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Transcrição:

1 Grande Expediente Por avanços nas leis trabalhistas e em defesa de empregos e direitos (Vocativo) Peço licença a todos e uma certa benevolência da imaginação dos colegas para fazer aqui um exercício que envolve uma espécie de carta falada endereçada à nossa presidenta, reeleita democraticamente em outubro do ano passado. E a(o)s deputad@s federais gaúchos, também eleitos e reeleitos no último pleito. E como compartilho a leitura ela é, naturalmente, pública. Primeiramente, estimada presidenta, Não falo aqui Presidenta, como aquele militante político secundarista, que conhecestes em meados dos anos 70 na resistência a ditadura, quando acompanhávamos aqueles debates no IEPES ou naquela difícil campanha do nosso saudoso Amigo Marcão Klasmann, em 76, cuja consigna era vote contra a ditadura.

Não falo também aqui, presidenta, com a intimidade institucional como seu 2 antigo colega e amigo no secretariado de Olívio Dutra, de 1999 a 2002, quando a senhora conduziu com a competência habitual, a Secretaria Estadual de Minas e Energia e eu fui titular das pastas de Ciência &Tecnologia e da Coordenação e do Planejamento. Também não me manifesto somente pelo cargo que ocupo de deputado deste Parlamento do Rio Grande do Sul, Assembleia Legislativa que a senhora honrou com uma visita inédita, como primeira presidenta da República legitimamente eleita em 2011, quando presidi, com muito orgulho, esta Casa Legislativa. Legislativo este que outorgou-lhe, também, naquela ocasião, uma medalha homenageando os 50 anos do movimento da Legalidade, que sempre evoca uma lembrança épica, de defesa intransigente da democracia e do estado constitucional democrático de direito. Igualmente não postulo sua atenção pelo seu passado de resistência à ditadura que a senhora, muito jovem, protagonizou enfrentando, com extrema bravura, as masmorras do regime de horror que não queremos mais repetir em nosso país, de democracia plena nos dias de hoje, que aceita as

mobilizações e os protestos, sem impedir que mesmo os saudosos do 3 arbítrio e do cerceamento da liberdade de opinião se manifestem. Me expresso aqui, presidenta, como cidadão brasileiro e tenho certeza em nome da classe trabalhadora gaúcha, e seu eleitor, que só difere dos milhões de brasileiros com título eleitoral porque carrego uma representação popular. Legitimada por outros gaúchos, nas urnas sagradas da democracia que a ungiram, também, com um mandato constitucional insuprimível autorizado pela maioria dos brasileiros. Aliado de primeira hora do governo Lula, nos bons e maus momentos, quando exerci a representação de primeiro líder do governo Lula em 2003 nesta casa, sou, antes de tudo, presidenta, um defensor da sua gestão, do nosso governo, do projeto de um Brasil melhor mais justo e igualitário que compartilhamos. Nos últimos 12 anos, emergiu um Brasil que nos orgulha e que é referência mundial pela soberania e pelos programas de enfrentamento às desigualdades sociais históricas. Graças ao nosso projeto político que compatibiliza desenvolvimento sustentável com distribuição de renda e inclusão, o país avançou e celebrou

4 conquistas e transformações de larga dimensão. O decidido combate à fome, com um processo iniciado em 2003 no governo Lula, retirou da miséria absoluta cerca de 36 milhões de famílias. Com isto, o Bolsa Família permitiu, pela primeira vez em nossa história, o surgimento de uma geração de crianças que não passa fome ao nascer. O emprego com carteira assinada bateu recordes, atingindo mais de 20 milhões de vagas criadas. O salário mínimo, que era sonho projetado em 100 dólares, passou dos 250 dólares. Com renda média aumentada, o mercado consumidor foi movimentado com compra e venda de bens, eletrodomésticos, automóveis e viagens aéreas. O programa Minha Casa Minha Vida possibilitou a casa própria para 6,4 milhões de famílias que estavam desassistidas desde a falência do antigo sistema BNH (em 1986). A agricultura familiar foi fortalecida com investimentos que saltaram de R$ 4 bilhões para R$ 25 bilhões, em 10 anos, em financiamentos federais específicos para a produção de alimentos, a fixação do homem no campo e

