Imobiliário atrai Fundos de Investimentos



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Transcrição:

Nº 83 Mensal Julho 2009 2.20s (IVA incluído) Imobiliário atrai Fundos de Investimentos Serralha Ferreira, Director-Geral da SILVIP, destaca a importância da rentabilidade dos Fundos de Investimento Imobiliário Conceição Caldeira Directora da EPAD Miguel Ruas Administrador da Tecnimede Especial Angola Francisco Geraldes, Administrador Julho 2009 da País Angases aconómico 3

Ficha Técnica Editorial Propriedade Economipress Edição de Publicações e Marketing, Lda. Sócios com mais de 10% do capital social Jorge Manuel Alegria Contribuinte 506 047 415 Director Jorge Gonçalves Alegria Conselho Editorial: Bracinha Vieira Frederico Nascimento Joanaz de Melo João Bárbara João Fermisson Lemos Ferreira Mónica Martins Olímpio Lourenço Rui Pestana Vitória Soares Redacção Manuel Gonçalves Valdemar Bonacho Jorge Alegria Fotografia Nuno Torres Rui Rocha Reis Grafismo & Paginação António Afonso Departamento Comercial Lídia Faísca Valdemar Bonacho (Director) Direccção Administrativa e Financeira Ana Leal Alegria (Directora) Serviços Externos Manuel Lopes Morada Avenida 5 de Outubro, nº11 1º D to. 2900-311 Setúbal Telefone 26 554 65 53 Fax 26 554 65 58 Site www.paiseconomico.eu e-mail geral@paiseconomico.eu Delegação no Brasil Aldamir Amaral NS&A Ceará Av. Santos Dumont, 3131-A-SL. 1301 Torre del Paseo Aldeota CEP: 60150-162 Fortaleza Ceará Brasil Tel.: 005585 3264-0406 Celular: 005585 9952-3149 e-mail aar@terra.com.br Pré-impressão e Impressão Printipo, Lda. Rua Mouzinho de Albuquerque, 6-C Damaia 2720-390 Amadora Tiragem 30.000 exemplares Depósito legal 223820/06 Distribuição Logista Portugal Distribuição de Publicações, SA Ed. Logista Expansão da Área Ind. do Passil Lote 1-A Palhavã 2890 Alcochete Inscrição no I.C.S. nº 124043 Lusofonia brilha no Mundo Nesta edição da País conómico prestamos especial atenção a três assuntos, que em comum registam a sua relação com o espaço lusófono no mundo, e que passamos a tecer alguns comentários sobre cada um deles. 1 Angola é um país incontornável nas relações económicas e empresariais com Portugal. No ano passado, aquele país de África atingiu a quarta posição nas exportações globais portuguesas destronando os Estados Unidos e a Inglaterra. Foram mais de 2.2 biliões de euros de exportações e mais de 757 milhões de euros de investimentos das empresas portuguesas no país. Valores que reflectem a importância e a dimensão da importância de Angola para Portugal, país para onde algumas empresas angolanas também começam a investir. Há que manter o rumo de crescimento e afirmação das empresas nacionais em Angola, mas como advertem alguns é preciso que Angola não seja vista como uma oportunidade do momento e muito menos como uma espécie de galinha dos ovos de oiro, onde de repente e em pouco tempo se pode ficar rico ou ultrapassar dificuldades estruturais em Portugal. 2 O Presidente da República, Cavaco Silva, enviou uma mensagem de apoio à realização do V Encontro Empresarial de Negócios em Língua Portuguesa, que se realizará nos dias 28 e 29 de Setembro, na cidade brasileira de Fortaleza, e que terá o apoio expresso do Conselho Empresarial da CPLP. Este Encontro constituirá uma grande oportunidade de afirmação da classe empresarial dos países que falam português, com uma perspectiva de agregação de uma força que se deve ouvir nas relações económicas empresariais, pois é necessário não esquecer que agrupamos um conjunto superior a 225 milhões de pessoas espalhadas pelos cinco cantos do mundo. 3 Está a acabar a primeira Semana de Natal em Lisboa, uma mostra de uma das cidades brasileiras que mais turistas portugueses recebe e que aposta agora num incremento do seu relacionamento com Portugal na procura de investidores portugueses que pretendam aproveitar as inegáveis oportunidades existentes na capital do Rio Grande do Norte. Ainda bem que esta mostra de Natal acontece num momento em que a cidade se prepara para acolher uma das sedes do Campeonato Mundial de Futebol em 2014 e poderá ser uma empresa portuguesa a liderar o conjunto de investidores que renovarão uma área central da capital potiguar, com a construção do novo estádio de futebol da cidade que servirá para essa competição mundial. Jorge Gonçalves Alegria 2 País aconómico Março 2009 Julho 2009 País aconómico 3

