CAMARA MUNICIPAL DE SAO PAULO PROJETO DE LEI 519/2014 DE 14/11/2014 Promovente: Ver. NABIL BONDUKI (PT) Ementa: ALTERA A LEI N 10.726, DE 8 DE MAIO DE 1989, E DA OUTRAS PROVIDENCIAS. (REF. A LICENÇA-PATERNIDADE AO SERVIDOR MUNICIPAL, PELO PRAZO DE 30 (TRINTA) DIAS). Observações: Arquivado em / / Chefe de Seção
r Folha g do proc N _c2az. tiro CAIARA MUNICIPAL DE SAO PAULO I a 519/2014 VEREADOR NABIL BONDUKI 22 2 GV PROJETO DE LEI N 2014 Altera a Lei no 10.726, de 8 de maio de 1989, e dá outras providências. A Câmara Municipal de sac) Paulo DECRET A: Art. 1 0 art. 1 da Lei n 10.726, de 8 de maio de 1989, passa a vigorar com a seguinte redação: "Art. 1 Será concedida licença-paternidade ao servidor municipal, pelo prazo de 30 (trinta) dias." (NR) Art. 2 Ficam acrescidos os arts. 5, 6, 7 e 8 6 Lei n 10.726, de 8 de maio de Rí 1989, renumerando-se os artigos subsequentes, com a seguinte redação: ei.s "Art. 5 0 Ao servidor municipal que adotar ou obtiver guarda judicial para fins de.. adoção de criança, quando compartilhar os cuidados da criança com cônjuge i ou companheira, também é devida licença nos termos desta Lei. Art. 6 Ao servidor municipal que adotar ou obtiver guarda judicial para fins de adoção de criança, quando não compartilhar os cuidados da criança, é devida CD licença equivalente ti da servidora municipal nos termos da Lei n 9.919, de 21 de junho de 1985. a; Art. 7 Ao servidor municipal que adotar ou obtiver guarda judicial para fins de adoção de criança, quando integrar união homoafetiva e compartilhar os cuidados da criança com o cônjuge ou companheiro, também é devida licença equivalente à da servidora municipal nos termos da Lei n 9.919, de 21 de junho de 1985. -. Art. 8 No período de fruição da licença de que trata esta Lei, a criança não poderá ser mantida em creche ou organização similar." Art. 3 0 Executivo regulamentará esta Lei no prazo de 120 (c dias. 0 3 FA- Z. 2014 Palácio Anchieta Viaduto Jacarei, 100, sala 417, 40 andar São Paulo - SP CEP 01319-900 fone (11) 3396-423
Seguetrn) juntado(s), nesta data, documf sob n 6 rubr;cado(s) sob n informa;f,:, -ftt: - Atfélin-a Cicone Assistente R Parlamemar egistro 100.406
jr:04 1 11111 1 I 1 " i II CAIARA MUNICIPAL DE SAO PAULO Folha n o 2- N 0 Adelina Cax, -, kf GO 406 do proc I VEREADOR NABIL BONDUKI 222 GV Art. 4 As despesas decorrentes da execução desta Lei correrão por conta das dotações orçamentárias próprias, suplementadas se necessário. Art. 5 Esta lei entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário. Sala das Sessões, 13 de novembro de 2014. rsç) NABIL BO UKI Vereador Palácio Anchieta Viaduto Jacarei, 100, sala 417, 4 andar Sao Paulo - SP CEP 01319-900 fone (11) 3396-4236 www.nabil.org.br
Folha N 5117 proc JUSTIFICATIVA Adelina Ci.:t, - 1-'0 &,91.:fltaf soc; 4ba 0 presente projeto legislativo visa ampliar direitos relativos A paternidade para diferentes situações sociais, alterando a Lei n 10.726, de 8 de maio de 1989. Para justificá-lo, vale apontar algumas questões importantes que se colocam no atual estágio de desenvolvimento jurídico-político de nossa sociedade. A restrição da atual legislação sobre a licença paternidade traz grandes prejuízos à criança, ao pai e a mãe. Com a determinação de poucos dias de licença, a criação de vínculos entre pai e criança fica prejudicada, assim como a dedicação e compreensão do seu papel na formação da criança. Determinar uma licença tão curta, como é atualmente, de apenas seis dias, limita o papel do pai na família e não garante uma convivência plena com a criança. É necessário assentar que a garantia, para a criança, do direito A vida, A saúde, à alimentação, A educação, ao lazer, A profissionalização, A cultura, dignidade, ao respeito, A liberdade e A convivência familiar e comunitária é prioridade absoluta do nosso ordenamento jurídico e dever da família, conforme art. 227 da Constituição. É sabido que o afastamento da mulher gestante ou adotante do trabalho se fundamenta nas necessidades de cuidado que a criança recém-nascida ou recém-adotada apresenta. Nos primeiros dias de vida de um recém-nascido e, nos casos de crianças adotadas, nas primeiras semanas de convivência com a família adotante, a união familiar é importante para estreitar laços, criar vínculos e promover o convívio e a integração da criança e seus pais. 0 efeito da atual legislação é especialmente negativo para as mulheres. A ausência paterna delega unicamente A mãe a responsabilidade e o cuidado da criança, que se encontra no delicado período puerperal, cuja duração é de 30 a 45 dias após o parto, muitas vezes em pós-operatório, como nos casos de parto cesáreo. No puerpério podem haver limitações físicas e carências psíquicas e demanda por compartilhamento dos cuidados imediatos do recémnato. A mesma lógica cabe A mãe adotante, que se encontra em fase de adaptação A nova realidade familiar e, no caso da presença de um companheiro ou companheira, demanda a presença e a participação deste ou desta no desenvolvimento da criança. 