A PRÁTICA PEDAGÓGICA NO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO: UMA QUESTÃO DE MEDIAÇÃP PEDAGÓGICA

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1 A PRÁTICA PEDAGÓGICA NO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO: UMA QUESTÃO DE MEDIAÇÃP PEDAGÓGICA Resumo Josefa Sônia Pereira da Fonseca O Administrador é o profissional que, necessariamente, precisa alcançar objetivos, resultados dentro das organizações, para tanto, tem como função, Planejar, organizar, dirigir (liderar) e controlar o ambiente da organização devendo trazer impactos positivos para a organização por meio de processos sistemáticos de suas decisões. Este perfil requerido deve ser formado no ambiente da Universidade. Mas, a queixa recorrente dos alunos do Curso de Administração, de que o Ensino Universitário neste curso, está distante da realidade do mercado de trabalho, despertou o interesse por esta investigação no sentido de conhecer: quão preparado está o professor de administração para em sua mediação pedagogica, desenvolver novas habilidades e competências do futuro administrador? A pesquisa foi desenvolvida em um grupo de professores do Curso de Administração de uma Universidade Pública no Estado da Bahia. A metodologia consistiu em um teste cego (sem identificação do sujeito) por meio de questionário com objetivo de conhecer sua prática docente, A aplicação do questionário foi coletiva (em intervalo de horário de aula do professor) e alguns ou via internet, respondido individualmente. Os professores foram convidados a participar voluntariamente. A pesquisa usou como referencial teórico, Nóvoa (2009 e 2002) conhecendo seus diversos entendimentos sobre formação do professor. Os resultados instigaram que a pesquisa se prolonge pois encontramos algumas contradições na fala dos professores quando ele diz, por exemplo, que utiliza-se com frequência de material retirado da internet, as aulas são ministradas sob forma de preleção e que, desenvolve nos alunos em suas aulas competências e habilidades como: capacidade de trabalhar em equipe, relacionamento interpessoal, liderança, criatividade e faz com que o aluno seja extremamente participativo. Palavras Chave: Aprendizagem; Prática Pedagógica; Competência. Introdução As habilidades e competências, (habilidade, é a qualidade ou característica de quem é hábil. Etmologicamente, do latim -habilìtas,átis - 'aptidão, destreza, propensão. Competência, soma de conhecimentos ou de habilidades. Capacidade objetiva de um indivíduo para resolver problemas) dos Administradores devem ser desenvolvidas observando-se as tendências organizacionais, nacional e internacional, sob responsabilidade das Universidades, de modo a preparar o egresso do Curso de Administração para a empregabilidade. Um artigo da Revista Exame, Edição 990, Ano 45, Nº 7. 20/04/2011. Pgs. 94 a 96), indicava que as habilidades e competencias ensinadas nas escolas de negócios estavam condenados ao fracasso pois, na trajetória de ex-alunos poderosos no cenário 9331