Grupo Tecnimede O rumo é a Excelência Com um percurso de três décadas, o Grupo Tecnimede tem vindo a realizar de há uns anos a esta parte um esforço notável aos níveis da Qualidade e da Inovação Tecnológica, pretendendo consolidar o rumo à Excelência. Com uma facturação que em 2008 atingiu os 100 milhões de euros, o Grupo Tecnimede investiu 20 por cento desse valor no Desenvolvimento e Investigação, criando deste modo o know-how necessário para se afirmar como um player de peso no mercado nacional e no mercado externo, onde os seus produtos são vendidos em quase todos os países da Europa. Presente há alguns anos em Marrocos através da Tecnimede Maroc, e em Espanha através da Tecnimede España o Grupo Tecnimede está agora atento a Angola, país para onde exporta através de um distribuidor, estudando a criação de uma parceria credível que lhe permita uma presença mais substancial naquela que é hoje considerada uma das economias que mais cresce em todo o mundo. Em entrevista à País aconómico, Miguel Ruas, administrador e director do Departamento Internacional do Grupo Tecnimede, falanos dos pilares que têm motivado o crescimento sustentado da sua organização. Texto VALDEMAR BONACHO FOTOGRAFIA RUI ROCHA REIS O Grupo Tecnimede nasceu oficialmente em 1978. Portanto, este familiar que se tem afirmado e consoli- já, um dado significativo. Tem sido um de uma prestigiada organização de raiz dústria farmacêutica portuguesa é, desde grupo farmacêutico português dado no competitivo ramo da indústria trajecto fácil? perguntámos a Miguel ultrapassará este ano três décadas de actividade, num percurso que se tem pautado pela melhoria e preservação da vida e da saúde humana, através do desenvolvimento e comercialização de produtos farmacêuticos com uma forte ênfase na qualidade e inovação tecnológica. Desde há três meses atrás, a País conómico decidiu publicar a primeira série de trabalhos jornalísticos sobre o sector da indústria farmacêutica nacional, tendo incluído desde logo no rol das empresas a entrevistar o Grupo Tecnimede, até porque sabia que estava na presença farmacêutica, fruto da dinâmica, experiência, vontade e perseverança dos fundadores do projecto, Jorge Ruas da Silva e Maria do Carmo Neves, respectivamente presidente e vice-presidente do conselho de administração do Grupo Tecnimede, que vêem agora em Miguel Ruas, seu filho, que no Grupo Tecnimede desempenha o cargo de administrador e director do Departamento Internacional, o grande continuador do projecto. E foi com Miguel Ruas que a País conómico marcou esta entrevista. Mais de trinta anos de presença na in- Ruas. «Não existem trajectos fáceis, embora como tudo na vida, hajam momentos melhores e momentos piores». Uma pausa breve, para entrar numa explicação mais detalhada. «Quando a Tecnimede começou a indústria farmacêutica aqui em Portugal era muito distinta do que é hoje. Foi necessário adequar a empresa a várias exigências fundamentais que vão desde o desenvolvimento do produto ao nível da própria qualidade. Foram processos que evoluíram imenso. Por outro lado, a própria União Europeia permite que na nossa actividade as empresas possam ter 70 País aconómico Julho 2009 Julho 2009 País aconómico 71

os produtos registados / comercializados em todos os países da União Europeia ao mesmo tempo o que facilitou a entrada e a concorrência com empresas multinacionais. Tivemos uma fase inicial que correu muito bem, mas por volta dos anos noventa sentiu-se alguma desaceleração no crescimento, fruto talvez do efeito da concorrência (a entrada na EU obrigou as empresas e reinvestirem nelas próprias) e, naturalmente, que nesse período houve a preocupação de centrar e organizar a empresa para que ela correspondesse a essas exigências, já que a estratégia (pelo menos no nosso caso) em vez de ser local passou a ser europeia, o que permitiu (felizmente para nós nesta fase) um novo impacto positivo no crescimento da Tecnimede. Actualmente enfrentamos um novo desafio relacionado com a crise internacional e com a situação estratégica do que são as políticas governamentais. Mas a nível europeu (este ainda é o nosso maior mercado) tem sido um pouco complicado