Comportamentos Aditivos: Para além da Descriminalização, uma abordagem de Saúde Pública

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Transcrição:

Comportamentos Aditivos: Para além da Descriminalização, uma abordagem de Saúde Pública Fundação Fernando Henrique Cardoso São Paulo, 15 de maio de 2018 João Castel-Branco Goulão Coordenador Nacional para os Problemas da Droga, das Toxicodependências e do Uso Nocivo do Álcool Diretor do SICAD SICAD Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências www.sicad.pt TELEF: +351 211 119 000 EMAIL: sicad@sicad.min-saude.pt

Evolução dos consumos Começou muito mais tarde do que nos outros países da Europa Ocidental País fechado e isolado; censura, polícia política (movimento Hippie, França 69) Dificuldade na movimentação dos cidadãos Guerra Colonial Revolução Democrática 25 de abril de 1974 Um enquadramento global sobre as dependências João Castel-Branco Goulão 08.08.18 2

Evolução dos consumos Associação dos consumos à ideia de liberdade Regresso de soldados e colonos das ex-colónias Explosão do turismo juvenil O fenómeno do consumo de substâncias psicoativas desenvolveuse de forma rápida Sociedade impreparada para este novo fenómeno: Experimentação generalizada em todos os grupos sociais Entrada das redes de tráfico num mercado emergente Como consequências: Difusão acelerada, com especial impacto em meios de marginalidade e exclusão Lacuna: aparecimento de necessidades e das correspondentes respostas Um enquadramento global sobre as dependências João Castel-Branco Goulão 08.08.18 3

Evolução dos consumos Início : taxa de prevalência baixa, comparativamente aos demais países europeus Seguidamente, emergência de um número cada vez maior de consumidores problemáticos, os quais durante um período considerável não tinham oferta disponível suficiente, a nível do tratamento (pequena diferença entre nº de consumidores totais e nº de consumidores problemáticos) Emergência das epidemias HIV / HCV Final dos anos 80 : Portugal tinha uma das maiores prevalências de consumos problemáticos na Europa (1% da população total -100 000 consumidores problemáticos ) Um enquadramento global sobre as dependências João Castel-Branco Goulão 08.08.18 4

Evolução das respostas 1975 CEPD/Gabinete Coordenador - Ministério da Justiça Respostas privadas não reguladas 1987 Projeto VIDA - Presidência do Conselho de Ministros 1987 Resposta do Ministério da Saúde - Centro das Taipas Início da rede de CAT 1990 SPTT : CEPD + Taipas+ CAT 1993 DL 15/93 ( lei da droga ) vigora até hoje, exceto o uso pessoal alterado pela Lei 30/2000 Programa troca de seringas Criação e instalação do OEDT 1997 Rede de tratamento (lei 7/97) Regulação dos setores social e privado Um enquadramento global sobre as dependências João Castel-Branco Goulão 08.08.18 5

Evolução das respostas Paradoxo O problema não diminuia na proporção do investimento feito: Mortes por overdose continuavam a ocorrer, em nº elevado; Nº de HIV e HCV não diminuiam; Marginalização dos consumidores => criminalidade Grande visibilidade pública Eurobarometer 1997 Os impactos socio-sanitário e na (pequena) criminalidade associados ao uso de SPA transformou-se na principal preocupação dos portugueses (prioridade política) Um enquadramento global sobre as dependências João Castel-Branco Goulão 08.08.18 6

Estratégia Nacional de Luta contra a Droga e a Toxicodependência 1999 (ENLCDT) As estratégias portuguesas anteriores baseavam-se na criminalização dos consumos A prisão ou mesmo a multa (a sentença mais frequentemente aplicada aos reús primários) não atenuou o problerma do consumo de SPA A prisão era, na maior parte dos casos, contraproducente Necessidade de libertar recursos para as respostas de tratamento Um enquadramento global sobre as dependências João Castel-Branco Goulão 08.08.18 7

