A HOMILIA E O CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA ANO A DOMINGO V DA PÁSCOA

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Transcrição:

A HOMILIA E O CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA ANO A DOMINGO V DA PÁSCOA CIC 2746-2751: a oração de Jesus na última Ceia 2746 Ao chegar a sua «Hora», Jesus ora ao Pai 1. A sua oração, a mais longa que nos é transmitida pelo Evangelho, abraça toda a economia da criação e da salvação, bem como a sua morte e ressurreição. A oração da «Hora» de Jesus continua sempre sua, tal como a sua Páscoa, acontecida «uma vez por todas», continua presente na liturgia da sua Igreja. 2747 A tradição cristã chama-lhe, a justo título, a oração «sacerdotal» de Jesus. Ela é, de facto, a oração do nosso Sumo-Sacerdote, inseparável do seu sacrifício, da sua «passagem» (páscoa) deste mundo para o Pai, em que é inteiramente «consagrado» ao Pai 2. 2748 Nesta oração pascal, sacrificial, tudo está «recapitulado» n Ele 3 : Deus e o mundo, o Verbo e a carne, a vida eterna e o tempo, o amor que se entrega e o pecado que o atraiçoa, os discípulos presentes e os que n Ele hão-de crer pela palavra deles, a humilhação e a glória. É a Oração da Unidade. 2749 Jesus cumpriu perfeitamente a obra do Pai e a sua oração, como o seu sacrifício estende-se até à consumação do tempo. A oração da «Hora» preenche os últimos tempos e leva-os à sua consumação. Jesus, o Filho a Quem o Pai tudo deu, entrega-se todo ao Pai; e, ao mesmo tempo, exprime-se com uma liberdade soberana 4, segundo o poder que o Pai Lhe deu sobre toda a carne. O Filho, que Se fez Servo, é o Senhor, o Pantocrátor. O nosso Sumo-Sacerdote que ora por nós é também Aquele que em nós ora e o Deus que nos atende. 2750 É entrando no santo nome do Senhor Jesus que podemos acolher, desde dentro, a oração que Ele nos ensina: «Pai nosso!». A sua oração sacerdotal inspira, a partir de dentro, as grandes petições do Pai-nosso: a preocupação com o nome do Pai 5, a paixão pelo seu Reino (a glória) 6, o cumprimento da vontade do Pai, do seu desígnio de salvação 7, e a libertação do mal 8. 2751 Finalmente, é nesta oração que Jesus nos revela e nos dá o «conhecimento» indissociável do Pai e do Filho 9, que é o próprio mistério da vida de oração. 1 Cf. Jo 17. 2 Cf. Jo 17, 11.13.19. 3 Cf. Ef 1, 10. 4 Cf. Jo 17, 11.13.19.24. 5 Cf. Jo 17, 6.11.12.26. 6 Cf. Jo 17, 1.5.10.22.23-26. 7 Cf. Jo 17, 2.4.6.9.11.12.24. 8 Cf. Jo 17, 15. 9 Cf. Jo 17, 3.6-10.25. DOMINGO V DA PÁSCOA: A HOMILIA E O CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA ANO A 1

