishing Company, 1981. MÔNICA S.S de M. et al. Compostagem de resíduos sólidos de frigorífico. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental. v.13, n.1, p.100 107, 2009. Campina Grande, PB, UAEA/UFCG MUKHTAR, S. et al. Composting. In: Carcass disposal: A comprehensive review. National Agricultural Biocesecurity Center Consortium. USDA APHIS Cooperative Agreement Project, Carcass disposal working group, Kansas State University. Kansas, 2004. Disponível em:. Acesso em: 26 de jul. 2016. PAIVA 1, Doralice Pedroso de. COMPOSTAGEM: DESTINO CORRETO PARA ANIMAIS MORTOS E RESTOS DE PARIÇÃO. Embrapa Suíno e Aves- concórdia, SC. 2001. PAIVA 2, Ed Carlo Rosa. Avaliação da compostagem de carcaças de frango pelos métodos da composteira e leiras estáticas aeradas. 2008. 163 p. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia Civil, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2008. PAIVA 3, Ed Carlo Rosa. Gestão de resíduos sólidos orgânicos: Compostagem: variáveis de projeto e operação. Saarbrücken, Alemanha: Novas Edições Acadêmicas, 2014. 150 p. PEIXOTO, J. O. Destinação final de resíduos, nem sempre uma opção econômica. Engenharia Sanitária, (1): 15-18, 1981. PEREIRA NETO, J, T., STENTIFORD, E I & BIDDLESTONE, A. J. Sistemas de compostagem por pilhas estáticas aeradas uma alternativa de baixo custo ao tratamento e reciclagem do lixo urbano e lodos de esgotos domésticos. Trabalho publicado na Revista APES Lisboa, Portugal, 1986. PEREIRA NETO, J. T. Manual de Compostagem: Processo de baixo custo. 1. ed. Viçosa: Editora UFV, 2007. 81 p. PEREIRA NETO, J. T., 1987: On the Tratment of Municipal Refuse and Sewage Sludge Using Aerated Static Pile Composting A Low Cost Technology Aproach. University of Leeds, Inglaterra. p. 839-845. PEREIRA NETO, J. T., 1996: Manual de Compostagem. Belo Horizonte UNICEF 56 p. VERA, C.L.M. et al. Pré-compostagem de cadáveres de bovinos acometidos pelo botulismo. 2007.