3. POPULAÇÃO E INDICADORES DEMOGRÁFICOS 37
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3.1. Introdução Para a interpretação dos dados de saúde, quer de morbilidade quer de mortalidade, e nomeadamente para, com base nesses dados, se fazer o planeamento de recursos de modo a melhor servir a população que deles necessita, é essencial o conhecimento da população e de indicadores demográficos que a possam descrever. 3.2. Comparação censo 1991 e 2001 De acordo com resultados do censo realizado em 2001, a população residente no Norte (NUT II) é de cerca de 3.680 milhares de indivíduos, traduzindo um crescimento efectivo de aproximadamente 6,0% face ao recenseamento de 1991. Cerca de três quintos deste acréscimo populacional é explicado pelo saldo natural acumulado no período entre os dois censos, cabendo ao saldo migratório a responsabilidade pelos restantes dois quintos da expansão demográfica desta região. O resultado do último censo traduz uma aceleração do crescimento demográfico no Norte do país, uma vez que entre 1981 e 1991 a variação populacional observada havia sido de apenas 1,8%. Analisando a evolução da população nas subregiões do Norte verifica-se que houve diferenças entre elas. A parte ocidental da região continuou a destacar-se pelo seu maior dinamismo populacional. O Douro e o Alto Trás-os-Montes continuaram a perder população durante a última década, o que já se tinha observado entre 1981 e 1991, mas a um ritmo mais atenuado. O mesmo se verifica quando consideramos apenas o que acontece na população dos 68 concelhos integrados na Região de Saúde do Norte (Figura 1). Figura 1 População residente nos 68 concelhos que integram a Região de Saúde do Norte, resultados do censo de 1991 e do censo de 2001 39
A repartição geográfica da população residente evidencia uma litoralização da população. Também se verificou um reforço da importância demográfica dos pólos urbanos nas sub-regiões caracterizadas por menor dinamismo demográfico, traduzindo assim um processo crescente de urbanização no interior da Região Norte. 3.3. População residente estimada para 2004 A pirâmide etária da população residente estimada para o ano de 2004 no Norte (Figura 2) mostra, em ambos os sexos, uma base estreita e a área mais larga nos grupos etários dos 20 aos 49 anos. No sexo feminino, como resultado da maior esperança de vida, verifica-se um maior número de indivíduos do que do sexo masculino, sendo praticamente o dobro no grupo etário de 85 ou mais anos. Figura 2 Pirâmide etária da população residente estimada para 2004 no Norte Na Unidade Territorial (NUT) Norte definida pelo INE há 18 concelhos que não integram a Região de Saúde do Norte. Considerando apenas os 68 concelhos que a integram, a estimativa da população residente para o ano 2004 é de 3.274.993 residentes. O distrito do Porto constitui a sub-região mais populosa, (55,0%), segue-se o distrito de Braga com 26,0% da população. Os restantes 19,0% de residentes distribuem-se por Viana do Castelo (8,0%), Vila Real (6,8%) e Bragança (4,5%) (Figura 3). 40
Vila Real Viana do Castelo Braga Bragança Porto Figura 3 Distribuição da população residente estimada para o ano 2004 pelos distritos que integram a Região de Saúde do Norte A distribuição da população pelos concelhos que integram a Região de Saúde do Norte mostra que prossegue a litoralização da população, já evidenciada na década anterior (Figura 4). Figura 4 Distribuição da população residente estimada para 2004 nos concelhos que integram a Região de Saúde do Norte 41
Além da litoralização, ao observar as estimativas de população residente por grupo etário, verifica-se uma desigualdade na proporção dos diferentes grupos etários, sendo os distritos do litoral os que apresentam uma população mais jovem (Quadro 3). Quadro 3 - População estimada para o ano 2004, por distrito e por grupo etário, considerando apenas os concelhos que integram a Região de Saúde do Norte Grupos etários (anos) Braga (26,0%) Bragança (4,5%) Porto (55,0%) Viana do Castelo (8,0%) Vila Real (6,8%) Total 0-14 15-24 25-64 65 + H 414.879 79.639 63.495 227.491 44.254 M 436.458 74.943 61.586 237.794 62.135 H 70.602 8848 9426 36582 15746 M 74.884 8595 9183 36961 20145 H 871.865 158.051 119.891 495.440 98.483 M 896.297 150.891 116.239 523.634 142.386 H 118.331 18.257 17.160 62.256 20.658 M 133.606 17.180 16.430 68.779 31.217 H 107.386 15635 15668 57125 18958 M 113.832 14886 14874 58053 26019 Total H 1.583.063 280430 225640 878894 198099 M 1.655.077 266495 218312 925221 281902 Como consequência desta distribuição etária, os distritos do interior, Vila Real e Bragança, apresentam índices de envelhecimento muito superiores aos dos distritos do litoral (Figura 5). 42
Figura 5 Índice de envelhecimento (%), por concelhos, considerando apenas os concelhos que integram a Região de Saúde do Norte Os índices de dependência de jovens e idosos também mostram assimetrias dentro da região Norte. O índice de dependência de jovens é superior nos distritos do litoral (Figura 6). Os distritos do interior, e como resultado de um índice de envelhecimento superior, apresentam maiores índices de dependência de idosos (Figura 7). 43
