INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL PÓS-CERVICAL DE LEITOAS COM SÊMEN SUÍNO CRIOPRESERVADO UTILIZANDO DIMETILACETAMIDA E GLICEROL

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INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL PÓS-CERVICAL DE LEITOAS COM SÊMEN SUÍNO CRIOPRESERVADO UTILIZANDO DIMETILACETAMIDA E GLICEROL Autor(es): Apresentador: Orientador: Revisor 1: Revisor 2: Instituição: MADEIRA, Elisângela Mirapalheta; CALDERAM, Kérlin; MASCHIO, Éder Francisco; RAMBO, Gissele; BIANCHI, Ivan; LUCIA JR., Thomaz; Deschamps, João Carlos; CORRÊA, Marcio Nunes Elisângela Mirapalheta Madeira Marcio Nunes Corrêa Eduardo Xavier Vinicius Pereira Universidade Federal de Pelotas INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL PÓS-CERVICAL DE LEITOAS COM SÊMEN SUÍNO CRIOPRESERVADO UTILIZANDO DIMETILACETAMIDA E GLICEROL MADEIRA, Elisângela Mirapalheta I ; CALDERAM, Kérlin II ; MASCHIO, Éder Francisco II ; RAMBO, Gissele II ; BIANCHI, Ivan I ; LUCIA JR., Thomaz II ; Deschamps, João Carlos II ; CORRÊA, Marcio Nunes I i Faculdade de Veterinária, Depto de Clínica Veterinária, UFPel Núcleo de Pesquisa, Ensino e Extensão em Pecuária (NUPEEC) II PIGPEL Centro de Biotecnologia, Faculdade de Veterinária - UFPel Campus Universitário 96010 900 - Pelotas/RS - www.ufpel.edu.br/nupeec E-mail: elisangelamadeira@bol.com.br - Tel: (53) 32782782 1. INTRODUÇÃO O uso de sêmen suíno congelado determina a queda de 20 a 30% na taxa de parição e dois a três leitões a menos por leitegada. Dessa forma, a sua utilização fica condicionada apenas a situações específicas, tais como a produção de reprodutores em núcleos genéticos. O glicerol é normalmente o crioprotetor de eleição para o congelamento de sêmen na maioria das espécies de mamíferos. Estudos com a utilização de crioprotetores em substituição ou associação com o glicerol têm sido conduzidos especialmente em eqüinos com o uso de diferentes amidas (ALVARENGA et al., 2000). No emprego de sêmen congelado através da IA intracervical, normalmente são utilizadas doses de 5-6 x 10 9 SPTZ (BORDIGNON et al., 1996; ROCA et al., 2003), o que é consideravelmente superior a dose convencional de 3 x 10 9 SPTZ utilizada com sêmen refrigerado (SERRET et al., 2005). A melhora nos resultados obtidos é resultante da adaptação de protocolos de criopreservação, além do desenvolvimento