5 a dinamização da economia de famílias rurais. A educação foi ampliada, expandida e qualificada em todos os níveis, formais e técnicos, permitindo o acesso à universidade a 7 milhões de jovens de baixa renda através de financiamentos do Fies e ProUni. O Mais Médicos, com profissionais da Medicina que se dispõem a fazer a verdadeira saúde pública, enfim, contemplou gente isolada nos grotões do grande continente que é Brasil atendendo a mais de 50 milhões de pessoas. Deste cuidado todo com o cidadão, resultou um novo Brasil construído pelo presidente Lula e pela senhora, com o apoio da população brasileira, especialmente dos mais necessitados de políticas sociais públicas e dos mais conscientes da importância do papel e das funções de Estado, que seja, também, indutor do desenvolvimento sustentável. A senhora sabe, presidenta, mais do que ninguém e tem dito isto - que falta muito ainda a ser feito para saldar a divida secular que o país tem com os mais pobres, com os mais vulneráveis, com as minorias discriminadas. E a senhora há de concordar comigo, presidenta, que é necessário, sobretudo, avançar na qualidade de vida dos trabalhadores que sustentam

a nação com a dedicação diária de jornadas cansativas, muitas vezes em 6 situações precárias de transporte, de atendimento médico, de equipamentos de segurança, sem pagamento de insalubridade e mesmo de horas extras. E também dos aposentados e pensionistas que já deram sua contribuição para o nosso desenvolvimento mas padecem de amparo. Por isso, presidenta, as duas Medidas Provisórias, números 664 e 665, que em algumas situações subtraem direitos, contrariam nossos compromissos, pois só ampliam o quadro atentatório aos direitos da classe trabalhadora e provocam grande amargura nos cidadãos atingidos. ---------------------------- Mas agora, me refiro às Sras e Srs deputados federais gaúchos e seus pares nesta casa, pois é o PL 4330/04, da terceirização escravagista, que será devastador para o universo do trabalho - se aprovado. E esta não é a minha opinião apenas ou de sindicalistas aqui presentes, mas de entidades como Amatra, especialistas na área e destaco o professor da Unicamp, Ricardo Antunes. Este estudioso da sociologia do trabalho, que é

bastante reconhecido no meio acadêmico e sindical, afirma que a atividade 7 vital para 100 milhões de brasileiros está ameaçada por uma desregulamentação de consequências imprevisíveis. Creio, deputados federais e os desta casa, que as decorrências são previsíveis, sim! Quando um contingente tão expressivo de população ativa, como este de 100 milhões de pessoas, é atingido, o próprio tecido social será irremediavelmente contaminado e repercutirá nas áreas da saúde, da educação, da segurança, notabilizando uma situação inimaginável. Aliás, no âmbito do nosso estado, dentro da limitação geográfica do nosso mandato, apresentamos, inclusive, uma iniciativa legislativa conhecida com PL Anticalote, que visa enfrentar deturpações já evidenciadas com a terceirização de prestadores de serviços aos poderes públicos. Construída com muitas categorias de trabalhadores terceirizados, como os vigilantes, que sofrem na carne o problema. Deputad@s, Este PL 4330, de 2004, ressuscitado e requentado por um congresso extremamente conservador, com um presidente sob fortes suspeitas e

sendo investigado, vai rasgar a CLT porque representa uma alteração que 8 quebra um padrão mínimo equânime e igualitário para a força de trabalho e permite a desregulamentação ampliada de todos os setores da classe de trabalho brasileira. Comete o maior ataque as conquistas históricas dos trabalhadores desde a criação da CLT nos anos 40. Deputad@s, é importante relembrar o que diz o presidente da CUT/RS, Claudir Nespolo, a terceirização implica em desemprego, salários menores, estímulos à demissão, maiores jornadas, mais acidentes de trabalho e riscos de desamparo de empresas que vão à falência sem compromisso algum com os trabalhadores. Dizemos nós: A terceirização escraviza, mutila e mata! E não é este, certamente o legado que queremos deixar, depois de termos construído o novo Brasil. Sabemos que o Brasil sofre reflexos pesados da crise econômica mundial, provocada pelo sistema financeiro internacional que eclodiu nos Estados Unidos em 2008, mas estilhaçou prejuízos no mundo inteiro, sem que ninguém tenha se recuperado até hoje. Ao contrário, há países que ainda padecem de altas taxas de desemprego,

