PROCEDIMENTOS DE SEGURANÇA PARA INSTALAÇÕES ELÉTRICAS EM CANTEIROS DE OBRAS



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desenvolvidos Procedimentos de segurança para instalações elétricas provisórias em canteiros de obras que poderão ser usados como base para elaboração de materiais educativos para os trabalhadores da construção civil. Palavras-chaves: choque elétrico; canteiros de obra; procedimentos operacionais 2

1. Introdução A eletricidade é uma fonte de perigo, podendo causar a morte de pessoas se não forem tomados cuidados especiais, sendo ela perigosa mesmo quando utilizada em baixas tensões. Portanto, para prevenir acidentes, toda instalação elétrica deve ser executada de forma segura por um profissional qualificado e supervisionada por um profissional legalmente habilitado (FUNDACENTRO, 2001). A indústria da construção civil apresenta aspectos peculiares inerentes ao seu método produtivo, o que interfere diretamente no controle dos riscos. Vale salientar o tamanho das empresas, a diversidade das obras, a mudança constante do ambiente de trabalho e a rotatividade de mão de obra entre as empresas (BARKOKÉBAS et al, 2003). De acordo com Alencar et al (2005), os riscos de acidentes envolvendo energia elétrica tornam-se preocupantes devido a sua gravidade. Na ocorrência de acidentes por choque elétrico, há uma probabilidade considerável de este vir a ser fatal. No Brasil a situação não é muito diferente, pois segundo o Sinduscon/PE apud Barkokébas et al (2004) o choque elétrico é responsável por apenas 6,78% dos acidentes na construção civil, sendo 50% destes fatais. Inseridos nessa problemática, os riscos elétricos decorrentes de instalações inadequadas devem ser extintos das obras, considerando-se que as instalações temporárias não significam instalações improvisadas. A abordagem tradicional de acidentes pressupõe que a obediência a procedimentos e normas protege o sistema contra acidentes e que esses eventos, decorrem de comportamentos faltosos. Pouca atenção tem sido dada aos riscos potenciais decorrentes do uso de equipamentos elétricos e das próprias instalações elétricas, os quais muitas vezes não possuem um sistema de aterramento eficiente, são subdimensionadas, e localizam-se fisicamente próximas a tubulações de água, esgoto e gás (LI, 1998). Assim, este trabalho trata de elaborar procedimentos quando há utilização de equipamentos elétricos, feitos através da identificação dos principais riscos de acidentes por choque elétrico dentro de canteiros de obras. 2. Riscos de acidentes por choque elétrico Segundo Caddick et al (2000), choque elétrico é a manifestação física que ocorre quando uma corrente elétrica flui através do corpo humano. Os sintomas podem incluir desde uma leve sensação de formigamento, a violentas contrações musculares, arritmia cardíaca ou danos aos tecidos. Para os nossos propósitos podemos assumir que os danos aos tecidos causados por choque elétrico, em sua grande maioria, estão sempre associados a queimaduras e danos as paredes celulares. A Fundacentro (2001) diz que, todas as instalações elétricas devem ser consideradas perigosas, porque podem causar acidentes fatais. Por isso, nos trabalhos com eletricidade, é preciso conhecer o serviço e saber quais as formas de se proteger contra os acidentes. 3. Objetivo Elaborar procedimentos de execução para instalações elétricas provisórias em canteiros de obras. 3

