OS ANOS DOURADOS DE NICOLAU E TRINDADE



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Transcrição:

José Maria Nicolau Os anos 30 OS ANOS DOURADOS DE NICOLAU E TRINDADE 1930 Nicolau tricampeão nacional Em 1930, foi campeão nacional de estrada Manuel Fernandes da Silva, titulo que no ano seguinte (1931) passou para a posse de José Maria Nicolau, que o conservou nos dois anos seguintes (1932 e 1933), feito que nenhum outro ciclista havia conseguido anteriormente, e venceu também a Volta a Lisboa, de 1930, ano em que averbou outra vitória nos 100 Km da Golegã. Manuel Rijo da Silva venceu o Lisboa-Caldas-Lisboa de 1930 e na 1ª Volta dos Campeões, na Figueira da Foz, triunfou António Augusto de Carvalho. 1931 A Volta reaparece com Nicolau a vencer Trindade Em 1931 foi reeditada, pela segunda vez, a Volta a Portugal que teve um acolhimento extraordinário devido principalmente ao duelo travado pelos históricos Nicolau e Trindade que sobressaíram do pelotão, com 29 corredores, que partiu da Cova da Piedade para cobrir os 2.074 quilómetros do percurso,

repartidos por 19 etapas em 22 dias. A rivalidade entre os dois ciclistas, e, naturalmente, entre os seus adeptos, não impediu que se tivesse criado, entre os dois ribatejanos, uma forte amizade que contagiou o público das duas facções e se prolongou até ao fim das suas carreiras. A eles, ao valor e desportivismo que demonstraram, se ficou a dever a implantação definitiva da Volta a Portugal com o lugar de destaque que conquistou no nosso panorama desportivo. Depois das hesitações que ditaram o interregno de três anos da primeira para a segunda edição, foram eles, com as suas proezas, que garantiram a continuidade deste apaixonante espectáculo. O entusiasmo popular subiu ao rubro quando os adeptos benfiquistas, no final da prova, no Estoril, festejaram, em delírio, a vitória do possante José Maria Nicolau, depois de renhido e empolgante despique com aquele que se impôs como o seu grande rival, o franzino Trindade, que nessa altura envergava ainda a camisola do União Clube do Rio de Janeiro. O Lisboa-Caldas-Lisboa deste ano foi ganho por Francisco de Almeida e no G.P. de Outono triunfou José Maria Nicolau que venceu também o 3º Lisboa- Coimbra, a Volta a Lisboa e o Porto-Vigo. Na primeira edição da Volta dos Campeões, na Figueira da Foz, criada por iniciativa de Arnaldo Sobral, registou-se a vitória de António Augusto de Carvalho, o vencedor da primeira volta a Portugal. No Lisboa-Cartaxo-Lisboa a vitória pertenceu a Alfredo Trindade. Nos 100 km da Golegã triunfou João Francisco, que venceu também as Volta à Gafa. 1932 A desforra de Trindade Quando, no dia 21 de Agosto de 1932, os 56 ciclistas concorrentes partiram, de novo, da Cova da Piedade, em direcção ao Sul, com Trindade ao lado de Nicolau, estavam reunidas todas as condições para uma corrida quiçá mais entusiasmante que a do ano anterior, sobretudo porque a rivalidade entre ambos tinha, agora, maior significado, com as promessas de desforra formuladas pelo ciclista do União do Rio de Janeiro.

