Versão Oficial DICK FARNEY F66 E S T Ú D I O F - programa número 66



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Transcrição:

1 Versão Oficial DICK FARNEY F66 E S T Ú D I O F - programa número 66 Á U D I O T E X T O Música-tema entra e fica em BG; Locutor - A Rádio Nacional apresenta ESTUDIO F, Momentos Musicais da Funarte Apresentação de Paulo César Soares Paulo César : - Alô, amigos! No programa de hoje, um cantor e pianista de formação erudita apaixonado por jazz que, nos anos 40, mudou-se para a América, onde se apresentou com Nat King Cole, Davis Brubeck e Bill Evans. No Brasil, sua forma de cantar sussurrante e seu repertório romântico mexeram com a cabeça dos bossanovistas, que o tomaram como referência artística. Entra trecho incial de Alguém Como Tu, parte de Dick Farney cantando, fica brevemente e cai em BG. - Alguém como ele é difícil de encontrar. Dick Farney é o destaque do Estúdio F- Série Intérpretes. Sobe som e rola de acordo com as necessidades de tempo.

2 - Em meados dos anos 30, as tardes do tranqüilo bairro de Santa Tereza tornaram-se menos sossegadas, quando o adolescente Farnésio Dutra resolveu trocar os clássicos que seu pai lhe ensinou a tocar, ao piano, pelo jazz. Formou então o grupo Swing Maníacos, que tinha seu irmão Cyleno na bateria, seu vizinho Helinho no violão de quatro cordas e, na gaita, seu amigo Edu. E, se algum vizinho implicante, na época, queixou-se do barulho, o tempo encarregou-se de mostrar que os garotos tinham algum valor. Helinho foi o único que não seguiu a carreira artística. Tornou-se o Ministro da Desburocratização, Hélio Beltrão. Edu ficou internacionalmente conhecido como Edu da Gaita. Cyleno cresceu em beleza para se tornar um dos mais famosos galãs que o cinema nacional já teve: o inesquecível Cyl Farney. E o Farnésio, que começou tudo, transformou-se no grande intérprete Dick Farney. Entra Sempre Teu e rola inteira.

3 - Dick Farney começou a atuar profissionalmente no final dos anos 30, ganhando pequenos cachês para tocar jazz no antigo programa Picolino, da Rádio Nacional. Quando tinha 18 anos, por volta de 1939, ouviu pela primeira vez a voz sussurrante de Bing Crosby. O impacto foi tão grande que o estilo intimista do cantor americano passaria a ser um referencial para Dick. Sobre essa influência, Farney declarou: Fiquei alucinado com o que ouvi. Então, comprei todos os discos de Bing Crosby disponíveis nas lojas do Rio de Janeiro. Ouvi tudo repetidas vezes, aprendendo a pronunciar as palavras exatamente como Bing Crosby fazia. Imitava até as inflexões. Era um papel carbono do seu estilo. A imitação de Dick era tão perfeita que o comunicador César Ladeira, da Rádio Mayrinck Veiga, ao ouvir uma gravação que Farney tinha lhe enviado chegou a dizer para o operador: Eu falei pra você colocar o disco do tal rapaz e não o do Bing Crosby. A inexistência de engano deixou César Ladeira tão impressionado que ele resolveu contratar Dick para cantar clássicos da música americana como, por exemplo, These Foolish Things que vamos ouvir na seqüência. Entra These Foolish Things e rola inteira.

