DELIBERAÇÃO. Assunto: Casamentos entre nubente português e nubente estrangeiro casamentos brancos procedimentos



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Transcrição:

DELIBERAÇÃO Pº CC 14/2011 SJC-CT Assunto: Casamentos entre nubente português e nubente estrangeiro casamentos brancos procedimentos As senhoras conservadoras de V e de A vêm solicitar tomada de posição ou orientação no sentido de se determinar o procedimento correcto [nos processos de casamento respeitantes a cidadãos estrangeiros portadores de] documento de identificação válido, o passaporte, mas que não possuem título válido de permanência em Portugal, ou sequer carimbo de entrada no território português no passaporte, ou apenas possuem vistos de turismo. Na exposição apresentada, invocam as senhoras conservadoras a decisão judicial proferida pelo Tribunal Administrativo e Fiscal do Porto datada de 20 de Outubro de 2010, publicitada na Intranet, referindo que de tal decisão parece extrair-se algumas ilações, ou seja, a Conservatória em causa recusou-se a celebrar um casamento em que um dos nubentes era cidadão estrangeiro com fundamento na falta de autorização de residência para permanecer em território nacional. O SR. Juiz de Direito pronuncia-se ainda no sentido de ( ) compete ainda às Conservatórias do Registo Civil, no que se refere às competências de celebração de casamentos, fiscalizar o cumprimento dos demais requisitos impostos por lei, maxime a obrigatoriedade de apresentação, por parte dos cidadãos estrangeiros, de um título ou autorização de residência em território nacional válido (cfr artigo 137º nº 1 alínea a) do CRC). Desde já temos duas posições sobre a mesma matéria: Sempre que o funcionário do registo civil entenda haver matéria para suspeitar de que se trata de um casamento de conveniência pede ao SEF que investigue com conhecimento ao MP, e suspende o processo de casamento; Recusa da realização do casamento sempre que um dos nubentes não seja portador de título válido de permanência. Mais à frente acrescentam: Há Conservatórias que não organizam o processo de casamento. Outras há que suspendem sempre os processos de casamento com conhecimento ao SEF, excepto quando há filhos menores. Outras ainda apenas suspendem o 1

processo quando têm suspeitas de que se trata de um casamento por conveniência e procedem à inquirição de testemunhas excepto quando há filhos comuns ou documentos comprovativos da morada comum dos nubentes, pe. carta de luz, água ou banco. E concluem as senhoras consulentes: Entendemos que o procedimento a tomar sempre que não seja feita prova da entrada ou permanência legal em território português (ou seja, sempre que o nubente estrangeiro possua passaporte válido, mas sem carimbo de entrada, ou apenas possua visto de turista) deverá ser no sentido de organizar o processo de casamento, e fazer diligências no sentido de apurar se se trata de um casamento de conveniência, pois não nos parece que o artigo 137º nº1, al. a) exija que o nubente estrangeiro possua um título ou autorização de residência em território nacional válido (desde logo porque o nubente estrangeiro pode ter residência habitual no estrangeiro, e depois porque a norma citada fala em título ou autorização de residência, passaporte ou documento equivalente). Estas diligências, segundo entendemos, podem consistir na solicitação de documentos comprovativos de que os nubentes vivem em união de facto, (por exemplo atestado da junta de freguesia, contrato de arrendamento), ou da indicação de testemunhas para efeito de inquirição. Se, pelas diligências efectuadas, se formar a convicção de que se está perante um casamento de conveniência (nomeadamente falta de apresentação da prova documental ou testemunhal solicitada), deve a pretensão de casamento ser comunicada ao SEF para efeitos de investigação, com conhecimento ao Ministério Público, e suspender-se o respectivo processo de casamento. Se, pelo contrário, as diligências efectuadas indicarem que se não está perante um casamento de conveniência, deve comunicar-se ao SEF apenas a título informativo, a data e hora da celebração do casamento, e deve ser realizado o casamento sem aguardar por qualquer resposta desta entidade. A solução proposta vale, quanto a nós, também para os casamentos organizados com procuração do nubente estrangeiro (residente no estrangeiro), ou até de ambos os nubentes. Sendo certo que neste caso não se coloca a questão da situação irregular do nubente estrangeiro, uma vez que não reside em Portugal, nem vem organizar o processo (podendo nem sequer estar presente no acto do casamento), isso não elimina a hipótese de o casamento poder ser de conveniência. Entendemos que neste caso, pode inclusivamente ser solicitada a inquirição de testemunhas no consulado português da área de residência do nubente. 2