Estratégia Nacional de Luta contra a Droga e a Toxicodependência 1999 (ENLCDT) PRINCÍPIOS Humanismo Significa o reconhecimento da plena dignidade das pessoas envolvidas no fenómeno das dependências (das drogas, do álcool, dos medicamentos ou outros); implica a compreensão da complexidade e relevância da sua história individual, familiar e social, bem como a consideração do seu estado como doença. Um enquadramento global sobre as dependências João Castel-Branco Goulão 08.08.18 8

Estratégia Nacional de Luta contra a Droga e a Toxicodependência 1999 (ENLCDT) PRINCÍPIOS Pragmatismo Atitude de abertura à inovação, sem dogmas ou ideias preconcebidas, face aos resultados cientificamente comprovados das experiências ensaiadas nos diversos domínios do combate às dependências Um enquadramento global sobre as dependências João Castel-Branco Goulão 08.08.18 9

Estratégia Nacional de Luta contra a Droga e a Toxicodependência 1999 (ENLCDT) Uma Coordenação Nacional Uma nova Estratégia (1999) Um novo paradigma (Lei 30/2000) Uma nova estrutura institucional para coordenar e implementar a politica - IDT Um novo modelo de Intervenção Um enquadramento global sobre as dependências João Castel-Branco Goulão 08.08.18 10

Estruturas de Coordenação Nacional Conselho Interministerial Comissão Técnica Subcomissões Coordenação Nacional Conselho Nacional Coordenador Nacional Interventions on Addictive Behaviours and Dependencies João Castel-Branco Goulão 08.08.18 11

Estratégia Nacional de Luta contra a Droga e a Toxicodependência 1999 (ENLCDT) Disponibilizar Programas de Intervenção: De forma integrada Orientados prioritariamente para a redução dos consumos e das suas consequências ao nível da saúde Considerando as características e necessidades específicas das populações-alvo Um enquadramento global sobre as dependências João Castel-Branco Goulão 08.08.18 12

Abordagem abrangente orientada para a Saúde Pública Interventions on Addictive Behaviours and Dependencies João Castel-Branco Goulão 08.08.18 13

UM NOVO PARADIGMA Foi aprovado na Assembleia da República um novo quadro legal (Lei 30/2000); boa aceitação social; intenso debate político: Convenções da ONU paradigma proibicionista destino para o narcoturismo, consumos precoces Necessidade de libertar recursos da redução da oferta para o combate ao grande tráfico Reconhecimento de que a reclusão de utilizadores se revelava contraproducente Entrada em vigor a 1 de Julho de 2001 17 anos! 14

MODELO TEÓRICO DA DISSUASÃO Lei 30/2000: O consumo, a aquisição e detenção para consumo próprio de plantas, substâncias ou preparações (constantes das tabelas anexas ao DL 15/93) constituem contra-ordenação; não poderão exceder a quantidade necessária para o consumo médio individual durante o período de 10 dias. (Excedendo essas quantidades há lugar a procedimento criminal). O utilizador problemático de drogas é considerado um doente que necessita cuidados de saúde; A intervenção da dissuasão proporciona uma oportunidade para intervenção precoce, específica e integrada com os utilizadores de drogas; A intervenção da dissuasão está dirigida às características e necessidades individuais dos utilizadores de drogas. Importância da definição de um limite das quantidades de substâncias Consumir drogas continua a ser proibido! Contrariamente a modelos de outros Países em que foram criados Tribunais de Droga, com procedimentos aligeirados mas no âmbito do Min. Justiça, as Comissões para a Dissuasão da Toxicodependência privilegiam o ponto de vista da Saúde. 15

Lei 30/2000 SUBSTÂNCIA GRAMAS Heroin 1 Methadone 1 Morphine 2 Opium 10 Cocaine (hydrochloride) 2 Cocaine (methyl ester benzoilecgonine) 0.3 Cannabis (leaves and flowers or fruited dons) 25 Cannabis (resin) 5 Cannabis (oil) 2.5 LSD 0.1 MDMA 1 Amphetamine 1 Interventions on Addictive Behaviours and Dependencies João Castel-Branco Goulão 08.08.18 16

