EFEITOS ADVERSOS A MEDICAMENTOS

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Transcrição:

EFEITOS ADVERSOS A MEDICAMENTOS INTRODUÇÃO As informações contidas neste folheto têm a finalidade de orientar as pessoas que passaram ou que podem passar pela experiência não-desejada dos efeitos adversos de medicamentos. Geralmente muitos medicamentos causam efeitos colaterais de pequena monta, tais como azia quando se toma AAS ou secura na boca quando se toma um vasoconstrictor para resfriado, ou reações graves que matam milhares de pessoas todos os anos. A cada ano centenas de medicamentos são aprovados pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), órgão governamental responsável pelo licenciamento de medicamentos para uso médico no Brasil. Quanto mais medicamentos são aprovados, maiores são os riscos de reações indesejadas. Um efeito adverso é qualquer efeito não-esperado de um remédio. As reações adversas também podem ocorrer pela interação entre diferentes tipos de medicamentos, pois 90% dos efeitos adversos não envolvem o sistema imune, e por esse motivo não é possível fazer o teste alérgico. Os efeitos adversos a medicamentos podem se manifestar de diferentes formas clínicas e afetar diferentes partes do corpo. Alguns conceitos importantes são os seguintes: Efeito colateral: ação indesejável, mas inevitável, do medicamento; Hipersensibilidade: reação alérgica não-relacionada à dose ou aos efeitos farmacológicos do medicamento; Interação medicamentosa: ação de um medicamento que potencializa ou aumenta o efeito do outro, produzindo benefício ou toxicidade; Superdosagem: dose excessiva do medicamento tomado acidental ou deliberadamente. MEDICAMENTOS Algumas características importantes dos efeitos adversos: Ocorrem em pequeno número de pessoas que tomam medicamentos; Os sintomas podem ser reproduzidos com pequena quantidade do medicamento; O aparecimento do efeito adverso pode ocorrer dias após o início do tratamento, mas, em alguns casos, meses depois;

Após a suspensão do medicamento, os sintomas podem perdurar por dias ou até semanas; Diferem de quaisquer manifestações farmacológicas conhecidas; Podem aparecer como reações alérgicas conhecidas, como a doença do soro ou o choque anafilático; A hipersensibilidade também pode manifestar-se como infiltrado pulmonar, febre medicamentosa ou lúpus; As reações não-desejadas, que ocorrem de muitas maneiras são o efeito direto do medicamento no corpo. Uma reação de hipersensibilidade a medicamento ocorre quando o sistema imune interage com a medicação, tenta destruir a substância química e com isso provoca a alergia. Pessoas com história familiar de alergia a medicamentos são mais propensas a reações alérgicas, mas não apresentam riscos de desenvolver reações do tipo não-alérgicas. Um membro de uma família que teve alergia a um medicamento não aumenta a chance de outro membro ter alergia ao mesmo medicamento. Um paciente que tomou anteriormente um medicamento pode ter uma verdadeira reação alérgica ao mesmo medicamento. É o uso que pode levar a uma alergia e não o não-uso. Essas reações ocorrem quando o medicamento é aplicado de forma intravenosa ou intramuscular, pois assim ele alcança rapidamente a corrente sangüínea. Aumenta também a possibilidade de uma reação alérgica o fato de a medicação ser administrada freqüentemente ou em grandes doses. Remédios tomados oralmente apresentam muito menos reações. Certos medicamentos podem causar mais reações alérgicas do que outros devido à sua estrutura química. A penicilina e seus derivados são os antibióticos que mais causam reações alérgicas. A penicilina em particular pode causar qualquer tipo de reação alérgica e também reações não-alérgicas. SINTOMAS Os tipos mais comuns de reações alérgicas a medicamentos são: Lesões de pele generalizadas; Urticária; Coceira; Chiado de peito ou problemas respiratórios; Edema de partes do corpo; Anafilaxia, uma reação alérgica grave que ameaça a vida.

