UTILIZAÇÃO DO PLASMA RICO EM PLAQUETAS AUTÓLOGO NA RINOPLASTIA PRIMÁRIA



Documentos relacionados
CIRURGIA DO NARIZ (RINOPLASTIA)

Bursite do Olécrano ou Bursite do Cotovelo

Nefrolitotripsia Percutânea

CIRURGIAS ORTOGNÁTICAS

RINOPLASTIA Cirurgia Plástica no Nariz

OTOPLASTIA ESTÉTICA (CIRURGIA DE ORELHA):

Pedro e Lucas estão sendo tratados com. Profilaxia

Avaliação da Fisioterapia em Pré e Pós Cirurgia Plástica

CIRURGIA DE RINOSSEPTOPLASTIA. Informações sobre a cirurgia

BLEFAROPLASTIA (cirurgia plástica das pálpebras)

Os seus dentes, naturalmente. sãos. PRGF -Endoret BENEFÍCIOS DO PLASMA RICO EM FATORES DE CRESCIMENTO bioseguro 100 % autólogo patenteado

Displasia coxofemoral (DCF): o que é, quais os sinais clínicos e como tratar

Urologia Pediátrica Dr. Eulálio Damazio

MAMOPLASTIA REDUTORA E MASTOPEXIA

Utilização do plasma rico em plaquetas autólogo nas cirurgias de enxertos cutâneos em feridas crônicas

AVALIAÇÃO DE INTERFACES UTILIZANDO O MÉTODO DE AVALIAÇÃO HEURÍSTICA E SUA IMPORTÂNCIA PARA AUDITORIA DE SISTEMAS DE INFORMAÇÕES

CIRURGIA DE OTOPLASTIA (PLÁSTICA DE ORELHAS) Termo de ciência e consentimento livre e esclarecido

GRUPO HOSPITALAR CONCEIÇÃO HOSPITAL NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS

A Estética da Mama CLÍNICA FERNANDO BASTO

CURSO AVANÇADO DE MANUTENÇÃO DA VIDA EM QUEIMADURAS

CONCEITO. É definido como um material colocado no interior de uma ferida ou cavidade, visando permitir a saída de fluídos ou ar que estão

É uma fratura comum que ocorre em pessoas de todas as idades. Anatomia. Clavícula

O objetivo da rinoplastia estética é o resultado harmônico e natural, com traços adequados ao rosto da pessoa.

GUIA DO PACIENTE. Dynesys Sistema de Estabilização Dinâmica. O Sistema Dynesys é o próximo passo na evolução do tratamento da dor lombar e nas pernas

Marcelo c. m. pessoa

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ENFERMAGEM SAMANTHA CORREA VASQUES

Implante de Silicone nos Seios. 8 Questões frequentes

Recebimento de pacientes na SRPA

A Meta-Analytic Review of Psychosocial Interventions for Substance Use Disorders

TROMBOSE VENOSA PROFUNDA (TVP) E TROMBOEMBOLISMO PULMONAR (TEP)

Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva

Câncer de Próstata. Fernando Magioni Enfermeiro do Trabalho

VIVER BEM OS RINS DO SEU FABRÍCIO AGENOR DOENÇAS RENAIS

Meditação Diária. Guia pessoal para praticar meditação

OTOPLASTIA (CIRURGIA ESTÉTICA DAS ORELHAS)

Método de obtenção do gel de plasma rico em plaquetas autólogo

CRIOLIPÓLISE. EQUIPAMENTOS MÉDICO-ESTÉTICOS

TEMA: Uso de Calcitriol no hipoparatireoidismo após cirurgia de tireóide

Análise de Dados do Financeiro

Produção, Armazenamento e Procedimentos de Hemocomponentes

Tipos de tratamentos utilizados para os pectus: vantagens e desvantagens de cada um

Artroscopia do Cotovelo

PACIENTE Como você pode contribuir para que a sua saúde e segurança não sejam colocadas em risco no hospital?

