Impactos do Plano Nacional de Resíduos Sólidos na Indústria Madeireira e Moveleira



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Transcrição:

Impactos do Plano Nacional de Resíduos Sólidos na Indústria Madeireira e Moveleira Waldir Ferreira Quirino, PhD em Valorização Energética de Resíduos Waldir.quirino@gmail.com, www.funtecdf.com.br Resumo A Lei 10.235/10 que trata do planejamento nacional sobre tratamento dos resíduos sólidos implicará em mudanças de comportamento para a sociedade em geral. Este é seu principal objetivo, compatibilizar crescimento econômico e preservação ambiental com desenvolvimento sustentável. Administrar corretamente a deposição dos resíduos é um dos maiores desafios da atualidade em todo o mundo. Por isso virou lei no Brasil a partir de 2010. A lei Imputa obrigações legais inquestionáveis as pessoas jurídicas e físicas. Alegar desconhecimento da lei depois da sua publicação no Diário o Oficial da União não é admitido. O objetivo desse estudo é verificar como essa lei influencia as indústrias madeireiras e moveleiras, e, as restrições e principalmente oportunidades que ela traz. Algumas convicções são extremamente favoráveis a sua aplicação na indústria madeireira e moveleira: (1) valorização de resíduos é considerada uma atividade lucrativa em todo o mundo; (2) os resíduos orgânicos como a madeira, são mais facilmente recicláveis e de simples valorização, porque (3) são mais suscetíveis as transformações físico-químicas; (4) os resíduos orgânicos são facilmente transformáveis em combustível ou energia, um dos insumos mais valiosos da atualidade; produzir energia com resíduos de madeira não polui, pois biomassa é considerada neutra no ciclo do CO2 na atmosfera; (5) existem vários processos para aproveitamento dos resíduos orgânicos como a madeira, como pretende-se ilustrar nesse trabalho. Ainda, pretende-se explicar jargões tais como, logística reversa, ciclo de vida de um produto, ACV Análise do Ciclo de Vida, PNRS Política Nacional de Resíduos Sólidos e outros. Introdução O IPEA, (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) estima que R$ 8 bilhões (oito bilhões de reais) por ano são jogados no lixo. Essa cifra se refere apenas aos recursos que deixam de ser ganhos com o reaproveitamento dos resíduos no próprio sistema produtivo da empresa ou com a venda de insumos, plástico, alumínio e vidro, podendose incluir aí a madeira para reciclagem. Esses resíduos tão valiosos além de não valorizados, ainda vem causar danos a população e muitos prejuízos ambientais, quando contaminam rios, entopem bueiros das grandes cidades, causando inundações, perdas materiais e de vidas humanas.