O Departamento Jurídico Sector Jurídico e de Contencioso (DJ SJC) emitiu Informação na qual, analisando a questão da situação irregular no território nacional de nubente estrangeiro, sublinha ser incontestável que, como vem expressamente referido no Parecer do Conselho Técnico proferido no âmbito do Pº CC 34/2009 SJC-CT, essa situação não constitui impedimento à celebração do casamento mas simplesmente indício, entre vários, de tratar-se de casamento fraudulento. E remete para o Conselho Técnico a resposta às restantes dúvidas por as mesmas implicarem interpretação daquele Parecer. Conhecendo: Salvo o devido respeito, a decisão do Tribunal Administrativo e Fiscal do Porto, que suscitou as dúvidas das senhoras Conservadoras consulentes, limitou-se a negar provimento ao pedido dos nubentes de aplicação da medida de intimação para a defesa de direitos, liberdades e garantias no sentido de impor à Conservatória a celebração do casamento; mas tal recusa assentou, em primeira linha, porque não se vislumbra que a situação fáctica trazida a juízo seja dotada de especial urgência, pelo menos em molde a reclamar e/ou exigir a prolação urgente de uma decisão de carácter definitivo, pois nada resulta alegado a esse propósito. / Acresce que os requerentes não individualizaram e/ou identificaram o direito, liberdade ou garantia pessoal posto em causa com a actuação da entidade requerida, antes limitando-se a invocar [como fundamento da presente acção] mera violação da lei ordinária que sabemos já não ser passível de constituir objecto da presente intimação. E, ainda que a decisão judicial em causa refira efectivamente que a Conservatória em causa recusou-se a celebrar um casamento em que um dos nubentes é cidadão estrangeiro com fundamento na falta de autorização de residência para permanecer em território nacional e, mais adiante, compete ainda às Conservatórias de Registo Civil, no que se refere à competência de celebração de casamentos, fiscalizar o cumprimento dos demais requisitos impostos por lei, maxime a obrigatoriedade de apresentação, por parte dos cidadãos estrangeiros, de um título ou autorização de residência em território nacional válido (cfr artigo 137º nº 1 alínea a) do CRC), este entendimento em nada colide com a doutrina expendida no referido Parecer deste Conselho Técnico. Em primeiro lugar, porque o tribunal administrativo seria materialmente incompetente para conhecer do acerto ou desacerto da decisão da conservatória requerida 3

(uma vez que esta seria apenas susceptível de recurso contencioso para o tribunal cível nos termos dos artº 292º nº 1 com referência ao artº 288º ambos do CRC); em segundo lugar, porque o efeito de caso julgado nunca se estende para fora do processo em que é proferida a decisão; e em terceiro lugar porque a interpretação da alínea a) do nº 1 do artº 137º do CRC não permite, como é unanimemente consabido, que não possam casar-se os indivíduos não residentes legalmente em Portugal. Ou seja, como refere a Informação do DJ SJC, a circunstância de a permanência em território português de qualquer nubente não estar devidamente legalizada, não constitui impedimento à celebração do casamento e é sim, unicamente, como também consta do Parecer em apreço, factor de legitimação de dúvida sobre tratar-se de casamento de conveniência. Como assim, tal circunstância pode ser ilidida, maxime em caso de os nubentes já coabitarem e terem um ou mais filhos comuns. É óbvio que cumpre ao conservador, caso se lhe suscitem dúvidas sobre estar perante um casamento branco, proceder, ao abrigo do disposto no nº 1 do artº 143º do CRC, às diligências que repute necessárias para afastar tais dúvidas, se for caso disso, inclusive evidentemente através da solicitação a Consulado português de inquirição de testemunhas indicadas pelos nubentes. Por outro lado, os factores indicados no mencionado Parecer são meramente exemplificativos, como do mesmo consta, e não taxativos. E a circunstância de se verificar um ou até mais daqueles factores não constitui base para a não celebração imediata do casamento caso exista prova que afaste a suspeita deles decorrente. Assim, na hipótese de o conservador ter dúvidas sobre estar perante um casamento de conveniência e essas dúvidas persistirem depois das diligências efectuadas e da prova em contrário apresentada pelos nubentes, suspenderá o processo. Compete, pois, ao conservador, no âmbito da sua autonomia funcional, promover as diligências que considere convenientes para apurar se, em face da verificação de indício(s) que aponte(m) tratar-se de casamento de conveniência, existe prova que contrarie essa suspeita, caso em que realizará o casamento; mas, no caso contrário, se as dúvidas se mantiverem, deverá comunicar a pretensão do casamento ao Serviço de Estrangeiros e Fronteiras com conhecimento ao Ministério Público para fins de investigação e suspenderá o respectivo processo, que ficará a aguardar o resultado daquela comunicação, em conformidade com o decidido no Parecer do CT, o que, como é evidente, se aplica aos processos de casamento instruídos com procuração do nubentes ou nubentes. 4

Por último, dir-se-á ainda que a comunicação ao SEF apenas a título informativo, indicada pelas senhoras conservadoras consulentes, após se concluir pela inexistência de suspeitas de tratar-se de casamento branco, não cremos que deva merecer acolhimento visto que contra tal procedimento são inteiramente válidos os argumentos expostos no âmbito do Pº CC 64/2003 DSJ - e posteriormente corroborados em Informação que mereceu despacho de concordância superior em 20 de Julho de 2007, por conseguinte posteriormente à criminalização do casamento por conveniência, determinada pela Lei nº 23/2007, de 4 de Julho, a que, aliás tal Informação alude. Face ao exposto, emite-se a seguinte Deliberação: 1. A falta de título de residência válido por parte de nubente estrangeiro não é obstáculo à celebração do casamento, salvo se existirem dúvidas fundamentadas sobre tratar-se de casamento de conveniência. 2. Sempre que o conservador depare com situação que lhe suscite a suspeita de estar perante pretensão susceptível de integrar casamento de conveniência, deverá proceder às diligências que considere convenientes para apurar a real intenção dos nubentes. 3. Se, efectuadas as diligências reputadas convenientes (nestas incluídas as indicadas pelos nubentes), resultar afastada tal suspeita, o conservador realizará o casamento, não havendo lugar a comunicação ao SEF. 4. Se persistir a suspeita, o conservador procederá em conformidade com o Parecer proferido no âmbito do Pº CC 34/2009 SJC-CT Deliberação aprovada em sessão do Conselho Técnico de 24 de Março de 2011. Laura Maria Martins Vaz Ramires Vieira da Silva, relatora, Maria de Lurdes Barata Pires de Mendes Serrano, Dra. Maria Filomena Fialho Rocha Pereira, Dra. Filomena Maria Baptista Máximo Mocica, José Ascenso Nunes da Maia. Esta deliberação foi homologada pelo Exmo. Senhor Presidente em 31.03.2011. 5