Porquê preservar? que se deve preservar, durante quanto tempo e como preservar? SOS Digital: Tópico 1



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Transcrição:

Porquê preservar? que se deve preservar, durante quanto tempo e como preservar? SOS Digital: Tópico 1

O que é preservar? 1. Conjunto de atividades desenvolvidas com o fim de aumentar a vida útil da informação salvaguardando a sua utilização operacional e protegendo-a das falhas de suportes, perda física e obsolescência tecnológica; 1. Conjunto de atividades que assistem na preservação do conteúdo intelectual, forma, estilo, aparência e funcionalidade.

Porquê preservar? 1. Quais as razões porque devemos preservar informação digital? a. necessidade da instituição (domínio operacional) i. a informação é necessária para a prossecução das atividades e salvaguarda de interesses b. salvaguardar informação histórica (domínio patrimonial) i. a informação é testemunho e fonte de informação passível de ser transmitida a gerações futuras. ii. a informação é considerada um bem passível de ser reutilizado pela instituição de outras formas que não as que determinaram a sua criação

Originalidade da informação digital Sem ações de preservação, um objeto digital fica isolado tecnologicamente. Ou seja: Deixa de ser utilizável e portanto torna-se inútil. Quanto mais tempo é necessário utilizar a informação, mais esforço de preservação e necessário. O analógico é mais resistente à mudança

O que se deve preservar? Toda a informação independentemente do tipo de formato que cumpra os fins atrás referidos. No caso de entidades detentoras, ou seja, instituições especializadas em recolher e preserva informação patrimonial, a preservação deve abranger todos os objetos custodiados Consideramos informação patrimonial aquela se encontra no domínio patrimonial tendo assim sido considerada como testemunho e fonte de informação passível de ser transmitida a gerações futuras.

Como preservar? Independentemente da comunidade de prática e domínio cultural em que nos situemos há sempre algumas procedimentos básicos a fazer: Procedimento 1 - Identificar o universo total de informação. Antes de decidir o que conservar há que saber o que existe. Incluímos neste levantamento toda a informação digital seja ela informação estruturada ou não estruturada, residente em, multimédia, documentos digitais, sistemas de informação (bases de dados), etc

Como preservar? Procedimento 2 - Caraterizar o universo de informação identificado. Ou seja: descrever propriedades da informação relativamente a: enquadramento orgânico Perceber qual a relação da informação com unidades orgânicas e instituições enquadramento funcional Perceber que funções são suportadas pela informação enquadramento processual Perceber que processos de negócio são suportados enquadramento tecnológico Perceber que dependências tecnológicas existem

Como preservar? Procedimento 3 - Avaliar a informação de acordo com os critérios prevalecentes nas comunidades de prática: Determinar unicidade da informação Perceber se a informação é única Determinar originalidade da informação Perceber se a informação é insubstituível Determinar tempo de utilidade operacional Determinar tempo de utilização operacional da informação Determinar tipo de utilização desejada o tipo de preservação utilizado deve ser adaptado a esta necessidade

Como preservar? O que são critérios prevalecentes numa comunidade de prática? Avaliar implica utilizar um quadro de referência (critérios) Cada comunidade de prática pode ter critérios de avaliação diferentes: Os arquivos usam critérios de avaliação diferentes de bibliotecas e de museus. Mas todas estas comunidades de prática avaliam informação. A natureza dos critérios e a forma como são utilizados pode variar: Podemos ter critérios formais (legais), específicos de uma instituição ou informais Podem ser utilizados de forma sistemática ou casuística.

Como preservar? Um exemplo da comunidade de prática de arquivos domínio: informação pública utilização de critério formalizada: necessário portaria de gestão de documentos que usa metodologia preconizada com passos documentados e publicados (DGLAB) unicidade da informação: em arquivo o nível atómico de informação é único Originalidade; relação com outras informação: tipo de relação: síntese, complementar, duplicada, input, output. utilização operacional: Prazo de conservação administrativa = (utilização probatória + utilização informativa)

critérios Podemos encontrar outros critérios aplicáveis ou por outra comunidade de prática ou a outros domínios, por exemplo: copyright Antiguidade do objeto de informação Exaustividade do objeto de informação (a informação é abrangente e detalhada) Génio do autor (reconhecimento subjetivo/objetivo da qualidade do autor do objeto de informação Heterogeneidade do objeto de informação (informação diversificada abrangendo diversos assuntos) Necessidade expressa pelo público Qualidade estética Representatividade do objeto de uma comunidade, atividade, função, instituição Usabilidade da informação Valor simbólico do objeto de informação, etc

conclusões Para preservamos informação digital é necessário (entre outras coisas) 1. identificá-la e caraterizá-la relativamente a 4 camadas: a. orgânica b. funcional c. processual d. tecnológica 2. avaliá-la usando critérios 3. Os critérios podem variar de acordo com a comunidade de prática e o domínio em que a informação se insere.