OBJETIVOS DA DISSUASÃO Dissuadir o consumo uma segunda linha da intervenção preventiva o cartão amarelo ; Prevenir ou reduzir o uso e abuso de drogas; Assegurar a proteção sanitária dos utilizadores e da comunidade; Orientar os utilizadores de drogas para a respostas mais adequadas à sua situação pessoal; Libertar recursos para o combate ao tráfico e à criminalidade associada ao consumo DISSUASÃO COMO FERRAMENTA DA PREVENÇÃO 17

COMPOSIÇÃO DAS COMISSÕES (18 + 2 R. AUTÓNOMAS) Presidente e dois outros Membros EQUIPA MULTIDISCIPLINAR DE APOIO TÉCNICO Psicólogos, Juristas, Técnicos de Serviço Social, Apoio Administrativo Prepara um relatório sobre os factos e faz uma avaliação prévia da história dos consumos, condições sociais e familiares, avalia a motivação Garante o funcionamento da rede de referenciação 18

PROCEDIMENTO Autoridade policial COMISSÃO Avaliação Psicológica e social Evolução: Audição do indiciado Decisão Um indivíduo é intercetado num local público usando ou na posse de uma substância ilícita Relatório policial da ocorrência Apreensão da substância O utilizador é presente à Comissão no prazo máximo de 72 horas Trabalho de motivação Situação relativa aos consumos Avaliação da situação psicossocial Forças de Segurança executam as penalidades Registo prévio Extinção do processo Quando o período de suspensão expira e o indiciado parou de usar drogas sem registo de recaída, ou se cumpriu penalidades 19

REDE DE ARTICULAÇÃO Centros de Emprego e Formação Profissional Centros de Tratamento de Toxicodependentes Autoridades Policiais Centros de Saúde Escolas Coordenação com serviços com responsabilidades nesta área Respostas de Prevenção Indicada Prisões Segurança Social 20

DECISÕES E SANÇÕES Suspensão provisória do processo; Apresentações periódicas na CDT ou noutros locais (C. Saúde); Admoestação; Serviço comunitário; Proibição de frequentar certos locais ou de acompanhar ou receber certas pessoas; Apreensão de objectos; Interdição de viajar para o estrangeiro; Interdição de receber subsídios ou apoios estatais; ( ) Multa pecuniária (apenas para não-dependentes). 21

Política Portuguesa e a ONU Críticas dos órgãos da ONU à decisão de descriminalizar. Mas, no WORLD DRUG REPORT 2009, "Portugal is an example of a country that recently decided not to put drug users in jail. According to the International Narcotics Control Board, Portugal s decriminalization of drug usage in 2001 falls within the Convention parameters: drug possession is still prohibited, but the sanctions fall under the administrative law, not the criminal law." Interventions on Addictive Behaviours and Dependencies João Castel-Branco Goulão 08.08.18 22

Portuguese Policy on Drugs Interventions on Addictive Behaviours and Dependencies João Castel-Branco Goulão 08.08.18 23

Portuguese Policy on Drugs Interventions on Addictive Behaviours and Dependencies João Castel-Branco Goulão 08.08.18 24

Processos e Indiciados 2001-2016 Evolution of the Processes and Offenders 2001-2016 25000 11014 11476 20000 9046 9316 9455 15000 6025 6785 5900 7365 6972 7432 7342 8411 7870 7388 10000 10327 10835 5000 2246 4850 5669 5574 5925 5561 5563 6674 6417 6617 7388 8424 8740 8843 0 2125 2001* 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 Source: SICAD Number of Offenders Number of Processes 08.08.18 Interventions on Addictive Behaviours and Dependencies João Castel-Branco Goulão 25