Entende-se hoje que muitos desses resíduos para serem valorizados, necessitariam apenas de serem agrupados, classificados, ou simplesmente picados e moídos, transformados em partículas de bitola desejável para algum processo de aproveitamento ou transformação. Esse é um exemplo que se encaixa perfeitamente aos resíduos de madeira. Que além da característica física do tamanho da partícula tem necessidade de estarem disponíveis em quantidades apreciáveis, para serem passíveis de valorização economicamente viável. O que é o PNRS Política Nacional de Resíduos Sólidos? _ Nas palavras do MMA - Ministério de Meio Ambiente, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituída pela Lei 10.235/2010, contém instrumentos importantes para permitir o avanço necessário ao País no enfrentamento dos principais problemas ambientais, sociais e econômicos decorrentes do manejo inadequado dos resíduos sólidos. Prevê a prevenção e a redução na geração de resíduos, tendo como proposta, a prática de hábitos de consumo sustentável e um conjunto de instrumentos para propiciar o aumento da reciclagem e da reutilização dos resíduos sólidos (aquilo que tem valor econômico e pode ser reciclado ou reaproveitado) e a destinação ambientalmente adequada dos rejeitos (aquilo que não pode ser reciclado ou reutilizado, chamado em outros países como resíduo último). O PNRS institui a responsabilidade compartilhada dos geradores de resíduos: que são os fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, o cidadão e titulares de serviços de manejo dos resíduos sólidos urbanos. Institui assim a Logística Reversa dos resíduos e embalagens pós-consumo e produtos pós-consumo. Cria metas importantes que irão contribuir para a eliminação dos lixões e institui instrumentos de planejamento nos níveis nacional, estadual, microregional, intermunicipal e metropolitano e municipal; além de impor que os particulares e empresas elaborem seus Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos. Também coloca o Brasil em patamar de igualdade aos principais países desenvolvidos no que concerne ao marco legal e inova com a inclusão de catadoras de materiais recicláveis e reutilizáveis, tanto na Logística Reversa quando na Coleta Seletiva. Além disso, os instrumentos da PNRS ajudarão o Brasil a atingir uma das metas do Plano Nacional sobre Mudança do Clima, que é de alcançar o índice de reciclagem de resíduos de 20% em 2015. Qual é a problemática dos "Resíduos Sólidos? _ Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, por meio da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico - PNSB, apenas 3,79% dos municípios brasileiros têm unidade de compostagem de resíduos orgânicos; 11,56% têm unidade de triagem de resíduos recicláveis; e 0,61% têm unidade de tratamento por incineração. A prática desse descarte inadequado provoca sérias e danosas conseqüências à saúde pública e ao meio ambiente. Associa-se a isso um triste quadro socioeconômico, onde um grande número de famílias, excluídas socialmente, sobrevivem dos "lixões de onde

retiram os materiais recicláveis que comercializam. Deve-se recordar que boa parte de resíduos das indústrias madeireiras e moveleiras vão parar em lixões. A Lei 10.035/2010, que institui o PNRS, traz alguns pontos importantes sobre as possíveis mudanças no manejo e disposição dos resíduos sólidos. Alguns novos conceitos e procedimentos são incorporados ao ambiente político e empresarial brasileiro. A Lei sancionada incorpora conceitos modernos de gestão de resíduos sólidos e se dispõe a trazer novas ferramentas à legislação ambiental brasileira. Ressaltam-se alguns desses aspectos quais sejam: Acordo Setorial - ato de natureza contratual firmado entre o poder público e fabricantes, importadores, distribuidores ou comerciantes, tendo em vista a implantação da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto; Responsabilidade Compartilhada pelo Ciclo de Vida dos Produtos - conjunto de atribuições dos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, dos consumidores e dos titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos pela minimização do volume de resíduos sólidos e rejeitos gerados, bem como, pela redução dos impactos causados à saúde humana e à qualidade ambiental decorrentes do ciclo de vida dos produtos, nos termos desta Lei; Logística Reversa - instrumento de desenvolvimento econômico e social, caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada; Coleta Seletiva - coleta de resíduos sólidos, previamente segregados conforme sua constituição ou composição; Ciclo de Vida do Produto (ACV) - série de etapas que envolvem o desenvolvimento do produto, desde a obtenção de matérias-primas e insumos, incluindo o processo produtivo, o consumo, até a disposição final do produto. Planos, Prazos e Oportunidades Pretende-se aqui demonstrar as boas oportunidades que o PNRS representa para as indústrias madeireiras e moveleiras, solucionando uma dificuldade histórica dessas indústrias ao longo dos anos administrar seus resíduos onde as mesmas passam a ter receita em vez de despesas e problemas. O prazo para a implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) está previsto para 2014, mas, apesar dos avanços, muitas das diretrizes não saíram do papel. Entre elas estão os planos nacional, estaduais e municipais como o planejamento de longo prazo para cada ente da Federação. Até 2013 nenhum estado entregou ao MMA o planejamento para a implementação de políticas de resíduos sólidos. Os estados que já tinham algum documento precisam se adequar às novas