Alfredo Trindade O despique Nicolau-Trindade dominou toda a corrida, despertando paixões do primeiro ao último dia, e cujo desfecho, que permitiu a desforra do sportinguista, ficou a dever-se à queda de Nicolau na última etapa, de Castelo Branco para Viseu que ao seu rival concluir a etapa com 3m 08s de vantagem. Neste ano foi a primeira vez que a Volta saiu das fronteiras para uma visita à cidade galega de Vigo, onde as entidades oficiais e as populações lhe

dispensaram a mais calorosa recepção. No Campeonato Nacional de Estrada, José Maria Nicolau reabilitou-se do desaire na Volta, ao conquistar o seu primeiro título de campeão e também ao vencer pela primeira vez o Porto-Lisboa. No Lisboa-Caldas-Lisboa triunfou José Mil Homens, o Giro do Minho foi ganho por Manuel Fernandes da Silva e José Marquês venceu os 100 Km contra-relógio. Aguiar da Cunha foi o vencedor das Oito Voltas ao Cartaxo. Na Volta a Lisboa registou-se a vitória de Abílio Gil Moreira, que triunfou também na Volta a Portugal em miniatura. No Porto-Vigo triunfou José Maria Nicolau, que também ganhou a 2ª Volta dos Campeões, na Figueira da Foz, e o Lisboa-Cartaxo- Lisboa, e Nicolau venceu os 100 Km da Golegã. Nos 30 Km Lusitano CC a vitória coube a Francisco Santos Duarte. 1933 Nicolau adoece e Trindade regista segunda vitória Alfredo Trindade apresentou-se à partida para a 4ª edição da Volta a Portugal envergando a camisola dos 'leões', mas a perspectiva de interpretar, com Nicolau, um Sporting-Benfica sobre o macadame (o asfalto da época), foi sol de pouca dura, porque o corredor do clube da águia adoeceu, vendo-se forçado a desistir logo na segunda etapa, que ligou Santarém a Sines. Sem o aliciante do despique entre os dois consagrados ciclistas, o entusiasmo do público arrefeceu e a Volta já não despertou tanto interesse. Perdeu-se assim a oportunidade de se assistir a um duelo à dimensão da rivalidade dos dois populares clubes e de apreciar o esforço de recuperação que iria ser realizado por Nicolau para suplantar o adversário e chamar a si a proeza de ser o primeiro corredor a conquistar duas vitórias, feito que veio a pertencer a Trindade, com a particularidade de terem sido consecutivas. No entanto, Nicolau guardou para si a glória de ter conquistado o seu terceiro título consecutivo de campeão nacional e o Lisboa-Bombarral-Lisboa, enquanto que no 11º Porto-Lisboa, a vitória pertenceu a João Francisco (Belenenses) e no Giro do Minho venceu Valentim Afonso (R. Janeiro). Coube ao Benfica a conquista da Taça União, ao triunfar três anos seguidos e cinco alternados. Nos 90 km da UVP triunfou Aníbal Firmino e Alfredo Trindade ganhou o Matosinhos-Valença-Matosinhos e o Lisboa-Cartaxo-Lisboa. Diamantino Cordeiro foi o vencedor da Volta a Lisboa. No 2º Circuito da Cúria registou-se a vitória de Alfredo Trindade. José Maria Nicolau triunfou na 3ª Volta dos Campeões, na Figueira da Foz. Ezequiel Linho venceu os 100 Km da Golegã. Abílio Gil Moreira conquistou a Taça Inválidos do Comércio. César Luís venceu o GP do Estoril. 1934 Invertem-se as situações e Nicolau triunfa Na edição da 5ª Volta inverteu-se a situação dos dois rivais em relação ao

ano anterior. Desta vez foi Alfredo Trindade que se viu afastado da prova em consequência de uma grave queda na etapa de Faro para Évora que o levou para o hospital. Nicolau ficou sem adversário à sua altura, capaz de o impedir de chegar à segunda vitória, com a qual o corredor do Benfica igualou o seu rival. Nicolau, a artista Beatriz Costa e Trindade À partida de Évora, Nicolau vestiu a camisola amarela e foi sem grandes dificuldades que a conservou até Lisboa, onde recebeu a justa consagração, tal como já havia sucedido a Trindade ao conquistar, nesse ano, o seu único título de campeão nacional de estrada. Nicolau teve outros momentos de glória ao vencer o 12º Porto-Lisboa, o Tábua-Coimbra-Tábua, as Voltas a Gafa, as 8 Voltas ao Cartaxo e o Circuito de Loulé, enquanto que o título nacional ficou na posse de Alfredo Trindade que venceu igualmente as Oito Voltas ao Cartaxo e os 100 Km da Golegã e ainda as 24 Horas do Porto, fazendo equipa com José Marquês. Na Volta a Lisboa a vitória foi alcançada por João Sousa. A 4ª edição da Volta dos Campeões, na Figueira da Foz, foi conquistada por Gil Moreira. Registe-se ainda a vitória de João Francisco nas Voltas a Gafa, de Cabrita Mealha no Cova da Piedade-Loulé, de Aguiar da Cunha na Volta dos Ases, em Santarém, e na corrida 2 Voltas a Loures e de Filipe de Melo na Grande Volta do Barreiro. Terminou assim o reinado dos dois grandes ídolos, Nicolau e Trindade, que ainda integraram o pelotão no ano seguinte, mas já então a sua estrela havia