de novos métodos de IA, tais como o intra-uterino profundo, utilizando doses de até 150 x 10 6 SPTZ. O objetivo deste estudo foi avaliar o uso da dimetilacetamida (DMA) e glicerol na criopreservação de sêmen suíno, sobre as taxas de concepção e fertilização in vivo, utilizando o método de inseminação artificial pós-cervical. 2. MATERIAL E MÉTODOS Foi utilizado sêmen de machos suínos cruza (Landrace x Large White), em regime de coleta e mantidos no Centro Agropecuário da Palma (Universidade Federal de Pelotas-RS). O ejaculado foi coletado através do método da mão-enluvada (BEARDEN e FUQUAY, 1997a). A condição mínima para o ejaculado ser processado foi de motilidade espermática e integridade de membrana por fluorescência superior a 80% e 70%, respectivamente, no momento da coleta. Após a coleta, o sêmen foi diluído (1:1, v/v), no diluente BTS. O resfriamento foi de 60 min a 24 C e, após, 60 min a 15 C. Ao atingir 15 C foi realizada a centrifugação (800 x g por 10 min) para a retirada do plasma seminal. O sedimento de (SPTZ) obtido da centrifugação foi re-suspenso no diluidor de resfriamento (DR) GEMA (80%, v/v, de solução de lactose a 11%; 20% gema de ovo, v/v), num volume suficiente para que cada ml mantivesse uma concentração de 450 x 10 6 de SPTZ. O resfriamento foi por 90 min até 5 C, e re-suspenso nos diluidores de congelamento (DC) a base dos crioprotetores Glicerol e DMA. Os DC foram elaborados a partir do DR, sendo o DC composto de glicerol (89,5% de DR GEMA + 1,5% Orvus Ex Paste, Equex-Paste e 9% de Glicerol, v/v), e o DC dimetilacetamida (83,5% de DR GEMA + 1,5% Orvus Ex Paste, Equex-Paste e 15% de DMA, v/v). A quantidade de DC acrescentada foi de 1:2, onde nesta proporção obtevese uma concentração final de 3% para o congelamento com glicerol e a 5% para DMA, seguida da adição do DC. O sêmen foi envasado em palhetas de 0,5 ml, com uma concentração de 150 x 10 6 SPTZ/palheta. As palhetas foram congeladas a uma temperatura aproximada de - 90 C por um período de 20 min, sendo após mergulhadas em nitrogênio líquido a - 196 C e mantidas até o descongelamento. As avaliações in vitro do sêmen foram de motilidade (0 a 100 %) e vigor, através de microscopia ótica. Após foi feita a avaliação da integridade de membrana espermática por fluorescência (HARRISON e VICKERS, 1990) através das sondas Diacetato de Carboxifluoresceína (CFDA) e Iodeto de Propídio (IP). A integridade funcional da membrana espermática foi testada também através do teste do choque hiposmótico (CHIPO) (VASQUEZ et al., 1997). A avaliação da capacidade fertilizante in vivo do sêmen congelado com glicerol e DMA, foi realizada em 60 leitoas pré-púberes (30 para cada grupo) com peso médio de 86,5 kg e idade de 155 d. As fêmeas foram tratadas com 1000 UI de ecg (sendo considerado hora 0) e 70-72 h após com de 500 UI de hcg (CORRÊA et al., 2006). Entre 31-34 h após a aplicação do hcg as leitoas foram inseminadas ao acaso, independente dos sinais de cio e abatidas entre 36 a 40 h após a IA. Para elaboração das doses inseminantes de 60 ml, foi realizado o descongelamento das palhetas do tratamento correspondente (glicerol ou DMA) em banho-maria a 37 C por 20 s imediatamente antes de cada IA em BTS na temperatura

de 37 C, a fim de atingir uma concentração de 1 x 10 9 SPTZ vivos (baseados na análise prévia da motilidade espermática). O método de IA utilizado foi o pós-cervical, cuja pipeta é fixada na cérvix e possui um cateter com um prolongamento de 20 cm, o que permite a deposição do sêmen no corpo do útero (SERRET et al., 2005). Nos aparelhos reprodutivos das fêmeas foi determinada individualmente a taxa de ovulação, a partir da contagem do número de corpos hemorrágicos em cada ovário. Para a coleta das estruturas (oócitos e embriões), cada oviduto (direito e esquerdo) foi lavado com 20 ml de PBS (solução de tampão fosfato). Para cada fêmea foram determinadas as taxas de recuperação (TR) e fertilização (TF), a partir das seguintes fórmulas: - Taxa de recuperação (TR,%) = (n de oócitos e/ou embriões recuperados / n de corpos hemorrágicos contados) x 100 - Taxa de fertilização (TF,%) = (n de embriões / n de estruturas recuperadas) x 100 A taxa de concepção foi determinada considerando o número de fêmeas em que foi verificada a presença de embriões em relação ao total de fêmeas inseminadas. As análises estatísticas descritivas foram calculadas para as avaliações espermáticas in vitro, manifestação de cio, número de corpos hemorrágicos, oócitos, embriões, taxa de recuperação e fertilização. A análise de concepção entre os grupos glicerol e DMA foi avaliada pelo teste do qui-quadrado. As variáveis dependentes consideradas na análise de variância foram: número de corpos hemorrágicos; oócitos; embriões; taxas de recuperação e fertilização. A variável independente considerada foi o crioprotetor utilizado (glicerol ou DMA). A comparação de médias foi feita pelo teste de Tukey. Todas as análises foram realizadas através do STATISTIX (2004). 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Tabela 1. Parâmetros de avaliação do sêmen após a coleta e após o congelamento. Momento da avaliação Parâmetro avaliado Pós-descongelado Pós-coleta Glicerol DMA Motilidade, % 85,0 53,0 65,0 Integridade de membrana por fluorescência, % 77,0 45,0 53,0 Integridade de membrana pelo CHIPO*, % 35,0 26,0 28,0 Os resultados de avaliação in vitro do sêmen após a coleta e após o descongelamento mostram o quanto é sensível o espermatozóide suíno ao processo de congelamento-descongelamento. A comparação entre os crioprotetores glicerol e DMA nas avaliações, evidencia a superioridade dos resultados de motilidade e integridade de membrana por fluorescência, obtidos no tratamento com DMA. Para a elaboração das doses inseminantes foi utilizado o resultado de motilidade obtido após o descongelamento (Tabela 2), calculando-se dessa forma a quantidade de palhetas utilizadas a fim de atingir 1 x 10 9 SPTZ viáveis por dose.