REDUÇÃO DA PROCURA: DISSUASÃO 2001-2016 124.043 processos Nº de indiciados 109.532 57.317 Não dependentes 12.771 Dependentes 16.177 Diligencias de motivação e encaminhamento 10,138 Referencias para tratamento FONTE: SICAD 26 26

Intervenções Redução da Procura - Dissuasão N.º Processos Instaurados 11 476 Abertos em 2016 10 765 Ocorrências 2016 Indiciados 10 835 A aguardar classificação ou em diligências processuais 3 062 Toxicodependentes 894* Encaminhamentos para tratamento 765 Não Toxicodependentes 6 879* Referenciados para estruturas de apoio especializadas 2 834 Encaminhados para apoio especializado no âmbito do consumo de SPA 1 911 Encaminhados para apoio médico, escolar e social 923 * Indiciados classificados no ano, com processo instaurado em 2016 Fontes: SGIP / EMCAD / SICAD 08/08/2018 RELATÓRIOS ANUAIS 2016 27

Uma nova estrutura institucional para coordenar e implementar a politica PCM Projecto Vida IPDT M. Saúde SPTT IDT (2002) IDT, IP (M. Saúde) (2008) C. Alcoologia SICAD IDT, IP (M. Saúde) ARS (2012) IGAS Um enquadramento global sobre as dependências João Castel-Branco Goulão 08.08.18 28

Prevenção Dissuasão Redução de Riscos e Minimização de Danos Domínio da Procura Tratamento Reinserção PORI Medidas Estruturantes Rede de Referenciação 08/08/2018 RELATÓRIOS ANUAIS 2016 29

Abordagem Preventiva Politicas, programas e práticas para: Reduzir a incidência e prevalência de CAD Deter ou retardar o inicio e progressão dos CAD Reduzir os problemas de saúde, de comportamento e sociais associados Aumentar os factores protectores e reduzir os factores de risco de CAD 30

Prevenção LINHAS ORIENTADORAS INTERVENÇÃO PREVENTIVA 31

Prevenção SOB o CHAPÉU da PREVENÇÃO Intervenções de consciencialização(campanhas) Ações pontuais de sensibilização/informação Intervenções comunitárias Intervenções breves Medidas de carater ambiental normativo e legislativo Intervenção através de programas estruturados de desenvolvimento de competências Avaliação Evidência Cientifica /Eficácia 32

Intervenção Preventiva Universal Seletiva Indicada

Prevenção Indicada Dirigida a Indivíduos de risco Os programas de prevenção indicada são definidos pela avaliação do nível de risco individual»dissuasão como dispositivo de Prevenção Indicada«34

Intervenções Diminuição Redução da Procura - Prevenção Diminuição Diminuição Diminuição Programas de aquisição de competências pessoais e sociais no âmbito dos CAD Escolas Aplicadores/professores Alunos Famílias Programa SICAD 67 134 3 763 Outros Programas Estruturas da Saúde 82 122 9 478 5 Outros Programas de ONG 180 608 12 015 49 Intervenções desenvolvidas por ONG com base em 11 Programas de Intervenção Continuada 329 864 25 256 54 502 1245 31074 303 Total 2016 Nacional Total 2015 Nacional Fonte: SICAD 08/08/2018 RELATÓRIOS ANUAIS 2016 35

Intervenções Redução da Procura - Prevenção Programas de Promoção e Educação para a Saúde (PES) Programa Nacional de Saúde Escolar (PNSE), ano letivo 2015/2016 N.º crianças/jovens abrangidos Programas de prevenção noutras áreas 1 814 257 81% Programas de prevenção de CAD 434 068 19% 154 859 Tabaco 104 533 Bebidas Alcoólicas 89 180 Sub. Psicoativas Ilícitas 25 309 Sub. ligadas à performance 60 187 Comp. aditivos sem substância Fontes: ME / DGE / PNSE 08/08/2018 RELATÓRIOS ANUAIS 2016 36

