Estádio em Itaquera Muro de contenção em Solo Reforçado com Geossintéticos (Stadium in Itaquera Reinforced Soil Retaining Wall with Geosynthetics)



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Transcrição:

Estádio em Itaquera Muro de contenção em Solo Reforçado com Geossintéticos (Stadium in Itaquera Reinforced Soil Retaining Wall with Geosynthetics) Nome dos autores: Petrúcio José dos Santos; Emerson José Ananias; Paulo César Belesso Ferreti; Jefferson de Almeida Prado; Instituição: Maccaferri do Brasil LTDA, Jundiaí SP / Tel.: 55 11 4525-5000 E-mail: tecpro@maccaferri.com.br; Local da obra: São Paulo SP Brasil Duração: 31/01/2012 03/08/2012 (185 dias). Resumo O Campeonato Mundial de Futebol no Brasil em 2014 gerou uma reestruturação de algumas arenas no país, bem como a construção de outras, como o estádio de abertura do evento, em Itaquera, São Paulo, onde foi projetada e executada uma estrutura de contenção com 14m de altura, em solo reforçado com geogrelhas, promovendo a verticalização e estabilização do maciço de solo, utilizando geocompostos para captação e condução do fluxo de drenagem e geotêxteis não tecidos para filtração e separação do aterro executado. A contenção deveria suportar ainda o tráfego do guindaste destinado à montagem da cobertura do estádio, de modo a promover a distribuição e transmissão de tensões ao solo de fundação. Abstract The World Soccer Championship in Brazil, 2014 generated the restructuring of some arenas in the country, as well as the construction of others, like the one for the opening of the event, in Itaquera, São Paulo, where it was projected and executed a contention structure with 14m of height, in reinforced soil with geogrids, which promoted the verticalization and stabilization of the massif soil, using geocomposites for capitation and conduction of the drainage flow, and non woven geotextiles for filtration and separation of the executed embankment. The contention should still support the traffic of a crane destined to the montage of the coverage of the stadium, in order to promote the tensions distribution and transmission to the foundation soil. 1. INTRODUÇÃO O projeto do estádio em questão contempla quatro setores, Norte, Sul, Leste e Oeste (figura 1), uma esplanada de circulação e acesso de torcedores, que circunda todo o estádio, e dois estacionamentos descobertos. Há uma arquibancada inferior que circunda todo o campo, unindo os quatro setores do estádio, e mais duas arquibancadas superiores situadas respectivamente nos setores Leste e Oeste. Página 1

Figura 1: Setores de trabalho da Arena Corinthians. O setor oeste é o principal setor do estádio, representando cerca de 60% do volume de obras do contrato. Este setor possui um prédio que contém 11 níveis (14 metros), e é neste cenário que surgiu o desafio apresentado, onde se configurou a necessidade de se conceber uma estrutura de contenção com 635 m de extensão e 7.660,00 m² de área de face, ainda capaz de vencer a diferença entre o nível mais baixo do prédio (cota 775,90 m) e o nível dos acessos e dos estacionamentos (cota 790,00 m - figura 2). 790,00 14,10 m 775,90 Figura 2 Desníveis a serem vencidos para execução do acesso ao estádio. Na fase de conquista do contrato por parte da construtora Odebrecht haviam poucas informações disponíveis para análise das limitações construtivas da obra, além de um prazo desafiador. Desta forma, foram estudadas duas opções para o problema em questão: a primeira seria a estruturação do pórtico do prédio oeste, devido a contribuição de esforços horizontais, promovendo o reforço nas fundações, a segunda a execução de uma laje estruturada com fundações profundas. Com o avanço dos estudos e informações de projeto, estas soluções se tornaram inviáveis, devido ao surgimento da necessidade da montagem de uma estrutura metálica para a cobertura do prédio oeste, a qual seria feita por um guindaste que transitaria sobre a região da laje, aplicando uma carga de 5,0 kgf/cm 2, dificultando assim o emprego de tais soluções estruturais supracitadas. Página 2