convivem com a criminalização de imigrantes e também sofrem tentativas 9 de precarização dos direitos trabalhistas. Nem mesmo os Estados Unidos recuperaram a saúde financeira porque esgotou-se o receituário neoliberal capitalista. Recorro à outra opinião para reforçar esta posição. Antônio Gelis- Filho, da Fundação Getúlio Vargas, assegura que é muito difícil fugir da conclusão de que atingimos uma etapa crítica na transição entre o sistema-mundo capitalista que conhecemos e algo que ainda está por vir. Parece ter expirado o prazo de validade do modelo adotado pelos países ricos para lidar com a crise estrutural que se tornou mais visível a partir de 2008.... Só os mais ricos, como sempre, lucraram com a situação crítica, que sempre atinge, com mais força, os menos fortes. Aqui no nosso país não é diferente. Os mais poderosos seguem com mais poderio econômico e em geral são herdeiros de grandes fortunas, que não têm taxadas as heranças. São os herdeiros dos grandes conglomerados capitalistas, de comunicação inclusive, que amparam elites ciosas de seus privilégios, benesses e

10 impunidades. Se é legítimo que acumulem capital mesmo que, às vezes, às custas de sonegação e de suborno como indicam operações da Polícia Federal devem pagar tributos proporcionais à dimensão deste acúmulo superlativo. É certo que o Brasil necessita de uma reforma política que enfrente, por exemplo, o financiamento das campanhas eleitorais, atacando a raiz do desequilíbrio financeiro que também contribui para elevar a corrupção promovida por empresários e candidatos desonestos. Mas é preciso também uma urgente reforma tributária. É preciso, portanto, taxar as grandes fortunas para que os trabalhadores não paguem a conta, mais uma vez, e sejam novamente injustiçados. Tratase de uma questão de justiça. Pois ainda há mais injustiça tributária, desigualando os iguais. --------------- Por outro lado, aqui no RS temos um cenário ainda agravado pelos exemplos recentes de um receituário bem conhecido, que sempre deu errado mas que é repetido pelo atual mandatário eleito há quase seis meses, mostrando uma paralisia de gestão que surpreende e preocupa os gaúchos e inclusive seus

11 aliados. O ambiente é de tensão não só pela inação mas, sobretudo, pelas informações que o governo divulga, usando a mídia para expor balões de ensaio, aterrorizando os servidores públicos. Já se passou cerca de meio ano desde as eleições e o chefe do Executivo permanece paralisado, quem sabe prisioneiro do personagem criado para fins eleitorais. Enquanto isso, um ambiente de pessimismo institucional se estabelece no Rio Grande, formulado por intencionais premissas, do caos financeiro e da má herança do antecessor, alimentado por caravanas governamentais histriônicas e midiáticas em que, contraditoriamente, a gestão gasta recursos para tentar convencer a população que não tem recursos. E o que fica: a ameaça de desemprego de servidores públicos, o risco de aumento de impostos e a possibilidade de venda do patrimônio público se somam ao calote aos fornecedores do estado, à paralisação de obras, cortes em investimentos sociais, falta de professores nas escolas, falta de promoção de concursados, remontando a receita bem conhecida praticada

