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IXAUTHOR GUIDELINES FOR O TRIPLE PLAY RUMO À CONQUISTA DO MERCADO Pedro Guerreiro, Hélder Vieira, João Bravo Instituto Superior Técnico - TagusPark Av. Cavaco Silva, 1049-001 Oeiras, Portugal E-mail: {pedro.guerreiro, helder.vieira, joão.bravo}@tagus.ist.utl.pt RESUMO Uma evolução sustentada das redes de comunicações vem possibilitando um crescendo acesso à banda larga, impulsionando a convergência de serviços. Esta agregação de serviços é actualmente denominada por triple-play consistindo na oferta de redes que sejam capazes de suportar voz, dados e vídeo através de uma única ligação. A sensibilidade dos serviços anteriormente descritos ao atraso, tornam necessário a construção de redes que suportem mecanismos de QoS (Quality of Service). O triple-play é de certo modo responsável pela criação de um novo modelo de negócio, criando um leque de oportunidades para ISP (Internet Service Provider) e distribuidores de conteúdos. Este novo conceito de redes vem sido oferecido pelas Empresas de Cabo, mas as empresas Telecoms fixas preparam-se para uma entrada no mercado bastante competitiva. Índex Terms Convergência, Qualidade, Evolução, Competitividade 1. INTRODUÇÃO O elevado crescimento das tecnologias de comunicação provocou uma revolução na visão que se tinha das redes e do seu modelo de negócio. O cobre e o cabo asseguram hoje o acesso em banda larga. Existem outras tecnologias que no futuro tem uma palavra a dizer como é o caso do FTTH( Fiber To The Home), WiMax, PLC (Power Line Communication) e WLAN (Wireless Local área Network). O conceito triple-play é revolucionário na medida em que permite adquirir vários serviços, três, através de uma única ligação. Note-se que até há bem pouco tempo, a voz, televisão e Internet eram considerados mundos completamente distintos. As enormes potencialidades e oportunidades que estes serviços transferem para as empresas que os fornecem, tornam este sector do mercado muito competitivo. É assim possível distinguir três grandes sectores que exploram a oferta destes serviços: Telecom fixas, Empresas de Cabo e ISP/ASP. Adivinha-se uma luta renhida em que estas, têm sem dúvida uma palavra a dizer. As Empresas de Cabo desejam competir com as Telecom fixas nos serviços locais de voz, mas querem simultaneamente impedir que estas possam competir nos serviços de Televisão. Por sua vez, as Telecom fixas tentam oferecer serviços de Televisão procurando bloquear qualquer competição por parte das Empresas de Cabo nos serviços de voz. Num passado ainda recente, os serviços de voz (Telefone) eram oferecidos analogicamente, pelas empresas Telecoms fixas, fazendo o respectivo uso da infra-estrutura de cobre. Em Portugal a empresa mais representativa neste sector é a PT (Portugal Telecom). No que respeita à Televisão, é desde há algum tempo oferecida pelas Empresas de Cabo. Neste sector as Empresas mais representativas são a CaboVisão S.A e TVCabo (PT Multimédia). Os ISP/ASP(Internet Service Provider) começaram por fornecer serviços de Internet Banda Larga. A Telepac é uma das empresas mais importantes neste sector em Portugal. Actualmente os três sectores tendem a convergir num único sentido: triple-play. A Figura 1 representa a convergências dos diferentes sectores Figura 1 O Triple-Play e a convergência dos vários sectores [2] 1