CIC 661, 1025-1026, 2795: Cristo abre-nos o caminho do Céu 661 Esta última etapa continua intimamente unida à primeira, isto é, à descida do céu realizada na Encarnação. Só Aquele que «saiu do Pai» pode «voltar para o Pai»: Cristo 10. «Ninguém subiu ao céu senão Aquele que desceu do céu: o Filho do Homem» (Jo 3, 13) 11. Abandonada às suas forças naturais, a humanidade não tem acesso à «Casa do Pai» 12, à vida e à felicidade de Deus. Só Cristo pôde abrir ao homem este acesso: «subindo aos céus, como nossa cabeça e primogé nito, deu-nos a esperança de irmos um dia ao seu encontro, como membros do seu corpo» 13. 1025 Viver no céu é «estar com Cristo» 14. Os eleitos vivem «n Ele»; mas n Ele conservam, ou melhor, encontram a sua verdadeira identidade, o seu nome próprio 15 : «Porque a vida consiste em estar com Cristo, onde está Cristo, aí está a vida, aí está o Reino» 16. 1026 Pela sua morte e ressurreição, Jesus Cristo «abriu-nos» o céu. A vida dos bem-aventurados consiste na posse em plenitude dos frutos da redenção operada por Cristo, que associa à sua glorificação celeste aqueles que n Ele acreditaram e permaneceram fiéis à sua vontade. O céu é a comunidade bem-aventurada de todos os que estão perfeitamente incorporados n Ele. 2795 O símbolo dos céus remete-nos para o mistério da Aliança que nós vivemos, quando rezamos ao Pai. Ele está nos céus: é a sua morada. A casa do Pai é, pois, a nossa «pátria». Foi da terra da Aliança que o pecado nos exilou 17, e é para o Pai, para o céu, que a conversão do coração nos faz voltar 18. Ora, foi em Cristo que o céu e a terra se reconciliaram 19, porque o Filho «desceu do céu», sozinho, e para lá nos faz subir juntamente consigo, pela sua cruz, ressurreição e ascensão 20. CIC 151, 1698, 2466, 2614: crer em Jesus 151 Para o cristão, crer em Deus é crer inseparavelmente n Aquele que Deus enviou «no seu Filho muito amado» em quem Ele pôs todas as suas complacências 21 : Deus mandou-nos que O escutássemos 22. O próprio Senhor disse aos seus discípulos: «Acreditais em Deus, acreditai também em Mim» (Jo 14, 1). Podemos crer em Jesus Cristo, porque Ele próprio é Deus, o Verbo feito carne: 10 Cf. Jo 16, 28. 11 Cf. Ef 4, 8-10. 12 Cf. Jo 14, 2. 13 Prefácio de Ascensão, I: Missale Romanum, editio typica (Typis Polyglottis Vaticanis 1970), p. 410 [Missal Romano, Gráfica de Coimbra 1992, 474]. 14 Cf. Jo 14, 3; Fl 1, 23; 1 Ts 4, 17. 15 Cf. Ap 2, 17. 16 Santo Ambrósio, Expositio evangelii secundum Lucam 10, 121: CCL 14, 379 (PL 15, 1927). 17 Cf. Gn 3. 18 Cf. Jr 3, 19 4, 1a; Lc 15, 18.21. 19 Cf. Is 45, 8; Sl 85, 12. 20 Cf. Jo 12, 32; 14, 2-3; 16, 28; 20, 17; Ef 4, 9-10; Heb 1, 3; 2, 13. 21 Cf. Mc 1, 11. 22 Cf. Mc 9, 7. DOMINGO V DA PÁSCOA: A HOMILIA E O CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA ANO A 2

«A Deus, nunca ninguém O viu. O Filho Unigénito, que está no seio do Pai, é que O deu a conhecer» (Jo 1, 18). Porque «viu o Pai» (Jo 6, 46), Ele é o único que O conhece e O pode revelar 23. 1698 A referência, primeira e última, desta catequese será sempre o próprio Jesus Cristo, que é «o caminho, a verdade e a vida» (Jo 14, 6). De olhos postos n Ele com fé, os cristãos podem esperar que Ele próprio realize neles as suas promessas e, amando-o com o amor com que Ele os amou, podem fazer as obras correspondentes à sua dignidade: «Rogo-te que penses em nosso Senhor Jesus Cristo como tua verdadeira cabeça, e em ti como um dos seus membros. Ele é para ti como a cabeça para os membros. Tudo o que é d Ele é teu: o espírito, o coração, o corpo, a alma e todas as faculdades. Deves usar de todas elas como se fossem realmente tuas, para servir, louvar, amar e glorificar a Deus. Tu és para Ele como um membro em relação à cabeça; e, por isso, também Ele deseja ardentemente servir-se de todas as tuas faculdades como se fossem suas, para servir e glorificar o Pai» 24. «Para mim, viver é Cristo» (Fl 1, 21). 2466 Em Jesus Cristo, a verdade de Deus manifestou-se na sua totalidade. «Cheio de graça e de verdade» 25, Ele é a «luz do mundo» (Jo 8, 12), Ele é a verdade 26. Quem nele crê não fica nas trevas 27. O discípulo de Jesus «permanece na sua palavra» para conhecer «a verdade que liberta» 28 e que santifica 29. Seguir Jesus é viver do «Espírito de verdade» 30 que o Pai envia em seu nome 31 e que conduz «à verdade total» (Jo 14, 17; 16, 13). Aos seus discípulos, Jesus ensina o amor incondicional à verdade: «que a vossa linguagem seja: sim, sim; não, não» (Mt 5, 37). 2614 Quando Jesus confia abertamente aos discípulos o mistério da oração ao Pai, desvenda-lhes o que deve ser a oração deles e a nossa quando Ele tiver voltado para junto do Pai, na sua humanidade glorificada. O que há de novo agora é o «pedir em seu nome» 32. A fé n Ele introduz os discípulos no conhecimento do Pai, porque Jesus é «o caminho, a verdade e a vida» (Jo 14, 6). A fé dá os seus frutos no amor: guardar a sua Palavra, os seus mandamentos, permanecer com Ele no Pai que n Ele nos ama ao ponto de permanecer em nós. Nesta aliança nova, a certeza de sermos atendidos nas nossas petições baseia-se na oração de Jesus 33. 23 Cf. Mt 11, 27. 24 São João Eudes, Le Coeur admirable de la Très Sacrée Mère de Dieu, 1, 5: Oeuvres completes, v. 6 (Paris 1908) p. 113-114. 25 Cf. Jo 1, 14. 26 Cf. Jo 14, 6. 27 Cf. Jo 12, 46. 28 Cf. Jo 8, 31-32. 29 Cf. Jo 17, 17. 30 Cf. Jo 14, 17. 31 Cf. Jo 14, 26. 32 Cf. Jo 14, 13. 33 Cf. Jo 14, 13-14. DOMINGO V DA PÁSCOA: A HOMILIA E O CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA ANO A 3

