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Transcrição:

Márcio-André [Brazilië] de todo o jardim a córnea rajada escolho de sua flor ou a flor rajada entre as pernas no ventrentre os olhos é inteiramente flor sua presença recolhida no abstrato de qualquer pensamento nem luzes com bolor nem o seio repousado na mão a florolho vê enquanto é vista adorna quem lhe adorna às sutilezas dos lilazes-quase-lírios neste cárcere do ver íris-rosácea na estremadura idade da cara como se calculado da extrema idade da terra a memória do improviso das folhas o ferruginoso de toda planta na planta de toda face

lua-lâmina-omoplata o cão de porcelana desfeito na porcelana da constelação ou esta água pesada nos coágulos da luz ali onde da matéria mole do sol se forjam estrelas cheguei a idade que um dia sonhei ter mas o sonho não resistiu a idade aqui nesta terra-longe antecidade ante tudo o que foi feito [há lugares que esquecem de se atualizar segundo os mapas] os imortais cunharam homens para ver um mundo por seus olhos mas a vida inteira temos esperado por algo no outro lado da vida inteira das realidades possíveis só percebemos esta onde todos já vêm com encaixe para alguma máquina sistemas são subversíveis subvertamos agora os astros que não pertencem a nós [a língua: astrolábio de céu da boca]

o desfibrilador é antes uma relíquia verbal que um aparato do esqueleto o tempo na palavra tudo que era primeiro moveu-se no verbo mesmo a bomba cardíaca e seus vasos sanguíneos é nele que as coisas despertam e então a língua-que-não-diz o silêncio confere a física de cada mundo o corpo está mais que em volta da espinha o corpo fabrica um lugar a cada estrela que ganha nome [ o albatroz retém a alba na corpo ] cada palavra é um sacrário um desígnio um destino mastigar a palavra como se mastiga um coração da válvula às aurículas

é preciso ser confidente do ar para suportar a força da gravidade no salto : o corte interno das palavras azul : esta atmosfera : azul caiando a casca das frutas mais novas ou diante da porta a espera que a manhã seja outra pois o sentido da coisa já não acomoda a coisa e pesa menos livres de seus sentidos e a poesia só escreve o que a pontuação permite fruta fendida na idéia do vento quando todos despertam a cidade sonha estrangeira de si mesma e do tempo

por um animal todo-feito de tetra-pak que se devora enquanto se move esse animal-caligrama que transpassa o alfabeto através do corpo e a imundície da rua através do tempo usina de merda contra as mil falhas tectônicas do céu placas de entulho articuladas por dentro o rinoceronte em seu ladrilho e mesmo a morte faz mais sentido quando fodemos usina de força gerando forças contrárias ou ainda esse ordinário que vive das coisas complexas: o dia a dia alternando suave os terrenos baldios a ordem das casas os vagões de trem

o dia surge com a fúria do ouro e ante ele antenas conspiram a revolução no seu entendimento de antenas nascer e morrer já não é grande coisa sobra aguardar dos ligamentos o câncer no tempo do tempo que resta esta música de pedra: que habita um corpo esse eu é menos que corpo e recusa a ser feliz nesta cidade e envelhece sem jamais ter sido jovem ainda que as antenas sustentem elegâncias de inseto contra a tarde cardume metálico no encardido das lajes

aqui do estômago desta baleia a cidade é um cardume cintilante e a estátua de drummond tem as costas ao oceano [as estátuas são para os homens não para o mar] cultivar um peixe por dentro para um dia comê-lo esperando uma mulher surgir da precisão da ossada um dia somos felizes em nosso jardim cetáceo e ela caminha suavemente ao meu lado sonhando o domingo mais triste do mundo no subúrbio do lado de lá um dia estamos na meia idade e bebemos porque não há opção e o guindaste no cais estará esmagado como um inseto morto diante das mil falhas na goela das águas o mar está na foto dos homens não no sonho das estátuas

: sua voz através do mar é o próprio mar em travessia chamamento remoto de mulher equilibrada nos rochedos é também credível viver fora dos peixes dentro de um farol no extremo das docas e nos encontrarmos agora mais por memória das marés que por limite do acaso : o mar está entre nós e por isso nos une : a mesma palavra que cabe em minha boca cabe na dela : em sua boca cabem todos os oceanos :

na semente-labirinto a água invade as canaletas de plástico para rompê-las com sua energia de bomba atômica : [ atômica é a alma do foragido ] a semente é viajante do mesmo lugar : para cima para a terra para si mesma : nós viajantes para o outro para fora para as profundezas do ar : respirar é desculpa para estar vivo : contra esta ausência aguardando aguardente até que se descuide do aguardo : a semente resiste a espera e ao fim da espera : os vivos são também um sonho dos mortos : geringonça hidráulica com a morte latente bem antes de terem nascido

faca dentro da água fatiando água casa d água o rio e diante do rio guindasdes enormes montando guindastes ainda maiores esse estado provisório de vida nem lá nem cá plenamente no meio e no meio o encontro das línguas é na fluência dos acentos que surge individualidade entre os falantes pois até a fórmula do antiséptico bucal varia conforme o idioma e entre o feminino [ água terrível ] dois seios esmerando pêssegos na crueldade surge o amor a vida montada pela frustração de cada encontro só estamos fortes quando sérios [o poema não dá conta da vida mas a vida também não dá conta do poema] e só estamos sérios quando estamos sós

este é um templo como é templo o colar de dentes desta que agora é minha amante sua boca que certa vez beijou um folião no carnaval do engenho novo desde então tem escama nos dentes pérolas nos dentes dentes nos dentes seu corpo é templo por dentro e à volta maior que toda ela enorme nela e circunda sua cabeça como um músculo um templo só pode ser compreendido de dentro do templo é no templo que está guardado esse amor incondicional somos templo um do ou

um salmão penetra a tarde em quietude de peixe metaleve o lume phlox ou o flúor de mil flores da janela a fábrica estacionada como um trem falha única no coração do homem ou o negativo de um homem e a raça natimorta das roupas nos varais para ordenar os livros é preciso desarrumar a cidade e todas as coisas que não têm deus as pipas no fim da tarde ancoram as casas no céu e compreendemos: buracos negros são rebarbas de universo