VII CONFERÊNCIA INTERNACIONAL JANEIRO. 10 de Maio de 2011

Documentos relacionados
RESOLUÇÃO DE CONFLITOS. FACULDADE ECONOMIA DA UNIVERSIDADE NOVA POST-GRADUAÇÃO DE GESTÃO PARA JURISTAS José Miguel Júdice

O PARADIGMA DO BOM ÁRBITRO

DA OAB SP 28 de Maio de 2010 A CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA NA ARBITRAGEM INTERNA E INTERNACIONAL

Arbitragem Institucionalizada: o melhor modelo para a resolução de litígios comerciais e de investimento. José Miguel Júdice

PIDA ARBITRAGEM COMERCIAL INTERNACIONAL. Programa

Arial Bold Alinhado esquerda 27 pt

MODELO PARA CRONOGRAMA DE PROCEDIMENTO

Procedimento de Arbitragem e Mediação da OMPI como alternativa. José Eduardo de V. Pieri

DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

PERÍCIAS EM ARBITRAGENS SOCIETÁRIAS

Como resolver Conflitos CENTRO DE INFORMAÇÃO EUROPE DIRECT DE BARCELOS

de Abril) com a redacção actual (Decreto-Lei 84/2008 de 21 de Maio) e nos termos do art.º 342º nº 2 do Código Civil o ónus da prova cabe à reclamada.

PROCEDIMENTO N 1. ACEITAÇÃO 2. DISPONIBILIDADE. Sobrenome: Nome: Aceitação Aceito atuar como árbitro neste caso.

PAINEL 5. Nome de Domínio Solução de Conflitos pelo Sistema Administrativo de Conflitos de Internet (SACI), Mediação ou Arbitragem

_1.docx. Arbitragem no México. Uma visão geral

Centro de Arbitragem de Conflitos de Consumo de Lisboa

Centro de Arbitragem de Conflitos de Consumo de Lisboa

Arbitragem de Rito Sumário ou de Escopo Limitado? Futuro?

ANEXO II CÓDIGO DE ÉTICA

Em relação à previsão de eventual ato regulamentar futuro, a alusão a um termo aditivo preserva o ato jurídico perfeito.

Panorama da Arbitragem em Portugal e países da CPLP. José Carlos Soares Machado SRS Advogados

Reunião Técnica ANEFAC. Execução e Anulação de Sentença Arbitral. Palestrante: Elis Wendpap

Manuel Pereira Barrocas. Licenciado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa

Curso de Arbitragem 1 FRANCISCO JOSÉ CAHALI

Reunião Técnica ANEFAC

ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE ARBITRAGEM CÓDIGO DEONTOLÓGICO DO ÁRBITRO

Arbitragem Marítima em Londres

TRIBUNAL ARBITRAL DE CONSUMO

Arbitragem sobre litígios de contratação pública

V Curso de Extensão Universitária (ex-pós Graduação) PLANO DE ESTUDOS

SUMÁRIO AGRADECIMENTOS APRESENTAÇÃO... 13

CÓDIGO DE ÉTICA. O comportamento do árbitro deverá ser pautado de forma condizente com um profissional de reputação ilibada.

CLÍNICAS FORENSES PRÁTICAS PROCESSAIS CIVIS

sobre o papel do Ministério Público fora do sistema de justiça penal

Centro de Arbitragem de Conflitos de Consumo de Lisboa

O CONTADOR E SUAS POSSÍVEIS CONTRIBUIÇÕES PARA A JUSTIÇA

REGULAMENTO DO CENTRO NACIONAL DE INFORMAÇÃO E ARBITRAGEM DE CONFLITOS DE CONSUMO

Perícias em Resolução de Disputas

Regulamento do CNIACC. Centro Nacional de Informação e Arbitragem de Conflitos de Consumo

António Pedro Pinto Monteiro Curriculum Vitae. Curriculum Vitae

STJ FLAVIA Foz MANGE

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

CARMEN TIBURCIO Professora Adjunta da Universidade, do Estado do Rio de Janeiro UERJ. Consultora de Direito Internacional

APRESENTAÇÃO DO CADERNO DE PRÁTICA DO NÚCLEO DE PRÁTICAS JURÍDICAS DA SÃO CAMILO-ES - PRATICA PENAL I -

ARBITRAGEM CCI. Seminário a ter lugar na ICC Portugal Novembro ICC Portugal Rua das Portas de Santo Antão, 89 Lisboa