Esses são os sintomas mais comuns da alergia a medicamentos, mas as reações adversas podem ocorrer em qualquer órgão ou sistema do corpo. As reações alérgicas podem ocorrer dentro de minutos ou horas após a tomada da medicação. Reações a medicamento podem ocorrer semanas depois de a medicação ter sido suspensa, como um eritema (lesões avermelhadas na pele) ou uma urticária (empolamento). As reações pseudoalérgicas, nas quais o sistema imune não está envolvido, podem ocorrer sem exposição prévia. Os sintomas parecem iguais a uma reação alérgica, pois o afetado pode ter urticária, dificuldade respiratória ou edema de qualquer parte do corpo. Causas comuns de reações pseudoalergicas incluem o AAS e os contrastes radiológicos. DIAGNÓSTICO O alergista tem interesse em distinguir uma reação alérgica de uma nãoalérgica. Ocorre que muitas vezes pode ser difícil de saber qual medicamento foi responsável pela reação. Se você acha que teve uma reação adversa a medicamento, a primeira coisa a fazer é procurar um médico. Leve com você a receita do tratamento que está fazendo e o nome de outros medicamentos, prescritos ou não por médico. Leve também as caixinhas dos medicamentos que está tomando. Estas informações são importantes para diagnóstico e tratamento do que está acontecendo com você. É importante saber se o remédio pode ou não ser testado para alergia, pois isso permite ao médico verificar se existe medicação substituta que seja segura para você tomar e quais os medicamentos que deverá evitar. A avaliação clínica é importante, porque permitirá ao médico verificar o que foi afetado pela reação alérgica e determinar outros problemas nãoalérgicos envolvidos nos sintomas. São poucos os medicamentos que provocam uma verdadeira alergia, e para fazer o diagnóstico deles os testes alérgicos cutâneos são úteis. Muitos alergistas recomendam que o teste não precisa ser feito, a não ser que houver necessidade de tomar novamente o medicamento. Existem poucos exames de sangue disponíveis para identificar anticorpos antimedicação, por isso é bom lembrar que, para as alergias, os exames de sangue são menos sensíveis do que os testes cutâneos.

RESUMO PARA FAZER O DIAGNÓSTICO HISTÓRIA CLÍNICA História cuidadosa dos medicamentos tomados sob receita médica ou não; Medicamento que tomou e apresentou problema de qualquer natureza; Medicamento que tomou e não apresentou problema; Efeito adverso: tempo de uso do medicamento e do aparecimento das manifestações clinicas. Exames in vitro são exames de laboratório Geralmente não tem valor diagnóstico; Exames in vivo feitos com a própria pessoa em casos selecionados Testes alérgicos cutâneos; Testes de provocação. O teste de provocação é feito com a reexposição do paciente ao medicamento suspeito. TRATAMENTO O tratamento vai depender da intensidade e da gravidade do caso. Se a reação ao medicamento for discreta, o tratamento ficará limitado à suspensão da medicação. Nos casos em que os sintomas são graves e persistentes, além da medicação necessária para resolver o problema poderá haver necessidade de internação. Nos casos em que houver efeito adverso a medicamento, o paciente pode usar a medicação substituta com segurança. Quando não existe medicação substituta, o alergista pode fazer a dessensibilização ou a introdução gradual do medicamento. Esse método de graduação se realiza com a introdução de pequenas doses até a que dose terapêutica seja alcançada. Choque anafilático ou anafilactóide Felizmente, estas são reações raras. O choque anafilático é de causa alérgica; o choque anafilactóide, não. As reações, semelhantes e potencialmente ameaçadoras à vida, ocorrem em segundos ou minutos após a administração do medicamento. Os sintomas incluem edema de partes do corpo, dificuldade respiratória ou chiado de peito e queda abrupta da pressão arterial, com tontura

ou perda de consciência e choque. Se a pessoa perdeu a consciência, deixe-a deitada e eleve as pernas dela até que chegue o socorro médico. Os acometidos por essas reações precisam de tratamento de urgência, pois correm riscos de morte. Se alguém apresentar esses sintomas, leve-o imediatamente ao pronto-socorro ou chame o SIATE (telefone 193 no Estado do Paraná). SE VOCÊ JÁ TEVE REACÃO A MEDICAMENTO... Comunique ao seu médico à medicação que tomou e a reação que teve; Fale da orientação do alergista, como os medicamentos que deve evitar e quais os medicamentos substitutos que pode tomar; Se a reação foi grave, faça uma plaqueta ou um bracelete identificando o medicamento que não pode tomar. AS DÚVIDAS E PERGUNTAS DEVERÃO SER LEVADAS AO SEU ALERGISTA PARA ESCLARECIMENTO. IMPORTANTE As informações disponíveis no site www.alergiarespiratoria.com.br possui caráter informativo e educativo. No caso de consulta procurar seu médico de confiança para diagnóstico e tratamento. Dr. Luiz Carlos Bertoni Alergista - Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia (ASBAI) Membro - World Allergy Organization (WAO) CRM-PR 5779