2 2 americano, estavam envolvidos com desfechos desastrosos colocado as mais reputadas escolas de negócios do mundo na lista de vilões da recente história corporativa. Corroborando com a ideia de que é preciso haver mudanças nas escolas de negócios, Mintzberg (2006, p.240) afirma: ensinar conceitos é relativamente simples e direto. Mas desenvolver competências treinar as habilidades não o é. Esse cenário nos inquieta e uma pergunta se fez inevitavel para esta investigação: Quão preparado, está o professor de administração para, em sua mediação pedagogica, desenvolver novas habilidades e competências do futuro administrador? Para tentar entender e responder a questão desta pesquisa, inquirimos 26 professores do Curso de Administração de uma Universidade Pública do Estado da Bahia e estabelecemos um objetivo específico: a) conhecer as práticas pedagógicas utilizadas em suas aulas e quais competências e habilidades eram desenvolvidas nos alunos. Utilizamos também como base para o estudo, a última Diretriz Curricular do Curso de Graduação em Administração expressa pela Resolução N 4, de 13 de julho de 2005 que especifica em sue seu Art. 5 quais são os conteúdos que moldarão as competências para a formação do Administrador. Desses conteúdos, Fonseca (2017) desenvolveu uma matriz em que organiza as competências em Transversais e Técnicas as quais apresentamos no Quadro (após as referências). Ainda segundo Fonseca, as Competências Transversais são entendidas como as que orientam o desenvolvimento pessoal, social, cultural, relacional e cognitivo dos alunos e que perpassam por todo o curso. Como Competências Técnicas, entende-se aquelas direcionadas à aquisição de conhecimentos que auxiliem ao aluno no desenvolvimento profissional. Assim, o Quadro 01 suscita uma questão importante para o exercício das competências transversais e que depende diretamente para o cumprimento desta Resolução, que é a formação do professor. O professor Dr. Antônio Nóvoa em seu livro, Professores imagens do futuro presente (NÓVOA, 2009, P.18), traz à tona uma série de provocações sobre a formação do professor e em uma delas diz: Na verdade, não é possível escrever textos atrás de textos sobre a praxis e o practicum, sobre a phronesis e a prudentia como referências do saber docente, sobre os professores reflexivos, se não concretizarmos uma maior presença da profissão na formação e promover uma análise coletiva das práticas

3 3 pedagógicas. A ação dessa prática não é simples visto que muitos professores dessa área permanecem amarrados ao ensino por meio de práticas pedagógicas tradicionais e são refratários a mudanças. É importante observar que o Curso de Administração é de cunho generalista e que portanto, acolhe professor de diversas áreas como, o próprio administrador, o advogado, sociologo, matemático etc., e, via de regra, esses professores não têm formação pedagógica. Ele é um profissional que domina sua área de conhecimento e torna-se professor. Nóvoa (2002) sugere que a trilogia do Desenvolvimento Pessoal, Profissional e Organizacional tenha configuração que rompa com os paradígmas dominantes tornando o contexto de sala de aula estimulante para alunos e professores. Para um processo de reprodução de conhecimentos talvez não haja necessidade da formação pedagógica do professor. Mas, considerando-se um cenário em que o estudante pode gerar, por meio da internet, suas próprias informações e compartilhá-las no espaço virtual, a formação apenas profissional do professor parece não ter mais o mesmo sentido e importância. O saber-ensinar nos remete a construção do saber de forma colaborativa e solidária. Procedimento Metodológico Trata-se de um estudo diagnóstico com 26 professores de uma Instituição pública do Estado da Bahia, o qual compreendeu um teste cego (sem identificação do sujeito) O questionário foi dividido em três blocos: I) Perfil do docente; II) Auto-Avaliação geral e, III) Caracterização do curso de Administração. A aplicação foi coletiva (em intervalo de aula do professor) ou via internet, respondido individualmente. Resultados O grupo de professores da Universidade pesquisada é, em sua maioria, formado por homens com idade entre 36 e 50 anos e com formação de mestre Dos 26 respondentes apenas 07 fizeram algum curso de atualização em sua área de formação nos últimos três anos e nenhum deles têm formação didático pedagógica. A pesquisa detectou que os professores lêm pouco, em média, menos de 2 livros didáticos ou artigos, por ano. A concentração das leituras está mais voltada para notícias e artigos da internet. Com relação as práticas pedagógicas utilizadas em suas aulas, a pesquisa aponta que o professor se considera um articulador e executor da escolha dos conteúdos de sua disciplina baseado na ementa que recebe da Universidade e nesse aspecto sentem-se sem autonomia para decisão. Entretanto, sente-se com autonomia para decidir a forma