2. A INFRAESTRUTURA DO TRIPLE PLAY Um dos grandes desafios do mundo empresarial para a implementação do triple-play é a definição de uma topologia para a rede de acesso. Com a evolução tecnológica actual e as novas exigências do mercado, os vários sectores (Telecom Fixas, Empresas de Cabo e ISP/ASP) foram praticamente obrigados, a reestruturar ou criar, as suas arquitecturas de rede, de forma a dar resposta às necessidades do mercado. O planeamento da rede, a cargo das empresas, vai essencialmente depender da sua infra-estrutura base e da visão futura do mercado. Os elevados débitos exigidos pelos serviços que se pretendem prestar (voz, dados e televisão), levaram à escolha da Fibra Óptica para as Redes de Acesso. Actualmente, existem várias opções de arquitectura: - FTTH: fibra até casa - FTTB: fibra até ao edifício - FTTN: fibra até ao nó da rede Dado o elevado preço da fibra óptica, transmissores e receptores ópticos, quer as Empresas de Cabo quer as Telecom fixas optaram por uma solução mista (cobre ou cabo coaxial), como é possível constatar através da Figura 2. Assim sendo a topologia da rede de acesso consiste na colocação de fibra óptica até ao nó da rede a partir do mesmo, cabo ou cobre, dependendo do sector responsável. Apenas para soluções Empresariais ou Universidades é disponibilizada fibra óptica até ao edifício (FTTB). Figura 2 Rede Fixa, Portugal Telecom [2] 2.1. A Evolução da Rede de Acesso nas Empresas de Cabo e na Telecom Fixas As Empresas de Cabo utilizam uma arquitectura HFC redes híbridas. Este tipo de arquitectura caracteriza-se pela colocação de fibra nos troços mais longos da rede e cabos coaxiais nas zonas de distribuição. A arquitectura HFC é muito popular nas Empresas de Cabo. Dado os reduzidos custos de investimento é possível reutilizar o cabo coaxial, oferecendo para além do serviço de difusão de televisão, novas funcionalidades ao nível da interactividade, fazendo uso de um canal de retorno partilhado (ver Figura 2). Com esta arquitectura tornou-se possível: - Aumentar a largura de banda do sistema; - Fiabilidade; - Qualidade do sinal; - Comunicações bidireccionais; As arquitecturas HFC foram inicialmente desenhadas para a transmissão de televisão analógica e rádio. Devido à evolução da tecnologia digital e a necessidade de criação de serviços digitais interactivos, surgiu o protocolo DOCSIS (Data Over Cable Service Interface Specifications). Este protocolo permite o suporte de serviços baseados em IP em redes de televisão por cabo. A televisão numa arquitectura HFC pode ser um conjunto de vários sinais: digitais e analógicos. É utilizada STB (Set Top Box) na casa do cliente por forma a que este possa controlar o que vê e utilizar novos serviços como o VoD(Vídeo on Demand). A Internet é distribuída via ATM (Asynchronous Transfer Mode) ou DOCSIS(Data Over Cable Service Interface Specifications). As Empresas Telecom Fixas utilizam, desde há algum tempo, a tecnologia DSL (Digital Subscriber Line), permitindo esta a transmissão de sinais digitais sem interferir com a faixa de frequência utilizada para a voz. Tecnologias como, ADSL (Asymmetric Digital Subscriber Line), ADSL2+ (extensão do ADSL) e VDSL2 (Very high speed Digital Subscriber Line), que têm por base a utilização de pares de cobre, proporcionam serviços multimédia de débito elevado, permitindo assim que a rede local de cliente, baseada em pares de cobre, seja praticamente toda reutilizada (ver figura 2). O ADSL é uma tecnologia que consiste na transmissão de dados digitais em alta velocidade utilizando a infra-estrutura da linha telefónica. Actualmente o ADSL2+ e o VDSL2 são as tecnologias mais recentes a oferecer uma maior largura de banda. As tecnologias supracitadas permitem elevados ritmos devido à utilização mista de fibra óptica com cobre FTTN. 2.2 Topologia da Rede de Acesso Triple Play Tanto para as Empresas de Cabo como para as Telecom Fixas existem várias alternativas para definir uma topologia para rede de acesso que permita oferecer serviços de triple-play. Entre as várias 2