porque as margens têm vindo a ser reduzidas. Os preços têm estado a baixar não só em Portugal mas em todos os países europeus, se bem que essa redução de preço e logo de margem tenha sido gerida de forma diferente nos vários mercados», recordou Miguel Ruas. Tecnologia é muito importante no êxito da Tecnimede A força da Internacionalização Mesmo assim o Grupo Tecnimede tem sabido crescer de maneira sustentada no mercado nacional? insistimos. «Temos sabido crescer, seguindo a estratégia que definimos. No caso concreto do Grupo Tecnimede começámos como uma empresa comercial, com uma valência puramente comercial, e dentro do que definimos como objectivo para o grupo: Internacionalização e Independência fomos desenvolvendo novas valências. Duma valência puramente comercial passámos a ter uma valência fabril (temos actualmente duas fábricas em Portugal) e um centro de Investigação e Desenvolvimento, valência importante (mesmo essencial) que acabou por consolidar a independência do Grupo. O facto de desenvolvermos os produtos que comercializamos permite-nos não ter quaisquer restrições em relação aos mercados onde nos queremos mover, não tendo também restrições em vender o nosso know-how a outras empresas a nível mundial», referiu o administrador e director do Departamento Internacional do Grupo Tecnimede. A vertente da Internacionalização para o Grupo Tecnimede (que agrega as empresas Tecnimede, Farmoz, Labor Qualitas, Pentafarma, West Pharma, e Atlantic Pharma) representa neste momento cerca de 35 por cento do volume total da facturação do Grupo, razão para pedirmos a Miguel Ruas que abordasse esta questão. «O Grupo Tecnimede tem duas formas distintas de internacionalização. Uma pode ser definida por participação directa num mercado e consiste na abertura de empresas Tecnimede noutros países. Exemplo desta forma de internacionalização é do presença do Grupo há dez anos em Marrocos com a Tecnimede Maroc, e em Espanha através da Tecnimede España onde temos também uma presença de cerca de oito anos. Temos uma outra vertente de internacionalização (e essa não é visível) que está relacionada com a Investigação & Desenvolvimento. Temos uma lista já com mais de 50 produtos desenvolvidos em Portugal pelo Grupo Tecnimede (no Centro de Investigação e Desenvolvimento que construímos de raiz) para os quais fazemos os estudos clínicos no Canadá e em Espanha, e com base neste know-how que dispomos, posso-vos afirmar que em quase toda a Europa se vendem produtos Tecnimede, mas comercializados com as marcas de empresas locais», sublinhou Miguel Ruas, que acrescentou: «Esta é uma forma de rentabilizar os custo com a Investigação e Desenvolvimento e permitir à empresa ter conhecimento dos mercados de forma indirecta (quando tomamos uma decisão sobre um destes mercados já temos um conhecimento mais forte e sustentado desse mesmo mercado)». Vocacionado para o Mercado Externo, o Grupo Tecnimede está atento à evolução do mercado angolano, procurando neste momento um parceiro credível com quem possa fazer uma «parceria profícua e duradoira». Maria do Carmo Neves, vice-presidente do Grupo Tecnimede, também ela presente nesta entrevista, falou deste propósito do Grupo Tecnimade. «Neste momento fazemos exportações para Angola através de um distribuidor, mas já estamos a procurar parceiros com quem possamos construir algo mais consistente. Consideramos Angola um mercado muito promissor e, por outro lado, há que levar em conta que Angola e Portugal têm a mesma ideologia reguladora, facto que para nós, Grupo Tecnimede, é importante uma vez que nestas áreas temos expertise para o mercado eu- 72 País aconómico Julho 2009

