DIAGNÓSTICO DE SAÚDE AMBIENTAL EM UMA FEIRA LIVRE NA CIDADE DE BELÉM/PA: ESTUDO DE CASO DA FEIRA DO JURUNAS

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Transcrição:

DIAGNÓSTICO DE SAÚDE AMBIENTAL EM UMA FEIRA LIVRE NA CIDADE DE BELÉM/PA: ESTUDO DE CASO DA FEIRA DO JURUNAS Samara C de Paiva Souza (*), Juliana Belmiro Gonçalves * Universidade Federal do Pará; samaracpsouza@gmail.com RESUMO O objetivo deste estudo se concentra na abordagem do tema saúde ambiental em feiras livres, utilizando-se como estudo de caso a feira livre do Jurunas, localizada no centro urbano do município de Belém, no estado do Pará. Em investigação in loco na feira do Jurunas e questionamentos aos feirantes desta, observou -se uma insatisfação com o local de trabalho, em questão de infraestrutura e melhorias na feira. O diagnóstico identificou problemas higiênico sanitários nas barracas da feira, contrariando a legislação sanitária vigente, a falta de infraestrutura e a falta de educação ambiental como sendo os principais motivos dos problemas identificados. 88% dos entrevistados acreditam que a feira se tornou um local não agradável do ponto de vista de organização, meio ambiente e de acesso, enquanto 90 % dos feirantes entrevistados apresentaram interesse em colaborar e participar de projeto de educação ambiental, uma vez que teriam mais organização, a chance de ter mais dignidade em seu trabalho e oportunidade de desenvolvimento, mas todos salientaram a importância de não saírem daquela região da feira. A precariedade na abordagem deste tema, aliada à falta de informação e conscientização dos feirantes e consumidores, proporcionam situações de risco à saúde que convivem neste ambiente, o que acarreta em pessoas afetadas pelas más condições sanitárias e falta de educação sanitária e ambiental. Uma maior atenção por parte do governo é fundamental, que deve agir conjuntamente com a sociedade para a mudança desta realidade. Ao fim do trabalho, foram apresentadas propostas coletivas de ações mitigadoras para os problemas ambientais existentes. PALAVRAS-CHAVE: Feira livre, Resíduos sólidos, Gerenciamento sanitário-ambiental. ABSTRACT The objective of this study is to focus on the issue of environmental health in open fairs, using as a free case study in Jurunas, located in the urban center of the municipality of Belém, in the state of Pará. questions to the forums, there was a dissatisfaction with the workplace, in terms of infrastructure and improvements at the fair. The treatment addresses hygiene problems in the stalls of the fair, contrary to existing health legislation, a lack of infrastructure and a lack of information as the main reasons for the problems identified. 88% of respondents believe that the fair has already made a place is not pleasant to the point of view of an organization, environment and access, while 90% of the students interviewed have an interest in collaborating and participating in the environmental education project, since more organization, a chance to have more dignity in their work and their opportunity for development, but everyone was given an importance not to emerge the region of the fair. The precariousness in approaching this issue, coupled with the lack of information and awareness of forums and consumers, provide the health risk situations that coexist in this environment, which causes in affected people such as the poor sanitary conditions and the lack of sanitary education and environmental. Greater attention on the part of the government is fundamental, which must act jointly with society for a reality. At the end of the work, the collective mitigation actions for the existing environmental problems were promoted. KEY WORDS: Free Fair, Solid Waste, Sanitary-environmental management. INTRODUÇÃO As feiras do centro urbano de Belém possuem historias e entre elas estão o desenvolvimento socioeconômico da cidade. A formação das feiras livres na cidade de Belém remonta a época do ciclo da borracha (1850-1920), período de grande crescimento econômica e cultural, proporcionado pela extração e comercialização do látex das seringueiras na região do baixo amazonas. Por ser um ponto de entrega, estoque e vendas de diversos gêneros alimentícios vários comerciantes de diversas feiras buscam mercadorias para desenvolver seus trabalhos bem como nos bairros que se desenvolveram a beira de rios. Um desses bairros é o Jurunas que se tornou desde o início de sua ocupação um espaço de estabelecimento e circulação. Na atualidade, a cidade de Belém conta com trinta e quatro feiras livres consideradas legais, e sete feiras ilegais (SECON, 2009) espalhadas pelos vários bairros e distritos municipais, sendo que apenas sete possuem algum Projeto de 1