4. Metodologia Inicialmente foi realizada uma revisão da literatura relacionada ao tema, de maneira a nivelar os conhecimentos acerca das questões de segurança do trabalho relativas ao uso da eletricidade dentro dos canteiros de obras. Depois, foi realizado um trabalho de análise dos acidentes através de dados disponíveis no Laboratório de Segurança e Higiene do Trabalho da Universidade de Pernambuco. Os dados foram colhidos através de aplicação de check-list (protocolo), que foi dividido em 4 tópicos: Quadros de Distribuição/Comando EXTERIOR, Quadros de Distribuição/Comando INTERIOR, Condutores e Aparelhos Elétricos. As aplicações dos protocolos foram realizadas em 10 obras da Região Metropolitana do Recife, no período de Dezembro de 2005 a Fevereiro de 2006, escolhidas aleatoriamente, acrescentando o registro de fotos. Através das visitas técnicas foi possível identificar os principais pontos onde possam ocasionar acidentes, para posterior análise das exigências legais quanto do manuseamento dos equipamentos e das instalações elétricas provisórias dentro dos canteiros. A partir destas informações foram desenvolvidos os procedimentos de execução para instalações elétricas provisórias em canteiros de obras, embasados nas principais normas brasileiras. 5. Resultados A seguir, serão explicitadas as principais não conformidades encontradas nas instalações elétricas provisórias nos canteiros de obras visitados. Nos dados apresentados encontramos 128 não conformidades em relação à quadro de distribuição e comando, sendo 48 no seu exterior e 80 no interior, 21 não conformidades em condutores e interruptores elétricos e 18 em aparelhos elétricos. Com isso, foi possível perceber que a maioria dos riscos, nas instalações elétricas em canteiros de obras, encontra-se em quadros de distribuição e comando. Item N de não conformidades Quadro de distribuição/painel de Comando EXTERIOR 48 Quadro de distribuição/painel de comando INTERIOR 80 Condutores externos 21 Aparelhos elétricos 18 Fonte: Pesquisa de campo Tabela 1 Número de não conformidades encontradas nas Instalações elétricas Dentre as 48 não conformidades encontradas nos quadros de distribuição e comando em sua parte exterior, 24 estão relacionados à limpeza, conservação e arranjo físico do quadro/painel, 05 aos dispositivos de comando, 17 à identificação e 02 aos espaços para execução de serviços. Isso nos mostra que a parte mais vulnerável no tocante ao exterior dos quadros é relativa à limpeza, conservação e arranjo físico dos mesmos. Em meio a 80 ocorrências de não conformidades relativas a quadros de distribuição e comando em sua parte interna, 06 são relativas à limpeza, conservação e arranjo físico, 08 aos espaços para execução dos serviços, 20 às partes vivas, 29 à aterramento, 15 à identificação dos circuitos e componentes e 02 a outros. Isso comprova a incidência maior de não 4

conformidades em relação á partes vivas e, principalmente aos aterramentos. Item N de não conformidades Quadro/Painel 06 Partes Vivas 20 Identificação: circuitos e componentes 15 Espaço para execução de serviços 08 Aterramento 29 Outros 02 Fonte: Pesquisa de campo Tabela 2 Número de não conformidades econtradas no interior dos quadros de distribuição No caso dos condutores e interruptores elétricos das 21 não conformidades, 14 se apresentaram em relação à limpeza, conservação e arranjo físico dos condutores e barramentos e 06 foram em relação à limpeza, conservação, arranjo físico e aterramento de bandejas e/ou eletrodutos. Os aparelhos elétricos apresentaram 18 não conformidades, onde 02 estão relacionadas à limpeza, conservação e arranjo físico dos aparelhos, máquinas e equipamentos, o mesmo número de ocorrências foi relatado quanto ao impedimento de acesso. No entanto, 13 foram as não conformidades relacionadas ao aterramento dos aparelhos elétricos. Tendo como base os principais problemas identificados na análise dos dados, desenvolveramse os procedimentos de execução para instalações elétricas provisórias em canteiros de obras, intitulado de: INSTALAÇÕES ELÉTRICAS EM CANTEIROS DE OBRAS RECOMENDAÇÕES E PROCEDIMENTOS DE MONTAGEM E OPERAÇÃO PARA GARANTIA DE SEGURANÇA A - Quadros de distribuição A1 - Recomendações e procedimentos de montagem Os quadros de distribuição deverão ser metálicos e não deverão ter sua parte superior a mais de 1,60 m acima do piso. Nota: por ser isolante, a madeira fere os princípios da proteção supletiva da classe I para garantir segurança preconizada pela NBR 5410 e comum a este tipo de instalação, isto é, a equipotencialização das massas para garantir o seccionamento automático da alimentação em situações de defeito não possui a confiabilidade exigida para proteção do pessoal e da instalação. Todo quadro de distribuição deverá ser dotado de barramento de equipotencialização. Todo quadro de distribuição deverá ser dotado internamente de um anteparo como medida para proteção contra o acesso às partes vivas da instalação. Não é admissível a saturação do espaço interno ao quadro de distribuição, isto é, o número de componentes instalados e o arranjo físico correspondente devem propiciar espaço de segurança seguro o suficiente para realização de intervenção em circuito energizado e operação dos componentes em condições normais e em condições de falta. Os componentes, inclusive os condutores, no interior dos quadros elétricos devem ser dispostos de modo a facilitar sua operação, inspeção, manutenção e o acesso à suas conexões. O acesso não deve ser significativamente reduzido pela montagem dos 5

