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Pescaria na Patagônia Coyhaique e San Martín de los Andes 28 de Janeiro ao 8 de Fevereiro, 2010 Por: Rogério Batista e Alejandro Antúnez Fotos e revisão: Rogério Batista, Ricardo Becker, Luiz Henrique Ladwig e Alejandro Antúnez Os preparativos Esta pescaria começou 4 meses antes com a escolha do lugar e do planejamento. A cada ano procuramos inovar e escolher novos lugares assim como revisitar os lugares bons já conhecidos pela turma. Este ano tínhamos dois objetivos em mente Coyhaique na XI Região do Chile e San Martín de los Andes na Argentina. Rogério e eu tínhamos ouvido falar muito de Coyhaique, e numa viagem anterior a Madri eu já tinha conversado com Luis Antúnez, dono do Salmo Patagonia Lodge, que me convenceu que aquele era um bom destino para a pesca de grandes trutas e até quem sabe de salmões. Figura 1 Rota San Carlos de Bariloche Coyhaique. Fonte: Google maps

O plano era muito cansativo, pois apesar das recomendações do Luis de chegar a Coyhaique por avião (Aeroporto de Balmaceda), nós teimosos, decidimos que a melhor idéia seria alugar um carro em San Carlos de Bariloche e fazer a viagem de aprox. 865Km de carro e assim poder percorrer a Ruta 40, admirar a paisagem e eventualmente pescar em alguns lugares no meio do caminho (El Bolsón e Esquel). Só saberíamos depois de concluída nossa pescaria que essa não era uma boa idéia, pois perdemos praticamente dois dias em deslocamentos sendo que poderíamos ter aproveitado melhor pescando no rio. Outra coisa que pudemos comprovar posteriormente foi que as estradas que chegam até a divisa de ambos os países (especialmente as do lado argentino) são péssimas o que nos provocou mais de uma dor de cabeça com o carro que não era uma 4x4. No entanto a experiência de atravessar a cordilheira em lugares recônditos foi sem dúvida uma experiência inesquecível. Depois de escolhidos os lugares, o plano seguiu uma seqüência que inclui a reserva de passagens, automóvel (Com a solicitação do permiso especial para atravessar a fronteira) hotéis, pousadas, dos serviços de flotada e/ou vadeo e dos guias de pesca. Este ano decidimos viajar (contra minha vontade) pela Aerolíneas Argentinas que utiliza nos vôos internos (Operados pela Austral) aviões MD88 (da década dos 60s). Esperávamos, então, que acontecessem atrasos em aeroportos, mas devo reconhecer que a viagem não foi tão ruim assim. A viagem Para mim e Alejandro Junior (Mangolão), a viagem iniciou-se em São Paulo, para Rogério Batista (Jamanta) e Ricardo Becker em Porto Alegre e em São Borja para Luiz Henrique Ladwig (Ike) que nos daria encontro do dia seguinte em Buenos Aires, no aeroporto Jorge Newbery (Aeroparque). Nossos vôos chegaram com um atraso de 1 hora, e como nos já tínhamos previsto seria impossível visitar um Flyshop nesse horário para fazer as compras mais urgentes. O Ricardo necessitava de uma vara numero #8, Alejandro Jr. precisava de botas com feltro e o Rogério precisava de wader novo, e mais um monte de outras coisas. A alternativa foi apelar pela velha amizade com o Gerardo (Irresistible Fly-Shop) e evidentemente, da boa vontade. Ficamos aproximadamente 30 dias trocando e-mails e fechamos um pedido bem volumoso que foi levado pessoalmente pelo Gerardo no Hotel praticamente a meia noite em duas grandes malas. Santo Gerardo! Salvou nossa pescaria! Após fechar o negócio com o Gerardo, fomos curtir o que seria nosso primeiro asado de tira no restaurante El Potrillo (antiga Caballeriza) em Puerto Madero. No dia seguinte durante o café da manhã no aeroparque encontramos o Ike e embarcamos todos juntos com destino ao aeroporto Teniente Luis Candelaria em San Carlos de Bariloche. Foi um vôo de aproximadamente 2:30 horas, na chegada aproveitamos para tirar nossas licenças de pesca argentinas logo no guichê da Guarda Fauna no próprio aeroporto para assim evitar demoras a nossa volta a San Martín de los Andes. Após recolher a bagagem e completar os trâmites de aluguel do carro prosseguimos pela rota 40 em direção a Coyhaique, sabendo de antemão que dependendo do horário de chegada esse dia não poderíamos cruzar a divisa pelo posto Los Huemules próximo do Lago Blanco, tendo que pernoitar do lado argentino na cidade mais próxima da divisa. A viagem demorou aproximadamente 10 horas, com uma pausa para o almoço e outras tantas para reabastecer combustível. Como tínhamos previsto, tivemos que dormir em Rio Mayo a mais de 130Km da divisa pois acreditávamos que seria a ultima cidade que pudesse oferecer