perdido o brilho de outrora. 1935/1937 Termina reinado da dupla Nicolau-Trindade A famosa dupla Nicolau-Trindade, que a história da Volta e do ciclismo jamais poderá esquecer, não só pelas suas extraordinárias proezas, pela vibração que imprimiram às lutas que travaram e que tanto apaixonaram o público, sobretudo o público afecto aos dois grandes clubes que representaram, mas também pelo muito que contribuíram para a popularidade que o ciclismo alcançou em Portugal, apresentou-se nesta edição, mas nenhum deles chegou ao fim. Na 6ª Volta, em 1935, Trindade já não envergava a camisola do Sporting, que substituiu pela de 'Os Leões' de Ferreira do Alentejo, tendo por companheiro o campeão nacional da temporada, César Luís, o qual, mercê do seu espírito combativo e capacidade atlética, veio a sagrar-se vencedor da prova, abrindo, assim, uma nova era e uma nova dinastia de campeões. José Maria Nicolau despediu-se com uma terceira vitória no 13º Porto-Lisboa (1935), triunfo a que Alfredo Trindade responderia, com a vitória na edição do ano seguinte (1936), tornando-se sucessor do seu rival na lista de vencedores desta clássica, e com o triunfo no Circuito Internacional, organizado pela UVP, em três etapas, Tomar. Figueira da Foz e Lisboa. Ainda em 1936 a UVP, aproveitando a presença em Portugal de um grupo de ciclistas estrangeiros organizou pela primeira vez uma Americana de 24 Horas que suscitou extraordinário interesse quer pela originalidade quer pela forma como Cossou, Parizet e Laurent conquistaram a vitoria. Em 1937 no Circuito Internacional a vitória ficou em poder do francês Laurent e o Circuito Colonial foi ganho por Joaquim de Sousa, registando-se ainda o triunfo conquistado por Alfredo Trindade na prova Rio-Petrópolis-Rio (Brasil) e de Cabrita Mealha no Campeonato de Lisboa. A Volta a Portugal sofreu novo interregno só reaparecendo em 1938. Registese que José Mealha e José Marques conquistaram os títulos nacionais de 1936 e 1937, respectivamente, que no 15º Porto-Lisboa (1937) triunfou João Brás (Campo de Ourique) e que nos 100 Km da Golegã se impôs Gil Moreira. O espanhol Délio Rodrigues, em 1935, triunfou na 5ª Volta dos Campeões, na Figueira da Foz, sucedendo-se-lhe os italianos Luís Longo (1936) e Mário Fázio (1937). 1938 Vitória do Faísca no regresso da Volta José Albuquerque rompeu no firmamento do nosso ciclismo, do qual se tinham arredado as figuras gradas de Nicolau e Trindade, como um autêntico relâmpago e, por isso, lhe deram alcunha de Faísca, com a qual conquistou

