ASSUNTO Solicita autorização para que os cursos noturnos de Ciências Econômicas e de Ciências Contábeis possam ser integralizados em quatro anos.
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- Esther Álvares de Figueiredo
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1 INTERESSADO/MANTENEDORA Faculdades Metropolitanas Unidas - FMU UF SP ASSUNTO Solicita autorização para que os cursos noturnos de Ciências Econômicas e de Ciências Contábeis possam ser integralizados em quatro anos. RELATOR: SR. CONS. RAULINO TRAMONTIN PARECER N.º 827/93 CÂMARA OU COMISSÃO CESu APROVADO EM 09/12/93 PROCESSO N.º I - RELATÓRIO As Faculdades Metropolitanas Unidas - FMU, por seu Diretor e com a aprovação de sua Mantenedora, com sede na cidade de São Paulo - SP, expõem o que se segue, a respeito do prazo mínimo de integralização dos cursos de Ciências Contábeis c de Ciências Econômicas, ministrados no período noturno: "l. Considerando que o Egrégio Conselho Federal de Educação, através do Parecer CFE n 375/84, de 06 de junho de 1984m referendado pela Resolução CFE n 11/84 de 26 de junho de 1984, aprovou e fixou o currículo mínimo para o Curso de Ciências Econômicas, com duração mínima de horas e integralização em 04 (quatro) anos para o curso ministrado no período diurno e, no caso de cursos noturnos, integralização em, no mínimo, 05 (cinco) anos; "2. Considerando que este Egrégio Colegiado, através do Parecer CFE n 267/92, de 05 de maio de 1992, e da Resolução CFE n 03/92 de 05 de outubro de 1992, aprovou e fixou o currículo mínimo para o Curso de Ciências Contábeis, com duração mínima de horas c integralização em 04 (quatro) anos para curso ministrado no período diurno e, no caso de cursos noturnos, integralização em, no mínimo, 05 (cinco) anos; "3. Considerando que, em recente decisão, esse colendo Conselho, fixou a nova estrutura curricular, mínim a para o curso de Administração, conforme Parecer CFE n
2 433/93, de 05 de agosto de 1993, e Resolução CFE n 02/93, de 04 de outubro de 1993, com duração mínima de horas e integralização em 04 (quatro) anos; "4. Considerando a crescente evasão verificada no curso de Ciências Econômicas, a partir da vigência do novo currículo (em 1995), em todas as Instituições que o ministram no período noturno, e a constante redução da procura pelo curso, por parte dos vestibulares face a duração de cinco (5) anos, conforme dados demonstrados nas tabelas a seguir; "5. Considerando que a hora/aula tem duração mínima de 50 minutos, tanto no período diurno quanto no noturno, em todo o País; "6. Considerando que a argumentação contida no Parecer CFE n 375/84 (último parágrafo que antecede o Voto do Relator), da lavra do ilustre Conselheiro Armando Dias Mendes onde, naquela oportunidade, observou "... o curso se contém, como agora, no limite de horas, e duração média de 4 anos. Esta duração é aumentada para o mínimo de 5 anos a um máximo de 8 anos". E o Relator continua em arrazoado: "... AS RAZÕES SÃO ÓBVIAS E CONHECIDAS: A DURAÇÃO DOS TURNOS NOTURNO É MENOR COMPREENDENDO NÚMERO INFERIOR DE AULAS, OS ALUNOS GERALMENTE TRABALHAM DURANTE O DIA E, PORTANTO, O RENDIMENTO ESCOLAR NÃO PODE SER O MESMO", (grifo nosso). "7. Considerando que o alunado do período noturno não pode ser discriminado, cumprindo um (1) ano a mais de curso que o seu colega do período diurno, c que os cursos noturnos e seu alunado não podem ser considerados de "segunda classe" em relação aos mesmos cursos ministrados no período diurno; "8. Considerando que a conclusão do ilustre Conselheiro, s.m.j., não deve ser tomada como absoluta, pois nem sempre reflete a realidade, já que a duração mínima da hora/aula é a mesma para qualquer período (50 minutos), a grande maioria das Instituições que ministram o curso de Ciências Econômicas o fazem em jornadas diárias de quatro (4) horas/aula, em qualquer turno; a maioria dos alunos do período noturno trabalham sim, mas isto não constitui, necessariamente, cm fator de MENOR DESEMPENHO, lembrando que, na maioria das vezes, a experiência e vivência adquirida em seu trabalho, é um forte elemento no processo ensino-aprendizagem, notadamente nas disciplinas ou matérias de cunho profissionalizantes; "9. Considerando que o curso de Ciências Contábeis, para a maioria das Instituições, ainda permanece com duração de quatro (4) anos, em período noturno, devendo passar a cinco (5) anos a partir de 1994, nos termos da Resolução CFE 03/92; -
3 "10. Considerando que, recentemente, s.m.j., o Parecer CFE n 608/93, de outubro/93, aprovou uma nova estrutura curricular para o curso de Ciências Contábeis, nos termos da Resolução CFE n 03/92, oferecido no período noturno, com duração de quatro (4) anos; "11. Considerando que o curso de Ciências Contábeis deverá passar pelo mesmo processo de perda de interesse para os vestibulandos, possivelmente privilegiando o curso de Administração (por se da mesma área gerencial), e que o acréscimo de um ano não significa MELHOR FORMAÇÃO, mas sim, uma discriminação para aqueles que se interessam pelo curso mas somente podem frequentá-lo no período noturno, acarretando pesados ónus financeiro c profissional justamente para quem trabalha para sobreviver." Em face dessa exposição, as FMU, consultam este