diretrizes. O Ministério do Meio Ambiente fez convênios para auxiliar os estados a construir seus planos e também apoiar 616 municípios que se consorciaram para trabalhar no texto, selecionados por meio de chamadas públicas (Agencia Brasil, 2013). Para garantir essa estrutura, o Ministério do Meio Ambiente apoiará os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e os respectivos órgãos executores do SISNAMA na organização das informações, no desenvolvimento dos instrumentos e no financiamento das ações voltadas à implantação e manutenção do SINIR. O Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos, SINIR, é um dos Instrumentos da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) instituída pela Lei no. 12.305. O SINIR tem como objetivo armazenar, tratar e fornecer informações que apoiem as funções ou processos de uma organização. Apesar da instituição de todos esses instrumentos e organismos, pode-se afirmar que muitas indagações estão sem respostas. Conhece-se o ciclo de vida dos produtos madeireiros? _ Assim não se pode afirmar quanto de resíduo um produto gera, desde a produção e coleta da madeira até o fim de sua vida útil como móvel ou utensílio. Mas, parece que no momento atual, a indústria só se preocupa em como dispor os resíduos gerados durante a fase de produção industrial. Mas é bom saber que no mundo atual a preocupação maior é com a análise do ciclo de vida de um produto (ACV). É comum nas negociações internacionais de comércio ser exigido a ACV. Essa análise é ainda mais importante quando a preocupação é com a quantidade de energia que um produto consome durante sua vida útil. E aí os produtos madeireiros levam uma grande vantagem, pois todos os resíduos gerados durante seu ciclo de vida podem se transformar em energia. Além disso, em energia limpa, pois biomassa é energia neutra no ciclo do carbono (CO2) na atmosfera. Essa é uma vantagem que a indústria madeireira e moveleira precisa aprender a valorizar. Outra vantagem nítida e clara dos produtos madeireiros é o baixo consumo de energia para seu processamento. A madeira está no extremo oposto dos produtos metálicos, como produtos de alumínio, no consumo de energia. Enquanto o alumínio é um material extremamente energo-intensivo, ou seja, gasta muita energia para ser produzido e processado, a madeira é de baixo consumo para ser gerada e também processada. Analisando objetivamente as principais metas do PNRS e como este programa impacta as industrias madeireiras e moveleiras observa-se que: Deve-se acabar com os lixões até 2014. No país não poderá mais existir lixões a céu aberto depois de 2014, os mesmos devem ser substituídos por aterros sanitários ou aterros controlados. Os aterros oferecem melhor infraestrutura como preparo do

solo para impedir a contaminação de lençol freático. Com isso os resíduos madeireiros que iam parar nos lixões terão obrigatoriamente que encontrar outra destinação; Aterros sanitários somente poderão receber rejeitos, ou seja, a parte do lixo que não pode ser reciclada. Segundo análises científicas, somente 10% dos resíduos sólidos são rejeitos, pois a maior parte do lixo é orgânica, cuja composição pode ser reaproveitada por meio de processos de compostagem, além de outros processos que serão analisados a seguir. Os resíduos da indústria madeiras e moveleira são produtos orgânicos na quase integralidade e podem ser reciclados, portanto, não adequados para descarte em aterros sanitários; Adoção de planos municipais para os resíduos sólidos, onde prefeitos, cidadãos e empresas devem trabalhar favoravelmente pelo descarte correto. Assim é previsto que os municípios devem cobrar das indústrias planos de manejo dos seus resíduos; Planejamento e instalação de meios para a logística reversa que se refere à retirada e ao retorno de objetos descartados, processo de retirada viabilizado pelos próprios fabricantes dos objetos (produtos em fim de vida e suas embalagens). Por exemplo, os produtos madeireiros após a sua vida útil deveriam ter um descarte previsto. A indústria produtora será a responsável para viabilizar este descarte; Até o mês de agosto de 2014, os 2.810 municípios do país deverão apresentar práticas de tratamento do lixo, incluindo cuidados com a contaminação do solo, da água e disseminação de doenças. Todas as indústrias dos municípios deverão ser solidárias com esse planejamento, portanto devem estar preparadas para dar solução aos seus resíduos; A logística reversa seria aplicável as indústrias madeireiras e moveleiras? A logística reversa é a área da logística que trata dos aspectos de retornos de produtos, embalagens ou materiais ao seu centro produtivo. Apesar de ser um tema extremamente atual, esse processo já podia ser observado há alguns anos nas indústrias de bebidas, com a reutilização de seus vasilhames, isto é, o produto chegava ao consumidor e retornava ao seu centro produtivo para que sua embalagem fosse reutilizada e voltasse ao consumidor final. Esse processo era contínuo e aparentemente cessou a partir do momento em que as embalagens passaram a ser descartáveis. Contudo, empresas incentivadas pelas Normas ISO 14000 e preocupadas com a gestão ambiental, também conhecida como logística verde, começaram a reciclar materiais e embalagens descartáveis, como latas de alumínio, garrafas plásticas e caixas de papelão, entre outras, que passaram a se destacar como matéria-prima e deixaram de ser tratadas como lixo. Dessa forma, podemos observar a logística reversa no processo de reciclagem, uma vez que esses materiais retornam a diferentes centros produtivos em forma de matéria prima.