4 4 como esses conteúdos são conduzidos. Apesar dessa autonomia a prática pedagógica dos professores do curso é a preleção. Apesar do uso da preleção nas aulas, o professor entende que desenvolve nos alunos habilidades e competências de, reflexão crítica da realidade social; domínio das habilidades dos fazeres básicos da profissão e que desenvolve atitude investigativa frente as demandas profissionais além de, capacidade de trabalhar em equipe, relacionamento interpessoal, liderança, criatividade entre outras. Dizem também que a forma como está organizado o estágio já não tem mais utilidade para os tempos em que a onda são as startups. Considerações Finais A organização dos novos tempos estão baseadas no conhecimento e com profissionais que disciplinam seu próprio desempenho para o atingimento de metas. As Universidades e seus professores são os únicos responsáveis em promover mudanças, fornecendo as melhores perspectivas de carreira para seus formandos. Entretanto, é impossível dar esse salto sem passar pela formação pedagógica do professor. Apenas com bons professores com formação acadêmica, a Universidade não garantirá a mudança de paradígma de transmissão de conheciemntos para a formação de competências. A pesquisa aponta a necessidade de formação pedagógica de seus docentes no sentido de melhorar a mediação docente estudante de forma a incorporar novas habilidades e novas formas de gestão da sala de aula. Para Nóvoa (1995, p. 25) A formação deve estimular uma perspectiva crítico-reflexiva, que forneça aos professores os meios de um pensamento autonomo e que facilite as dinâmicas de autoformação participada. É possível, dado os resultados considerados contraditórios entre a prática docente e formação de competências, que a pesquisa seja aprofundada no que concerne ao professor e que também seja inquerido o aluno de forma a conhecer melhor esta realidade do profissional professor. Referenciais Bibliográficos BRASIL. Resolução do Conselho Nacional de Educação n 4 de 13 de julho de Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Administração, bacharelado, e dá outras providências. Publicada no Diário Oficial da União em 14 de julho de

5 5 FONSECA, Sônia. A Interferência do Modelo de Gestão no Projeto Pedagógico de Uma Instituição de Ensino Superior: um estudo de caso Tese (Doutorado em Educação: currículo) Pontifícia Universidade Catolica de São Paulo, São Paulo, MINTZBERG, Henry. MBA? Não obrigado: uma visão crítica sobre a gestão e o desenvolvimento de gerentes. Porto Alegre: Bookman, 2006, p 240 NÓVOA A (Org.). Formação de Professores e Trabalho Pedagógico. Lisboa: Educa, NÓVOA, A. S. da. Professores Imagens do Futuro Presente. Lisboa: EDUCA, 2009, p. 18. REVISTA EXAME. São Paulo: Edição 990. Ano 45. Nº 7. 20/04/2011. Pgs. 94 a 96 Quadro 01: Competências transversais e técnicas de acordo com a Resoluçao CNE nº04/2005 Competências Transversais Competências Técnicas Ter iniciativa, criatividade, determinação, vontade política e administrativa, vontade de aprender, abertura às mudanças e consciência da qualidade e das implicações éticas de seu exercício profissional. Desenvolver expressão e comunicação compatíveis com o exercício profissional, inclusive nos processos de negociação e nas comunicações interpessoais ou intergrupais. Desenvolver raciocínio lógico, crítico e analítico para operar com valores e formulações matemáticas presentes nas relações formais e causais entre fenômenos produtivos, administrativos e de controle, bem assim expressando-se de modo crítico e criativo diante dos diferentes contextos organizacionais e sociais. Reconhecer e definir problemas, equacionar soluções, pensar estrategicamente, introduzir modificações no processo produtivo, atuar preventivamente, transferir e generalizar conhecimentos e exercer, em diferentes graus de complexidade, o processo da tomada de decisão. Refletir e atuar criticamente sobre a esfera da produção, compreendendo sua posição e função na estrutura produtiva sob seu controle e gerenciamento. Fonte: FONSECA, 2007 p.176. Desenvolver capacidade de transferir conhecimentos da vida e da experiência cotidianas para o ambiente de trabalho e de seu campo de atuação profissional, em diferentes modelos. organizacionais, revelando-se profissional adaptável. Desenvolver capacidade para elaborar, implementar e consolidar projetos em organizações. Desenvolver capacidade para realizar consultoria em gestão e administração, pareceres e perícias administrativas, gerenciais, organizacionais, estratégicas e operacionais