Diante deste cenário, a equipe de engenharia da obra, passou a buscar alternativas executivas mais adequadas às situações apresentadas, mantendo as características do prédio e garantindo capacidade de suporte para montagem da cobertura do estádio dentro do prazo adequado, dentro do cronograma. A solução ideal mostrou-se no aterro reforçado, onde foram considerados vários sistemas de contenção tais como: reforços metálicos com paramento frontal de placas de concreto, blocos segmentados, ou solo envelopado, além de cortinas atirantadas. Em função de limitações referentes a recalques e processos construtivos demorados, optou-se pela solução em solo reforçado com geogrelhas e paramento em elementos de face semelhantes aos gabiões caixa. A solução permitiu a utilização do material da jazida local interna, proveniente do corte da área do estacionamento (setor Oeste do estádio), fato vantajoso para o equilíbrio do volume de terraplenagem da obra, devido a face conter caracterísitcas semelhantes aos gabiões, com ganho de flexibilidade e de absorção de recalques. 2. DESCRIÇÃO O sistema de contenção em solo reforçado com as geogrelhas MacGrid WG consiste em elementos de face de aspecto similar aos gabiões (confeccionados com a malha hexagonal dupla torção, onde as faces dos elementos são feitos a partir de um único pano de malha, formando um elemento único) juntamente com geogrelhas tecidas em poliéster de alta resistência à tração e baixa deformação, que inseridas entre os elementos de face (figura 3), exercem a função de reforços primários, formando a estrutura de contenção (figura 4). Figura 3 Geogrelha instalada entre os elementos de face da estrutura em solo reforçado. Figura 4 Detalhe da inserção das geogrelhas entre os elementos de face do solo reforçado de contenção. Página 3

3. METODOLOGIA DE EXECUÇÃO Uma das características principais desse sistema é seu processo executivo rápido, pois a estrutura é edificada concomitantemente com o aterro (figura 5), possuindo fundação direta em solo de fundação competente em função dos níveis de tensões descarregadas pelo aterro reforçado. As geogrelhas garantem essa condição por serem tecidas em filamentos de alta tenacidade, com baixos valores de alongamento, e uma elevada resistência à tração, (variando neste caso de 90 a 200 kn/m). Assim obtém-se um solo de aterro estruturado, com grande capacidade de suporte. Figura 5 Estrutura de contenção com reforços em geogrelhas sendo edificada. Para o dimensionamento e determinação do comprimento dos reforços e suas resistências respectivas foram realizadas análises de estabilidades internas, análise como muro (tombamento, deslizamento e pressão na fundação) e análise global, respectivamente para as situações de: aterro na umidade ótima, e saturada. As geogrelhas (figura 6) proporcionaram uma solução otimizada e segura, a fim de garantir a produtividade e estabilidade para as condições de projeto exigidas. Geotêxtil Geogrelhas de 90 kn/m Geogrelhas de 120 kn/m Geogrelhas de 200 kn/m Tubo drenante Geotêxtil Geocomposto Drenante Figura 6 Seção esquemática de projeto para a contenção em solo reforçado com geossintéticos. Página 4

A fim de evitar a saturação e permitir que o aterro trabalhasse em condição drenada ( com a maior resistência possível), foi proposto o uso do geocomposto drenante MacDrain 2R, contendo um núcleo drenante formado por uma georrede extrudada em PEAD, que confere elevada resistência à compressão ao núcleo. A georrede é termo-soldada a dois geotêxteis não tecidos de polipropileno em alguns pontos de contato. A fim de garantir a retenção de finos e passagem d água, como elemento filtrante e separador, na parte interna do paramento frontal da contenção, bem como no colchão drenante que serviram de base para a estrutura, foi prevista também a instalação do geotêxtil MacTex N 40.2, composto por fibras de poliéster agulhadas não tecidas que garantiram as propriedades mecânicas e hidráulicas necessárias para bom desempenho da solução proposta (figura 7). Figura 7 Utilização dos geocomposto drenantes e geotêxteis na contenção em solo reforçado. 3.1. Instrumentação Verificou-se através das investigações geotécnicas realizadas, que a fundação não apresentava propriedades de resistência ideais para a implantação da estrutura devido a uma camada local de solo de baixa capacidade de suporte. Assim, foi proposto um projeto de instrumentação (figura 8), que avaliasse o comportamento da contenção, quanto a recalques diferenciais, deformações de face, e mobilização de esforços na fundação do prédio oeste. Figura 8 Seção de instrumentação da contenção. Página 5

3.2. Resultados 3.2.1. Células de Pressão Instaladas sob a contenção de solo reforçado (solo de fundação), e ao tardoz do paramento da contenção, tiveram a função de medir a tensão aplicada na fundação, bem como na face da estrutura (figura 9). Pressão vertical (kpa) x Tempo Altura do muro (m) 14.00 12.00 10.00 8.00 6.00 4.00 2.00 0.00 Figura 9 Células de pressão usadas na base e ao tardoz do paramento frontal da contenção. Nota-se através dos gráficos (figura 9) que as tensões para as células A, B e C não superam 275 KPa, abaixo de 400 kpa, valor estipulado de acordo com as análises de estabilidade de pressões na Fundação, tal condição mostra que a fundação suporta 1,5 vezes a carga aplicada. 3.2.2. Marcos superficiais Altura do muro (m) CP-A CP-B CP-C 300.00 275 kpa 250.00 200.00 150.00 100.00 Para monitoramento topográfico da contenção além da instrumentação já proposta, foram instalados em sua base, marcos superficiais de recalques nos eixos determinados no projeto de fundação do estádio (figura 10), a fim de observar quaisquer deslocamentos verticais no pé da estrutura, de modo que se ocorridos, deveriam ser observados de tal maneira que não causassem interferências do solo de fundação próximo aos pilares, blocos ou estacas da edificação. Deslocamento x Tempo 50.00 0.00 Pressão total (kpa) Deslocamento em N, E e Z (cm) 25 20 15 10 5 0-5 -10-15 -20-25 Figura 10 Gráfico que mede os deslocamentos (recalques) em função do tempo. 25.0 20.0 15.0 10.0 5.0 0.0-5.0-10.0-15.0-20.0-25.0 Através dos gráficos na figura 10 nota-se que os níveis máximos de deformações chegam aos 10 cm para já estabilizados, de modo que para a contenção de 14m, os níveis de recalque são considerados mínimos. Página 6