Revitalização e Padronização, o qual tem como objetivo de oferecer um ambiente mais organizado, seguro e higiênico. No entanto, várias elas e principalmente as que não foram melhoradas continuam a gerar danos à saúde pública e ao meio ambiente. Diante disso, foi realizado um diagnóstico das condições sanitárias e ambientais, principalmente ligadas à geração de resíduos sólidos na principal feira livre do bairro do Jurunas, a qual recebe o mesmo nome do bairro, a fim de contribuir, através da publicação dos resultados, com o melhoramento dessa realidade. OBJETIVO O objetivo deste estudo se concentra na abordagem do tema saúde ambiental em feiras livres, utilizando-se como estudo de caso a feira livre do Jurunas, localizada no centro urbano do município de Belém, no estado do Pará. A precariedade na abordagem deste tema, aliada à falta de informação e conscientização dos feirantes e consumidores, proporcionam situações de risco à saúde que convivem neste ambiente, o que acarreta em pessoas afetadas pelas más condições sanitárias e falta de educação sanitária e ambiental. Buscou- se conhecer a realidade local e a partir desta fazer reflexões que originassem propostas coletivas de ações mitigadoras para os problemas ambientais existentes, ao fim do trabalho. METODOLOGIA A feira do Jurunas se localiza no Bairro do Jurunas, em Belém, estado do Pará, ficando o pátio especificadamente localizado entre as ruas Fernando Guilhon e Bernardo Sayao, sendo um local próximo do Porto do Açaí, onde também chega uma grande quantidade de produtos regionais vindos de cidades ou ilhas próximas ao bairro que são vendidos na feira, como o açaí da ilha do Maracujá, a farinha de Barcarena, o cacau do vindo da ilha das Onças, contribuindo não somente com o trânsito de produtos, mas também para a intensificação do trânsito de pessoas que vêm e partem do bairro nos três períodos do dia. A feira, que se realiza todos os dias por volta das 5hs às 12hs, pelo problema de vários feirantes não serem cadastrados, não possui um número de barracas definidas, uma vez que esse número é maior do que se consta na SECON. No local se encontra uma variedade de produtos, tais como: os hortifrutigranjeiros (hortaliças, frutas, legumes e grãos); produtos de uso geral (colares, brincos, toalhas, roupas, calçados); derivados de animais (carnes, peixes, aves, leite, ovos e queijos); ainda doces caseiros, produtos fitoterápicos entre outros. Para a composição deste diagnóstico foi necessário um levantamento básico de dados sobre a feira, sua composição, estrutura e organização, e suas condições sanitário-ambientais, resíduos e seu gerenciamento, por meio de visitas técnicas durante o mês de setembro de 2017 à área de estudo. A avaliação qualitativa das condições higiênico-sanitárias do ambiente, caracterização qualitativa (presença) dos resíduos sólidos e a avaliação dos riscos, como também as competências do serviço público foram baseadas em critérios definidos pela legislação (NBRs da ABNT, resoluções e leis). Um questionário simples foi aplicado para a obtenção da opinião dos feirantes sobre as condições de trabalho, sanitárias e ambientais. Foram entrevistadas 20 feirantes dentre homens e mulheres, de 18 a 65 anos. Em seguida, os dados foram analisados e elaboradas medidas mitigadoras. RESULTADOS OBTIDOS Perante avaliação exploratória das condições sanitárias e ambientais presentes na Feira Livres do Jurunas, juntamente à aplicação de questionário pertinente ao tema aos feirantes que nela trabalham diariamente, que incluíram perguntas quanto: as condições de higiene e limpeza da feira, abastecimento adequado de água pela rede de abastecimento, coleta e destino final adequados dos efluentes gerados, rede de drenagem, satisfação dos feirantes em relação à estrutura da feira, se os mesmos consideravam a feira um ambiente saudável para o desempenho das atividades e o que, na opinião deles, poderia ser melhorado no ambiente, obteve-se resultados estatísticos. Quanto a limpeza diária dos boxes, esta não é realizada por 15 % dos feirantes entrevistados. Apenas 18 % responderam fazer a separação por tipo de resíduos sólidos gerados em seus boxes e 7% disseram fazer a separação às vezes. Em relação à satisfação dos feirantes quanto a estrutura da feira, o que mais incomoda cerca de 33 % deles, é o lixo, seguido do som alto, que caracteriza uma poluição sonora e outros 22 % da falta de organização e estrutura (figura 1). 2