LEI Nº , DE 19 DE DEZEMBRO DE 2000

COMISSÃO NACIONAL DE ESTÁGIO E FORMAÇÃO

1ª Conferência de Arbitragem ICC em Moçambique

Arbitragem no México. Uma visão geral

REGULAMENTO DO MOOT COURT PORTUGUÊS DE DIREITO DA CONCORRÊNCIA. Capítulo I Disposições Gerais

Minuta de Ata de Missão que Esta Sociedade Segue nos Processos Arbitrais

INTERVENÇÕES EM PROCESSOS JUDICIAIS E OUTROS PROCEDIMENTOS para efeitos de cumprimento do disposto nos números 1, 2 e 5 do artigo 22º

Av. Carlos Silva, n.º Oeiras

Centro de Arbitragem de Conflitos de Consumo de Lisboa

Centro de Arbitragem de Conflitos de Consumo de Lisboa

INQUÉRITO PARA APURAÇÃO DE FALTA CONSIGNAÇÃO/DISSÍDIO COLETIVO GRAVE/AÇÃO DE LEANDRO ANTUNES

A ARBITRAGEM NA ACÇÃO EXECUTIVA

Direito da Arbitragem

CÂMARA DE MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM DO IBDE

Arbitragem liberta os juízes de questões time consuming

Curriculum Vitae. Nasceu em Lisboa, no dia 28 de Agosto de

REFLEXOS DO NOVO CPC NO DIREITO DE FAMÍLIA

DECISÃO. Juiz(a) de Direito: Dr(a). Fernando França Viana. Vistos.

JURISDIÇÃO.

Professor Wisley Aula 09

Regulamento de Arbitragem. Centro de Arbitragem de Conflitos de Consumo do Algarve

Centro de Arbitragem de Conflitos de Consumo de Lisboa. Isabel Morais Mendes Cabeçadas

Dos Serviços Auxiliares da Justiça do Trabalho

Estrututra Legal e Regulatória para a Implementação da GIRH. Resolução de Conflitos

1 PIDA Avançado. Arbitragem Comercial Internacional

ESCOLHA E IMPUGNAÇÃO DO ÁRBITRO

A Prova Técnica na Arbitragem

Regulamento das atividades complementares do Curso de Graduação em Direito - Resolução 01/03

A ANULAÇÃO DA DECISÃO ARBITRAL Algumas Notas sobre Aspectos Substanciais e Processuais

CCX CARVÃO DA COLÔMBIA S.A. CNPJ/MF n / (Companhia Aberta) BM&FBOVESPA: CCXC3 FATO RELEVANTE

Alteração ao Regulamento de Arbitragem Administrativa do CAAD

REGULAMENTO. Centro de Arbitragem de Conflitos de Consumo do Vale do Ave/Tribunal Arbitral

RECURSO DE INCONSTITUCIONALIDADE

Sinopse da Acção do Centro

ANA PAULA MOTA DA COSTA E SILVA. Curriculum Vitae. I. Dados Pessoais

Assim, o regulamento de provas de Agregação da Universidade Católica Portuguesa rege-se pelas seguintes normas:

Telefone: Endereços de correio electrónico:

Arbitragem e Concorrência

SUMÁRIO PARTE I INTRODUÇÃO À OBRA EXERCÍCIO DA JURISDIÇÃO CIVIL COMO ATRIBUTO DA SOBERANIA: O ESTADO- JUIZ... 19

Autoria: Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGEstE) Edição: Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGEstE)

Regras sobre a Condução Eficiente de Procedimentos em Arbitragem Internacional (As Regras de Praga) Nota do Grupo de Trabalho

ENUNCIADO Nº 5: RECURSOS ESPECIAL E EXTRAORDINÁRIO EM AGRAVOS, APELAÇÃO OU EMBARGOS INFRINGENTES DE AÇÃO POSSESSÓRIA INDIVIDUAL.

I Conferência Internacional de Arbitragem

2º CONGRESSO DO CENTRO DE ARBITRAGEM DA ACL

FACULDADE DE DIREITO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO Autarquia Municipal EDITAL NE01/2019

Certifico que este documento da empresa COOPERATIVA DE CRÉDITO LIVRE ADMISSÃO DO VALE DO SÃO PATRÍCIO LTDA, Nire: , foi deferido e

Junta Comercial do Estado de Minas Gerais Certifico registro sob o nº em 23/04/2015 da Empresa OMEGA GERACAO S.A., Nire e

Certifico que este documento da empresa COOPERATIVA DE CRÉDITO DOS MAGISTRADOS, SERVIDORES DA JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS E EMPREGADOS DA CELG LTDA,

Transcrição:

VII CONFERÊNCIA INTERNACIONAL DE ARBITRAGEM DO RIO DE JANEIRO 10 de Maio de 2011

A Redacção do Laudo Arbitral 1. O laudo arbitral começa a ser preparado quando os árbitros se reúnem pela primeira vez. 2. Pode acontecer com o tribunal arbitral o que por vezes acontece com as famílias: o risco de serem muito unidas apenas até terem de fazer partilhas; de serem muito unidos até se começar a discutir o que vai ser o laudo arbitral. 3. Como conseguir que a unidade e a coesão do tribunal se mantenham fortes até ao fim? 4. Como conseguir que se atinjam consensos, sem splitting the baby, produzindo então uma solução injusta?