possibilidades existentes, vamos apresentar uma rede de acesso baseada em Metro Ethernet. 3.1 Internet de Banda Larga Com a evolução da tecnologia, o conceito de serviço de Internet alterou-se. Num passado recente, os ritmos de transmissão da Internet eram baixos, levando a um leque de aplicações utilizadas fosse reduzido. As novas infra-estrutura, com forte presença da fibra, permitiram o surgimento ao que hoje denominamos de Internet Banda Larga, em que os ritmos de transmissão são superiores a 256 kbit/s. Novas Tendências Figura 3 Rede de Acesso baseada em Metro Ethernet [11] Neste tipo de topologia é importante salientar alguns dos seus elementos. O DSLAM (Digital Subscriber Line Access Multiplexer) é um dispositivo que permite a recepção de sinais transmitidos por múltiplos assinantes, encaminhando-os através de uma rede de alta velocidade. Estes têm a capacidade de classificar o tráfego em VLANs (Virtual Local Area Network), suportando requisitos de QoS (Quality of Service), como o diffserv e filas de prioridade, permitindo ainda a filtragem de pacotes. Consoante o fabricante, o DSLAM pode conectar-se ao backbone através de redes ATM, Frame Relay ou Gigabit Ethernet. Outros dispositivos de realce nesta topologia são o Splitter e o BRAS (Broadband Remote Access Servers). O splitter permite a separação entre a frequência da voz, no caso de termos um telefone convencional ligado à rede PSTN (Public Switched Telephone Network), e a frequência dos dados, que pode incluir voz e vídeo. Por outro lado, o BRAS é responsável por encaminhar todo o tráfego proveniente e com destino ao dispositivo DSLAM. Além disso, permite ainda a gestão de políticas referentes à Qualidade de Serviço (QoS). 3. Serviços Triple-Play A evolução das redes de acesso permitiu a oferta de serviços com maior largura de banda. As Empresas de Cabo e Telecom Fixas oferecem actualmente um conjunto de serviços de banda larga, através de um único canal de comunicação Triple Play. Em seguida são apresentados os serviços oferecidos: - Internet de Banda Larga - TVoIP (Television over IP) - VoIP (Voice over IP) A Internet possibilita através de um computador e um ponto de acesso, efectuar operações como é o caso de movimentações bancárias, compras e reservas, sem que tenhamos necessidade de nos deslocarmos. Nos dias de hoje, é possível utilizar a ligação à Internet para substituir o telefone fixo tradicional, através da tecnologia VoIP (Voz sobre IP, a qual vai ser explicitada mais à frente). É também possibilitado ao utilizador o acesso a vídeo, TvoIP (televisão sobre IP vai explicitado posteriormente) com multicanais através da Internet, incrementando assim o leque de serviços que nela podemos encontrar. 3.2 TVoIP TVoIP é um serviço de televisão digital que está disponível para utilizadores que tenham um serviço de banda larga em redes IP. A partir de um dispositivo Set-Top-Box (STB) é possível receber serviços TVoIP tornando realidade o Video on Demand (VoD) e o Personal Video Recorder (PVR) alargando-se assim o conceito de interactividade na televisão. Video on Demand (VoD) Trata-se de um serviço que oferece a programação da televisão proporcionando aos utilizadores um nível elevado de interactividade. Permite ao mesmo tempo, a consulta e escolha dos canais/programas desejados. As aplicações VoD permitem uma maior liberdade na escolha de conteúdos em tempo real. Personal Video Recorder Serviço que permite a gravação automática de um conteúdo, em que o utilizador selecciona previamente o conteúdo que deseja gravar. Este serviço possibilita a visualização do conteúdo gravado quando o utilizador mais desejar. Para isso basta-lhe efectuar o download do conteúdo. No entanto, devido ao elevado espaço que geralmente estes conteúdos ocupam, é efectuada a eliminação dos mesmos passado um determinado período de tempo. 3