Intervenções Redução da Procura - Prevenção Programa Escola Segura, PSP e GNR Ações de sensibilização Escolas Operacionais Alunos 23 497 8 516 712 1 441 707 entre as quais Álcool e Drogas Fontes: PSP / GNR / SICAD 08/08/2018 RELATÓRIOS ANUAIS 2016 37

Intervenções Redução da Procura - Prevenção Fonte: SICAD 08/08/2018 RELATÓRIOS ANUAIS 2016 38

Intervenções Redução da Procura - Prevenção Abordagem aos CAD Dia da Defesa Nacional Locais (Núcleos de divulgação DDN) Dias com Intervenção da Saúde % de Cobertura Estimativa de Cobertura N.º jovens abrangidos Técnicos Envolvidos Norte 6 159 55% 22 705 38 Intervenção de sensibilização aos problemas ligados ao consumo de substâncias psicoativas Centro Lisboa e Vale do Tejo 4 177 92% 6 120 40% 20 414 20 14 400 28 interativa presencial grupos de 30/40 jovens Alentejo Algarve 3 42 100% 4 470 11 1 9 21% 894 1 18 anos 45 minutos Regiões Autónomas 10 50 100% 6 537 16 Total 30 557 =61% 69 420* 114 * Número total de jovens convocados = 116 896 Fonte: DDN 08/08/2018 RELATÓRIOS ANUAIS 2016 39

Um enquadramento global sobre as dependências João Castel-Branco Goulão 08.08.18 40

Intervenções Redução da Procura - RRMD Programa Nacional de Troca de Seringas Diz Não a Uma Seringa em Segunda Mão Kits distribuídos Seringas trocadas Farmácias aderentes 1 648 Farmácias (ANF + AFP) 94 746 189 492 Entidades promotoras 52 Equipas de RRMD 530 494 1 060 988 Cuidados de Saúde Primários 268 Unidades Locais de Saúde 14 279 28 558 Posto Móvel 1 Posto Móvel (Amadora + Barreiro) 35 610 71 220 675 129 1 350 258 Total Fonte: DGS/PNVIHSIDA 08/08/2018 RELATÓRIOS ANUAIS 2016 41

Medidas Estruturantes Plano Operacional de Respostas Integradas - PORI 41 Estruturas Socio-sanitárias* Estruturas e Programas da em funcionamento em 2016, cofinanciados no âmbito do PORI, fruto das áreas lacunares identificadas nos diagnósticos dos territórios 3 Centro de Acolhimento/Abrigo 5 Gabinetes de Apoio 29 Equipas de Rua 4 Pontos de Contacto e Informação 16 Programas Socio-sanitários 16 Programa de Substituição de Baixo Limiar de Exigência * Nestas estruturas funciona o Programa Nacional de Troca de Seringas Fonte: SICAD 08/08/2018 RELATÓRIOS ANUAIS 2016 42

Tratamento Rede pública 2016 ET Equipas Especializadas de Tratamento OLC Consultas Descentralizadas PIAM Projeto Integrado de Apoio à Comunidade PIAC Projeto Integrado de Atendimento Materno UDP Unidades de Desabituação Públicas UDL Unidades de Desabituação Privadas /Licenciadas CTP Comunidades Terapêuticas Públicas CTL Comunidades Terapêuticas Privadas/Licenciadas Um enquadramento global sobre as dependências João Castel-Branco Goulão 08.08.18 43

Intervenções Redução da Procura - Tratamento Ambulatório - Rede Pública Internamentos - Rede Pública (P) e Licenciada (L) 41 512 drogas e álcool Utentes em tratamento no ano 3 612 CT drogas e álcool 1 441 * * drogas e álcool UD/UA 27 834 3 294 Iniciaram tratamento no ano 2 090 novos utentes 1 204 readmitidos Drogas 2 064 43 P / 2 021 L 665 590 P / 75 L 13 678 4 445 Iniciaram tratamento no ano 3 759 novos utentes 686 readmitidos Álcool 1 343 65 P / 1 278 L 774 768 P / 6 L * 205 casos em CT e 2 casos em UD atribuídos a outras dependências / patologias ou sem informação. Fontes: ARS / Unidades Licenciadas / SICAD 08/08/2018 RELATÓRIOS ANUAIS 2016 44