Em todas as fêmeas utilizadas no trabalho foram encontrados folículos préovulatórios e/ou corpos hemorrágicos, demonstrando que todas responderam ao protocolo hormonal utilizado. Tabela 2. Taxa de recuperação de estruturas e efeito do tratamento sobre a fertilidade. Parâmetro Tratamento Glicerol 3% DMA 5% Leitoas inseminadas 30 30 Corpos hemorrágicos 306 299 Taxa de recuperação, % 68,9 66,9 Taxa de concepção, % 73,3 76,6 Taxa de fertilização, % 48,6 59,4 Os dados não diferem (P > 0,05). Não houve diferença entre os grupos glicerol e DMA na taxa de concepção (P > 0,05), e os resultados se assemelharam aos relatados com o uso de sêmen congelado. A taxa de fertilização do grupo glicerol é comparável à obtida por BORDIGNON et al. (1996). Além disso, destacam-se os resultados obtidos através do uso de DMA, pois a maioria dos trabalhos utilizando sêmen suíno congelado baseia-se no uso de glicerol. Não foi encontrada diferença (P > 0,05) na taxa de fertilização entre os grupos glicerol e DMA. No entanto o grupo DMA foi superior 10% em relação ao glicerol, além do que possui uma tendência de maior taxa de concepção. Além disso, há que se enfatizar os resultados da avaliação espermática pós-descongelamento. Baseado nas avaliações de motilidade a fim de elaborar as doses inseminantes, foram necessárias 10 palhetas do tratamento DMA, enquanto que para atingir a mesma concentração foram utilizadas 13 palhetas de glicerol. Essa diferença de 30% torna o processo com o uso de DMA mais eficiente, resultando em um melhor aproveitamento do ejaculado. Os resultados deste estudo sugerem que a DMA pode ser utilizada como substituto ao glicerol em protocolos para congelamento de sêmen suíno. 4. CONCLUSÕES Não há diferença nas taxas de concepção e fertilização in vivo de fêmeas suínas inseminadas pelo método pós-cervical, utilizando sêmen congelado com o uso de dimetilacetamida ou de glicerol. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVARENGA, M.A.; GRAHAM, J.K.; KEITH, S.L.; LANDIM-ALVARENGA, F.C.; SQUIRES, S.L. Alternative cryoprotectors for freezing stallion spermatozoa. In: INTERNATIONAL CONGRESS ON ANIMAL REPRODUCTION AND ARTIFICIAL INSEMINATION, 14, Stockholm, 2000. Proceedings Stockholm, 2000, p.157. BEARDEN, H.J.; FUQUAY, J.W. Semen collection. In: BEARDEN, H.J.; FUQUAY, J.W. Applied Animal Reproduction. 4 th Ed.New Jersey: Prentice Hall, 1997a. Cap. 14, p.147-157.

BORDIGNON, V. et al. Effect of trehalose on motility, acrosome and fertility of the frozen-thawed boar semen. Revista Brasileira de Reprodução Animal. V.20, p.54-62, 1996. CORRÊA, M.N. et al. Swine semen cooled at 5 ºC with PIGPEL-5 extender: effects on parameters of semen quality in vitro and fertility estimators in vivo. Animal Reproduction, v.3, p.41-48, 2006. HARRISON, R.A.P.; VICKERS, S.E. Use of fluorescent probes to assess membrane integrity in mammalian spermatozoa. Journal Reproductive and Fertility. 88, p.343-352, 1990. ROCA, J. et al. Fertility of weaned sows after deep intrauterine insemination with a reduced number of frozen-thawed spermatozoa. Theriogenology, v.60, p.77-87, 2003. SERRET, C.G. et al. Intrauterine artificial insemination in female swine with distinct sperm concentrations, parities and methods of ovulation estimation. Animal Reproduction, v.2, p.250-256, 2005. STATISTIX. Statistix for Windows User s Manual. Ed. Analytical Software. Tallahassee, Fl. 2004. VASQUEZ, J.M. et al. Hypoosmotic swelling of boar spermatozoa compared to other methods for analysing the sperm membrane. Theriogenology, v.47, p.913-922, 1997.