A ABRANGÊNCIA DA POLÍTICA DE EDUCAÇÃO PERMANENTE NO PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA DE MEDIANEIRA PR

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1 1 A ABRANGÊNCIA DA POLÍTICA DE EDUCAÇÃO PERMANENTE NO PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA DE MEDIANEIRA PR Josieli de Fátima Vieira Magnus 1 Michelly Laurita Wiese 1 INTRODUÇÃO: O presente artigo é uma síntese do Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao Curso de Serviço Social da Faculdade Educacional de Medianeira - FACEMED. A temática da EPS chamou-nos atenção pela participação que temos como discente 2 no PREPS e PAEPS. Neste espaço tomei conhecimento sobre a política de EPS, as reflexões sobre formação de RH em saúde que foram correlacionadas a formação dos profissionais dos PSFs de Medianeira, campo no qual realizo estágio supervisionado. Neste contexto, com uma definição preliminar iremos provocar a discussão sobre a temática que será abordada ao longo deste trabalho, tendo como referência o MS (2005), que a define como: Educação Permanente: estratégia de reestruturação dos serviços, a partir da análise dos determinantes sociais e econômicos, mas sobretudo de valores e conceitos dos profissionais. Propõe transformar o profissional em sujeito, colocando-o no centro do processo ensino-aprendizagem, tem como característica, multiprofissional, prática institucionalizada, problemas de saúde, transformação das práticas, continua, centrada na resolução de problemas (s/p). Tendo em vista o exposto, verificamos que a EPS, visa fortalecer a perspectiva de saúde preconizado pelo Sistema Único de Saúde - SUS. A concepção da saúde como um direito social, ou seja, um direito do cidadão e um dever do Estado, como direito social de cidadania, foi reconhecida pela nova Constituição. A percepção social da saúde como direito de cidadania é um dado novo na história das políticas sociais brasileiras. 2 OBJETIVO: Identificar e analisar a abrangências da Educação Permanente em Saúde no Programa Saúde da Família do município de Medianeira - PR. 1 Acadêmica do Curso de Serviço Social da Faculdade Educacional de Medianeira-FACEMED. Endereço: Rua Maranhão 1661, bairro São Cristovão, Medianeira-PR. Fone: (45) E mail: josimagnus@yahoo.com.br. 2 Representando o Centro Acadêmico do Curso de Serviço Social da FACEMED.

2 2 3 PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS: Trata-se de uma pesquisa qualiquantitativa, contendo questões abertas e fechadas, que facilitam o estabelecimento de categorias de análise, sem perder de foco a perspectiva de captar a subjetividade dos entrevistados. Realizou-se uma pesquisa com os profissionais de saúde atuantes nos PSFs de Medianeira, com o objetivo de: Verificar o acesso dos profissionais dos PSFs de Medianeira as capacitações da EPS; Verificar quais profissionais dos PSFs são alvo das EPS; Identificar os entraves e possibilidades da aplicação do que apreendeu na capacitação no PSF. Sendo assim, o universo da pesquisa são os trabalhadores dos PSFs 3 do Município de Medianeira. Nos quatro PSFs existentes no município, Belo Horizonte, Parque Alvorada, Itaipu e Parque Independência. Esta etapa da pesquisa foi realizada utilizando como instrumental de coleta de dados um questionário, aplicado com os profissionais já citados. Definiu-se que a amostra da pesquisa seria composta de 8 (oito) trabalhadores de PSF: 02 médicos, 02 enfermeiros, 02 auxiliares e 2 ACSs. Como critério para escolha da amostra levou-se em consideração profissionais que exerceram suas atividades nos PSFs, no ano de Tivemos o cuidado de pesquisar profissionais dos 04 PSFs, já que temos como objetivo pesquisar o município de Medianeira. Entende-se por universo a representação total dos sujeitos relacionados à temática discutida neste trabalho, no caso trabalhadores dos PSFs do município. Temos como referência para análise do processo de pesquisa a hermenêutica-dialética (MINAYO, 2004), por entendermos que ela oferece suporte para realizarmos este processo de análise, respeitando a realidade como fonte de dados realizando recortes e reflexões para construção da práxis. 4 RESULTADOS: Constatamos através da aplicação dos questionários que 6, dos 8 profissionais pesquisados participaram de eventos de formação profissional. Algo que nos chama atenção é o fato que os 2 pesquisados que não participaram dos eventos foram os Auxiliares de Enfermagem. Quanto ao tipo de formação realizada, dos 6 pesquisados que responderam o questionamento, cada profissional destacou um evento, sendo eles: Treinamento para 3 Este é o quadro funcional básico definido pelo Ministério da Saúde.