Intervenções Redução da Procura - Tratamento Novos Utentes Substância Principal Ambulatório - Rede Pública 2010-2016 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% 9 7 10 8 7 6 5 13 26 13 38 49 51 51 54 15 18 65 17 18 15 16 51 34 26 24 27 25 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 Heroína Cocaína Cannabis Outras Fontes: ARS / SICAD 08/08/2018 RELATÓRIOS ANUAIS 2016 45

Intervenções Redução da Procura - Tratamento Contexto Prisional - Tratamento Toxicodependência Programas Orientados para a Abstinência (31/12/2016) Programas Farmacológicos (31/12/2016) Outras Unidades / Programas (31/12/2016) 73 utentes 958 utentes 907 c/agonista opiáceo 51 c/ antagonista opiáceo 839 utentes < procura < capacidade Diminuição consumos heroína Novas respostas face a necessidades específicas de cuidados de saúde Fontes: DGRSP / SICAD 08/08/2018 RELATÓRIOS ANUAIS 2016 46

Intervenções Redução da Procura - Reinserção Monitorização Planos Individuais de Inserção 2016 8 051 PII em vigor Planos Individuais de Inserção 4328 PII avaliados 2107 PII cumpridos 8 051 PII em vigor 4 328 PII avaliados 2 107 PII com avaliação positiva 54% 49% Fonte: SICAD 08/08/2018 RELATÓRIOS ANUAIS 2016 47

Medidas Estruturantes Plano Operacional de Respostas Integradas - PORI 2016 N.º de projetos 3 Procedimentos concursais abertos para 3 territórios 4 18 1 16 39 2 Procedimentos concursais concluídos 2 Áreas lacunares identificadas como prioritárias 9 9 4 2 8 1 1 12 22 39 Projetos renovados em 2016 1 1 78 Projetos cofinanciados em execução 2 2 18 37 2 21 4 Fonte: SICAD 08/08/2018 RELATÓRIOS ANUAIS 2016 48

Medidas Estruturantes Plano Operacional de Respostas Integradas - PORI Financiamento atribuído por eixo de Intervenção 2016 3 037 560,89 723 589,65 139 366,09 688 513,26 Total 4 589 029,89 Fonte: SICAD 08/08/2018 RELATÓRIOS ANUAIS 2016 49

Medidas Estruturantes Rede de Referenciação / Articulação no âmbito dos CAD Plano de Implementação e de Acompanhamento ARS, I.P. Iniciativas a nível locoregional em termos de projetos-piloto 6 SICAD e ARS, I.P. SICAD Acompanhamento e monitorização das evoluções Desenvolvimento do instrumento de recolha de informação para a monitorização da implementação da Rede Fonte: SICAD 08/08/2018 RELATÓRIOS ANUAIS 2016 50

Utentes que iniciaram tratamento no ano: Consumo por via injetada nos últimos 12 meses, por ano Rede Pública - Ambulatório (Portugal Continental) 2009-2016 Um enquadramento global sobre as dependências João Castel-Branco Goulão 08.08.18 51

Diagnósticos de infeção por VIH em Portugal, por categoría de transmissão 2006-2015 52

PREVALENCIAS DEL CONSUMO ENTRE LA POPULACIÓN GENERAL ENCUESTAS NACIONALES - PORTUGAL 2012 / 2016-17 PREVALENCIAS DE USO A LARGO DE LA VIDA Pop. Total (15-74 años) Pop. Joven adulta (15-34 años) Fuente: Balsa et al., 2014 / SICAD 53