componentes e a curva dos condutores deve obedecer a um ângulo de 90. A2 - Recomendações e procedimentos para segurança operacional Os quadros de distribuição devem ser mantidos em bom estado de conservação (limpos e sem corrosão) e se possível em local abrigado. Não é admissível o ataque acional a dispositivos de comando e manobra de circuitos ou equipamentos com exposição a partes vivas da instalação. Não é admissível o acesso a instrumentos de medição para leitura e registro de suas indicações com exposição a partes vivas da instalação. Não é admissível o acesso ao quadro de distribuição para identificação de circuitos e dispositivos em operação desde que haja exposição a partes vivas da instalação. Todos os quadros de distribuição devem possuir afixados na parte frontal externa, sinalização de advertência contra choques elétricos. Todos os quadros de distribuição devem possuir afixados no anteparo junto aos respectivos componentes sua sinalização indicativa correspondente, tais como: indicação dos circuitos, aparelhos receptores, condições operativas, dentre outras de conformidade com a função ou condição do componente. A sinalização de advertência e indicativa supracitada deve ser através de placas, etiqueta ou outros meios adequados, duráveis e que não possam ser removidos com facilidade. Não é admissível aos quadros de distribuição desativados, sob quaisquer circunstâncias, estar sob tensão. Os quadros de distribuição desativados devem estar sinalizados com esta condição operativa. É expressamente proibido a presença de materiais, máquinas, ferramentas, equipamentos ou quaisquer objetos no entorno de pelo menos 2,5 m do quadro de distribuição. É expressamente proibido a guarda ou armazenamento de quaisquer objetos, diagramas unifilares ou componentes elétricos no interior do quadro de distribuição B - Condutos e condutores B1 - Recomendações e procedimentos de montagem É expressamente proibido a presença de materiais, máquinas, ferramentas, equipamentos ou quaisquer objetos no entorno dos condutores das linhas elétricas da instalação. Os condutores das linhas elétricas devem ser dispostos ou marcados de modo a permitir sua identificação. O condutor neutro deve ser de cor azul claro, enquanto o de proteção deve ser verde conforme prescrição da NBR 5410. Os condutores das linhas elétricas devem ser lançados sobre suportes isolantes ou isoladores, conforme item 6.2.3 da NBR 5410, não devendo ser afixados diretamente na parede, postes de madeira ou de outra natureza ou superfícies de pequeno raio de curvatura (pontiagudas). Em nenhuma circunstância os condutores das linhas elétricas devem ser lançados sobre armações metálicas, mesmo com o uso de suportes isolantes. Mesmo os condutores dotados de capa de proteção, como os cabos unipolares, por exemplo, é recomendável que sejam lançados no interior de eletrodutos flexíveis como meio de elevar a proteção dos mesmos contra as agressões permanentes do meio ambiente. B2 - Recomendações e procedimentos para segurança operacional 6

Os condutores das linhas elétricas de distribuição devem ser: mantidos em bom estado de conservação durante toda a vida da obra e sempre que possível, ser instalados em ambiente abrigado das intempéries. Não é admissível para os condutores das linhas elétricas da instalação que: sejam acessíveis as pessoas e animais nas direções habituais; sejam acessíveis a choques mecânicos de qualquer natureza: e em nenhuma circunstância sejam utilizados como suportes para cartazes, placas, vestuários ou quaisquer objetos; C - Equipotencialização e seccionamento automático da alimentação C1 - Equipotencialização e seccionamento automático da alimentação Não é admissível a utilização de eletrodos (hastes) de aterramento inferiores a 2,40 m. É tradicionalmente recomendável que a resistência de aterramento seja superior a 10 Ohms em qualquer estação do ano. Eletrodos de aterramento interligados em paralelo constituindo uma identidade de terra devem distar entre si a uma distância compreendida entre 3 e 6 m, inclusive. O diâmetro da haste de aterramento deve ser no mínimo de 15 mm conforme item 6.4.1 da NBR 5410. A haste de aterramento deve ser cravada no solo até que sua extremidade superior se situe entre 10 e 15 cm sob a superfície do mesmo. Os cabos de interligação das hastes de aterramento devem estar de acordo com o item 6.4.1.2 da NBR 5410:2000. As hastes de aterramento devem estar protegidas por caixas de inspeção em alvenaria nas dimensões 0,25 m x 0,25 m x 0,25 m com tampa de proteção. Ou cano de PVC nas dimensões 0,25 m x 0,25 m com tampa. Não é admissível instalar a haste de aterramento em poços d água, sob concreto, sob revestimento asfáltico ou nas proximidades de lagoas, riachos e fontes d água. Não é admissível que o ponto de instalação do aterramento (haste de terra) se localize nas proximidades do trânsito pessoas, animais, dos trabalhadores ou do local onde ficará o operador da máquina ou equipamento, conforme for o caso. C2 - Recomendações e procedimentos para segurança operacional Os sistemas de aterramento devem ser mantidos em bom estado de conservação. É expressamente proibido a presença de materiais, máquinas, ferramentas, equipamentos ou quaisquer objetos no entorno de pelo menos 2,5 m dos eletrodos (hastes) de aterramento. Os eletrodos de aterramento não devem ser cravados próximos aos postos de trabalho ou do trânsito de pessoa e animais. Todas as massas metálicas (partes condutivas e carcaças) de máquinas e equipamentos, inclusive dos quadros de distribuição, deverão estar ligadas a um condutor de proteção, e este ao eletrodo de aterramento através de barramento do equipotencialização principal da instalação. Nota: o sistema de aterramento geralmente adotado como garantia da equipotencialização e seccionamento automático da alimentação é o esquema TT, isto é, o aterramento das massas é distinto e independente do aterramento da fonte de alimentação. O diâmetro dos condutores de proteção deve estar de acordo com o item 6.4.3 da NBR 5410:2000. 7