por governos anteriores, que servem de referência ao atual mandatário 12 gaúcho. Portanto, infelizmente, são escassas as nossas esperanças de melhoras em solo riograndense. ------------------- Por isso, Presidenta, com a senhora, temos certeza que podemos contar. Com sua coragem e a determinação com que tem conduzido a Nação soberana, que não se ajoelha mais diante do FMI como acontecia em eras recentes antes da presidência de Lula. E que também não pode se vergar ao diagnóstico recessivo, que levará o Brasil obrigatoriamente ao retrocesso. O ministro da Fazenda fala em ajustes fiscais, cortes e austeridade, acentuando um cenário de dificuldades. Como se nós fossemos somente números de uma equação matemática para ajustar o PIB. Somos a favor da responsabilidade fiscal, mas com responsabilidade social. Talvez o melhor, minha presidenta, neste momento, seja propor um convite a sua sensibilidade social para que se dirija à Nação. Para conversar com a população, esclarecer sua posição e explicar como vamos vencer os reflexos

13 da crise mundial, sem que os trabalhadores sejam sobrecarregados. A senhora poderia usar regularmente por uma ou até duas horas, as concessões públicas e rádio e TV, para expor os fatos e informar o povo em geral, contrariando a versão dos grupos midiáticos, que preservam os interesses econômicos, secundarizando as abordagens de cunho social, os ganhos e as conquistas da cidadania que não são divulgados. Oferecendo o contraponto as narrativas impostas ao imaginário coletivo, por grupos que detém monopólios e oligopólios de canais de TV, emissoras de rádio, jornais e plataformas nas redes sociais. Que se esmeram em criminalizar a política e ignorar que são nestes governos recentes, que começou o combate efetivo à corrupção, sem interferência nos órgãos de fiscalização e controle. O diálogo que me atrevo a propor, presidenta, deveria ser frequente, constante e marcado pela transparência e sinceridade absolutas entre o governo e a população, sem o filtro midiático das edições pautadas pelos grandes veículos de propriedade dos mais empoderados economicamente. Que se atemorizam quando se fala em reforma tributária justa, taxação

das grandes fortunas, impostos sobre heranças, combate a sonegação e 14 democratização da mídia. Neste diálogo, nós, cidadãos, trabalhadores, podemos contribuir para que o governo corrija rumos, para que afaste o temor da recessão e especialmente para que nos informe acerca da verdadeira estratégia de retomada do crescimento no nosso País. Basta se dispor a falar e também ouvir aqueles que dão sustentação ao nosso governo, presidenta, com o mesmo respeito que reservamos a sua biografia e à crença de que queremos o mesmo: um país mais justo e mais igualitário para todos os brasileiros. Os trabalhadores não querem fortunas, às vezes amealhadas por desvios ou corrupção. Querem trabalho digno e um cotidiano decente projetando uma vida melhor. A senhora sabe, que não recebemos a chancela das urnas e, sobretudo, dos trabalhadores, pela quarta vez em outubro, para autorizarmos retrocessos, precarizações do trabalho e muito menos fazermos coro com receitas de austeridades repudiadas em todos os quadrantes do mundo. Como comprovam as grandes manifestações de hoje em todo país, sintetizadas

na presença dos trabalhadores nesta casa, que ontem por resultado de 15 muita pressão e mobilização, impuseram a primeira derrota ao famigerado PL 4330 na Câmara. Elegemos a senhora, presidenta Dilma, para seguirmos à frente na construção de uma sociedade de direitos e não para retrocedermos ao conservadorismo e suas expressões atuais e militantes de intolerância. Portanto, a Senhora sabe, só tem sentido nossa luta, se aprofundarmos as mudanças e transformações no nosso país, se fortalecermos a democracia, se combatermos incansavelmente a corrupção e se continuarmos avançando nas leis trabalhistas e na defesa e geração de empregos e na proteção de direitos. E pra finalizar, nobres deputad@s federais e nossos pares deste legislativo, podem ter certeza, que se o voto nesta tarde lá na Câmara for consciente, pregado e sintonizado com as relações sociais que deram origem as suas representações, e não meramente de disputa política com o governo, a conclamação dos trabalhadores gaúchos e brasileiros é uma só: DIGAM NÃO AO RETROCESSO, SIM AO AVANÇO E VOTEM NÃO AO PL4330!

16 Muito obrigado. 150415