SALSEP cloreto de sódio Solução nasal 9 mg/ml

Otite média aguda em crianças Resumo de diretriz NHG M09 (segunda revisão, fevereiro 2013)

Breve Panorama Histórico

EXERCÍCIO E DIABETES

Pós operatório em Transplantes

Médico formado pela. Sobre o Autor. Implante de Silicone nos Seios. Dr. João Carlos Correa Eschiletti

Lesão do Ligamento Cruzado Posterior (LCP)

MINISTÉRIO DA SAÚDE SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE

Cefaleia crónica diária

MANUAL DO USUÁRIO SORE Sistema Online de Reservas de Equipamento. Toledo PR. Versão Atualização 26/01/2009 Depto de TI - FASUL Página 1

RESOLUÇÃO CREMEC nº 44/ /10/2012

MAPEAMENTO ELETROANATOMICO NA ABLAÇÃO. Cristiane Miranda Hospital São Lucas - RJ

Implantação. Prof. Eduardo H. S. Oliveira

Aos bioquímicos, técnicos de laboratório e estagiários do setor de imunologia.

42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de Curitiba - PR 1

FARMACOVIGILÂNCIA MEDQUÍMICA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA MANUAL PARA PREENCHIMENTO DO FORMULÁRIO DE NOTIFICAÇÃO DE SUSPEITAS DE REAÇÕES ADVERSAS

O que é Avançada técnica cirúrgica com excimer laser que possibilita a correção refrativa da visão.

NARIZ. TUDO sobre. cirurgia de

ORIENTAÇÕES SOBRE ACESSOS VASCULARES PARA TRATAMENTO DE HEMODIÁLISE. Contactos: Unidade de Hemodiálise:

COMUNICAÇÃO ENTRE ENFERMEIROS E IDOSOS SUBMETIDOS À PROSTATECTOMIA

Centro Médico. Plínio de Mattos Pessoa

CENTRO DE APOIO OPERACIONAL DE DEFESA DA SAÚDE CESAU. Av. Joana Angélica, 1312, Prédio Principal, sala 404 Nazaré. Tel.: / 6812.

Processo de Consolidação das Fraturas Consolidação Óssea

Tipos de malha de Controle

Artrodese do cotovelo

Implantes Dentários. Qualquer paciente pode receber implantes?

Este capítulo é divido em duas seções, a primeira seção descreve a base de

GesToc Gestão de Transferências entre Estoques Versão 7.1 Roteiro: Programação Diária

GUIA PARA PACIENTES. Anotações

Medida da velocidade de embarcações com o Google Earth

JUN Revista Veja 2010

Retinopatia Diabética

PROGRAMA DE ANTICOAGULA- ÇÃO ORAL COMO FUNCIONA

DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM EM RADIOTERAPIA

ACIDENTE E INCIDENTE INVESTIGAÇÃO

1. INTRODUÇÃO TIPOS DE TRANSPORTE Transporte intra-hospitalar: Transporte inter-hospitalar:...6

GLOSSÁRIO ESTATÍSTICO. Este glossário apresenta os termos mais significativos das tabelas do Relatório Estatístico Mensal.

Luxação da Articulação Acrômio Clavicular

VERIFICAÇÃO (CHECAGEM) DO APARELHO DE ANESTESIA

LESÕES DOS ISQUIOTIBIAIS

Traumaesportivo.com.br. Capsulite Adesiva

O IMPACTO DO PROGRAMA DE GINÁSTICA LABORAL NO AUMENTO DA FLEXIBILIDADE

Dr. Athanase Christos Dontos

APOSTILA PRIMEIROS SOCORROS À CRIANÇA NA ESCOLA

Treino de Alongamento

Médicos e Enfermeiros

As disfunções respiratórias são situações que necessitam de intervenções rápidas e eficazes, pois a manutenção da função

Cirurgia nas mamas. Mamas femininas

PLANO ESTRATÉGICO PARA ENFRENTAMENTO DA DENGUE NO CEARÁ 2011

Gestão de Relacionamento com o Cliente CRM

Última revisão: 08/08/2011 TRACIONADOR DE FÊMUR

P R O S T AT E C T O M I A R A D I C A L L A P A R O S C Ó P I C A

CURSO: Desenvolvimento Web e Comércio Eletrônico DISCIPLINA: Gestão da Qualidade Professor: Ricardo Henrique

artrite reumatoide Um guia para pacientes e seus familiares

Azul. Novembro. cosbem. Mergulhe nessa onda! A cor da coragem é azul. Mês de Conscientização, Preveção e Combate ao Câncer De Próstata.