Este conceito está em constante crescimento no Brasil e no mundo, e fica claro que as empresas, cada vez mais, têm se preocupado em considerar os custos adicionais e as reduções de custos que este processo pode ocasionar. Reaproveitar resíduos das indústrias madeireira ou moveleiras não seria difícil, sendo que todo resíduo de origem desse segmento poderia ser aproveitado, por exemplo, para gerar energia ou calor de processo, vapor. Ou mesmo entrar na composição de novos produtos. A verdade é que parece que isso nunca foi utilizado normalmente ou pensado antes. Hoje já existem empresas especializadas oferecendo o gerenciamento dos resíduos sólidos para indústrias. Isso já é um sinal de evolução na logística reversa. Mas é um serviço que não está ofertado pensando nas indústrias madeireiras e moveleiras. A logística reversa passará a vigorar em 2014 e deverá estar implantada em todo país até o ano de 2015. Porém, já existem muitas indústrias utilizando a logística reversa em função da política de responsabilidade ambiental que possuem. O que demonstra importância social e ambiental na política das empresas. É um comprometimento que a sociedade virá a cobrar de todas as empresas e a legislação também. As vantagens para a sociedade e para o meio ambiente é que a implantação da logística reversa para todos os ramos industriais possibilita o retorno de resíduos sólidos para as empresas de origem, evitando que eles possam poluir ou contaminar o meio ambiente (solo, rios, mares, florestas, cidades, etc.). Permite economia nos processos produtivos das empresas, uma vez que estes resíduos entram novamente na cadeia produtiva, diminuindo o consumo de matérias-primas. Cria um sistema de responsabilidade compartilhada para o destino dos resíduos sólidos. Governos, empresas e consumidores, passam a ser responsáveis pela coleta seletiva, pela separação, pelo descarte e pelo destino dos resíduos sólidos (principalmente recicláveis). As indústrias passarão a usar tecnologias mais limpas e, para facilitar a reutilização, criarão embalagens e produtos que sejam mais facilmente reciclados. Parece que isso é perfeitamente viável para as indústrias madeireiras e moveleiras. Tecnologias que facilitam o PNRS para as indústrias madeireiras e moveleiras Existem tantas opções para reaproveitamento ou valorização dos resíduos da indústria madeireira e moveleira que a implantação do PNRS traz uma série de oportunidades para o segmento madeireiro e moveleiro. A partir da lei para manejo de resíduos sólidos, aprovada em 2010, o governo brasileiro vem se empenhando em dar destinação adequada aos seus resíduos industriais como descrito anteriormente. Assim, como os resíduos urbanos que têm causado dificuldades ambientais na maioria dos municípios brasileiros.