CIC 1569-1571: a Ordenação dos diáconos 1569 «No grau inferior da hierarquia estão os diáconos, aos quais foram impostas as mãos, não em vista do sacerdócio, mas do serviço» 34. Para a ordenação no diaconado, só o bispo é que impõe as mãos, significando com isso que o diácono está especialmente ligado ao bispo nos encargos próprios da sua «diaconia» 35. 1570 Os diáconos participam de modo especial na missão e na graça de Cristo 36. O sacramento da Ordem marca-os com um selo («carácter») que ninguém pode fazer desaparecer e que os configura com Cristo, que se fez «diácono», isto é, o servo de todos 37. Entre outros serviços, pertence aos diáconos assistir o bispo e os sacerdotes na celebração dos divinos mistérios, sobretudo da Eucaristia, distribuí -la, assistir ao Matrimónio e abençoá-lo, proclamar o Evangelho e pregar, presidir aos funerais e consagrar-se aos diversos serviços da caridade 38. 1571 A partir do II Concílio do Vaticano, a Igreja latina restabeleceu o diaconado «como grau próprio e permanente da hierarquia» 39, enquanto as Igrejas do Oriente o tinham sempre mantido. Este diaconado permanente, que pode ser conferido a homens casados, constitui um enriquecimento importante para a missão da Igreja. Com efeito, é apropriado e útil que homens, cumprindo na Igreja um ministério verdadeiramente diaconal, quer na vida litúrgica e pastoral, quer nas obras sociais e caritativas, «sejam fortificados pela imposição das mãos, transmitida desde os Apóstolos, e mais estreitamente ligados ao altar, para que cumpram o seu ministério mais eficazmente por meio da graça sacramental do diaconado» 40. CIC 782, 803, 1141, 1174, 1268, 1322: a geração eleita, o sacerdócio real 782 O povo de Deus possui características que o distinguem nitidamente de todos os agrupa mentos religiosos, étnicos, políticos ou culturais da história: é o povo de Deus: Deus não é propriedade de nenhum povo; mas adquiriu para Si um povo constituído por aqueles que outrora não eram um povo: «raça eleita, sacerdócio real, nação santa» (1 Pe 2, 9); vem-se a ser membro deste povo, não pelo nascimento físico, mas pelo «nascimento do Alto», «da água e do Espírito» (Jo 3, 3-5), isto é, pela fé em Cristo e pelo Baptismo; este povo tem por Cabeça Jesus Cristo (o Ungido, o Messias): porque a mesma unção, o Espírito Santo, flui da Cabeça por todo o Corpo, este é o «povo messiânico»; «a condição deste povo é a dignidade da liberdade dos filhos de Deus: nos seus corações, como num templo, reside o Espírito Santo» 41 ; 34 II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 29: AAS 57 (1965) 36; cf. Id., Decr. Christus Dominus, 15: AAS 58 (1966) 679. 35 Cf. Santo Hipólito de Roma, Traditio apostolica, 8: ed. B. Botte (Münster i.w. 1989) p. 22-24. 36 Cf. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 41: AAS 57 (1965) 46; Id., Decr. Ad gentes, 16: AAS 58 (1966) 967. 37 Cf. Mc 10, 45; Lc 22, 27; São Policarpo de Esmirna, Epistula ad Philippenses 5, 2: SC 10bis, 182 (Funk 1, 300). 38 Cf. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 29: AAS 57 (1965) 36; Id., Const. Sacrosanctum Concilium, 35, 4: AAS 56 (1964) 109; Id., Decr. Ad gentes, 16: AAS 58 (1966) 967. 39 II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 29: AAS 57 (1965) 36. 40 II Concílio do Vaticano, Decr. Ad gentes, 16: AAS 58 (1966) 967. 41 II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 9: AAS 57 (1965) 13. DOMINGO V DA PÁSCOA: A HOMILIA E O CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA ANO A 4