MANUAL DE UTILIZAÇÃO DO MÓDULO DA FARMÁCIA AGHU

DOENÇAS CARDÍACAS NA INSUFICIÊNCIA RENAL

Transcrição:

UTILIZAÇÃO DO PLASMA RICO EM PLAQUETAS AUTÓLOGO NA RINOPLASTIA PRIMÁRIA USE OF PLATELET-RICH PLASMA AUTOLOGOUS RHINOPLASTY IN PRIMARY VINICIUS JULIO CAMARGO 1 RESUMO Introdução: A concordância existente para a utilização de preparados de plasma rico em plaquetas autólogo em cirurgias plásticas oferece um forte embasamento para que outras cirurgias estéticas também possam ser aprimoradas. Objetivo: Avaliar o potencial efeito do plasma rico em plaquetas autólogo na redução das equimoses e do edema após a rinoplastia primária.método: Foram avaliados 18 casos consecutivos de rinoplastia primária associando a aplicação de plasma rico em plaquetas autólogo nas áreas de descolamento e osteotomias do nariz. Resultados: Demonstrou-se a possibilidade de redução no grau de equimoses e o rápido desaparecimento destas após a cirurgia. O benefício em impedir a formação do edema é menor, mas este se apresentou em grau leve na maioria dos casos. Conclusão: A utilização do plasma rico em plaquetas autólogo como agente redutor dos sinais decorrentes da rinoplastia foi demonstrada pelas manifestações brandas do edema e das equimoses, permitindo um pequeno tempo de recuperação até o seu completo desaparecimento. DESCRITORES: ABSTRACT 1. Rinoplastia; 2. Plaquetas; 3. Nariz. Introduction: The existing agreement for the use of preparations of autologous platelet-rich plasma in plastic surgery offers a strong foundation for other cosmetic surgeries can also be improved. Objective: To evaluate the potential effect of autologous platelet-rich plasma in reducing bruising and swelling after primary rhinoplasty. Method: We evaluated 18 consecutive cases of primary rhinoplasty involving the application of autologous platelet-rich plasma in the areas of detachment and osteotomies nose. Results: The results confirm the possibility of reducing the degree of bruising and rapid loss of these after surgery. The benefit in preventing the formation of edema is lower, but this is presented as mild in most cases. Conclusion: 1. Membro Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica The use of autologous platelet-rich plasma as a reducing agent of the signals arising from events rhinoplasty was demonstrated by mild edema and ecchymoses, allowing little time to recover to its complete deletion. KEYWORDS: 1. Rhinoplasty; 2. Platelet; 3. Nose. INTRODUÇÃO A cirurgia estética do nariz ainda envolve um considerável risco de deslocamento das estruturas ósseas e um longo período de recuperação até o completo desaparecimento das equimoses e do edema na região operada. Como um problema persistente, essas manifestações podem causar desconforto e dificuldade na exposição pessoal dos pacientes submetidos à cirurgia (1). Concomitante a isso, inúmeros são os benefícios atribuídos aos derivados plasmáticos plasma rico em plaquetas (PRP) e plasma pobre em plaquetas (PPP) mas, seu maior destaque, é na aceleração do processo de hemostasia e na cicatrização de tecidos (2,3,4,5). Atualmente, a concordância existente para a utilização de preparados de plasma rico ou plasma pobre em plaquetas nas cirurgias de ritidoplastia (6), micro transplante capilar (7) e enxertias de gordura (2) oferece um forte embasamento para que outras cirurgias estéticas também possam ser aprimoradas com esses recursos. OBJETIVO Este estudo tem por objetivo avaliar o potencial efeito do plasma rico em plaquetas autólogo na redução das equimoses e do edema após a rinoplastia primária e sua participação no processo de estabilização das estruturas ósseas mobilizadas durante a cirurgia. MÉTODOs Neste estudo, definiu-se por avaliar casos consecutivos de rinoplastia primária associando a aplicação de plasma rico em plaquetas autólogo 10

