Relato de Experiência de Atividades Desenvolvidas no Assentamento São José da Boa Morte em Cachoeiras de Macacu

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1 Relato de Experiência de Atividades Desenvolvidas no Assentamento São José da Boa Morte em Cachoeiras de Macacu Report of activities of experience developed in the Settlement São José da Boa Morte in Cachoeiras de Macacu RIBEIRO, Stéfanny Aparecida 1 ; AMÂNCIO, Cristhiane Oliveira da Graça 2 ; RAMOS, Raquel Pereira 3 ; BORIN, Vitor Cezar Zonzini 4 ; AMÂNCIO, Robson 5. 1 Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ, stefanny_ribeiro@hotmail.com; 2 EMBRAPA Agrobiologia, Seropédica, RJ, cristhiane.amancio@embrapa.br; 3 Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ, raquelpereira.br@gmail.com; 4 Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ, vitorczb@yahoo.com.br; 5 Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ, robson.amancio@uol.com.br Resumo: Este relato de experiência trata das atividades desenvolvidas no assentamento São José da Boa Morte que fica localizado em Cachoeiras de Macacu/RJ. As atividades visavam à coleta de dados socioeconômicos, que foi realizada através de entrevistas semiestruturadas com 20 agricultores, aplicadas durante visitas ao assentamento. Os dados obtidos nestas entrevistas vão desde o perfil dos assentados até informações de produção dos mesmos. Após a coleta de dados, estes foram catalogados, analisados e utilizados para a produção de um diagnóstico socioeconômico do assentamento. Nesta análise foram observados vários pontos, como a informação que as culturas constituem a maior forma de obtenção de lucro do assentamento, que cada agricultor perde aproximadamente 10% da sua renda bruta, pois seus produtos são vendidos por atravessadores que ficam com parte do dinheiro da venda, entre outras características que serão abordadas no texto. Palavras-Chave: entrevista semiestruturada; agroecologia; produção; comercialização; assentamento. Abstract: This experience report deals with activities developed in the settlement São José da Boa Morte which is located in Cachoeiras de Macacu/RJ. The activities aimed at collecting data, which was made through with semi-structured interviews, applied during visits to the settlement, with 20 farmers, the data obtained in these interviews ranging from data on the profile of the settlers to production data from them. After collecting data, they were cataloged, analyzed and used for the production of a socioeconomic diagnosis of the settlement. In the data analysis showed several points, such as information about cultures that are the greatest way to make a profit from the settlement, each farmer loses about 10% of your gross

2 income because its products are sold by cross-sellers who get part the money from the sale, among other features that will be pointed in the text. Keywords: Semi-structured interview; agro-ecology; production; commercialization; settlement. Contexto A experiência foi desenvolvida no Assentamento São José da Boa Morte, no período entre outubro de 2012 e dezembro de 2014 e tem como objetivo desenvolver um diagnóstico socioeconômico dos agricultores do Assentamento São José da Boa Morte que são fonte de informação em um projeto da Embrapa Agrobiologia, traçando o perfil destes moradores a fim de subsidiar uma análise mais completa das ações de pesquisa participativa desenvolvida com essas famílias locais. Descrição da experiência Essa experiência faz parte de um Macroprojeto da EMBRAPA Agrobiologia finalizado em 2015 que visava a construção coletiva de princípios agroecológicos voltados para a consolidação de paisagens sustentáveis. Neste trabalho realizou-se um estudo de caso sobre algumas famílias da comunidade do Assentamento São José da Boa Morte (Figura 2), localizado no município de Cachoeiras de Macacu (Figura 1), situado no Estado do Rio de Janeiro, bioma Mata Atlântica, Brasil. O estudo tem por objetivo uma análise profunda de um contexto particular, visando melhor interpretá-lo e compreendê-lo. Becker (1997) considera o estudo de caso como uma peça do grande mosaico da compreensão da vida, que não tem existência isolada, mas contribui para o entendimento do todo. Neste estudo foi utilizada a técnica de entrevista, onde foi construído um roteiro semiestruturado que atendesse a demanda das questões de pesquisa previamente elaboradas e confrontadas com a realidade local. Chama-se roteiro semiestruturado porque não consiste em um roteiro de perguntas fechadas (objetivas) que não permitem a exploração de questões por parte tanto do entrevistado quanto do entrevistador, no entanto não é uma entrevista livre onde o tema é definido de acordo com o interesse da pesquisa e as perguntas acontecem espontaneamente. A principal vantagem de um roteiro de pesquisa semiestruturado é a de maximizar as possibilidades de descoberta e verificação de proposições teóricas (BECKER, 1997; WHYTE, 1955; MALINOWSKI, 1976; MOREIRA, 2000) As entrevistas foram realizadas em três momentos, a primeira incursão foi realizada em Na 1ª incursão foram aplicadas 20 entrevistas semiestruturadas, na 2ª a equipe retornou ao assentamento para coletar dados econômicos, nessa 2ª coleta