É obrigatório o uso do DR de alta sensibilidade (30 ma) nas áreas úmidas como medida complementar na proteção contra choque elétrico. Dado o esquema TT, é obrigatório o uso do DR de baixa sensibilidade (300 ma) nas demais áreas como medida complementar na proteção contra choque elétrico. Realizar sistematicamente inspeção visual do sistema de aterramento. Realizar testes de verificar de desempenho do sistema de seccionamento automático trimestralmente. Nota: estas recomendações e procedimentos são apenas medidas de segurança complementares devendo ser observadas as prescrições integrantes das NR 10, NBR 5410 e NR 18. 6. Conclusões Foram identificadas as máquinas e equipamentos elétricos utilizados nos canteiros e analisadas as suas instalações elétricas provisórias, onde foram observados os Quadros de Distribuição/Comando, tanto em seu exterior como no interior, os condutores e interruptores elétricos e, por fim, os aparelhos elétricos. Desta análise, verificou-se que as não conformidades mais encontradas foram partes vivas expostas, disjuntores em identificação, quadros com aterramento mal feito, como também aterramento em área de trabalho, foram verificados também problemas em relação à acessibilidades dos quadros, desarrumação de fiação, condutores em identificação externa, equipamentos em área úmida e faltando chave blindada, no entanto a maioria das não conformidades se encontra nos Quadros de Distribuição/Comando, mais especificamente em seu interior. Além da análise dos principais riscos, foram desenvolvidos procedimentos de execução para instalações elétricas provisórias em canteiros de obras, com o intuito de auxiliar o setor da Construção Civil a não considerar instalações temporárias, como instalações improvisadas, oferecendo assim mais segurança aos operários e ajudando a embasar programas educativos nos canteiros de obras. Referências ALENCAR, L. H.; PROCORO, A.C.; VILLAROUCO, V.; BARKOKÉBAS JUNIOR, B. Maior segurança nas instalações elétricas dos canteiros de obras: o uso do dispositivo de proteção à corrente diferencial residual em instalações temporárias. In: Congresso Brasileiro de Ergonomia, 13., 2005. Anais...Cd rom, 2005. BARKOKÉBAS JUNIOR, B. et al. Situações de riscos nos canteiros de obras no Estado de Pernambuco. Revista Cipa Norte-Nordeste. Brasil, n. 1, Novembro 2003.. Eletricidade: conforto e insegurança nos lares. Revista Cipa Norte-Nordeste. Brasil, n. 4, julho 2004. CADICK, John; CAPELLI-SCHELLPFEFFER, Mary e NEITZEL, Dennis. Electrical Safety Handbook. Editora McGraw-Hill, EUA, 2000. FUNDACENTRO Centro Brasileiro de Pesquisa em Segurança, Saúde e Meio Ambiente de Trabalho Engenharia de Segurança do Trabalho na Indústria da Construção Civil, [s.1.], 2001. LI, R. W. C. et al. O dispositivo à corrente diferencial-residual (DR) e sua utilidade em laboratórios químicos. Nota Técnica, 1998. SINDUSCON/PE Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Pernambuco.Campanha de Prevenção de Acidentes do Trabalho na Construção Civil no Estado de Pernambuco, 2003. 8