hospedagem. Efetivamente não tivemos problemas em achar um hotel e 2 apartamentos para nos 5, assim como uma janta razoável e cerveja Quilmes bem gelada. No dia seguinte saímos por volta das 8:30AM, reabastecemos combustível e pegamos a estrada de chão em direção a divisa com o Chile. A paisagem é desoladora, praticamente desértica, onde os únicos habitantes são os Guanacos (espécie de Lhama) e as Emas, animais nativos da região. O lado chileno é totalmente diferente em termos de paisagem, as nuvens carregadas de umidade que se aproximam pelo lado ocidental da Cordilheira dos Andes acabam encontrando um paredão de aprox. 3000 a 4000 msnm provocando muita chuva do lado chileno. As poucas nuvens que chegam a atravessar a cordilheira do lado argentino provocam leves chuvas fornecem o mínimo de água necessário para manter a vegetação rasa. Já o lado chileno é absolutamente verde com abundante pastagem e arvores que cobrem todas as encostas das montanhas. Foto 1 Guanacos na Ruta 55 próximo de Rio Mayo, Argentina Foto: Luiz Henrique Ladwig Foto 2 Lago Blanco, próximo da divisa com o Chile. Foto 3 Paso Huemules (Chile), Ruta 245 em direção a Coyhaique Foto 4 Na Ruta 245, Próximo de Coyhaique

Coyhaique Dia 1 Rio Pedregoso Após uma passagem obrigatória pelo supermercado local, chegamos por volta das 2:30PM no Salmo Patagonia Lodge em Coyhaique onde fomos recebidos pelo Luís Antúnez. O Lodge é muito bem montado com amplos ambientes finamente mobiliados, com uma sala de atado, ambiente para vestir os waders e deixar o equipamento assim como paredes revestidas de moscas e varas Sage que deixam qualquer um babando. Luis nos informou que lamentavelmente as condições climáticas não eram as melhores, pois tinha chovido muito durante as ultimas semanas (o que não é normal durante esta época do ano), além disso, as fortes tempestades de vento tinham deixado praticamente in-pescáveis o Rio Simpson (Que passa enfrente a Coyhaique) assim como outros rios e lagos da região. Definitivamente não era nosso dia de sorte. Assim que ele nos recomendou que dada a hora e as condições climáticas a melhor coisa para fazer nesse primeiro dia seria pescar um pequeno rio próximo da pousada que tinha muitas trutas de pequeno porte: o Rio Pedregoso na altura da ponte El Zorro. Fomos deixar a bagagem nos chalés e após acomodar as compras do supermercado partimos em direção à Coyhaique Alto, procurando a ponte El Zorro no Rio Pedregoso. O rio é bastante pequeno e dado o horário, fomos praticamente para esticar um pouco o braço e em alguns casos a desenferrujar um pouco o casting. Para o Alejandro Junior foi uma oportunidade para fazer seus primeiros arremessos com uma vara de Fly, pois ele nunca tinha pescado antes nesta modalidade. Sendo um rio relativamente pequeno, as varas #4 e #5 com as linhas num numero a mais foram a melhor opção dadas as constantes rajadas de vento. Em relação às iscas, observamos uma abundante eclosão de caddis (claras, entre 1 e 1.5cm) o que nos levou a utilizar imitações destes insetos no seu estado adulto (HJ15 atada em CDC, Elk CDC e Elk Caddis), pupa emergente (Wet flies e Jamanta s Assassin) assim como algumas larvas (Duende Verde) todas atadas em anzóis pequenos #18, #16 e #14. Após perder alguns piques e pegar algumas pequenas trutas voltamos para o hotel por volta das 10 PM. Nesta época do ano o sol se põe por volta das 9 9:30 PM o que nos permite aproveitar melhor o dia. Foto 5 Entrada ao Salmo Patagonia Lodge Foto 6 Chalé no Salmo Patagonia Lodge