nas áreas de descolamento e osteotomias do nariz. Após a consulta inicial, com a avaliação geral e o planejamento cirúrgico, todos os pacientes foram submetidos à avaliação clínica/cardiológica, sendo considerados aptos para o procedimento. Preferencialmente no dia anterior à intervenção cirúrgica, fez-se a documentação fotográfica inicial e esclarecimento de dúvidas aos pacientes. PREPARAÇÃO DO PLASMA RICO EM PLAQUETAS A coleta do sangue para preparação do PRP foi realizada anes do início da cirurgia.com o auxilio de seis tubos de 4,5 ml carregados a vácuo, contendo citrato de sódio (anticoagulante), obteve-se cerca de 30 ml de sangue total. Os tubos foram distribuídos de maneira simétrica na centrifuga (Centribio 80-2B) e se programou a centrifugação com força de 200g, adaptando o número de rotações de acordo com o raio da centrífuga (8), por 10 minutos.removeu-se o plasma sobrenadante, distribuindo o material aspirado em outros dois frascos, sem anticoagulante, para uma nova centrifugação. Figura 2 Aplicação do plasma rico em plaquetas autólogo nas linhas de fraturas mediais e no dorso nasal. Figura 3 Acesso pela incisão realizada na abertura piriforme para aplicação do PRP na linha de osteotomia lateral. Figura 1 Porção correspondente ao terço inferior do plasma, contendo maior concentração de plaquetas (PRP), após a centrifugação e aspiração dos dois terços superiores. Esses frascos foram colocados na centrífuga em posições opostas e fez-se a centrifugação com força de 400g, por 10 minutos. A porção superior do plasma centrifugado possui menor número de plaquetas (PPP). Depois da sua retirada (2/3 superiores) por aspiração resta a porção inferior, com maior concentração de plaquetas (PRP) (Figura 1). Embora todas as porções pudessem ser utilizadas, dependendo do objetivo proposto, para este estudo deu-se preferência somente à porção correspondente ao PRP. Na rinoplastia, após a correção das deformidades anatômicas apresentadas em cada caso, a revisão rigorosa da hemostasia e a certificação de que todas as estruturas estavam adequadamente tratadas, foi realizada a aplicação do PRP. Procedeu-se o revestimento da linha das fraturas mediais dos ossos nasais com PRP, dando preferência a sua forma em gel (Figura 2). O PRP foi utilizado em forma líquida nos túneis laterais, facilitando também a sua aplicação (Figura 3). O gel pode se liquefazer mediante agitação do recipiente (8). Foram utilizados 1,5 a 2 ml em cada lado, dependendo do volume de PRP disponível. As suturas internas foram realizadas após o posicionamento do PRP no dorso nasal e antes da aplicação nos túneis das osteotomias laterais. Utilizou-se como rotina na cirurgia: profilaxia antibiótica, anti-inflamatório não esteroide, analgésico e dose única de corticoide (Hidrocortisona 500 mg) endovenosos. Os níveis tensionais foram mantidos estáveis durante todo o procedimento e não se utilizou fármacos que pudessem interferir diretamente na coagulação. A imobilização foi realizada com fitas de micropore e tala termo moldável O tamponamento nasal foi mantido até o momento da alta hospitalar, geralmente ao final do dia da cirurgia. No pós-operatório, todos os pacientes receberam orientações como: repouso, manter a cabeça elevada ao deitar e a utilização de compressas com soro fisiológico gelado sobre os olhos. Recomendava-se não ficar exposto excessivamente à luz ou permanecer em frente a telas de computador e televisão. Medicamentos orais foram utilizados rotineiramente, 11