3.3 VoIP O VoIP é um serviço de transmissão de voz sobre redes IP (banda larga). Um dos maiores desafios é a qualidade de voz, o que implica necessariamente uma largura de banda adequada. Este serviço envolve gestão de redes, soluções de QoS e SLAs (Service Level Agreement) entre operadores. Existem vários factores que levaram ao transporte de voz sobre IP, por exemplo, o facto da voz ainda gerar receitas, o IP ter equipamento menos dispendioso, ser uma tecnologia já implementada na maioria dos operadores e possibilidade de integrar voz e dados. Desafios Os desafios do VoIP passam pela oferta de voz com alta qualidade, ou seja, sem eco, atraso perceptível e ruído incomodativo na linha. Devido às características da rede IP, há que ter em conta os seguintes parâmetros: atraso de propagação, transmissão, armazenamento, reenvio e processamento. Uma vez que o VoIP é um serviço sensível ao atraso, foi definido que o Round Trip Delay deve ser inferior a 300 ms. Uma das soluções passa pelos interlocutores poderem-se adaptar ao atraso e não às variações do mesmo. Dado que a minimização do atraso implica a existência de buffers na recepção, e estes por sua vez aumentam o atraso, é importante estabelecer uma relação que tenha em conta estes dois factores. Funcionamento Para um correcto funcionamento do VoIP é essencial a utilização de um acesso à Internet em banda larga, dado que a largura de banda influência directamente a velocidade de transmissão dos pacotes e a qualidade de serviço (QoS). Como já foi citado anteriormente o VoIP utiliza o protocolo IP. Deste modo, o funcionamento ou comportamento da voz sobre o protocolo IP processa-se do seguinte modo: a voz captada pelo microfone (origem) é inicialmente analógica tendo de ser codificada (codec) de forma a reduzir a taxa de transmissão de bits. Consequentemente os bits codificados são introduzidos em pacotes IP e transmitidos para a rede. Antes de chegarem ao receptor, os bits são retirados dos pacotes e descodificados (ver figura 4). Figura 4 Exemplo de funcionamento do VoIP [8] 3.4 Protocolos e Codificação 3.4.1 Internet de Banda Larga O protocolo IP (Internet Protocol RFC 791) é a base de toda a Internet e devido à sua expansão global é hoje a base de todos os novos serviços, como é o caso da TVoIP e VoIP. 3.4.2 TVoIP Os conteúdos de vídeo não são mais do que uma sequência de imagens produzidas ao longo do tempo para uma determinada frequência. Cada imagem apresenta MxN amostras de luminância e crominância, com um certo número de bits por amostra. Dada a elevada banda, memória e número de bits necessários para representar digitalmente uma sequência de vídeo é necessário proceder à codificação. Na Televisão digital a norma utilizada para codificação de sinais vídeo começou por ser a ISO MPEG-2 Vídeo. Trata-se de uma norma conjunta com a ITU-T tendo também por base a recomendação H.262. Com a introdução de aplicações multimédia interactivas, na TVoIP, procedeu-se há alteração da norma de codificação MPEGs-2 por MPEG-4/H.264 MPEG-4/H.264 A norma MPEG-4/H.264 permite uma maior eficiência (cerca de 50%) no processo de codificação, utilizando um menor débito para uma mesma qualidade em comparação com as normas já existentes, como é o caso do MPEG-2 e H.263. Esta norma diferencia-se das anteriores nos seguintes aspectos: Compensação de movimento com blocos de tamanho de variável; Múltiplas tramas de referência; Transformada com blocos menores; Filtro deblocking no loop de predição; Codificação entrópica melhorada; Procura oferecer essencialmente um vasto leque de comunicações pessoais, gravação e difusão com qualidades e resoluções variadas. A figura 5 ilustra 4