4 - A carreira de Dick Farney deslanchou em 1941, quando após ouvi-lo no rádio, Carlos Machado decidiu contratá-lo para ser crooner e pianista de sua orquestra no Cassino da Urca. Foi lá que o rapaz que só cantava Bing Crosby passou também a cantar sambas, seguindo o seguinte conselho do guitarrista Oscar Belandi: Olha, cantando com esse estilo suave e sussurrante, você devia cantar música brasileira. Para não deixar o conselho morrer no ar, Belandi escreveu, especialmente para Dick, o samba Ela Foi Embora. Entra Ela Foi Embora e rola inteira. - Ela Foi Embora foi a primeira gravação de Dick Farney de música brasileira. O outro lado do compacto trazia a canção Você foi, não voltou. A gravadora era a Continental, cuja direção artística na época estava sob o comando de Braguinha. Entusiasmado com o talento do rapaz, o inesquecível João de Barro escreveu para Farney, em parceria com Alberto Ribeiro, a hoje antológica Copacabana. Entra Copacabana e rola inteira.

5 - Apesar das portas abertas para o sucesso no Brasil, Dick alimentava o sonho de chegar à Broadway. A oportunidade surgiu em 1945, quando a orquestra de Eddie Duchin veio se apresentar no Cassino Copacabana. O arranjador Bill Hitchcock ouviu Dick cantar e o levou para Hollywood. Antes de viajar, porém, o cantor gravou vários discos para a Continental, adaptando o samba-canção para o estilo Bing Crosby. E nada de cuícas e tamborins. No lugar, arranjos de Radamés Gnattali. Assim, foram gravados clássicos como Copacabana, Somos Dois, A Saudade Mata a Gente, Barqueiro do São Francisco, Esquece, Meu Rio de Janeiro e Ponto final, composição de Jair Amorim e José Maria de Abreu que vamos ouvir na seqüência. Entra Ponto Final e rola inteira. - No próximo bloco, Dick Farney na América, a volta ao Rio de Janeiro e a Bossa-Nova. Locutor: - Estamos apresentando Estúdio F, Momentos Musicais da Funarte. Insert Chamada Funarte I N T E R V A L O

6 BLOCO 2 Locutor: - Continuamos com Estúdio F Entra Você, rapidamente cai em BG (bem baixinho mesmo) e permanece brevemente durante a fala de Paulo César. - Depois de um ano em Los Angeles, enfim a Broadway. Anunciado como The Bing Crosby From Brazil, Dick farney cantou com as orquestras de Buddy Rich, Gene Krupa, Paul Baron. Um episódio também marcante dessa temporada de Dick nos Estados Unidos foi seu encontro com o compositor e pianista Walter Gross, que tinha escrito uma música muito tocada, mas ainda sem letra. Farney pediu então a Gross para gravá-la cantando. A letra foi encomendada a Jack Lawrence e o cantor brasileiro teve o privilégio de ter gravado a primeira versão vocal do standard americano Tenderly. Entra Tenderly e rola inteira. - De volta ao Rio de Janeiro em 1949, encontrou todos os seus discos nas paradas de sucesso e também um fã clube chamado Sinatra-Farney Fan Club integrado por nomes como Nora Ney, Carlos Manga, Baden Powell, Billy Blanco, Tom Jobim e Johnny Alf. Mas, apesar de encontrar admiradores desse nível, Farney também encontrou críticos ferozes em seu retorno ao país. Chegou, inclusive, a ser acusado de ter deformado o samba. Em resposta aos puristas, Dick declarou: Nunca mudei. Nunca quis aderir a nenhum movimento. Prefiro cantar as minhas canções do meu modo, porque este é o meu estilo. Sou um sujeito de temperamento romântico. Só posso cantar música romântica. Entra O que é amar e rola inteira