incluindo anti-inflamatório não esteroide e analgésico, nos cinco dias subsequentes à cirurgia. Indicouse o uso de descongestionante nasal em períodos regulares. Para avaliar precisamente a recuperação, não foram usadas pomadas, cremes ou outros recursos terapêuticos para redução das equimoses e do edema nos casos estudados. Coleta de dados: A evolução pós-operatória foi acompanhada através de avaliações e registros fotográficos realizados no 7º, 15º e 30º dias, respectivamente. As avaliações foram feitas de forma objetiva, observando as manifestações clínicas de equimose, edema e mobilidade óssea, classificando-as de acordo com o seu grau: ausente, leve, moderado e severo. Os resultados foram submetidos à análise estatística, utilizando o Teste Qui Quadrado com correção de Yates, o Teste exato de Fisher e o Teste de hipótese para a proporção binomial. Equi = equimose; Edem= edema; I oss= Instabilidade óssea; A= ausente; L= leve; M=moderada A pouca presença de equimoses foi evidente, apresentando evolução similar nos dois lados da face de cada paciente, na maioria dos casos. Observou-se diferença no grau de equimoses nas duas primeiras avaliações (realizadas no 7º e 15º dias após a cirurgia) em dois pacientes, sendo considerado o lado mais acometido para análise dos resultados. Figura 4 Pós-operatório de 7 dias, demonstrando a presença de equimose em grau leve. RESULTADOS Foram incluídos no estudo 18 pacientes, submetidos à rinoplastia primária com osteotomias. O perfil epidemiológico dos pacientes e os resultados estão demonstrados a seguir (Tabela 1). Tabela 1 Perfil epidemiológico, cirurgias realizadas e evolução pós-operatória. F= feminino; M= masculino; Queixa Princ.= queixa principal; D= dorso; P= ponta; Osteótom.= osteótomo; Corr. Func.= correção funcional do nariz; Pr. Assoc.= procedimento associado; Ment+LS= mentoplastia +lipoaspiração de submento; LS= lipoaspiração de submento; Alta Hosp.= alta hospitalar; Dif. Resp= dificuldade respiratória. Na série examinada (Tabela 2), houve uma evolução com sinal leve de equimose em onze casos, alcançando 61,1% (Figura 4). A presença de equimose moderada após sete dias da cirurgia esteve presente em quatro casos, índice de 22,2%. Tabela 2 Evolução pós-operatória de equimose, edema, dor e instabilidade óssea. Avaliações objetivas realizadas no 7º, 15º e 30º dias. 12