PREVALENCIAS DEL CONSUMO ENTRE LA POPULACIÓN GENERAL ENCUESTAS NACIONALES - PORTUGAL 2012 / 2016-17 PREVALENCIAS DEL USO EN LOS ÚLTIMOS 12 MESES Pop. Total (15-74 años) Pop. Jovem adulta (15-34 años) Fuente: Balsa et al., 2014 / SICAD 54

Evolução dos casos com informação sobre a causa de morte Source: SICAD - DEI 5

Patients in treatment in the year, new admissions and readmitted - Illicit Substances Public Network of Outpatient Services (Portugal Mainland) 2010-2016 Source: ARS/SICAD Interventions on Addictive Behaviours and Dependencies João Castel-Branco Goulão 08.08.18 56

Evolution of nº of patients in treatment in the year - Illicit substances vs Alcohol Public Network of Outpatient Services (Portugal Mainland) 2009-2016 Source: ARS/SICAD Interventions on Addictive Behaviours and Dependencies João Castel-Branco Goulão 08.08.18 57

Consumos Tendências Estudos a Nível Nacional População Geral INPG (2012), Eurobarómetro (2014), DDN (2015), RARHA (2015), Estimativa do Consumo Problemático/Alto Risco (2012) Aumento da perceção do risco associado aos consumos Diminuição dos consumos em geral Cannabis mantem-se com as maiores prevalências de consumo nas várias etapas do ciclo de vida Diminuição de alguns consumos mais nocivos e problemáticos: estimativas do consumo problemático / alto risco de drogas consumo de droga injetada consumo binge e embriaguez 08/08/2018 RELATÓRIOS ANUAIS 2015 58

CAD - Novos Desafios As Novas Substâncias Psicoativas A cannabis Formas mais nocivas de consumo de Álcool nos jovens Jogo Ecrã O envelhecimento : old addicts e recaídas Um enquadramento global sobre as dependências João Castel-Branco Goulão 08.08.18 59

Áreas Transversais Jogo Capacitação de Profissionais Criação de Conhecimento Investigação e desenvolvimento Definição de Modelos de Intervenção - Abordagens preventivas - Tratamento (NHS-UK) Mobilização de Parcerias Grupos de trabalho com profissionais das várias áreas geodemográficas Fonte: SICAD 08/08/2018 RELATÓRIOS ANUAIS 2015 60

Avaliação Externa- Plano de Ação 2005-2012 Conclusão Global Existe uma articulação coerente entre TODAS AS POLÍTICAS E AÇÕES NAS POLÍTICAS PORTUGUESAS baseada na ideia de que um cidadão com CAD é uma pessoa com necessidade de apoios das áreas do Social e da Saúde em vez de ser considerado um "Criminoso ou um delinquente". Até agora, a situação global nesta matéria em Portugal apresenta uma evolução positiva em todos os indicadores disponíveis Um enquadramento global sobre as dependências João Castel-Branco Goulão 08.08.18 61

Trends since 2001 Small increases reported on illicit drug use amongst adults Reduced burden of drug offenders on the criminal justice system Reduction in opiate-related deaths and infectious diseases Increase in the amounts of drugs seized by the authorities Reduction in illicit drug use among adolescent, since 2003 Reduction in the prevalence of injecting drug use Reduced stigmatization of drug users Reduction in the public burden caused by drugs 08.08.18 62

Some ideas to share: Scientific consensus that criminal sanctions are ineffective and counterproductive; they do nothing to address drug use consequences Nowhere International Drug Conventions require that personal use should be criminalised HEALTH PROTECTION INSTEAD OF PUNISHMENT Drug policies should be based on health and not on punishment 63

Obrigado pela V. atenção João Castel-Branco Goulão joao.goulao@sicad.min-saude.pt SICAD Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências www.sicad.pt TELEF: +351 211 119 000 EMAIL: sicad@sicad.min-saude.pt