3 os mesmos 20 agricultores anteriormente entrevistados foram ouvidos novamente, e na 3ª e última incursão foram feitas mais 18 entrevistas com os agricultores do assentamento São José da Boa Morte (2 agricultores não estavam mais produzindo), com a finalidade de confirmar os dados e acompanhar as flutuações na produção anual. A coleta desses dados foi realizada por meio de uma parceria entre pesquisadores da EMBRAPA Agrobiologia, estudantes, técnicos da Prefeitura de Cachoeiras de Macacu, entre outras instituições parceiras. Figura 1: Mapa do estado do RJ com Cachoeiras de Macacu ao centro. Fonte: Google Maps, 2015.

4 Figura 2: Mapa do assentamento com as divisões das glebas. Fonte: Google Maps, Resultados Foi observado ao longo do processo, com base nos dados, que os assentados possuem um baixo nível de escolaridade, entretanto esse fator não possui uma grande interferência no desenvolvimento das suas atividades, pois eles possuem enorme vontade de aprender novos métodos que melhorem e facilitem o desenvolvimento de suas atividades. Possuem um alto grau de experiência empírica e de conhecimento das condições do local em função do grande tempo de permanência, e são altamente perspicazes para compreender situações de interação dos fatores do processo produtivo com respostas do meio ambiente. Demandam, porém apoio de técnicos preparados para lidar e conseguir transmitir de forma compreensível recomendações que ajudem no processo de desenvolvimento do assentamento e principalmente para auxiliar na compreensão de recomendações técnicas e para administração econômica. Os agricultores passam por muitas dificuldades durante o desenvolvimento de suas atividades, a mais importante segundo a análise dos dados é a questão da fertilidade do solo, que faz com que os agricultores tenham que utilizar produtos como, por exemplo, fertilizantes, para melhorar a qualidade do solo e com isso um gasto bem elevado com insumos. Com relação às atividades desenvolvidas no Assentamento, evidenciou-se que o cultivo de culturas é mais efetuado que a produção animal, onde se destaca a produção de feijão Mauá, batata-doce, quiabo e jiló, que são produzidos por aproximadamente metade dos agricultores. Existem agricultores que cultivam 11 culturas diferentes durante o ano agrícola e um que cultiva apenas uma. Dos 20 agricultores entrevistados, 10 não têm a agricultura como única fonte de renda, os outros 10 agricultores possuem renda adivinda de aposentadoria rural, ou desenvolvem atividades fora do lote, etc.. O assentamento caracteriza-se por apresentar no desenvolvimento de suas atividades a mão-de-obra familiar como principal fonte de mão de obra. O tamanho das propriedades é bem variado, existem desde propriedades maiores com aproximadamente 19 hectares, até lotes menores com apenas 2 hectares. Dos 20 agricultores, apenas 5 não tiveram acesso a nenhum tipo de crédito, os outros 15 tiveram acesso a créditos como: PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), PROCERA (Programa de Crédito Especial da Reforma Agrária) e PRONAFINHO (Projeto Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar Especial). O Rebanho bovino do assentamento possui 83 vacas que geram uma renda bruta de aproximadamente 70 mil reais ao ano. Este estudo faz parte de um projeto que propõe mudanças no padrão tecnológico desses agricultores em direção a práticas mais sustentáveis e agroecológicas. Desta forma é relevante discutir aqui a questão da comercialização dos produtos gerados. Um futuro

5 planejamento de produção que envolva a venda direta ao consumidor final, reteria no assentamento o valor bruto total anual de R$ ,00, retirando a figura do atravessador que fica com 10% do valor bruto gerado (R$60.000,00). Neste caso é importante considerar necessidades de desenvolvimento de habilidades dos agricultores para atender essa nova demanda, tal como a implementação de uma cooperativa de agricultores no assentamento com a finalidade de minimizar as perdas que ocorrem pela venda de seus produtos por atravessadores criando habilidades no comércio e no trato com custos pós-produção. O domínio sobre o processo de comercialização exige não somente o conhecimento direto e pessoal do funcionamento dos mercados, mas também o desenvolvimento de habilidades nos relacionamentos interpessoais. Referências BECKER H. Métodos de pesquisa em ciências sociais. São Paulo: Hucitec, WHYTE, W.F. Street corner society, 2 nd ed. Chicago: University of Chicago, MALINOWSKI, B. "Introdução. Tema, método e objetivos desta pesquisa". In:. Os argonautas do Pacífico Ocidental. São Paulo: Abril, (Coleção Os Pensadores). MOREIRA, D.A. Natureza e fontes do conhecimento em administração. Revista de Administração, v.1, n.1, 2000.