Coyhaique Dia 2 Rio Emperador Guillermo No segundo dia decidimos explorar outros rios da região e José, um dos guias do Lodge nos recomendo ir pescar no Rio Emperador Guillermo, começando pelo trecho superior do rio que fica a uns 20 Km do povoado de Mañihuales. Parte Alta: Este é um rio de médio porte, tributário do Mañihuales. Na parte alta do rio começamos a pescaria num poço que fica logo na saída de um cânion. O trecho de rio a partir deste ponto é bastante bom com várias corredeiras, rasos e poços ideais para a pesca com mosca. As constantes rajadas de vento nos obrigaram a utilizar equipamentos #5, sempre com linhas num numero acima para facilitar o arremesso e tentando usar sempre o vento a nosso favor para apresentar corretamente as moscas. Novamente observamos como os peixes estavam se alimentando das abundantes e pequenas caddis adultas de cor clara que pareciam desafiar o vento se deslocando rapidamente na superfície da água. As iscas que utilizamos foram as mesmas do Rio Pedregoso: HJ15 CDC, Elk CDC e Elk Hair caddis todas atadas em anzóis #16 e #14 em cores claras para imitar os insetos naturais. Foto 7 Rio Emperador Guillermo, parte alta Foto: Luis Henrique Ladwig Foto 8 Cânion no Rio Emperador Guillermo Pescamos varias trutas marrons belamente coloridas e muito briguentas, eu em particular fisguei uma bela Arco Iris com aprox. 1 Kg que estava se alimentando num braço do rio na beirada coberta de vegetação logo atrás de um tronco, lugar que lhe proporcionava condições ideais de abrigo da corrente, predadores e alimento. Este trecho do rio surpreende pela abundância e variedades de insetos. Apesar de só ter observado as caddis adultas na superfície da água, quando efetuamos uma captura de exemplares de insetos na água foi possível observar a grande variedade de larvas de mayflies, stoneflies, caddis livres e até midges em diferentes estágios de desenvolvimento. Foto 9 Truta Marrom 20-25 cm Foto: Alejandro Antúnez

Também foi possível observar nas proximidades da beira do rio stoneflies no estágio adulto numa cor que eu nunca tinha visto antes: Verde clara e amarelo (ver Entomologia do rio mais à frente). Parte Média - Após uma breve pausa para um lanche, nos deslocamos para a parte média do rio a uns 10 km em direção ao povoado de Mañihulaes. Este trecho do rio tem uma configuração diferente tornando-se maior assim como o tamanho médio das trutas. Pescamos um bom numero de Marrons e Arco Iris utilizando os mesmos equipamentos que utilizamos na parte superior (#4 e #5, sempre com as linhas de Fly num numero maior ao da vara). Neste segmento funcionaram muito bem as moscas que imitam caddis adultas (HJ15 CDC, Elk CDC e Elk Caddis) num numero ligeiramente maior (Anzol #14) e as pupas emergentes ou Wet Flies (Em especial a Jamanta s Assassin do meu amigo Rogério Batista). Outra mosca que funcionou muito bem foi a Stimulator atada num anzol com haste curva #12 (Ver Entomologia do rio e iscas utilizadas mais à frente). Esta seção do Rio foi definitivamente mais produtiva do que a anterior assim que concluído o primeiro dia de pescaria decidimos que voltaríamos no dia seguinte. Uma turma de pescadores americanos nos recomendou explorar melhor um trecho rio acima no Emperador Guillermo assim como trabalhar um pouco um trecho do Mañihuales na altura da Ponte de concreto. Decidimos que isso poderia ser um bom programa para o dia seguinte. Foto 10 Rogério e Alejandro Junior no trecho médio do Emperador Guillermo Foto: Luiz Henrique Ladwig Figura 2 (A) Coyhaique, (B) Rio Emperador Guillermo - Fonte: Google maps