«a sua lei é o mandamento novo, de amar como o próprio Cristo nos amou 42»; é a lei «nova» do Espírito Santo 43 ; a sua missão é ser o sal da terra e a luz do mundo 44. «Constitui para todo o género humano o mais forte gérmen de unidade, esperança e salvação» 45 ; o seu destino, finalmente, é «o Reino de Deus, o qual, começado na terra pelo próprio Deus, se deve dilatar cada vez mais, até ser também por Ele consumado no fim dos séculos» 46. 803 «Vós sois geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo adquirido» (1 Pe 2, 9). 1141 A assembleia que celebra é a comunidade dos baptizados, que «pela regeneração e pela unção do Espírito Santo, são consagrados para ser uma casa espiritual e um sacerdócio santo, para oferecerem mediante todas as obras do cristão sacrifícios espirituais» 47. Este «sacerdócio comum» é o de Cristo, único Sacerdote, participado por todos os seus membros 48 : «É desejo ardente da Mãe Igreja que todos os fiéis cheguem àquela plena, consciente e activa participação nas celebrações litúrgicas que a própria natureza da liturgia exige e que é, por força do Baptismo, um direito e um dever do povo cristão, raça escolhida, sacerdócio real, nação santa, povo adquirido (1 Pe 2, 9) 49» 50. 1174 O mistério de Cristo, a sua Encarnação e a sua Páscoa, que celebramos na Eucaristia, especial mente na assembleia dominical, penetra e transfigura o tempo de cada dia pela celebração da Liturgia das Horas, «o Ofício divino» 51. Esta celebração, na fidelidade às recomendações apostó licas de «orar sem cessar» 52, «constituiu-se de modo a consagrar, pelo louvor a Deus, todo o curso diurno e nocturno do tempo» 53. É «a oração pública da Igreja» 54, na qual os fiéis (clérigos, reli gio sos e leigos) exercem o sacerdócio real dos baptizados. Celebrada «segundo a forma aprova da» pela Igreja, a Liturgia das Horas «é verdadeiramente a voz da própria Esposa que fala com o Esposo; mais ainda, é a oração que Cristo, unido ao seu corpo, eleva ao Pai» 55. 1268 Os baptizados tornaram-se «pedras vivas» para «a edificação dum edifício espiritual, para um sacerdócio santo» (1 Pe 2, 5). Pelo Baptismo, participam no sacerdócio de Cristo, na sua missão profética e real, são «raça eleita, sacerdócio de reis, nação santa, povo que Deus tornou seu», para anunciar os louvores 42 II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 9: AAS 57 (1965) 13; cf. Jo 13, 34. 43 Cf. Rm 8, 2; Gl 5, 25. 44 Cf. Mt 5, 13-16. 45 II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 9: AAS 57 (1965) 13. 46 II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 9: AAS 57 (1965) 13. 47 II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 10: AAS 57 (1965) 14. 48 Cf. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 10: AAS 57 (1965) 14; Ibid., 34: AAS 57 (1965) 40; Id., Decr. Presbyterorum ordinis, 2: AAS 58 (1966) 991-992. 49 Cf. 1 Pe 2, 4-5. 50 II Concílio do Vaticano, Const. Sacrosanctum Concilium, 14: AAS 56 (1964) 104. 51 Cf. II Concílio do Vaticano, Const. Sacrosanctum Concilium, IV, 83-101: AAS 56 (1964) 121-125. 52 Cf. 1 Ts 5, 17; Ef 6, 18. 53 II Concílio do Vaticano, Const. Sacrosanctum Concilium, 84: AAS 56 (1964) 121. 54 II Concílio do Vaticano, Const. Sacrosanctum Concilium, 98: AAS 56 (1964) 124. 55 II Concílio do Vaticano, Const. Sacrosanctum Concilium, 84: AAS 56 (1964) 121. DOMINGO V DA PÁSCOA: A HOMILIA E O CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA ANO A 5

d Aquele que os «chamou das trevas à sua luz admirável» (1 Pe 2, 9). O Baptismo confere a participação no sacerdócio comum dos fiéis. 1322 A sagrada Eucaristia completa a iniciação cristã. Aqueles que foram elevados à dignidade do sacerdócio real pelo Baptismo e configurados mais profundamente com Cristo pela Confirmação, esses, por meio da Eucaristia, participam, com toda a comunidade, no próprio sacrifício do Senhor. DOMINGO V DA PÁSCOA: A HOMILIA E O CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA ANO A 6