Figura 6 Índice de dependência de jovens (%), por concelhos, considerando apenas os concelhos que integram a Região de Saúde do Norte Figura 7 Índice de dependência de idosos (%), por concelhos, considerando apenas os concelhos que integram a Região de Saúde do Norte 44
3.4. População estrangeira com estatuto legal de residente O total de estrangeiros residentes em Portugal cresceu de 175.263 em 1997 para 239.113 no ano 2002. Ao longo dos anos a proporção de residentes com nacionalidade dos Países Africanos de Língua Portuguesa (PALOP) foi similar e de aproximadamente 45% do total, constituindo o maior grupo de estrangeiros residentes em Portugal. Das restantes nacionalidades, verificamos que a proporção maior é de indivíduos de nacionalidade brasileira, embora o seu contributo apresente uma tendência decrescente, devido ao aumento da proporção de residentes de outras nacionalidades, o número absoluto aumentou entre 1997 e 2002. Os residentes com nacionalidade europeia que não Alemanha, Espanha, França e Reino Unido, representam o terceiro maior grupo e apresentou o maior crescimento, de 7,9% em 1997 para 9,0% em 2002, provavelmente à custa dos países da Europa de Leste que não aparecem discriminados nos dados disponibilizados pelo INE (Figura 8). Os residentes de nacionalidade asiática e de países africanos que não os PALOP, embora tenham uma proporção pequena, cerca de 4% os países asiáticos e 2% os países africanos, apresentam uma tendência crescente. População estrangeira com estatuto legal de residente 120 000 100 000 80 000 60 000 PALOP - ACPOL Brasil Europa* 40 000 20 000 0 1997 1998 1999 2000 2001 2002 Figura 8 - Número de estrangeiros com estatuto legal de residente em Portugal, segundo a nacionalidade (*outros que não Alemanha, Espanha, França e Reino Unido) Considerando a informação disponível pelo INE para o ano de 2002, verifica-se que a nível nacional existe uma assimetria no que se refere ao número de solicitações de estatuto de residente. O maior número de solicitações é proveniente da região de Lisboa, o Norte representa apenas 10% do total de solicitações (Figura 9). 45
População estrangeira que solicitou estatuto de residente em 2002 12 000 10 000 8 000 6 000 4 000 2 000 0 Norte Centro Lisboa Alentejo Algarve R. A. Açores R. A. Madeira Figura 9 Número de solicitações de estatuto de residente em 2002, por NUTII- Norte No Norte, também se encontram assimetrias, sendo as regiões do Tâmega, Douro e Alto Trás-os-Montes as que apresentaram menor número de solicitações (Figura 10). Este facto poderá também contribuir para o envelhecimento das regiões do interior, uma vez que os estrangeiros que solicitam estatuto de residente são na sua maioria indivíduos que vão contribuir para o aumento da população activa da região onde residem. População estrangeira que solicitou estatuto de residente em 2002, por NUT III 1 200 1 000 800 600 400 200 0 Minho-Lima Cávado Ave Grande Porto Tâmega Entre Douro e Vouga Douro Alto Trás-os-Montes Figura 10 Número de solicitações de estatuto de residente em 2002 no Norte, por NUTs III 46
3.5. Projecções de População Residente, Portugal, 2000-2050 De acordo com as projecções de população residente do Instituto Nacional de Estatística (INE), a população residente em Portugal, que em 2004 é de aproximadamente 10,5 milhões, diminuirá em 2050. As estimativas oscilam entre os 7,5 milhões, no cenário mais pessimista, e os 10,0 milhões, no cenário mais optimista, situando-se nos 9,3 milhões de indivíduos no cenário mais provável. Considerando o cenário mais provável, também no Norte se estima uma diminuição da população para cerca de 2,79 milhões de residentes. Em qualquer dos cenários considerados, Portugal terá, entre 2000 e 2050 uma redução da população jovem (dos 0 aos 14 anos de idade). O Norte do País também irá acompanhar este decréscimo (Figura 11). Figura 11 Taxa de variação percentual 2000-2050 da população jovem, Portugal e NUTS II (retirado de: Destaque de 31 de Março de 2004, editado pelo INE, disponível em: http://www.ine.pt/) Considerando estas previsões, apesar do decréscimo da população residente, estima-se um acréscimo da população idosa (65 ou mais anos de idade) em todas as regiões do país (Figura 12). 47
Figura 12 Taxa de variação percentual 2000-2050 da população idosa, Portugal e NUTS II (retirado de: Destaque de 31 de Março de 2004, editado pelo INE, disponível em: http://www.ine.pt/) Como resultado destas estimativas e qualquer que seja o cenário escolhido, até 2050 a população de todas as regiões, envelhecerá, podendo o Índice de Envelhecimento situar-se nos 398 idosos por cada 100 jovens no cenário mais pessimista. No cenário mais provável, o valor será de 243 idosos por cada 100 jovens. Em qualquer dos cenários analisados, o ritmo de envelhecimento será particularmente acentuado na região Norte, podendo atingir os 405 idosos por cada 100 jovens se considerarmos o cenário mais pessimista (Figura 13). Figura 13 Índice de envelhecimento, Portugal e NUTS II, estimativas para o período 2000-2050 (retirado de: Destaque de 31 de Março de 2004, editado pelo INE, disponível em: http://www.ine.pt/) 48