7 - O que é amar, que acabamos de ouvir Dick cantar com a amiga Claudete Soares, é um clássico de Jhonny Alf que, aliás, por indicação de Farney, iniciou sua carreira musical como pianista na cantina que o apresentador César de Alencar mantinha em Copacabana. Mas a influência de Dick sobre Jhonny e os demais integrantes de seu fã clube foi bem além de indicações. Seu jeito romântico de cantar, sua voz colocada, suas dissonâncias influenciaram de maneira decisiva a Bossa-Nova. Em entrevistas, o próprio Dick admitia sua importância para o movimento encabeçado por João Gilberto, dizendo: Eu acho que abri um campo novo, ajudando os outros que vieram depois a modernizar a música brasileira, Tanto que, quando apareci, me chamavam de o cantor moderno da música brasileira. Quer dizer: eu fiz a abertura, ajudei uma turma a entrar no negócio. Depois, veio o Lúcio Alves e, em 1949, apareceu o Jhonny Alf. Isso foi o desaguadouro natural para a Bossa-Nova. Quando o João Gilberto apareceu, o caminho já estava pronto. Um exemplo da sintonia entre Dick Farney e o movimento capitaneado por João Gilberto é a gravação que o cantor fez para Este Seu Olhar, composição de Tom Jobim. Entra Este Seu Olhar e rola inteira.

8 - Em 1954, Dick Farney fez outra gravação antológica: Teresa da Praia, de Billy Blanco e Tom Jobim. Esse samba-choro tem uma história curiosa. Foi feito em resposta a um pedido de Dick Farney e de Lúcio Alves, já cansados das histórias que pipocavam na imprensa sobre uma possível inimizade entre os dois. Achavam que, cantando juntos, acabariam com as fofocas. Além disso, esclareceriam que nenhum imitava o outro como se dizia na época e também a dupla seria uma novidade. Lúcio e Dick deram uma semana de prazo para os compositores. Billy relembra a história assim: Concordamos como se fosse a coisa mais simples do mundo. Fomos para a casa do Tom e, de noite, a música já estava pronta. No dia seguinte, chegamos à gravadora Continental e mostramos ao Braguinha e ao diretor da empresa, Sávio Carvalho da Silveira. A reação deles foi fantástica. Em menos de uma semana, Teresa da Praia, personagem totalmente fictício, estava gravada. Até hoje, a música identifica não só uma época, mas toda uma geração praiana. Entra Teresa da Praia e rola inteira. - No próximo bloco, Dick Farney canta no Municipal, apaixona-se por uma aeromoça e troca o Rio por São Paulo. Locutor: - Estamos apresentando Estúdio F, Momentos Musicais da Funarte. Insert Chamada Funarte I N T E R V A L O

9 BLOCO 3 Locutor: - Continuamos com Estúdio F Entra Você, rapidamente cai em BG (bem baixinho mesmo) e permanece brevemente durante a fala de Paulo César. - Em 1956, o Teatro Municipal do Rio de Janeiro abriu as portas para Dick Farney que, acompanhado por Casé no sax alto, Xu Viana no contrabaixo e Rubinho Barsotti do Zimbo Trio na bateria, fez lá um concerto de jazz. Apesar desse reconhecimento no Brasil, Dick acalentava o sonho de voltar para os Estados Unidos, principalmente, depois de ter ciceroneado o trombonista e band leader Tommy Dorsey em sua visita ao Brasil em 1952. Tommy convidou Dick para ser crooner de sua orquestra. Enquanto esperava para voltar a América, Dick fez uma participação como galã no filme Perdido de Amor. Depois, voltou para a América, mas não para trabalhar com Tommmy Dorsey. Nada saiu como ele havia planejado e Farney acabou se apresentando no Waldorf Astoria e num piano-bar do Hotel Chelbourne em Atlantic City. Voltou assim às suas origens de crooner, mas não lamentou a experiência. Sobre isso declarou: Todo cantor para ser bom, devia ser crooner. Assim como um bom pianista precisa trabalhar em bar. É um ensaio que se faz todos os dias. Se você reparar bem, vai ver que todos os bons cantores antigos trabalharam na noite, foram cantores de barzinhos. É no bar que se aprende a pensar com velocidade em música, arranjos e repertório. Entra Uma Loira e rola inteira.