que, em MPEG 4-video, os objectos de vídeo são codificados separadamente e que por motivos de compatibilidade e eficiência, esta codificação é realizada através dos seus planos de vídeo correspondentes. Uma das grandes dificuldades encontradas na compressão MPEG-4 foi a interoperabilidade entre equipamentos. cliente controlar servidores de multimédia, tanto para permitir transacções de conteúdos armazenados no disco(pré-gravados), quer para gravação (ver figura 6). Figura 6 Procolos em TVoIP [9] Figura 5 Diagrama de blocos do MPEG-4 vídeo [1] No que respeita ao áudio, na televisão digital a norma utilizada é o MPEG-1 ou MPEG-2 áudio (layer 3). Garantem uma codificação de áudio eficiente, mono ou estéreo, com elevada qualidade (de 32-448 kbit/s por canal), utilizando frequências de amostragem de 32, 44.1 e 48 khz. Permite a gravação digital de conteúdo audiovisual a 1.5Mbit/s. Actualmente está a decorrer uma evolução nesta área com a introdução do MPEG-4, através do AAC (Advanced Audio Coding),HE-AAC (High Efficiency AAC), AAC-LD(Long Delay Audio Coder) e a introdução do Parametric Stereo. O codificador AAC é um algoritmo de codificação de áudio de banda larga apresentando uma excelente qualidade para vários bitrates. O MPEG-2 usa o AAC para codificação de áudio, num regime de retrocompatibilidade com o MPEG-1 que utiliza o MP3 (layer 3). Quanto ao HE-AAC trata-se de uma variante do codificador AAC procurando aumentar a eficiência do mesmo. Por sua vez, o AAC-LD é utilizado no MPEG-4 agregando vantagens de codificação perceptual de áudio sendo caracterizado pelo baixo atraso nas comunicações bidireccionais. As versões standard baseadas em TVoIP utilizam para o Live TV o protocolo IGMP v2 e o VoD faz uso do protocolo RTSP (ver figura 6). O IP multicast é o método utilizado para possibilitar que todos os users que se encontram num mesmo canal, recebam o mesmo sinal. É neste sentido que é aplicado o IGMP v2 (RFC 2236). Trata-se de um protocolo que é parte integrante do IP (ver figura 6), necessário para implementar todos os hosts que requerem a recepção de multicast, permitindo deste modo a diminuição da utilização da largura de banda. No que concerne ao RSTP (RFC 2326), este protocolo permite que ao As funcionalidades existentes em TVoIP, como o play, fast forward, rewind e pause são possibilitadas devido à existência de frames específicas em MPEG. Estas frames são divididas em três tipos : I-Frames, P- Frames e B-Frames. As I-Frames são tramas intra que não utilizam predição temporal. No que respeita às P- Frames, efectuam forward prediction para tramas I ou P. Por último as B-Frames fazem uso de uma bidirectional prediction, (ver figura 7). Na figura seguinte ainda é possível verificar que a construção de P-Frames pode ter por base as I-Frames adicionando a estas o movimento (motion). Com esta adição é possível efectuar uma predição, que com a adição de um erro (compensação) permite obter a P-Frame. Figura 7 MPEG Frames [9] 3.4.3 VoIP Dado que o VoIP é um serviço em tempo real, e o serviço de voz é muito sensível ao atraso, existe a necessidade de correr o mesmo sobre UDP, dado que é preferível a perda de pacotes do que a introdução de atraso através de retransmissões (característica do TCP), ver figura 8. Assim sendo, a perda de um ou dois pacotes de voz não é catastrófica para a conversação dado que um pacote de voz dura entre 10 a 40 ms. Considera-se que a perda de 5