Coyhaique Dia 3 Rio Mañihuales e Emperador Guillermo No terceiro dia decidimos explorar um pouco o Rio Mañihuales na altura da ponte Doña Dora a uns 15-20 km da Cidade de Mañihuales pela Ruta 240 em Direção à Puerto Aisén. Fisgamos algumas trutas Marrons mas não tivemos nenhuma das surpresas que esperávamos de grandes Marrons ou arco Iris. Então decidimos lanchar uma bela pizza (fria) preparada de manhã e encaminhar em direção ao trecho inferior do Rio Emperador Guillermo Este foi provavelmente o pior dia da nossa pescaria, as rajadas de vento e a forte chuva começaram apenas colocamos o pé na água do Emperador Guilermo, mas a pescaria até que não foi tão ruim assim, várias Marrons e Arco Iris foram fisgadas por todos nos, a pescaria foi até o as 9:00 PM quando desistimos devido a forte chuva e vento frio que saturou o goretex dos nossos casacos ficando molhando nosso fleece (polar) interno. Foto 11 Ponte Doña Dora Rio Mañihuales Foto 12 Alejandro pai e filho no Rio Mañihuales tentando engatar uma truta num poço Foto: Luiz Henrique Ladwig Foto 13 Ike embaixo da chuva no Rio Mañihuales com uma truta Marrom Foto 14 Ricardo no Mañihuales com outra Marrom - Ou será que tomou emprestada a truta do Ike para a Foto? Foto: Ike

Neste dia usamos umas varas #6, sempre com linhas num numero acima: #7. O que dificultava muito a apresentação de moscas menores. Utilizamos como no dia anterior imitações de Caddis adultas (Elk Hair e Elk CDC Caddis #14), as imitações de pupa (Wet Flies) e as Stimulators (Anzol de haste curva #12) funcionaram excepcionalmente. Nestes rios de águas claras inclusive em dias de muita chuva é necessário trabalhar com líderes longos (10-12 pés) o que torna o arremesso ainda mais difícil devido às fortes rajadas de vento Entomologia dos Rios e Iscas utilizadas Graças à câmera fotográfica do Ike conseguimos resgatar algumas das fotos dos insetos que observamos nestes rios chilenos (a minha câmera caiu na água logo no segundo dia, ficando inutilizada pelo resto da pescaria). Encontramos em todos estes rios uma grande variedade de insetos o que representa uma boa oferta de alimento para as trutas. Observando estes exemplares de insetos é fácil entender o porquê as trutas aceitaram as iscas apresentadas. Foto 15 Stonefly adulta Aprox 2.5 cm de cumprimento Foto: Ike Foto 16 Larva de Stonefly Aprox 2 cm de cumprimento Foto: Ike Foto 17 Larva de Mayfly Aprox. 1 cm de cumprimento Foto: Ike Foto 18 Larva de Mayfly. Observe os estojos com as asas em formação Foto: Ike Foto 19 Larva de caddis (Cor Verde) Foto: Ike Foto 20 Larva de caddis (Cor beige) Foto: Ike

Iscas utilizadas no Chile Secas: Elk CDC Caddis (#18, #16 e #14) HJ15 CDC Caddis (#18, #16 e #14) Madam X (#12, #10) Secas: Wet Flies: Stimulator (#12, #10) Parachute Adams (#14, #12) Jamanta s Assasin (#10, #12) San Martín de los Andes Dia 5 Rio Malleo Para mim pessoalmente, voltar para San Martín de los Andes sempre será um prazer indescritível. Após uma longa viagem, chegamos as 2:30 AM no Torres del Sur, nosso lugar favorito para ficar em San Martín.Os chalés são extremamente confortáveis os preços ótimos e para nossa surpresa a pousada foi ampliada e agora tínhamos um belo gramado na frente do chalé. O rio Malleo tem uma magia especial, acho que não tem outro igual para pescar de vadeo, e foi a recomendação que recebemos de todos nossos conhecidos em San Martín. Após uma passagem obrigatória pela manhã nas lojas de Fly do Carrillo e do Dario Foto 21 Rio Malleo Damonte tomamos a Ruta XX em direção do Malleo e entramos na reserva indígena (O pedágio aumentou para 25 Pesos) deixamos o carro no acampamento e nos espalhamos no rio em duplas para pescar. Eu fui muito mal aquele dia, não por falta de peixe, mas por perder vários piques e errar muito no arremesso, o Malleo não permite cometer tais erros, pois as trutas, especialmente as grandes, são muito arredias e já foram fisgadas várias vezes. Mas o