Várias são as tecnologias para valorização dos resíduos de biomassa como também pode ser chamado os resíduos oriundos da indústria madeireira e moveleira. Caso o volume disponível fosse um fator limitante para uma determinada tecnologia existente, poderia ser examinada a possibilidade de agregação de outros resíduos de biomassa existentes no município. Pode-se considerar a possibilidade de aproveitamento dos resíduos da indústria madeireira e moveleira associados com outros resíduos, tais como os resíduos produzidos pelo sistema de poda de parques e jardins do município. Pode-se considerar também a possibilidade de agregar os resíduos dos sistemas CEASA que é constituído de embalagens de madeira e resíduos orgânicos vegetais (também biomassas). Resíduos dos sistemas de tratamento de esgotos dos municípios tais como, lodo, aguapé das bacias de decantação. Resíduos de podas que invadem as linhas de distribuição de eletricidade. Resíduos sólidos vegetais e de madeira contida nos resíduos coletados pelo Serviço de Limpeza Urbana. Em princípio, todos os resíduos de biomassa são passíveis de serem aproveitados ou valorizados economicamente. Seja como matéria-prima de novos processos industriais ou em processos para produção de combustíveis sólidos ou energia térmica ou elétrica. Em função de suas características tecnológicas ou de sua heterogeneidade, a primeira iniciativa é submetê-los a um processo de tratamento de homogeneização. Normalmente, resíduos de biomassa são bastante heterogêneos, em termos de distribuição granulométrica, em teor de umidade, de composição física e densidade. Se acumulados de forma inadequada, os resíduos serão passíveis de fermentação, contaminando o meio ambiente com gases altamente prejudiciais a camada de ozônio e produzindo ácidos que contaminam o lençol freático. A escolha de possibilidades ou processos de aproveitamento depende do volume disponível de resíduo, incluindo também a sazonalidade de sua oferta. Depende de suas características físicas e químicas. Depende ainda da capacidade de criatividade do operador e de fatores técnicos e econômicos como logística de coleta e mercado consumidor. Deve-se reforçar que cada processo deve ser examinado minuciosamente para sua viabilidade técnica e econômica. Viabilidade econômica é extremamente ligada a fatores locais devendo ser examinada especificamente para o local de sua valorização. Deve-se esclarecer que qualquer material para entrar num processo industrial deve ter certa homogeneidade. Esse não é o caso dos resíduos de biomassa. Que podem variar de tábuas curtas, ripas, serragem, destopos, refilos, troncos de madeira grossa, galhos finos até folhas e acículas. Portanto, a primeira necessidade é selecionar os resíduos organizando-os em lotes distintos e estabelecer um manejo de pátio de estocagem que

proteja contra incêndios e facilite a secagem. Em segundo lugar, homogeneizar os lotes com tratamentos específicos. A madeira sólida ou roliça obtida da indústria ou da poda de arvores pode ser aproveitada de várias maneiras: -transformação em toras e toretes padronizados conforme qualidade da madeira, organizada por bitola para uso como lenha seca. -confecção de pequenos objetos de madeira, uso em marcenaria, serraria, marchetaria e decoração; -transformação de madeira em cavacos, abrindo oportunidade para utilização em diversos processos de valorização, tais como, cobertura de jardins já bastante empregado; -cavacos para queima direta em caldeiras e fornalhas industriais processos bastante tradicionais na indústria; -degradação acelerada em processos de compostagem para produção de húmus ou biofertilizantes; -fermentação anaeróbica para produção de biogás combustível; -compactação na forma de briquetes ou peletes processos já bem difundidos no país os briquetes e peletes são substitutos da lenha tradicional; -gaseificação industrial utilizada para produção de gás combustível ou derivados da pirólise, como alcatrões e outros subprodutos químicos, utilizados na industria alimentícia e farmacotécnica; -incineração para produção de eletricidade através das termelétricas; Pode-se considerar ainda processos inovadores, como um segundo estágio para implantação de unidades de valorização de resíduos e que precisariam de um maior volume de investimentos. Por exemplo, a produção de carvão vegetal com co-combustão (produção de carvão e geração de eletricidade). O Brasil é tradicional produtor e consumidor de carvão vegetal. Divulgar para o país um processo para produção de carvão vegetal, onde todos efluentes gasosos são queimados gerando energia térmica. Energia térmica essa que move turbinas que acionam geradores que por conseqüência produzem eletricidade. O carvão pode ser comercializado, a energia elétrica poderia sustentar toda a usina de tratamento de resíduos, sendo comercializado o excedente. Esse