0 desenvolvimento de legislação em torno da mulher para garantir o cuidado da criança é consequência do papel histórico que as sociedades ocidentais relegam A mulher, de cuidadora doméstica, em contraposição ao papel masculino, de provedor da familia relação assimétrica que engendra dependência financeira da mulher em relação ao homem. Essa situação a que as mulheres são submetidas é fruto da divisão sexual do trabalho, que ao não reconhecer as tarefas domésticas como um trabalho remunerado, impõe As mulheres uma dupla, e até tripla jornada. De acordo com a Síntese de Indicadores Sociais, divulgada pelo IBGE em novembro de 2013, no que se refere ao trabalho doméstico, os homens se dedicam em média 10 horas/semana e as mulheres 20,8. Quando esse dado é
Folha n oci do proc N Á, somado ao número de horas trabalhadas fora de casa, ost liotnetzsomam, horas trabalhadas e as mulheres 56,9 horas, mostrando uma divism dosigual, que sobrecarrega as mulheres e as submete ao espaço privado. Para que essa equação se torne mais igualitária, é necessário reposicionar o papel do Estado em garantir que trabalhadores e trabalhadoras caminhem para iguais condições ao ocuparem postos de trabalho e para que as mulheres não sejam colocadas como as únicas responsáveis pela reprodução e cuidados. 0 reconhecimento da maternidade enquanto função social, e não uma atribuição de responsabilidade exclusiva das mulheres, com políticas que garantam esta condição tal como as políticas de licença maternidade e paternidade, é condição fundamental para a conquista da autonomia econômica das mulheres. A ampliação dos direitos do homem no contexto do nascimento ou adoção de criança, com a ampliação dos atuais 6 (seis) dias para 30 (trinta) dias, vai, dessa forma, no sentido de se alterar esse quadro, fomentando maior participação masculina, permitindo, assim, a possivel divisão igualitária das tarefas dos primeiros momentos da criança recém-nascida ou recémadotada, e colocando em questão os papéis sociais historicamente consolidados do masculino e do feminino. Trata-se, mais uma vez, de consolidar que a finalidade última é o bem estar da criança, independentemente se cuidada por mulher ou por homem. A proposição legislativa atual vai ainda além, reconhecendo a multiplicidade de realidades de família e ampliando os direitos do homem nelas, em consonância com um ordenamento jurídico inclusivo e democrático. Assim, o servidor que adotar uma criança, mas não dividir os seus cuidados, seja por ser solteiro, divorciado, viúvo ou qualquer situação semelhante, terá direito à mesma licença garantida às servidoras mulheres, hoje de 180 (cento e oitenta) dias, conforme Lei n 9.919, de 21 de junho de 1985, alterada pela Lei n 14.872, de 31 de dezembro de 2008. Além disso, o projeto em análise apresenta uma inovação fundamental no âmbito de uma sociedade pluralista e sem preconceitos, como bem determinado no preâmbulo de nossa Carta Magna: a incorporação da ideia de família fundada em união homoafetiva como referência para a garantia de licença. Assim, o servidor que adotar criança, compartilhando seus cuidados com o cônjuge ou o companheiro de mesmo sexo, também tem direito licença em termos semelhantes aos garantidos às servidoras mulheres, de 180 (cento e oitenta) dias. Levando em consideração que a licença maternidade constitui direito voltado essencialmente ao bem estar das crianças recém-nascidas ou recémadotadas, não há justificativa para negar ao casal composto por pessoas do mesmo sexo o tratamento previsto para casais heterossexuais. É papel do Estado prover o tratamento igualitário a casais heterossexuais e homoafetivos, e não restringir direitos em razão de sexo ou orientação sexual. É de se notar que as normas aqui previstas se coadunam plenamente a imperativos constitucionais da mais alta importância, como a dignidade da
r - Folha h 0 4 N O,4 Ç/9 A.-4nLin pessoa humana (art. 1, III), a construção de uma socieuwealtvre;:justa solidária (art. 3, 0, a igualdade de todos sem qualquer distinção (art. e a proteção à infância (art. 6 ). do proc -,