Ricardo, Rogério e o Ike se deram muito bem. O Alejandro Jr. ficou até o final do dia (ele é teimoso mesmo, coisa boa na pesca) e não saiu do rio até pescar varias trutas Arco Iris pequenas que estavam pulando na frente dele (acho que estavam até mostrando a língua). Foto 22 Alejandro Jr., a persistência recompensada. Foto: Rogério Batista San Martín de los Andes Dia 6 e 7 Flotada no Rio Chimehuín e Curá A flotada é definitivamente outro tipo de pesca e nunca abrimos mão de uma flotada em San Martín. A estrutura de guias e os pacotes oferecidos são inigualáveis. Nesta oportunidade decidimos fazer a flotada com Alejandro Klap e o trecho escolhido foi o Chimehuín começando na Ponte da Estancia Santa Berta e concluindo no Paraje Collón Curá próximo da Parada Matarasso. A flotada seria feita em dois trechos com uma parada praticamente no meio do percurso numa ilha no Chimehuín (Ver Mapa anexo) onde faríamos um acampamento e depois no segundo dia ela concluiria no Collón Curá. Em ambos os trechos faríamos uma pausa para o almoço. Figura 3 Flotada no Chimehuín (A) Inicio na Ponte da Estância Santa Berta (B) Acamamento (C) Termino da Flotada no Collón Curá, próximo da Parada Matarasso Fonte: Google maps

Alejandro Klap passou pontualmente pela Torres del Sur as 8:30 AM e após enganchar os barcos na van, encaminhamos rumo ao Chimehuin onde a equipe dele formada pelo Mauro e o Luis (guias) e o Lobo e Toño (encarregados do acampamento) nos aguardavam prontos para partir. Num papo prévio antes de embarcar, nossos guias nos explicaram que o nível da água no Chimehuín estava relativamente alto e com eclosões de Caddis e grandes Mayflies tais como a March Brown e Hexagenia, o que simplificaria nossa escolha das iscas. Preparamos nossos conjuntos #5 e #6, colocamos os waders, coletes e demais apetrechos e embarcamos para o primeiro trecho de pescaria do dia. A balsa do Lobo e o Toño saíram na frente com todo o material necessário para o acampamento e a janta, que desta vez seria um Asado. A pescaria na primeira parte do Chimehuín foi bastante lenta e não tiramos muitos peixes, começamos a ficar preocupados, pois a pescaria neste rio é geralmente muito boa, fomos trocando iscas tentamos Caddis Adultas (Elk-CDC), Chernobil, ninfas, e a Stimulator que fisgou alguns peixes, enfim, Foto 23 Pausa para o almoço na beira do Rio Chimehuín. De esquerda à direita: Luis, Mauro, Alejandro Klap, Ike, Rogério, Alejandro Jr e Ricardo. Foto: Alejandro Antúnez testamos de tudo sob orientação dos nossos guias. Na verdade a sorte não estava do nosso lado. Paramos para o almoço na beira do rio (Passando o Puente Negro ). E após relaxar um pouco e comentar sobre todas as iscas testadas partimos para o segundo trecho do dia. O segundo trecho foi espetacular, As Arco Iris e Marrons definitivamente acordaram e todos conseguimos pescar belos exemplares de ambas as espécies, as iscas que melhor se comportaram foram a Stimulator e as grandes Parachutes que nosso guia Mauro tinha dado para nos, esta mosca Foi batizada imediatamente como March Adams Parachute, pois era uma mistura de March Brown com uma Parachute Adams (Ver mais à frente a sessão dedicada as mosca utilizadas). Pessoalmente acho que nada se compara a pesca com mosca seca e é impressionante ver como trutas de 1 a 2 Kg tomam estas moscas no rio, basta apresentá-la corretamente tomando o devido cuidado com a correção da linha para obter mais de um pique, e perdemos muitos deles neste dia. À noite chegamos à ilha no meio do Chimehuín e nos livramos dos waders, coletes e varas para relaxar e tomar uma Gancia (Espécie de Vermouth) com limão e gelo, um aperitivo perfeito antes de um Asado. Foto 24 Asado argentino: Muita morcilla, Asado de tira (costela de ripa) e bife de chorizo. Os jantares são uma das melhores partes da pescaria, pois é o momento em que trocamos as experiências do dia, o que foi bem, o que foi mal, também é um momento especial para ouvir as piadas do Jamanta (Em espanhol é