CFE sobre: H a) a possibilidade de manter-se o curso de Ciências Contábeis com integralização mínima de quatro (4), indistintamente quanto ao turno de funcionamento, devendo, a IES, adequar seus planos curriculares do curso ao currículo mínimo c carga horária, conforme o disposto na Resolução CFE n 03/92. "b) a possibilidade de se reverter o tempo mínimo de integralização do curso de Ciências Econômicas, oferecidos em turno noturno, para quatro (4) anos, mantendo-se os mínimos de conteúdo e carga horária nos termos da Resolução CFE n 11/84." Este Relator, em processo de interesse da Universidade Federal de Viçosa, sobre o mesmo assunto, entendeu que: A duração dos cursos superiores, após a reforma universitária, delineada pela Lei n 5.540, de 1968, e pelo Decreto-Lei n 464, de 1969, não deveria ser fixada em anos letivos, especialmente para os cursos que adotam o regime de matrícula por disciplina. A duração total e os mínimos e máximos de integralização anuais devem ser fixados em horas/aula, por turno. A noite, por exemplo, o número de aulas/dia deve ser compatível com a clientela que, geralmente, trabalha durante o dia. Mesmo à noite, pode-se adotar carga-horária diferenciada, tendo em vista as características de ocupação urbana da sede do curso, como bem expõe a UFV. O período diurno, por outro lado, enseja uma jornada diária superior à noturna, com a possibilidade de se oferecer disciplinas e atividades pela manhã e à tarde, com plena utilização dos recursos humanos, físicos c materiais da IES. Além dos aspectos inovadores da Lei n 5.540/68, deve-se levar em conta, ainda, as características e diversidades regionais e, às vezes, locais do nosso País. Em uma dada cidade, como a de Viçosa, pode-se oferecer uma jornada diária mais densa ao educando, no período noturno. Em outras uma megalópole, como São Paulo ~ é
4 aconselhável uma oferta de horas-aula, por noite, compatível com a complexidade das atividades laboriosas, dos transportes urbanos e da ocupação espacial da cidade. Apenas com o propósito de se evitar o estudante profissional e de se mensurar a produtividade do ensino superior, o CFE deve estabelecer o número máximo de anos letivos para a integralização de cada curso superior, ao fixar os mínimos de duração e conteúdo, diferenciado para o turno da noite, em prazo maior. Entendemos que, diante dessa realidade, após fixados os mínimos de conteúdo e duração (em horas-aula) de cada curso, caberia ao Conselho de Educação competente, mediante proposta da IES, ou, no caso das universidades, ao Conselho Universitário (ou colegiado similar) aprovar a carga horária/dia e o número de dias letivos de cada semestre, para implementação do currículo pleno e sua consequente integralização. O Cenário atual da demanda aos cursos de Ciências Econômicas e de Ciências Contábeis aponta para um declínio da procura, que pode ter origem na duração mínima de cinco anos para os ministrados no período noturno. A tendência mundial é de se fixar a duração mínima de cursos superiores em prazos razoáveis, como quatro anos, para a formação profissional básica, levando-se as especializações para a pós-graduação ou para o retorno do aluno à graduação, para obtenção de novas habilitações. Por outro lado, a duração maior para os cursos noturnos não parece conduzir a uma melhoria da qualidade do ensino, nesse segmento importante do ensino superior brasileiro. Com a jornada diária de quatro horas-aula, compatível com os cursos noturnos, pode-se programar períodos letivos semestrais com dezessete, dezoito, dezenove e, até, vinte semanas, satisfazendo, plenamente, a duração mínima estipulada. A recente resolução deste Conselho, sobre os mínimos de conteúdo e duração do curso de Administração, cuja duração mínima foi fixada em h/a, podendo ser integralizada em quatro anos, mesmo nos cursos noturnos, é uma demonstração cristalina de que a duração obrigatória, mínima, de cinco anos, para outros cursos noturnos, da mesma área do conhecimento humano, no caso, Ciências Econômicas e Ciências Contábeis, pode, também, ser reduzida para quatro anos. As normas vigentes sobre a duração dos cursos superiores e a integralização anual dos currículos plenos (prazos mínimo e máximo), no caso específico dos cursos de Ciências Econômicas e de Ciências Contábeis, a sua desatualização, merecem, portanto, ser revistas.
5 II - VOTO DO RELATOR Este Relator vota: a) pelo indeferimento do pleito das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU), com sede em São Paulo (SP), relativamente à redução de cinco para quatro anos, da duração mínima dos cursos noturnos de Ciências Econômicas c Ciências Contábeis, por falta de amparo na legislação específica, vigente; b) pelo encaminhamento deste processo à Comissão Central de Currículos, para que esta promova estudos urgentes para a reformulação das normas vigentes sobre a duração dos cursos superiores, tendo em vista as questões levantadas neste parecer e de outras que, porventura, já estejam sendo examinadas pela referida Comissão.
6 IV - DECISÃO DA CÂMARA 0 Plenário do Conselho Federal de Educação aprovou, por unanimidade, a conclusão da Câmara. Sala Barreto Filho, em 09 de dezembro de 1993.
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