Figura 5 Pós-operatório de 7 dias, demonstrando a ausência de equimose. Três casos (16,6%) não apresentaram sinais de pigmentação na pele no primeiro controle pósoperatório (Figura 5), sendo estatisticamente significativo para a amostra (p-valor = 0,0075). No controle de 15 dias, três (16,6 %) pacientes apresentavam equimoses, sendo considerada de grau leve. Nenhum dos casos avaliados apresentava sinais de pigmentação cutânea no controle de 30 dias. O edema da região periocular e nasal esteve presente em todos os casos, com resolução progressiva e tendo sido considerado leve no segundo controle após a cirurgia (realizado no 15º dia) em dez (55,5%) casos. Oito pacientes (44,4%) apresentavam edema leve no controle de 30 dias. Quando foram relacionadas às manifestações de equimose, edema e instabilidade óssea a presença ou ausência de dor, verificou-se o seguinte: no grupo com presença de dor no primeiro controle pós-operatório encontraram-se os casos com maior grau de equimose quando comparado ao grupo sem relato de dor (p-valor = 0,023). Além disso, os três pacientes que não apresentavam equimoses não referiram dor no primeiro controle pós-cirúrgico. Não foram registrados episódios de hemorragia e surgimento de hematoma severo na série estudada. DISCUSSÃO A cirurgia estética do nariz costuma evoluir com significativo grau de equimose e edema. Além disso, o risco de deformidades tardias consequente à instabilidade óssea após osteotomias ainda é um fator preocupante. Seguindo as recomendações já estabelecidas da aplicação do plasma rico em plaquetas autólogo em ritidoplastias e observando os resultados favoráveis obtidos com esse recurso, decidiu-se por estender a sua utilização para os casos de rinoplastia primária com osteotomias, na expectativa que as manifestações dela decorrentes pudessem ser reduzidas pela atuação das plaquetas. Os relatos iniciais de utilização do plasma rico em plaquetas envolviam uma estrutura complexa de equipamentos e pessoal. Atualmente essa utilização é mais prática e menos onerosa. Sendo que vários estudos demonstraram possibilidades distintas de uso, com diferentes técnicas de preparação (4,6,9). Considera-se que o PRP pode atingir uma concentração plaquetária três a seis vezes maior que a do sangue (3). Com a evolução das pesquisas e o esforço em criar uma padronização do método, Vendramin (10) definiu as três variáveis importantes que influenciam na qualidade do plasma rico em plaquetas: força de centrifugação, tempo de centrifugação e redução do volume plasmático. Aplicou-se neste estudo a força de 200g (10 minutos) na primeira e força de 400g (10 minutos) na segunda centrifugação. A redução do volume plasmático foi de dois terços, mantendo assim o padrão de preparo PRP e facilitando a obtenção de volume suficiente para o objetivo proposto. No processo de separação do plasma, devese observar o desejo de utilizar o plasma com baixa concentração de plaquetas (PPP, cola de fibrina autóloga) ou a porção rica em plaquetas (PRP/ gel de plaquetas). A aplicação do gel de plaquetas e da cola de fibrina em cirurgias cosméticas acelera a cicatrização, reduz o tempo cirúrgico, elimina a utilização de drenos e diminui a dor no pósoperatório (2). O uso de plasma pobre em plaquetas ou cola de fibrina autóloga em ritidoplastias com descolamento de retalho proporciona resultados pós-operatórios satisfatórios, com bom retorno às atividades diárias, menos edema, poucas equimoses e livre de intercorrências importantes (6). O gel proveniente do plasma rico em plaquetas oferece o benefício adicional de acelerar a cicatrização tecidual, pela presença de altas concentrações de fatores de crescimento e citocinas presente nas plaquetas (11). O pretendido recurso hemostático da utilização do PRP não isenta os cuidados durante a cirurgia. A exatidão em rinoplastia exige hemostasia. A falha em estabelecer uma boa hemostasia no começo da operação desencadeia uma cascata 13