ropeu, e expertise para o mercado angolano. E como temos uma gama de produtos bastante diversificada para todas as áreas terapêuticas, seria muito mais fácil no aspecto regulamentar». Investimentos fortíssimos na investigação O Grupo Tecnimede tem realizado investimentos fortíssimos ao nível da investigação. «Permitem-nos rentabilizar as fábricas e também o nosso Centro de Investigação & Desenvolvimento, que hoje já conta com 60 pessoas que se dedicam exclusivamente à I&D e tem um impacto muito grande no contexto da nossa facturação. Vamos também dando os nossos passos e ganhando know-how em áreas da Biotecnologia, a nanotecnologia e na cultura de células. «Há vários anos que o Grupo Tecnimede é mencionado pelo Governo como sendo uma das 50 empresas em Portugal (de todos os sectores) que mais investe em Investigação & Desenvolvimento. Em 2008 a facturação do Grupo Tecnimede foi de cerca de 100 milhões de euros, e cerca de 20% dessa facturação foram destinados à I&D, o que não deixa de ser significativo». Uma visão sobre os genéricos O Grupo Tecnimede trabalha muito com medicamentos genéricos, e a decisão governamental de baixar o preço dos genéricos em Portugal tem vindo a suscitar alguma polémica no sector farmacêutico. Por isso mesmo colocámos a questão a Miguel Ruas, que, a propósito deste tema teceu as seguintes considerações. «Em termos de empresa temos de reagir favoravelmente e adaptarmo-nos, mas em termos da política em si, a nossa reacção foi desfavorável, por um motivo. Quando se discute os genéricos temos sempre a questão social (o preço do medicamento) e todos nós (eu incluído) também achamos que os medicamentos têm que ter um preço acessível. No entanto, como todo e qualquer outro bem o preço acessível não pode ser um preço que inviabilize a comercialização do mesmo ou que crie distorções de mercado. Grupo investe muito na investigação Num extremo pode impedir que as empresas se desenvolvam ou internacionalizem. Se queremos ter indústria farmacêutica em Portugal, e queremos que as empresas portuguesas coloquem produtos no mercado ao custo mínimo, dificilmente as mesmas se irão desenvolver, internacionalizar, ou liderar sectores de tecnologia e Investigação e Desenvolvimento. O país em si perde», comentou Miguel Ruas, que prosseguiu o seu raciocínio. «Em relação à medida em si creio que poderia ter sido gerida de forma diferente atendendo aos seguintes pontos: Primeiro, a redução é muito forte e contraria contratos que as empresas tinham com o Governo. Ou seja, a indústria farmacêutica discutiu durante vários anos protocolos com as nossas autoridades que tentavam regular o mercado. Com base nesses protocolos, as empresas tomam decisões sobre estratégia e sobre investimento. E esses protocolos diziam que durante três anos os preços seriam geridos de um determinado modo. Isto foi quebrado sem pré-aviso. Claro que as empresas que decidiram investir e recorreram à Banca, incorreram numa série de riscos e hoje estão numa situação desfavorável. Este aspecto desde logo não me parece bem. Mas outro ponto que para mim como pessoa da indústria farmacêutica é difícil de entender é que a despesa dos genéricos no mercado português não é a mais elevada no Sistema Nacional de Saúde. E esta medida teve um efeito imediato apenas nos genéricos. E o que é nós vemos depois? Infelizmente, quando há preços muito baixos, constata-se que não há genéricos no mercado. E isto não acontece só em Portugal, acontece em vários países, só que são sistemas diferentes. Por exemplo em Espanha, que podemos considerar um mercado semelhante ao nosso, herdou esta medida há vários anos, e o que é que acontece? Se formos consultar os dados de mercado, deparamo-nos com uma situação caricata onde há produtos que estão sem patente há 10 e 15 anos, e não há genéricos desses produtos no mercado. E são produtos às vezes com vendas de 15 e 20 milhões de euros. Estamos a falar de valores significativos e apesar do valor ser relevante as empresas não conseguem colocar esses produto no mercado. Quer isto dizer que quer o doente, quer os governos pagam uma factura mais elevada», lembrou Miguel Ruas, que concluiria a análise a esta matéria, afirmando que isto é uma ideia em termos públicos muito difícil. «Toda a gente gostaria que os medicamentos fossem grátis, mas se não houver um preço, as empresas não podem vender o seu serviço», concluiu. No entanto sabe-se que o Governo vai completar a descida de preços com outras medidas e espero que as mesmas possam equilibrar o mercado. Embora o Grupo Tecnimade ocupe uma posição de relevo no ranking das empresas farmacêuticas nacionais, Miguel Ruas disse à País conómico não ser adepto dos rankings. Se trabalharmos de forma correcta os resultados aparecem, Por vezes os rankings são enganadores e vimos neste último ano empresas líderes de vários sectores a falir. 74 País aconómico Julho 2009