pacotes na ordem dos 5% é aceitável se estes estiverem distantes. Embora o UDP possua características mais indicadas para serviços em tempo real, como é o caso da voz, é necessário a introdução de protocolos sobre UDP, de forma a garantir a fiabilidade do serviço, como é o caso dos protocolos apresentados em seguida. RTP ( Real-Time Transport Protocol, RFC 1889) Um dos protocolos que corre em cima de UDP é o RTP (ver figura 8). Este auxilia na detecção de pacotes perdidos e fora de ordem, dado que contêm um número de sequência no cabeçalho. Por outro lado, este protocolo possui ainda um time stamp, que é usado para sincronização, cálculo e variação de atraso. H.323 Trata-se de um protocolo de sinalização para VoIP especificado pela ITU-T, sendo a versão 4 a mais recente. Especifica uma arquitectura global para comunicações multimédia em IP, tendo como objectivo a transmissão de media streams entre pontos terminais H.323. Um terminal H.323 permite comunicações em tempo real com outros pontos terminais H.323, suportando um ou mais codecs de áudio e video. Um exemplo de terminal H.323 é a Gateway. SIP (Session Initiation Protocol) Protocolo de sinalização multimédia desenvolvido pelo IETF (RFC 3261) que pressupõe que a voz é transmitida sobre o protocolo RTP. De uma forma semelhante ao H.323, a sinalização é separada do transporte de voz. Trata-se de um protocolo clienteservidor, em que o cliente é a origem da chamada e o servidor o destino (ver figura 8). Figura 8 Protocolos em VoIP [9] 4. Avaliação do Triple-Play 4.1 TVoIP versus Televisão por Cabo Uma das grandes diferenças que distingue estes dois meios de oferta do serviço de televisão, consiste na forma como é transmitido. Na televisão por cabo o modo de transmissão é baseado num espectro de frequência. De forma a garantir os serviços de voz, dados e televisão, optou-se pela divisão do espectro, como é possível visualizar na Figura 9. Com a crescente digitalização, as empresas tem vindo a diminuir o espectro de frequências referente aos canais analógicos, de forma a poder aumentar a oferta de serviços. Apesar desta medida, estamos perante uma das maiores limitações das empresas de cabo, no que respeita à oferta de serviços de televisão, como por exemplo: número de canais, VoD entre outros serviços. Já na TVoIP este problema não se coloca, dado que a oferta de todos os serviços de televisão processa-se através do protocolo IP. O único problema que poderá ser colocado será a largura de banda disponível para cada utilizador. Este é resolvido aumentando o ritmo de transmissão no uplink e downlink. Figura 9 Distribuição de Espectro no cabo [3] 4.2 VoIP versus Telefone Analógico O serviço de VoIP trouxe consigo inúmeras vantagens. As distâncias eram antigamente sentidas com a utilização do telefone analógico, constando-se através dos diferentes preços e indicativos (referentes a cada zona). Uma das grandes vantagens do VoIP é a mobilidade, já que um utilizador VoIP poder-se-á encontrar em qualquer parte do mundo e ainda assim utilizar o mesmo número. Outra vantagem reside nos preços competitivos que este serviço oferece, dado não considerar as distâncias entre os utilizadores. É importante referir que é possível efectuar uma chamada de um telefone (VoIP) para um telefone tradicional ou vice-versa. No entanto, o mundo do VoIP não é todo cor-de-rosa e um exemplo disso são as chamadas de emergência, sendo difícil encontrar numa rede IP a localização geográfica dos utilizadores, o que dificulta bastante a tarefa dos centros de emergência. Este é um problema ainda em resolução. 6