5. É possível conseguir um bom laudo desde que ao longo do processo se consigam assegurar algumas regras. 6. Algumas regras para os co-árbitros: i. ser construtivo; ii. ser sério, imparcial e independente, e parecer que é; iii. iv. não queimar trunfos em combates de menor relevância; sentir o Árbitro Presidente; v. ser profundamente leal ao Tribunal Arbitral; vi. dominar perfeitamente o caso, nos seus aspectos factuais e legais.

7. Algumas regras para o árbitro presidente: i. ser totalmente independente e imparcial; ii. iii. iv. dominar em absoluto o processo, conhecendo com detalhe e rigor os factos e o direito; estabelecer uma relação pessoal de lealdade e confiança e se possível até de amizade - com os co-árbitros; analisar e perceber se e em que medida os co-árbitros são realmente imparciais e agir em conformidade; v. dar aos co-árbitros a possibilidade e a certeza de serem ouvidos; vi. vii. conciliar a modéstia com a autoridade; ir preparando a parte expositiva do laudo ao longo do processo para que esteja pronta na altura da audiência

8. O processo de produção do laudo arbitral. Algumas regras: a) A utilidade de criar ao longo do processo o hábito das decisões colegiais que reforcem a coesão; b) A utilidade de testing each other s independence from the start of the case (Derains) c) a vantagem de uma reunião dos árbitros, logo a seguir ao final da audiência de julgamento, para analisar a quente as possíveis respostas para as grandes questões e para que cada árbitro possa sentir os outros;

d) a possibilidade de que em tal reunião se consigam logo respostas para algumas das questões essenciais que vão dar o sentido essencial do laudo; e) A utilidade da elaboração de acta escrita a partir dessa reunião com as grandes questões acordadas, as não consensuais ou as que ainda não estão amadurecidas; f) A vantagem da uma dinâmica forte do Arbitro Presidente na interacção com os árbitros sobre essa acta, na redacção de textos provisórios e do laudo. g) O método das aproximações sucessivas.

h) A ameaça da decisão maioritária antes de que os co-árbitros possam estar seguros de que podem ser minoritários ou integrar a maioria, nos casos mais difíceis. i) Os árbitros preguiçosos, parciais, terroristas e os desafios que causam ao processo. A patologia nas deliberações.

9. O que o laudo é: i. Põe termo ao litígio, ii. com a força de caso julgado, iii. aplicando adequadamente a lei e o contrato, iv. respeitando as normas de ordem pública obrigatórias, v. após um julgamento justo, e vi. sendo enforceable.

10. O texto seminal Drafting awards in ICC Arbitrations, de Humphrey Lloyd e outros (ICC International Court of Arbitration Bulletin, vol 16/nº2 Fall 2005, págs 19-40). 11. Clarity, precision, brevity and ease of use (pág.27) 12. An award... is a rehabilition of the law, by restoring legal certainty (Wirth)

13. As opções sobre o conteúdo do laudo: a) devem descrever-se todos os factos que ficaram provados? b) devem abordar-se todos as questões ou apenas as essenciais? c) como tratar das questões económicas e financeiras? d) Problemas de juria novit curia? e) que colaboração podem dar assistentes ou o secretário do tribunal na redacção do laudo e na sua discussão? f) qual é a medida da fundamentação necessária e conveniente ( both thourough and self sufficient )

g) como tratar as dissenting opinions? h) especificidades dos laudos em situações de acordo entre as partes (situações de ultra vel petitum) i) a decisão sobre custas j) como tratar as reclamações das partes quanto ao laudo?

14. Conclusão: a) Cada laudo é... um laudo. Não há regras gerais que sirvam para todos os casos b) Um bom laudo é a melhor promoção possível para a arbitragem. c) Um bom laudo normalmente não agrada a todos d) Um bom laudo é em regra admirado e respeitado por todos e) Mas acima de tudo um bom laudo tem de ser enforceable nas jurisdições em que seja mais provável a execução.

José Miguel Júdice josemiguel.judice@plmj.pt www.josemigueljudice-arbitration.com