DELEGACIA DO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO MG Consulta relativa ao Edital do Concurso Vestibular ARNALDO NISKIER I - RELATÓRIO 0 Delegado do MEC em Minas Gerais dirige-se ao Presiden_ te deste Conselho Federal de Educação, formulando consulta relativa ao Edital do Concurso Vestibular das Faculdades Metodistas Integradas Izabela Hendrix-FAMIH, nos seguintes aspectos: 1. Se a formação de turmas, apôs o concurso vestibular, pode estar condicionada ao fato de o número de candidatos aprova_ dos ser igual ou superior ao número de vagas iniciais fixadas em Regimento. No artigo 83, I do Regimento das FAMIH aprovado pelo Parecer n 64/83 está previsto o seguinte: "Só serão constituídas turmas iniciais quando o número de candidatos classificados for igual ou superior ao número mínimo fixado no edital referente ao concurso vestibular"'. No entender da Coordenaãoria de Supervisão da DEMEC, o supramencionado artigo fere a Lei 7.165/83, que dispõe sobre vagas nos cursos de graduação e também o Parecer CFE n 516/88 que estabelece que a IESPI só poderá deixar de oferecer curso, para o qual tenha autorização, se houver solicitado ao órgão competen_ te (CFE) a desativação temporária ou definitiva do curso ou dos cursos.
2. Se é possível a classificação de candidato que tenho obtido resultado nulo em qualquer uma das provas do concurso vestibular, tendo em vista a jurisprudência contida no Parecer n 390/82, citado inclusi_ ve à pág. 83 da obra publicada pelo MEC/SESu, intitulada "Manual do Ves_ tibular" - Guia para planejamento, execução e avaliação do concurso ves_ tibular, de autoria do Prof. Oscar Vieira da Silva (cópia às fls. 15 a 16). 3. Se a prova de Educação Artística, nos moldes em que está prevista a sua realização, no Edital das FAMIH, caracteriza-se ou não como prova de habilidade específica, nos termos do Decreto n 79.298/7?. II - PARECER E VOTO DO RELATOR Face as indagações da DEMEC/MG, cabe-nos ponderar que: 1) O CFE, ao estabelecer o número de vagas para um determinado curso, o faz tendo presente os seguintes aspectos: natureza do curso, duração, exigências e a necessidade social. Seja qual for o regime adotado, seriado ou de credito, o número de vagas autorizado ê para ingresso no curso pretendido pela institui - ção. Tanto a fixação quanto a redução do número de vagas nos cursos das IES's é da competência deste Colegiado. O número de vagas de um curso é concedido pelo CFE segundo o in_ teresse público por ele discricionariamente apreciado, não configurando direito subjetivo da instituição. A Lei n 7.165, de 14/12/83, ê bastante taxativa, senão vejamos: "Art. 4 - O número de vagas iniciais será observado, ao longo do curso, como limite das matrículas nos períodos subseqüentes, salvo os casos de transferência obrigatória, previstos na legislação, e de repetencia. O dispositivo regimental fere o disposto na Lei 7.165/83, em es_ pecial o Art. 4. A Instituição, após a realização do concurso vestibu_ lar, deverá constituir as turmas, observando o limite do número de vagas iniciais aprovadas pelo Conselho, sem condicionar tal constituição. 2. Quanto a possibilidade de classificação em Concurso Vestibular de aluno que tenha obtido resultado nulo em uma das provas, este Colegiado, através do Parecer n 390/82, que tratou da interpretação da PM n 321/80, assim consignou:
Não parecem necessárias maiores indagações para aceitar como pacífico o entendimento de que o candidato a um curso superior deve demonstrar, na vigência da norma atual, conhecimen_ tos satisfatórios em todas as matérias comuns do 2 grau, além de aptidão para prosseguimentos de estudos pós-secundários. Fuja-se por impertinente, a discussão sobre a maior ou menor adequação da norma às realidades da nossa Educação. Assim resulta, que o vestibular é o instrumento a_ propriado para medir aqueles conhecimentos e esta aptidão. 0 modo de fazê-lo deve ser de tal forma completo, quanto à sua abrangência, e eficaz, quanto à sua acuidade, que é imperativo contenha ele todos os elementos de juízo ca pazes de basear um julgamento final seguro, justo e perfeito - tanto quanto tais virtudes se compadecem com a falibilidade humana. Não é isto que ora se aprecia. Desse modo, parece certa a cautela ministerial ao incorporar, na Portaria específica, a determinação de que deve ser levado em conta, obrigatoriamente, o desempenho do candidato em todas as matérias do núcleo comum do 2 grau. De onde se conclui que o candidato que deixou de se submeter a uma prova nela não teve o seu desempenho aferido. A obrigatoriedade não foi respeitada. Fica a dúvida sobre o grau e o teor dos seus conhecimentos naquela matéria. E desse modo não preencheu a condição legal de demonstrá-lo, como condição sine qua non para ingresso no 3 grau. Não nos parece favorecer à instituição de ensino, nem aos candidatos, a omissão dessa cláusula no Edital. A aceitar o argumento poderia admitir-se que, omissiva e comissivamente, o Edital prevaleceria sobre a regra legal a que deve conformar-se. E respeitá-la, ou não ficaria condicionado ao arbítrio dos dirigentes das instituições.
Argumentar que a faculdade onde se verificou a irregularidade jamais recebeu qualquer comunicação expressa a respeito é, no mínimo, confessar o desconhecimento do contido na Portaria Ministerial. Que outra "comunicação" lhe deveria ser remetida? Uma Portaria Ministerial não comunica suficiente - mente as regras a serem seguidas? Sua publicação no D. 0. U. é suficiente. Pretender que não há norma expressa do comparecimento obrigatório a todas as provas ê o mesmo que admitir como comprovável o conhecimento e a aptidão requeridos, não em todas, mas em algumas das matérias do núcleo comum do 2 grau. Conclusão diversa seria possível, ad argumentan dum, se a distribuição dessas matérias pelas provas do vestibular se fizesse ao acaso, desordenamente, de tal maneira que, pelo seu ecletismo, a omissão em uma prova não prejudicasse a aferição em relação a todas as matérias. Como parece não ser este o caso, num vestibular razoavelmente estruturado, não colhe o raciocínio contestatório á exigência. Dessa forma, entendo ter respondido a indagação da consulta, quanto á possível classificação de candidato que tenha obtido resultado nulo em qualquer uma das provas ao Concurso Vestibular. 3. Entretanto, quanto a exigência de prova de habilidade especifica para determinados cursos, este Colegiado, analisando outras situações, de exigências de exame psicotécnico no Concurso Vestibular, entendeu que não existe lei vedando-lhe o uso e que somente pela via legislativa poderiam as IES ser compelidas a não fazer a seleção de seus alunos sob o critério das condições personalíssimas que exibem, principalmente para determinadas áreas de conhecimentos (Par. n 353/73), No caso específico, conforme consta do Edital, a prova de Educação Artística é exigida somente para Arquitetura e Urbanismo, caracteri_ zando prova de habilidade para os candidatos do curso. III - CONCLUSÃO DA CÂMARA A Câmara de Ensino Superior acompanha o voto do Relator. Sala das Sessões, em 8 de Maio de 1991.
IV - DECISÃO DE PLENÁRIO O Plenário do Conselho Federal de Educação aprovou, por unanimidade. a Conclusão da Câmara. Sala BARRETO FILHO, em 03 de 06 de 1991.