um lugar de destaque na ribalta deste popular desporto. O 'Faísca' não veio ocupar o lugar dos campeões que o antecederam, mas encontrou o seu lugar próprio ao lado deles. José Albuquerque (Faísca) Tinha 19 anos quando, ao lado de mais 48 ciclistas, José Albuquerque, com a camisola do Campo de Ourique, e orientado por Horácio Matias, partiu para esta aventura de pedalar ao redor do país, desta vez durante 17 dias e ao longo de 2.332 penosos quilómetros, despontou com grande fulgor, arrebatando uma vitória que surpreendeu toda a gente. Tornou-se, assim, num novo ídolo, que impressionou, especialmente, pela forma como, apesar do seu aspecto franzino, se impôs a todos os adversários na subida para a Guarda, defendendo aí, de maneira categórica, como um trepador de extraordinários recursos, a camisola amarela que conquistara na chegada a Portalegre e que conservou até final. Joaquim Manique foi o vencedor do Campeonato Nacional e Filipe de Melo

(Sporting) ganhou o 16º Porto-Lisboa. Na Volta dos Campeões (Figueira da Foz) a vitória foi conquistada por Império dos Santos e Filipe de Melo venceu a Chama da Pátria. No Plano internacional os portugueses conseguiram as seguintes vitórias, em corridas disputadas no Brasil: Clássica 9 de Julho - Adelino Aguiar da Cunha; GP da Prefeitura Federal - Manuel de Sousa; GP de Pernambuco - Adelino Aguiar da Cunha; Critério de São Paulo - José Marquez; GP da Petrópolis - Manuel de Sousa; GP da República Portuguesa - Adelino Aguiar da Cunha; GP de Juiz de Fora - José Marquês. 1939 Vitória de Joaquim Fernandes o corredor da CUF Esta 8ª edição da Volta, para além de ter sido a do arranque para a sua regularidade, distinguiu-se das anteriores, por um lado por ter sido a mais longa, com mais quilómetros e mais etapas, e por outro, devido à participação de vários ciclistas estrangeiros de nomeada, tais como o francês Renato Dassi, do Clube de Levallois, que se estreou vencendo a etapa inaugural, com meta em Palmela, e envergando, portanto, a camisola amarela. A vitória final coube a Joaquim Fernandes, o corredor fabril, pois envergava a camisola do Grupo Desportivo da CUF. A sua prestação passou um tanto despercebida durante os primeiros dois terços da corrida, período em que esteve em grande evidência Cabrita Mealha, do Belenenses, vestindo a camisola amarela da 2ª à 19ª etapa, que terminou em Amarante com a vitória de Joaquim Fernandes, o qual chegou no dia seguinte, em Matosinhos, à posição de líder e aí se manteve ao longo das onze últimas etapas, construindo assim uma vitória categórica. Joaquim Fernandes

Nicolau e Trindade ainda apareceram na partida do Montijo, mas depressa deixaram a caravana por nítida incapacidade física. Esta foi a chamada Volta do Campismo porque a entidade organizadora, Diário de Notícias e Os Sports, para resolver o problema das instalações, adoptou a solução inédita de fazer acompanhar a caravana do material de campismo suficiente para montar dois acampamentos um dos quais andava com um dia de avanço. O sistema foi bem acolhido, mas só voltou a ser utilizado 25 anos mais tarde. O Porto-Lisboa de 1939 foi ganho por Ildefonso Rodrigues, do Sporting. Pertenceu a João Lourenço a vitória na Volta dos Campeões (Figueira da Foz). Vencedores das principais provas nacionais: Circuito de Preparação Aristides Martins; GP Almada Joaquim Manique (Belenenses); Prova de Imprensa Caetano de Oliveira; Circuito Internacional Dassé; Corrida da Pátria Joaquim de Sousa; Cinco Voltas a Mafra Joaquim Apolo (Louletano); I Madrid-Lisboa Escuriet (Esp). Vitórias alcançadas no estrangeiro: 2 etapas: Madrid-Lisboa, Espanha - José Maria Nicolau (Benfica); 1 etapa: Madrid-Lisboa, Espanha - João Lourenço (Sporting); 1 etapa: Madrid-Lisboa, Espanha - Ildefonso Rodrigues (Sporting).