claro, na versão dele! ). Mas também é um momento para observar os insetos que são atraídos pela luz das lanternas e esta observação sempre nos reserva algumas surpresas como March Browns, Caddis, Tipulas e uma Hexagenia adulta (Dun) com aproximadamente uns 2.5 cm de comprimento e uma bela e típica coloração amarela que acabou pousando na nossa mesa e se converteu imediatamente na atração da noite roubando os flash das câmeras do Ike e do Ricardo (Ver sessão dedicada a entomologia do rio, mais a frente). Também observamos muitas caddis em diferentes tamanho e cores entre elas o Alejandro Klap identificou uma Goddard com aproximadamente 1.5 cm de comprimento. Estas observações nos deixaram mais espertos para a escolha das moscas no dia seguinte. O churrasco foi como sempre sensacional e regado com muito vinho. O Segundo trecho do Chimehuín foi simplesmente sensacional, tivemos atividade durante todo o dia e eu pessoalmente perdi muitas fisgadas. Foto 25 Alejandro Jr. com uma Arco Iris. Mas a maior do dia foi uma Marrom de 1.5Kg Foto 26 Ricardo com uma bela Truta Arco Iris Só foi um pouco mais difícil do que o primeiro dia devido às constantes rajadas de vento, isto estressa mais o braço e as linhas devem ser lubrificadas durante a pausa do almoço para facilitar o arremesso. As iscas que trabalharam bem foram novamente às secas de Caddis, Stimulator, e a March Adams Parachute. Nas ninfas as que melhor funcionaram foram as: Pheasant Tail #12 com corpo bem lastreado e volumoso e a Timberline. Na parada para o almoço o Rogério fez um comentário para Alejandro Klap, que apesar de já estar pescado, ou seja, já ter fisgado bons exemplares, gostaria de pegar uma das grandes. Imediatamente Alejandro Klap pergunta se possuía uma linha sinking. A resposta do Rogério foi imediata e alegremente Alejandro Klap disse: Entonces vamos a pescar con gatos!. No trecho final da pescaria, chegamos na confluêcia do Chimehuín com o Aluminé, neste ponto os argentinos já chamam o Rio de Collón Curá, pois o Aluminé já é bastante largo. Neste ponto Mauro e Luis nos pediram recolher as linhas, pois o vento estava bastante forte e eles

precisavam remar muito para chegar o fim do trecho onde nos aguardavam as VANs. Rogério estava numa balsa separada com Alejandro, e como já tinha combinado durante o almoço ele começou a utilizar os gatos (Streamers). A mosca escolhida foi uma Wooly Bugger preta com detalhe vermelho abaixo da cabeça. Muito, mas muito vento, e insistentes ordens do Alejandro Klap de castear mais longo. O vento era enorme e os tiros pareciam impossíveis. Em um momento, Alejandro Klap ordena um tiro atrás de uma pedra, que foi imediatamente obedecido, apesar de achar que jamais iria, uma rápida deriva da mosca, e o grito de TRUCHA! finalmente um bello pescado, este foi o grito do Alejandro Klap. O que causou estranheza foi que Alejandro ordenou os tiros todos para o raso, em um rio gigante, cheio de poços e paredões. A cada truta boa, ele dizia: Tienes que pensar como una trucha justifica, dizendo que uma truta grande fica na água rasa de pouca correnteza pela fácil apresentação de alimento e pouco gasto de energia. Foto 27 Rogério com uma truta troféu Marrom no Collón Curá (Ele poderia afastar um pouco a truta da lente não acham?) Foto: Alejandro Klap Foto 28 Ike com um belo exemplar de Arco Iris fisgada com uma ninfa Pheasant Tail bem lastreada Quando a truta atinge este tamanho ela deixa de se alimentar exclusivamente de Insetos e passa a incorporar no seu cardápio alevinos de outros peixes, inclusive dos próprios. No Chile, Luis Antúnez já nos tinha relatado que numa pescaria uma truta enorme avançou sobre uma pequena truta que tinha sido fisgada por um pescador. Isso comprova a voracidade deste predador. Foto 29 Alejandro Klap remando o ultimo trecho do Collón Curá Foto: Rogério Batista