Hoje em dia um exemplo de aplicação baseada em VoIP e com grande sucesso mundial é o Skype. 5. O Triple-Play e o seu Futuro Com a rápida evolução da Internet e das tecnologias digitais, o modelo de negócio da indústria tradicional tem vindo a ser reconstruído de forma a dar suporte ao novo modelo de convergência: triple-play. Nos dias de hoje, as Empresas encontram-se atentas a estas novas possibilidade de negócio, procurando modelos que lhes assegurem a rentabilização dos gastos inerentes à integração dos serviços triple-play (voz, video, Internet banda larga) nas Redes Móveis Quadruple Play (ver figura 10). Os avanços ocorridos nos sistemas CDMA (Code Division Multiple Access), GSM (Global System for Mobile Communications) e o UMTS (Universal Mobile Telecommunications System) possibilitou às Empresas nesta área a entrada no Quadruple Play, ganhando desta forma vantagem em relação aos outros concorrentes. O aumento da largura de banda disponível nas redes móveis para os utilizadores, permitiu estender a noção de serviço integrado num ambiente móvel. Actualmente encontram-se a competir nesta área essencialmente as Telecom Fixas e as Empresas de Cabo. Dado que a maioria das Empresas de Redes Móveis estão associadas às Telecom Fixas (em Portugal temos o exemplo da TMN Telecomunicações Móveis Nacionais que pertence à PT Portugal Telecom) a balança do triple-play está efectivamente a pender para estas. seus serviços na rede de cobre, a Clix foi a primeira empresa apostar em soluções triple-play, através da solução SmarTV. É importante realçar que a Portugal Telecom (PT) avançou também recentemente nesta área, preparando-se para apresentar brevemente o seu produto. No que concerne aos tarifários (preços em termos médios) praticados no mercado nacional e olhando para as empresas com maior implementação em Portugal são apresentados de seguida os preços praticados (ver Tabela 1). Empresa TV( ) Net( ) Voz( ) Total( ) Clix 25 40 65 TvCabo 30 30 10 75 Cabovisão 60 60 Tabela 1 Tarifários de Triple-Play Numa perspectiva de comparação de custos, apresentamos os valores (ver Tabela 2) que teríamos de suportar caso pretendêssemos aderir a serviços de TV, Internet (banda larga) e voz, separadamente. TV(TVCabo)30 + Internet(Sapo)35 + Voz(PT)15 = 80 Tabela 2 Adesão individual aos serviços Como se pode facilmente verificar, a opção por uma adesão individual aos três serviços, leva a custos mais elevados para o cliente. É ainda importante referir que os preços apresentados são valores médios, podendo existir variações nos valores finais consoante o tipo de serviços adquiridos (maior largura de banda ou canais de televisão pagos separadamente, por exemplo). 7. Conclusão Figura 10 Evolução do Triple-Play (QuadPlay) [10] 6. O Mercado em Portugal Ainda que a presença do triple-play em Portugal seja recente, existem já algumas empresas que contam com uma oferta deste tipo. Entre elas é possível destacar a Cabovisão, a TVTel, a Ar Telecom, a Clix SmarTV e mais recentemente a TVCabo. Apresentando-se como a segunda Empresa de Cabo, a Cabovisão foi a primeira a oferecer uma solução integrada de telefone, internet e televisão, no ano 2000. No que respeita às empresas que baseiam os Os avanços tecnológicos que se têm feito sentir no sector das telecomunicações têm levado as Empresas a apostarem na convergência de serviços digitais, englobando numa única oferta, diversas soluções suportadas por ligações de banda larga. O leque de serviços associados a este tipo de oferta triple-play é variado e assenta na distribuição através de redes de cabo ou cobre. Para isso os clientes têm eventualmente de investir numa Set Top Box(STB) e num modem, de forma a assegurar as ofertas de televisão, acesso à internet e telefone. A título de exemplo podemos referir algumas funcionalidades e serviços tais como: Personal Vídeo Recorder (PVR), ferramentas de controlo parental, visualização selectiva, organização da grelha de programação e ainda o serviço que se espera ter maior aceitação por parte do publico, o VoD. As capacidades resultantes destas plataformas tornam-se apelativas aos clientes que, cada vez mais, procuram serviços personalizados, que lhes permitam 7