3 3 ACS, Direito da Mulher, Pós graduação, Família Brasileira Fortalecida, Capacitação para Equipes de Saúde da Família, Encontro Estadual de PSFs. Este dado é muito relevante já que neste contexto identificamos que mesmo trabalhando no mesmo tipo de programa, os profissionais participaram de eventos diferenciados. Diante da análise dos dados da pesquisa, percebemos que não existe interdisciplinariedade, cada profissional têm o seu conhecimento especifico que é aplicado no usuário. A rotina de trabalhos exaustiva, a grande demanda que precisa ser atendida dificultam que sejam realizadas reuniões, para que se discutam os casos atendidos, assim cada desenvolve seu trabalho de forma parcial, sem ter ao menos o conhecimento dos procedimentos que o outro profissional da equipe desenvolveu. No que tange as entidades promotoras dos eventos verificamos que 3 foram promovidos pela 9ª RS, sendo que 1 foi promovido em parceria com a Itaipu e 1 somente pela Itaipu. Os eventos promovidos pela 9ª RS, citados pelos entrevistados seguem a lógica de trabalho da EPS, pois todo seu planejamento, execução e financiamento são advindos da política de EPS, foram aprovados pelo PREPS, PAEPS e Colegiado Gestor. Neste sentido podemos afirmar que, dos 8 pesquisados somente 3 participaram realmente de formações que tinham relação com a política de EPS, sendo eles o Família Brasileira Fortalecida, Formação para equipes de PSF e Encontro Estadual das Equipes de PSF. Sobre a aplicabilidade dos conteúdos aprendidos no cotidiano profissional, 1 profissional não respondeu, 1 respondeu que não, sendo que justificou a dificuldade da aplicação dos conteúdos no processo de trabalho da seguinte forma: pouco interesse dos gestores e sobrecarga de atividades são dois fatores que impedem a aplicação dos conteúdos. No contexto da pesquisa, somente 1 dos profissionais destacou que a falta de interesse dos gestores dificulta a aplicabilidade dos conteúdos no processo de trabalho, porém nos contatos informais que tivemos com os profissionais de saúde ao longo dos dois anos de estágio eram constantes as reclamações acerca desta dificuldade. Percebemos que existe uma dicotomia entre o gestor da política de saúde e os profissionais que atuam na execução desta política. O processo de trabalho é desenvolvido de forma parcelar, enquanto um planeja, o outro executa, e esta separação

4 4 faz com que as expectativas de ambos não sejam atendidas. As expectativas do gestor, enquanto planejador e do profissional, enquanto executor. Mesmo no momento da execução das políticas o trabalho é feito de forma parcelar. Podemos perceber isto claramente na fala dos outros 6 pesquisados, eles consideram que conseguem aplicar o conteúdo no cotidiano profissional. Porém na análise da justificativa, percebemos que direcionam o conteúdo a sua prática profissional específica. Quanto ao entendimento de EPS, dos profissionais verificamos que 3 deles não sabem e/ou nunca ouviram falar a respeito. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS :Tendo em vista este contexto analisado pela pesquisa concluímos preliminarmente que a política de EPS, não está abrangendo os profissionais dos PSFs do município de Medianeira, mas que já tem sido fomentada discussões importantes no âmbito do PREPS da 9ª RS. A política ainda não efetivou-se completamente por que configura-se como uma política nova, que foi homologada em 2004, e ainda está sendo implementada. Se considerarmos a história da saúde pública brasileira, percebemos que ela ainda está em construção, pois o próprio MS foi criado somente em 1953 e que o SUS, foi promulgado há 15 anos e que todo este processo é resultado de constantes lutas advindas das classes populares, que tomaram grande proporção, mas ainda estão consolidando-se. Porém é necessário fomentar discussões, tanto no meio acadêmico, quanto nas estruturas de gestão das políticas e no âmbito de atuação profissional para que haja o conhecimento do assunto e assim mude-se efetivamente o modelo curativista de saúde, e para que se possa garantir que a população usuária tenha um bom atendimento e qualidade em sua saúde. Consideramos que o profissional de Serviço Social, através sua formação generalista que lhe propicia um olhar diferenciado sobre o social, a perspectiva de direitos e sobre a concepção de saúde, que esta pautada em uma concepção dialética da realidade, com uma leitura ampla dos processos e relações sociais aliada a facilidade de articulação com outros profissionais. Este perfil conferido ao profissional deve ter em vista também:

5 5 O perfil do Assistente Social competente está para além da cognição, implica em mobilizar, articular e produzir conhecimentos, informações, relações, para aplica-los, com zelo ético, em situações reais e concretas, individual, coletiva ou interdisciplinarmente (FAGUNDES e FAGUNDES, 2003, p. 6). Entendemos que mudar o modelo de saúde que há tanto tempo persiste no curativo é um desafio proposto pela política de EPS, fazendo-se necessário uma articulação e um maior esclarecimento dos profissionais de ponta para com esta discussão. Neste contexto, localizamos a ação e/ou intervenção do Serviço Social, que através de sua percepção e leitura de realidade, facilidade trabalhar em equipe multidisciplinar, pois seu olhar profissional foca para ações além curativas, essencialmente ligadas aos princípios do SUS auxiliando como um elo entre a política e os profissionais de saúde. 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: FAGUNDES, Édina Vergara. FAGUNDES, Maurício Cezar Vitória. A FORMAÇÃO PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL: das competências e habilidades ao projeto ético político da profissão. MIMEO MINAYO. Maria Cecilia de Souza. O Desafio do Conhecimento: Pesquisa qualitativa em saúde. 8ª ed. São Paulo: HUCITEC, BRASIL. Ministério da Saúde Site acessado em 24 de abril de 2005.