10 Entra Marina e rola inteira. - Uma Loira, que acabamos de ouvir, é uma composição de Hervê Cordovil que se tornou um dos clássicos do repetório de Dick Farney. Sobre essas canções marcantes em sua carreira, o cantor fez a seguinte declaração na época do lançamento de seu LP Noite de 1981: Essas músicas se solidificaram de tal forma que vivo há 35 anos cantando sempre as mesmas músicas e emocionando o público com elas. É impressionante que na última temporada que fiz no Rio, as pessoas pediam Teresa da Praia do Tom e do Billy Blanco ou Marina do Caymmi. Isso se deve muito às músicas, é claro. Mas também tenho 41 anos de uma carreira limpa, sem concessões. Atendendo a pedidos, Marina. - Depois de um ano e meio no piano-bar no Estados Unidos, Dick fez shows em Cuba, na República Dominicana e em Porto Rico. De volta ao Rio, aceitou um convite para apresentar um programa na TV Record de São Paulo. Na ponte-aérea, apaixonou-se pela aeromoça Zean com quem viveu o resto da vida. Dick contava: Numa dessas vindas a São Paulo, na hora em que entrei no avião, dei de cara com uma aeromoça muito bonita. Começamos aquele papo... e estamos juntos até hoje. Billy Blanco transformou essa história aérea de amor em música: Aeromoça Entra Aeromoça e rola inteira.

11 Paulo César : - O amor de Dick por Zean fez com que o cantor trocasse o Rio por São Paulo. O cantou passou a se denominar um paulistano ferrenho e dizia: Quem falar mal de São Paulo vai se ver comigo. A adoção definitiva se deu em 1961, quando o cantor abriu na capital paulista sua própria boate, a famosa Farney s, na praça Roosevelt. O lado empresarial do artista veio numa época em que a MPB passou a ser dominada pela figura do cantor-compositor, o que diminuiu consideravelmente a participação dos intérpretes. Dick não ficou nem um pouco satisfeito com essa concorrência e chegou a declarar: Isso atrapalhou demais. Os próprios compositores são hoje pseudo-cantores. É uma invasão de mercado. Antigamente, funcionava de uma outra maneira. Pedia aos compositores as músicas, às vezes por telefone. Ligava para o Braguinha, para o José Maria de Abreu, de quem gravei Alguém Como Tu, Sempre Teu e Um Cantinho e Você. Ligava também para o Luiz Bonfá. Ele fazia músicas para eu gravar. Eu o lancei como compositor. Entre as músicas de Bonfá que Farney gravou, destaca-se Perdido de Amor. Entra Perdido de Amor e rola inteira.

12 - No final de 1977, anunciou-se que Dick Farney tinha deixado de cantar. Não era verdade. Ele apenas havia trocado as boates pelos restaurantes mais tranqüilos. Ao morrer, dez anos depois, em 1987, vivia ao lado da esposa Zean a aeromoça que o fez perder o medo de avião. Em sua casa em São Paulo, mantinha o piano de cauda em que Bill Evan tocou quando foi jantar lá. Na rica discoteca, Nat King Cole e David Brubeck eram o destaque. Tudo bem a cara de Farney, que deixou uma saudade que ainda mata a gente. Entra A Saudade Mata a Gente e rola inteira. Entra música-tema do Estúdio F e fica em BG;

13 Entra música-tema do Estúdio F e fica em BG; - O programa de hoje foi roteirizado pelo jornalista Cláudio Felicio. O Estúdio F é apresentado toda semana pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro e nas Rádios Nacional de Brasília e da Amazônia, emissoras EBC - Empresa Brasil de Comunicações. Os programas da série também são uma das atrações do Canal Funarte. Acessem a nossa rádio virtual. O endereço é www.funarte.gov.br/canalfunarte. Cultura ao alcance de um clique! Você também pode ouvir o programa pelo site da Radiobras: www.radiobras.gov.br. Quem quiser pode escrever para nós, o endereço é: Praça Mauá número 7-21 andar, Rio de janeiro - CEP/ 20081-240 Se quiser mandar um e-mail, anota aí: estudiof@radiobras.gov.br - Valeu Pessoal! Até a próxima!!! ENCERRAMENTO / FICHA TÉCNICA

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