escolher o que querem assistir e quando o desejam fazer. Este maior controlo sob os conteúdos, assim como a possibilidade de integrar na mesma solução outros serviços complementares, acaba por se tornar num factor apelativo para os utilizadores. Estudos efectuados por consultoras internacionais admitem que os serviços de TVoIP vão assumir-se nos próximos anos como um dos factores de maior lucro para as Empresas. No entanto, nem tudo é perfeito neste novo mundo tecnológico que surge perante nós sendo necessário responder a novos desafios. Para que esta convergência de serviços se tornasse real foi necessário dar resposta a novos requisitos (QoS, multicast, segurança, etc.) que são sustentados por novas plataformas que permitem uma visão integrada de rede e serviço. Foi assim essencial organizar a rede de acesso de forma a dar suporte ao triple-play dado que os seus serviços exigem uma maior largura de banda e QoS (Quality of Service). Outro factor importante consiste na adaptação da topologia da rede de agregação e transporte para o suporte de serviços de broadcast, dando assim resposta aos débitos exigidos para streaming de vídeo. O triple-play é assim um novo modelo de negócio com potencial para caminhar e cativar novos clientes e áreas de desenvolvimento. 8. Agradecimentos Queremos agradecer ao Professor Fernando Pereira pelo apoio dado ao longo da elaboração do artigo de divulgação. Agradecemos também a informação disponibilizada pela PT (Portugal Telecom) e Siemens, durante as apresentações decorridas na cadeira de Planeamento e Projecto de Redes, fundamentais para o desenvolvimento do artigo. 9. Referências [1] Pereira Fernando, cadeira de Comunicação Áudio e Vídeo do IST ano 2006/2007 (Secção Material de Estudo) Disponível: http://www.img.lx.it.pt/~fp/cav/com.htm [2] Brázio José, cadeira de Planeamento e Projecto de Redes do IST ano 2006/2007 (Secção Material de Apoio) Disponível:https://fenix.ist.utl.pt/publico/executionCours e.do?method=firstpage&executioncourseid=50280 [3] Nunes, Mário Serafim, cadeira de Redes de Acesso do IST, ano 2006/2007 (Secção Bibliografia) Disponível: http://comp.ist.utl.pt/rci-ra/biblio.html [4] Casaca, Augusto, cadeira de Redes com Integração de Serviços do IST, ano 2006/2007 (Secção Aulas Teóricas) Disponível:https://fenix.ist.utl.pt/publico/executionCours e.do?sectionid=4848&executioncourseid=48466&met hod=section [5] TVCABO, acedido em 2007 Disponível: http://www.tvcabo.pt [5] CABOVISÃO, acedido em 2007 Disponível: http://www.cabovisao.pt [6],PORTUGAL TELECOM, acedido em 2007 Disponível: http://www.potugaltelecom.pt [7] CLIX, acedido em 2007 Disponível: http://www.clix.pt [8] PEREIRA, Fausto. Monografia Convergência do Triple Play, 2005 [9] CABALLERO, Jose M.TREND COMMUNICATIONS. Workshop em Triple Play Services & Protocols Disponível: http://www.trendcomms.com/ [10] INCODE, white paper sobre The Quad Play The first wave of the converged services evolution, February 2006 [11] ALBUQUERQUE Célio, PROENÇA Tiago, OLIVEIRA Etiene, TVoIP: TV sobre IP - Arquitecturas para Transmissão em Larga Escala Pedro Guerreiro nº 52911, aluno do IST (Instituto Superior Técnico) encontra-se actualmente a frequentar o 2º ano de Mestrado em Engenharia de Redes de Comunicação (MERC) Hélder Vieira nº 52870 aluno do IST (Instituto Superior Técnico) encontra-se actualmente a frequentar o 2º ano de Mestrado em Engenharia de Redes de Comunicação (MERC) João Bravo nº 52898 aluno do IST (Instituto Superior Técnico) encontra-se actualmente a frequentar o 2º ano de Mestrado em Engenharia de Redes de Comunicação (MERC). 8