O que mais lhe incomoda na feira 23% 33% Som Lixo Estrutura Segurança Figura 1: O que mais incomoda na feira, segundo os feirantes. Fonte: Autores, 2017. Quando questionados se consideravam a feira um ambiente saudável para a realização de suas atividades comerciais, 60% dos feirantes responderam que acham a feira um ambiente saudável para trabalhar, ainda que 81 % tivessem admitido que o acumulo de lixo em frente a feira os incomoda. O Quadro 1 reúne o registro fotográfico realizado na referida Feira Livre. Quadro 1. Imagens do interior e exterior da Feira do Jurunas A) Entrada central B) Entrada lateral da feira C) Corredor lateral esquerdo da feira D) Boxes de produtos expostos na feira E) Disposição inadequada de Resíduos sólidos em frente à Feira F) Despejo de esgoto à céu aberto na frente da feira; Fonte: Autores, 2017. 3

Na feira e ao seu redor, ocorre a presença de um grande acúmulo de lixo, contendo não só os resíduos provenientes do complexo, mas também da comunidade ao redor. A coleta e acondicionamento dos resíduos não são efetuados de forma correta. Observam-se recipientes, quando existentes, sem tampa e em más condições físicas e de higiene. A feira do Jurunas, está localizada em área de tráfego intenso e com esgoto à céu aberto nas margens das ruas que o limitam, elevando os riscos de contaminação do ambiente de comércio de alimentos, pois a maioria deles não dispõe de qualquer proteção. O abastecimento de água não se encontra suficiente a toda a demanda. Assim como quem recebe, esta água provavelmente não chega potável. Todos os entrevistados afirmaram não ter tido nenhuma ação por parte da prefeitura ou de qualquer órgão público ou privado de educação ambiental, orientação aos feirantes sobre temas relacionados a condição ambiental e sanitária da feira. Ressalta- se que os depoimentos foram conseguidos com dificuldade, pois quando apresentados os questionários muitos estavam em sua hora de trabalho ou comprando para o almoço. Quanto às questões de higiene e limpeza pública na Feira do Jurunas, 44% dos entrevistados admitiram que a feira apresenta condições sanitárias ruins, dos entrevistados responderam que as condições eram regulares, afirmaram condições péssimas e apenas 11% informaram que achavam as condições boas, conforme se verifica na figura 2. 50% Higine e Limpeza da feira 44% 40% 30% 20% 10% 11% 0% Bom Regular Ruim Péssimo Figura 2: Higiene e Limpeza da feira, segundo feirantes entrevistados da na feira. Fonte: Autores, 2017. 90 % dos feirantes entrevistados apresentaram interesse em colaborar e participar de projeto de educação ambiental, uma vez que teriam mais organização, a chance de ter mais dignidade em seu trabalho e oportunidade de desenvolvimento, mas todos salientaram a importância de não saírem daquela região da feira. Apesar de a feira representar grande importância cultural para região, 88% dos entrevistados acreditam que a feira se tornou um local não agradável do ponto de vista de organização, meio ambiente e de acesso. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES O acúmulo de resíduos provoca cheiro desagradável e atrai insetos, ou seja, ocasionando a proliferação de vetores de doenças, significando risco à população e ao meio ambiente, pelo contato direto e contaminação do solo, além do odor e poluição visual. Diante desse cenário, pôde-se observar que a não aplicação da legislação sanitária e ambiental em vigor, a falta de infraestrutura e a falta de educação ambiental são os principais motivos dos problemas identificados na feira livre do Jurunas. Foram elaboradas medidas mitigadoras de solução para os problemas sanitários e ambientais: deve haver a capacitação e conscientização dos feirantes por meio da ação da vigilância sanitária e educação ambiental; há a necessidade de reestruturação da infraestrutura da feira livre, podendo, inclusive, aplicar-se o Projeto de Padronização e Revitalização; é necessário o vigoramento da fiscalização comercial, sanitária e ambiental junto aos feirantes; é de urgente necessidade a criação e/ou aplicação das normas existentes de gerenciamento de resíduos na feira, sendo competente ao poder público 4

local o serviço de limpeza pública, incluindo a coleta e destinação dos resíduos sólidos urbanos (Constituição de 1988);o fornecimento continuo e de qualidade de água por parte do abastecimento público e a coleta e transporte eficiente das água de drenagem e de esgoto. Tais medidas são de grande importância para minimizar e acabar com os problemas de saúde e ambientais nesse tipo de ambiente comercial, havendo a necessidade do trabalho conjunto do poder público e da sociedade. A importância de cada cidadão, seja ele consumidor ou comerciante, na busca um ambiente seguramente saudável expõe a problemática à nível de coletividade. Logo, é de fundamental importância a percepção geral de que investimento em saneamento e educação ambiental é investimento em saúde ambiental, e consequentemente é investimento em qualidade de vida. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. BELÉM. Secretaria Municipal de Economia. Situação de Ocupação nas feiras Municipais de Belém. 2010. 2. PARÁ. Secretaria Executiva de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente. Agenda 21 nas feiras livres. Belém, 2009 5