processo tem emissão zero de poluentes. É um processo desenvolvido no Brasil e já conta com uma unidade em funcionamento na França. Pode-se considerar a produção de bio-óleos, através da pirólise para produção secundária de gás de síntese ou biodiesel. São processos integrantes das biorefinarias e possuem capacidade de gerar produto de valor agregado maior e estratégico para fortalecer a matriz energética do país. Esses processos são passíveis de análise técnica e econômica, bastante sensíveis a escala de produção e em conseqüência, ao volume disponível de resíduos. Esse é o caso típico de uma termelétrica a biomassa. O investimento é economicamente viável a partir de uma determinada escala de produção e exige um grande volume de biomassa ofertado regularmente. Pode-se ainda considerar entre os sistemas inovadores de utilização energética da biomassa, novas empresas especializadas na geração de vapor para unidades fabris. Instalam-se ao lado das indústrias, encarregando-se de produzir o vapor de processo necessário para essas indústrias. Normalmente utilizam resíduos de biomassa, ofertado em grande volume, por ser esta, a maneira mais econômica de produzir a unidade térmica industrial de energia, o BTU. Consideração Final Fica claro que existem tecnologias para valorização, aproveitamento ou reciclagem de resíduos de biomassa, incluindo aí os resíduos das indústrias madeireiras e moveleiras. Fica claro também que a partir do Programa Nacional de Resíduos Solidos PNRS as ações de dar uma destinação adequada aos resíduos industrias de biomassa não é mais uma opção e sim uma obrigação legal. Estabelecer um plano de gerenciamento de resíduos de um segmento industrial pode ser elaborado e planejado por um grupo de empresas, por um sindicato industrial, que tornaria o processo bem mais econômico. Bem como viabilizaria empregar processos de aproveitamento de resíduos mais viáveis economicamente pela escala de produção. Isto significa em termos claros que é mais barato aproveitar os resíduos de um grupo de empresas do de uma só empresa. Esse exemplo já pode ser constato em países desenvolvidos, principalmente com resíduos especiais. Resta saber se as indústrias terão iniciativa própria para traçar seus programas de aproveitamento, escolhendo assim as maneiras que mais lhes convier economicamente para gerenciar seus resíduos. Ou, se serão compelidas pelas medidas legais e pelas elevadas autuações que sofrerão num futuro próximo, quando começarem a ficar acuadas frente as novas normas legais de tratamento dos resíduos industriais.

Referencias Agencia Brasil 08/09/2013. Aprovada há três anos, a implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos está lenta. As 50 Empresas do Bem. Negócios, Edição 704. 01 de Abril de 2011. Site MMA: www.mma.gov.br, 2014. http://www.infoescola.com/ecologia/politica-nacional-de-residuos-solidos. consultado em 6/1/14. http://revistaepoca.globo.com/sociedade/o-caminho-do-lixo/noticia/2012/01/o-que-e-oplano-nacional-de-residuos-solidos.html http://mercadoetico.terra.com.br/arquivo/especialista-comenta-a-politica-nacional-deresiduos-solidos/ http://envolverde.com.br/ambiente/a-politica-nacional-de-residuos-solidos/ LACERDA, Leonardo. Logística Reversa, uma visão sobre os conceitos básicos e as práticas operacionais. Centro de Estudos em Logística COPPEAD UFRJ 2002. www.cel.coppead.efrj.br MALINVERNI, Cláudia. Tomra Latasa: A logística da reciclagem. Revista Tecnologística, São Paulo, Ano VIII, nº 80. Julho 2002. BARBIERI, José Carlos., DIAS, Marcio. Logística Reversa como instrumento de programas de produção e consumo sustentáveis. Revista Tecnologística, São Paulo, Ano VI, nº 77. Abril 2002. http://www.suapesquisa.com/ecologiasaude/logistica_reversa.htm. consultado 6/1/14