de eventos negativos e influencia na morbidade de curto prazo e os resultados de longo prazo (12). A abordagem aberta é fortemente encorajada em três situações: deformidades pós-traumáticas, cirurgias secundárias ou quando são necessárias modificações complexas da ponta nasal (13,14). Na série apresentada, esta foi a principal indicação, pelo alto índice de necessidade de atuação na ponta nasal. Contudo, a rinoplastia fechada não esteve relacionada à maior grau de edema e equimose. Nesta série de pacientes submetidos à rinoplastia e tratados com PRP ocorreram equimoses. Mas, quando presentes, apresentaram-se em grau leve a moderado. A utilização do PRP durante a cirurgia pode ajudar a reduzir o surgimento de equimoses, permitindo a simplificação dos cuidados locais e, principalmente, facilitando a exposição pessoal dos pacientes submetidos a essa cirurgia. Nos casos estudados, o emprego do PRP não impediu o surgimento do edema, o qual pode durar por vários meses após a cirurgia (15), mas obviamente reduziu a sua gravidade nos primeiros dias depois da intervenção. Conforme os dados obtidos, o PRP agiu de forma mais evidente na redução das equimose. A aplicação do PRP nos túneis subperiostais pode exercer a função hemostática e regenerativa, reduzindo o sangramento nos focos de fraturas laterais, mas não corrige eventuais falhas ocorridas na manipulação óssea durante as osteotomias nasais. CONCLUSÃO A utilização do plasma rico em plaquetas autólogo como agente redutor dos sinais decorrentes da rinoplastia foi demonstrada pelas manifestações brandas do edema e das equimoses, permitindo um pequeno tempo de recuperação até o completo desaparecimento destas. Além de facilitar a exposição pessoal precoce, sem as restrições impostas pelos curativos, a estabilidade óssea em curto prazo verificada neste estudo abre perspectivas para o menor surgimento de deformidades após a cirurgia estética do nariz com a utilização do PRP. Ressalta-se, todavia, que o emprego do PRP deve sempre ser precedido de um adequado planejamento cirúrgico, criterioso manejo das estruturas e cuidado exaustivo com a hemostasia. grafts. Oral Surg. Oral Med. Oral Pathol. Oral Radiol. Endod. 1998; 85(6):638-46. 4. Eppley BL, Pietrzak WS, Blanton M. Platelet-rich plasma: a review of biology and applications in Plastic surgery. Plast Reconst Surg 2006;118(6):147e- 59e. 5. Saltz R, Sierra D, Feldman D, Saltz MB, Dimick a, Vasconez LO. Experimental and clinical applications of fibrina glue. Plast Reconst Surg 1981;88:1005. 6. Almeida ARH, Menezes JA, Araújo GKM, Mafra AVC. Utilização de plasma rico em plaquetas, plasma pobre em plaquetas e enxerto de gordura em ritidoplastias: análise de casos clínicos. Rev Bras Cir Plást. 2008;23(2):82-8. 7. Uebel CO, silva JB, Cantarelli D, Martins P. The role of platelet plasma growth factors in male pattern baldness surgery. Plast Reconst Surg 2006;118(6):1458-66. 8. Rossi JR, Souza Filho MAP. Obtenção de trombina autógena proposta em um protocolo simplificado e de fácil reprodução clínica. Ver Paul Odontol. 2004;26(5):4-9. 9. Vendramin FS, Franco D, Franco TR. Utilização do plasma rico em plaquetas autólogo nas cirurgias de enxerto cutâneo em feridas crônicas. Rev Bras Cir Plást. 2010;25(4):589-94. 10. Vendramin FS, Franco D, Franco TR. Método de obtenção de plasma rico em plaquetas autólogo. Rev Bras Cir Plást. 2009;24(2):212-8. 11. Pierce GF, Mustoe TA, Sltrock BW, Deuel TF, Thomason A. Role of Platelet-derived factor in wound healing. J Cell Biochem. 1991;45:319. 12. Tebbets J. Rinoplastia Primária A nova abordagem lógica das técnicas. Rio de Janeiro: Di-Livros;2002. 13. Sheen JH, Sheen AP. Aesthetic Rhynoplasty. St. Louis, MO: Mosby; 1987. 14. Janis JE, Rohrich JR Rhinoplasty. In: Thorne CHM, et al.. Grabb & Smith`s Plastic Surgery. 5-ed. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins; 2007.p517-32. 15. Kelley BP, Kossy J, Hatef D, Hollier L, Stal S. Packing and postoperative rhinoplasty Management: A survey report. Aesthetic Plast Surg 2011;31(2):184-9. REFERÊNCIAS 1. Anderson JR. Minimizing hemorrhage and edem in rhinoplasty. Laringoscope. 1963; 72:232-9. 2. Man D, Plosker H, Winland-Brown JE. The use of autologous platelet-rich plasma (platelet gel) and autologous platelet-poor plasma (fibrin glue) in cosmetic surgery. Plast Reconst Surg 2001;107:229-39. 3. Marx RE, Carlson ER, Eichstaedt RM et al. Platelet-rich plasma: Growth fator enhacement for bone ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA RUA TOCANTINS 2320 SALA 701 - CENTRO CEP 85501-010 PATO BRANCO PR 14