Entomologia dos Rios e Iscas Utilizadas Durante a flotada pudemos observar alguns insetos adultos de grande porte como as Caddis adultas, March Browns e as Hexagenias. Já no Rio observamos uma abundância de pequenos casulos de Caddis que simplesmente apareciam grudados em toda e qualquer pedra do Rio. No Rio Malleo observamos os exoesqueletos de ninfas de Libélulas (Ver foto). Mas definitivamente a noite é o melhor momento para observar os insetos adultos, pois como já mencionamos anteriormente, eles são atraídos pela luz do acampamento. Foto 30 Mayfly, Hexagenia Adulta, Aprox 2.5 cm de comprimento. Observe a coloração opaca das asas, típicas do adulto sexualmente imaturo (Dun ou Sub- Imago)- Rio Chimehuin Foto 31 Mayfly, Hexagenia Adulta (Dun) observe os micro pêlos em volta das asas (microtrichia), outro sinal que ainda não atingiu a maturidade sexual. Também observe a coloração do corpo. Foto: Ike Foto 32 Caddis Adulta Rio Aluminé Foto: Alejandro Antúnez Foto 33 Exoesqueletos de larvas de libélulas Rio Malleo Foto: Alejandro Antúnez

Iscas utilizadas na Argentina Secas: Elk CDC Caddis (#18, #16 e #14) MADAM X (#12 e #10) Stimulator (#12, #10) March Adams Parachute (#12) Adams Parachute (#14 e #12) Chernobil (#10, #8 e #6) Secas: Wet Flies: March Brown (#14 e #12) Jamanta s Assasin (#10, #12) Timberline (#14) Parachute com post roxo-fluo Ninfas: Streamers: Copper John (#14 e #12) Pheasant Tail BH (#10 e #12) Woolly Bugger (#6)

San Martín de los Andes, Bariloche e Buenos Aires Encerramento da Pescaria No último dia, Domingo 8, decidimos fazer um passeio em San Martín, Lago Lacar, fazer as compras de último minuto e curtir tranquilamente um Asado antes de voltar para Bariloche onde pegaríamos nosso vôo para Buenos Aires e a partir daí nossos respectivos vôos de volta para casa. Uma pescaria, como a receita de um bom prato, tem vários ingredientes, todos essenciais para dar um bom resultado, planejamento, observação, execução, muita sorte com o clima e o principal: AMIZADE. O Plano foi ambicioso, e sem dúvida cometemos muitos erros. Dificilmente faríamos novamente de carro os trechos longos de quase 900 km, especialmente se não for uma 4x4. O tempo não ajudou, o clima mundial está mudando drasticamente, chuvas e neve fora de temporada e as fortes rajadas de vento fizeram desta pescaria um verdadeiro desafio. Mas tem um ingrediente que faz cada pescaria única, e é poder compartilhar com os amigos uma aventura, preparar uma janta a noite no chalé e sentar-se à mesa para falar abertamente, contar piadas ou simplesmente relaxar deixando atrás o stress e a rotina do dia a dia. Posso dizer que para meu filho esta foi uma experiência única que até agora não para de comentar com amigos e colegas na escola, posso não ter fisgado a maior truta desta pescaria, mas em compensação posso dizer que realizei um sonho, meu filho foi fisgado pelo Fly e o terei como parceiro de pescaria pelo resto da minha vida... Isso... não tem preço!, mereceu cada segundo e esforço desta viagem. Só me resta agradecer a meus amigos de sempre: Rogério, Ricardo e Ike por ter tido paciência com o Junior e ter ensinado a ele tantas coisas que não se aprendem em nenhuma sala de aula nem na Internet, e sim no rio, com os pés na água e olhando para a cordilheira. Obrigado a vocês pelo baita presente! São Paulo, 11 de Fevereiro de 2010. Por: Rogério Batista e Alejandro Antúnez.