3.2.3. Inclinômetros Os inclinômetros instalados são compostos de uma haste cilíndrica com ranhuras, que conduzem um sensor interno com rodas laterais (figura 11), o sensor acompanha o ângulo de inclinação do tubo, medindo os deslocamentos horizontais nestes intervalos. Desta forma, medem-se os delocamentos horizontais em função da profundidade do tubo inserido. Pé da estrutura de Contenção Figura 11 Inclinômetros: deslocamentos horizontais ao longo da profundidade ultima medição em 20/02/13. Nota-se na figura 11 que os valores de deslocamentos horizontais estabilizam-se em 19 cm no solo de fundação, tais valores se enquadram dentro dos limites pré-determinados para o muro, de modo que não houve interferência nas fundações existentes do prédio oeste. 3.3. Vantagens do uso da solução em solo reforçado com geossintéticos Execução de forma simplificada com os geossintéticos instalados ao tardoz da face, quando comparada à outra ssoluções, que necessitam de equipamentos especiais. Possibilidade de utilização do solo local no corpo do aterro estrutural (silte argiloso), por conta dos baixos valores de alongamentos fornecidos pelos reforços geossintéticos, além da grande resistência à tração para solos com plasticidade considerável. Rápida produtividade quanto aos processos executivos anteriormente mencionados. O solo reforçado com geogrelhas dispensa tempo de moldagem ou desmoldagem de peças moldadas em concreto. A compactação do aterro pôde ser feita em estado drenado eficientemente, por conta do uso dos geocompostos para drenagem, os quais suportaram as tensões oriundas do maciço de solo, sem interferir em sua capacidade drenante. Com a utilização do filtro geotêxtil respectivamente como elemento filtrante e separador, tem-se a face permeável da estrutura de contenção livre da passagem de finos, confinando o material de aterro. Página 7

Facilidade na condução do fluxo de drenagem, seja de lençóis freáticos por conta do filtro geotêxtil como elemento filtrante, o lastro de brita como elemento drenante e o tubo geossintético perfurado como elemento condutor, e para o aterro reforçado tem-se um sistema drenate com o uso de geocompostos instalados na base da contenção, na interface solo natural-aterro, garantindo a condição drenada do solo de aterro. Minimização dos deslocamentos horizontais e recalques pelas geogrelhas, de modo a não causar interferências no prédio oeste do estádio, garantindo que o solo de fundação suporte o maciço verticalizado, além de resistir ao tráfego de um guindaste de grande porte, destinado à montagem da cobertura do estádio. Não necessidade de mão de obra especializada, com grande ganho de produtividade. 4. CONCLUSÃO A contenção em solo reforçado foi iniciada em Janeiro de 2012 e concluída em Agosto do mesmo ano, totalizando 185 dias de execução, e ao todo foram utilizados 500 m de tubos perfurados para drenagem, 3.300,00 m² de geocompostos drenantes, 26.450,00 m² de geotêxteis e 128.750,00 m² de geogrelhas. Após a conclusão da contenção, o guindaste de grande porte, responsável pela colocação da cobertura do estádio, iniciou sua operação com sucesso por conta do grande ganho de capacidade de suporte do solo de aterro, por conta dos reforços e sistemas drenantes usando geossintéticos. Assim, a implantação da contenção aliada à produtividade construtiva obtida, foram eficazes para o cronograma geral da obra da Arena em Itaquera, atendendo às necessidades de projeto (figuras 12, 13 e 14), de modo que o estádio foi entregue a tempo para os eventos previstos. A flexibilidade do muro com o uso das geogrelhas de alta tenacidade, acompanhadas da proposta de instrumentação permitiram a edificação da contenção sem maiores intervenções, no prédio adjacente ao estádio. Figura 12, 13 e 14 Vista aérea da operação do guindaste sobre a contenção em solo reforçado já finalizada. 5. REFERÊNCIAS Maccaferri do Brasil Ltda. (2005). Encarte Técnico, Estruturas de solo reforçado com o Sistema Terramesh. Officine Maccaferi (1997). Terramesh System, Technical specifications. Página 8